Ausência de ciclovia no eixo Eliseu-Pirajussara causa mais uma morte em São Paulo
Um ciclista foi atropelado por um caminhão na Av. Pirajussara, que deveria ter ciclovia desde 2006. Obra já foi iniciada, mas ainda não chegou ao local.
A quarta-feira 8 de janeiro começou com uma notícia péssima, com imagens veiculadas na rede Globo logo pela manhã. Um ciclista foi atropelado por um caminhão na Av. Pirajussara, continuação da Av. Eliseu de Almeida, quando ultrapassava um ônibus estacionado. Pelas promessas que remontam a 2004, o local deveria contar com ciclovia. O frentista Maciel de Oliveira Santos, de 42 anos, morreu por omissão do poder público, assim como Lauro Neri e tantos outros.
Pelo vídeo, fica a forte impressão de que o ciclista vacilou ao não olhar antes de fazer a ultrapassagem. O caminhão já estava praticamente ao seu lado quando ele começou a mudar de faixa. Também é estranho que não tenha escutado o barulho do caminhão. Pode ser que estivesse de fones de ouvido ou que estivesse apenas bastante cansado, com sono e com fome depois de um dia inteiro de trabalho. Eram 23h da terça-feira, 7 de janeiro, e Maciel voltava do trabalho.
Segundo o G1, o caso foi registrado como homicídio culposo e a Polícia Civil tenta identificar o motorista da carreta. Testemunhas foram ouvidas durante a madrugada pela delegada Milena Suegama, do 89° Distrito Policial, no Morumbi. Entre elas, funcionários da garagem da empresa de ônibus, o motorista do ônibus que estava estacionado na avenida e parentes do ciclista.
Maxuel Santos, irmão do frentista, contou ao G1 que já havia mais de dez anos que Maciel usava a bicicleta para ir ao trabalho. E que ele sempre usava “os equipamentos necessários”, provavelmente se referindo ao capacete – que infelizmente não é capaz de salvar o ciclista em situações críticas como essa.
Ciclovia na Eliseu já começou a ser construída
Um “embrião” do que será a futura Ciclovia Pirajussara já pode ser visto no início da Av. Eliseu de Almeida, conforme anunciamos aqui no Vá de Bike no início de dezembro. No trecho que vai da rua Sapetuba até a rua Santa Albina, próximo ao Shopping Butantã, o canteiro central já foi concretado na cor vermelha. Falta agora sinalização nos cruzamentos. Publicaremos matéria aqui logo mais com o andamento dessa obra, explicando o que ainda falta ser feito.
Veja nossa galeria com fotos das obras, para entender o que foi feito no local. Assista também ao vídeo do Bike é Legal falando sobre o que está sendo feito e veja nossa matéria completa.
A demanda e a urgência
Durante 3 anos consecutivos, a Ciclocidade realizou contagens de ciclistas na região, demonstrando uma demanda relevante de pessoas utilizando a bicicleta. Em 2012, foram fotografados 561 ciclistas na avenida entre as 6h e 20h – um número alto, mas que seria bem maior se houvessem condições seguras para os cidadãos que pedalam para se deslocar. É o que ocorreu na Av. Faria Lima, por exemplo.
Não se trata apenas de estimular o uso da bicicleta, mas de proteger as vidas das pessoas que já a utilizam. O eixo representado pelas avenidas Eliseu de Almeida e Pirajussara é muito utilizado por ciclistas, por ser um caminho plano e direto ligando a região de Taboão da Serra ao centro expandido de São Paulo. E o viário que estimula a velocidade dos automóveis, aliado à falta de fiscalização, acaba por resultar em constantes atropelamentos de ciclistas.
Em 2012, o pedreiro Lauro Neri morreu na avenida, gerando protestos. Próximo a região, na Av. Francisco Morato, Nemésio Ferreira Trindade também teve sua vida interrompida por um motorista de ônibus que trafegava fora da faixa exclusiva, em novembro do mesmo ano. Em agosto de 2013, o chefe de cozinha José Aridelson morreu na rua Ari Aps, paralela à Rodovia Raposo Tavares, quando voltava do trabalho pra casa. Agora, em janeiro de 2014, o frentista Maciel de Oliveira Santos, de 42 anos perdeu sua vida na Av. Pirajussara quando voltava pedalando para casa. São pessoas que continuariam vivendo junto a seus amigos e familiares se já tivéssemos infraestrutura para bicicletas na região e uma cultura de respeito a quem pedala pelas ruas.
Histórico da ciclovia da Eliseu de Almeida
Promessa original era para 2006
Segundo dossiê elaborado pela Ciclocidade, as tentativas de implantação de uma ciclovia na região vêm desde 2004, com a realização do Plano Regional Estratégico do Butantã, que estabeleceu o ano de 2006 como data para a conclusão da obra. Mas, no ano seguinte, houve o anúncio da prefeitura de que a estrutura seria concluída até 2010. Em 2008, outro projeto previa infraestrutura cicloviária em vários pontos da cidade, com uma rede estrutural integradora, incluindo o eixo da Eliseu.
Mas, como aponta o relatório da Ciclocidade, “em 2012, ao fim de mais uma gestão, o poder público não deu início a viabilização de qualquer infraestrutura básica a fim de fornecer segurança e conforto para o tráfego de bicicletas nessa importante avenida, acessada diariamente por mais de 600 ciclistas, em condições extremamente precárias e com trânsito intenso de automóveis”. A ciclovia viria a ser iniciada no final de 2013.
Não foi por falta de pedir
Além das cobranças da imprensa e de ciclistas e moradores, que chegaram a entregar um abaixo assinado à Prefeitura, a Ciclocidade realizou uma reunião com a subprefeitura do Butantã em setembro de 2010 (que, naquele momento, assumia para si a responsabilidade pela ciclovia). Nessa reunião, os representantes da entidade ficaram sabendo que o início das obras não ocorreria antes do final de 2011, quando seria concluída a canalização do córrego Pirajussara.
A Ciclocidade sugeriu então a possibilidade de uma nova proposta cicloviária, com a infraestrutura para bicicletas junto à calçada. Desse modo, a segurança dos ciclistas naquele importante e bastante utilizado eixo de deslocamento seria atendida mais rapidamente. Mas imprensa, ciclistas, moradores e a associação de ciclistas não foram levados a sério. A canalização foi concluída, mas as obras da ciclovia não começaram. Enquanto alguém pensava se desengavetava o projeto ou não e ignorava as alternativas oferecidas, vidas se esvaiam.
A mobilização prosseguiu. Em maio de 2012, um abaixo assinado pedindo a construção da ciclovia foi entregue ao então prefeito Gilberto Kassab. Em dezembro do mesmo ano, cidadãos realizaram uma manifestação na avenida. Outra manifestação aconteceu em fevereiro de 2013, dessa vez com a presença do subprefeito do Butantã e diversos vereadores (veja aqui), que propuseram um encontro na Câmara Municipal de São Paulo para discutir a construção da ciclovia. Uma carta de reivindicações foi apresentada nesse encontro. Na reunião foi apresentado um plano da prefeitura para a região e discutidas as possibilidades com os cidadãos.
Em setembro de 2013, o subprefeito do Butantã, Luiz Felippe de Moraes Neto, apresentou um projeto para a ciclovia, novamente na Câmara Municipal, em reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Humana. Infelizmente o projeto não foi aprovado pela CET, por razões técnicas, o que levou o subprefeito a buscar uma solução alternativa pra conseguir iniciar logo as obras, o que veio a ocorrer em dezembro de 2013 (saiba mais).
quando sera que vai ser feita uma ciclofaixa na avenida jaguarE?SO LEMBRAM DE FAZER FAIXA DE ONIBUS PARA OS EMBRESARIOS DONO DE ONIBUS NAO FICAREM PARADOS NO TRANSITO .ENQUANTO ISSO ONIBUS ATROPELANDO CICLISTAS QUE LUTAM POR SAUDE E MENAS POLUICAO VOTA NELE POVO..
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Olá Cleiton. O negócio é engajar mais pessoas. Foi feito uma conversa com um vereador a respeito disto. Mais detalhes escrevo outro dia ( Problema de sono ). Participei de uma sessão no Ciclocidade, esperando que houvesse uma iniciativa. Vamos engajando com calma. O negócio é conhecer e conscientizar da necessidade de uma ciclofaixa ou ciclovia na Av. Jaguaré, e vou além, na Av. Politécnica do cruzamento da Av. Corifeu Azevedo Marques até Raposo Tavares. Faça uma contagem de ciclistas que passam nas Avenidas. Quando discutirmos teremos números que confirmam a necessidade, e vamos juntando mais gente com esse interesse.
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