Ciclovia da Avenida Paulista durante a fase de obras. Foto: Vera Penteado Borges

A tinta da ciclovia da Avenida Paulista escorreu para o asfalto?

Matéria de TV afirmou que o asfalto da avenida foi manchado pela tinta da ciclovia, que escorreu com a chuva. Saiba o que há de verdade nisso.

Tinta da obra teria escorrido, manchando asfalto. Mas há tinta? E manchou mesmo? Foto: Vera Penteado Borges
Tinta da obra teria escorrido, manchando asfalto. Mas há tinta? E manchou mesmo? Foto: Vera Penteado Borges

Uma matéria do jornal SP TV da Rede Globo, no sábado 28 de fevereiro, afirmou que o asfalto da Av. Paulista, em São Paulo, teria sido manchado pela tinta da ciclovia que está sendo construída no local. “A tinta deveria pintar a ciclovia que está sendo feita no canteiro central”, afirma o âncora ao abrir a matéria.

A reportagem mostra então um motorista dizendo ser ridícula a situação e outra moça preocupada com o carro que ficaria manchado de vermelho. A repórter entra explicando que “a tinta é para demarcar a ciclovia que vai funcionar no canteiro central da Avenida Paulista” e afirma que na parte da tarde havia funcionários pintando o trecho mostrado na imagem. “Com a chuva, a tinta escorreu, deixando tudo vermelho”. Mais gente entrevistada dizendo que foi um desperdício de dinheiro, que foi um problema estratégico, que não houve “nenhum tipo de planejamento”. A matéria ainda usa novamente o termo tinta.

O âncora encerra dizendo que a situação é “inacreditável” e esclarece que a CET iria enviar um caminhão pipa com água de reuso para limpar a avenida que a “a pintura vai ser refeita”. E encerra falando sobre o desperdício de tinta.

Mas a moça que se preocupou em estragar o carro pode ficar tranquila: aquela coisa vermelha que pode ter aderido à lataria sai com água sem deixar rastro. Na verdade, sai até com a mão depois de seco. Isso porque…

Concreto pigmentado foi utilizado na Ciclovia Pirajussara, na Av. Eliseu de Almeida. Foto: Willian Cruz
Concreto pigmentado também foi utilizado na Ciclovia Pirajussara, na Av. Eliseu de Almeida. Foto: Willian Cruz

Não era tinta

A ciclovia da Av. Paulista não está sendo pintada. Nem um pingo de tinta foi aplicado até o momento.

O pavimento está sendo feito com concreto pigmentado, ou concreto tingido. Ou seja, ele já vem na cor certa, não há aplicação de tinta. O pigmento vermelho é aplicado ainda na betoneira, que ao ser misturado ao concreto lhe confere a coloração adequada. O mesmo processo foi utilizado nas ciclovias da Av. Faria Lima e da Av. Eliseu de Almeida.

Na foto que abre essa matéria (registrada um dia antes da reportagem da TV) é possível perceber que o que é vermelho é o próprio concreto. Perceba ainda, ao fundo, parte dele coberta com um plástico, justamente para evitar que a chuva o estragasse. Provavelmente, no dia seguinte o concreto já estivesse em processo de “cura”, não necessitando mais do plástico. Mas como sempre sobra material em forma de pó na superfície ou nas laterais, fora da área da laje, a chuva (que não foi pouca) dispersou esse pó.

O que escorreu para a avenida foi, portanto, pó do concreto vermelho. Não foi tinta. A tinta só será usada em um estágio final da ciclovia, na etapa de sinalização, e nas cores branca e amarela. Esse pó que apareceu sobre o asfalto sai com água, até mesmo com a água da próxima chuva.

E por que então tanto escândalo foi feito em cima disso? Foi um vacilo da repórter, que não soube apurar corretamente a situação no local e acabou fazendo a redação dar essa “barrigada”? Ou a abordagem foi intencional, com a ciência de que não havia tinta alguma ali, com o objetivo de gerar críticas à ciclovia da Avenida Paulista? Você decide. Se quiser assistir ao vídeo, clique aqui.

Vale lembrar que o projeto, disponível na internet há meses e ao qual a emissora também tem acesso, cita que o pavimento é feito de concreto pigmentado.

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96 comentários em “A tinta da ciclovia da Avenida Paulista escorreu para o asfalto?

  1. Do sangue dos nossos irmão ciclistas que ficou no asfalto poucos se preocupam, pinta de novo essa po!! , tinta vagabunda que essa empreiteira está usando.
    Além do mais, temos que lutar, só quem anda de bike sabe dos benefícios.
    Como ciclista à 15 anos e motorista à 25 anos, sugiro que implantem um sistema onde o ciclista receba desconto no IPVA.
    É isso meus amigos, um abraço á todos!

    Edilson Trindade – edilson.trindade123@hotmail.com

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    1. Sugiro uma campanha para as pobres almas perdidas sem amor próprio com baixíssima auto-estima ao ponto de se auto-humilharem no anonimato da internet, que tal?

      Quanto a pergunta é até bem interessante, William, o que você ganha saindo do comodismo e se aliando a essa maligna cruzada?

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          1. Também percebi isso, por isso nem perco mais meu tempo, pois logo logo os comentários deles ficam ocultos mesmo, hehe

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        1. Luis, não fale bobagens. Em São Paulo, mais de 400.000 ciclistas circulam pela cidade diariamente. Por causa de meia duzia de bandidos você generaliza toda uma categoria? Pois bem, então todos os pedestres não prestam. Afinal, os trombadões e batedores de carteira que agem no centro de São Paulo, 25 de março e arredores O FAZEM TUDO A PÉ…

          Por causa disso os pedestres também não prestam?

          Ou acha que todos os bandidos que cometem crimes, o fazem de bicicleta? Faça o favor!

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  3. Uma rápida pesquisa é muito esclarecedora. Os fatos: 1) O alto custo do concreto pigmentado deve-se ao fato de que é preciso agregar o pigmento na massa inteira do concreto – e só a superfície fica visível – e porque o preço do óxido de ferro é alto. 2) A grande diferença entre um pigmento e um corante está na solubilidade, ou seja, um pigmento é insolúvel enquanto que um corante é solúvel ao meio aplicado, seja ele água ou qualquer outro solvente. Ou seja, de uma forma resumida, um pigmento é um produto que não é solúvel ao meio em que é aplicado, desta forma pode ser utilizado em concretos e argamassas, sem serem lavados pela água das chuvas. Um corante nunca poderia ser utilizado em concreto, por ter sua solubilidade alta e conseqüentemente pode ser retirado pelas águas das chuvas e por não ter poder de cobertura. Não é preciso desenhar, não? Só gostaria de ver as notas fiscais dessa obra.

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  4. Pó de concreto escorre?
    O que escorreu para a avenida foi, portanto, pó do concreto vermelho. Não foi tinta. A tinta só será usada em um estágio final da ciclovia, na etapa de sinalização, e nas cores branca e amarela. Esse pó que apareceu sobre o asfalto sai com água, até mesmo com a água da próxima chuva.

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  5. Eu sou totalmente a favor da tara ciclofaixista do nosso prefeitinho! As pessoas são muito maldosas! Deveriam apoiá-lo totalmente e aderir em massa às bicicletas! Fazendo isso, poderiam justificar o enorme investimento que a Prefeitura de São Paulo vem fazendo em tinta vermelha, ajudariam a melhorar a qualidade do ar de nossa metrópole, levariam uma vida mais saudável pois se exercitariam na hora de ir e vir do trabalho, colaborariam para diminuir o trânsito caótico de carros, e principalmente: deixariam as ruas e avenidas livres para eu circular por São Paulo no conforto do ar condicionado do meu Ford Mustang! Um viva ao prefeito, às ciclofaixas, às bicicletas e principalmente: aos novos ciclistas!!!

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  6. Interessante saber sobre este concreto pigmentado… na cidade de Manaus, a prefeitura demorou dois anos para pintar os únicos 2 km de ciclovia da Av. Boulevard Alvaro Maia(a única “ciclovia” da cidade). E não foi pra pintar sobre o asfalto da rua não, mas sim sobre a calçada. Eu não sei informar acerca da segurança, se derrapa ou não, mas o mal estar já foi instaurado. Quem puder dar uma conferida, deixo este link: http://acritica.uol.com.br/manaus/MP-AM-abre-inquerito-investigar-superfaturamento-ciclovia-boulevard_0_1315068486.html

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  7. Só lembrando que a repórter ainda teve a cara de pau de falar que viu no mesmo dia, no período da manhã, homens da Prefeitura PINTANDO a ciclovia. Mentiu na cara dura pros telespectadores!

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  8. Nossa, velho. É muuita desinformação. O povo tem que parar de assistir esses programas. Vão virar robôzinhos desinformados. Que vergonha! Sério mesmo! O SPTV devia amanhã expor publicamente que errou.

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  9. Os PTralhas querem acabar com a Passeata pela Ditadura Militar Democrática, pintando as ruas da cor vermelho-búlgara!!!

    Bicicleta que nada. Só o carro te dá a liberdade de ficar engavetado por 3 horas!

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    1. Metrô é de responsabilidade do ESTADO.

      Qto aos ônibus, a prefeitura investiu em mais de 400km de faixas de ônibus, que inclusive foram fruto do mesmo mimimi que as ciclovias estão tendo hoje…que não passa onibus, que tá sempre vazia, e bla bla bla e blá…

      Qtos serão beneficiados pelas ciclovias. A começar, você sabe a demanda de ciclistas atualmente em São Paulo? Segundo estudos de origem destino do metrô, são mais de 400 mil por dia. Isso em uma pesquisa feita anos atrás.

      Não vou me alongar muito, pois percebi que você não deve ter lido o artigo até o fim e nem se deu ao trabalho de pesquisar dados sobre demanda, baseando-se apenas em achismo.

      DICA: Os dados estão aqui mesmo no blog. Procure e se informe.

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          1. Ah, quer dizer então que SP tem que ter primeiro 400 km de metrô para só então ter ciclovias? Quer dizer então que os mais de 400 mil ciclistas que se danem, que esperem construir a rede metroviária, porque gente como você acha isso?

            Ainda bem que o governo do estado e a prefeitura NÃO PENSAM COMO VOCÊ!

            Uma coisa não exclui a outra. Dá muito bem para construir metrô e expandir as ciclovias. Alias, o Estado está tocando 7 linhas do sistema metroferroviário ao mesmo tempo. São elas:

            Linha 4 (amarela) – estações da 2º fase até V.Sônia)
            Linha 5 (Lilás ) – Extensão de Adolfo Pinheiro a Chacara Klabin, 10 km e que terá conexão com as linhas 1, 2 (já prontas) e 17 (monotrilho em obras)
            Linha 6 (Laranja) de Brasilândia a São Joaquim, conectando com as linhas 1,4,7 e 8.

            Linha 9 (Esmeralda) Extensão de Grajaú a Varginha.

            Linha 13 (Jade) do Brás até Guarulhos e aeroporto internacinal. Terá conexões com as linhas 2,3,10, 11 e 12.

            Linha 15 (prata) de Ipiranga a C.Tiradentes, primeiro trecho de V.Prudente a Oratório já está em operação assistida.

            Linha 17 (Ouro) De São Paulo – Morumbi a Jabaquara, com um ramal para o Aeroporto de congonhas.

            E qto ao metrô de Nova iorque, bem….esse metrô começou a ser construído no inicio do século XX, em 1904. Ou seja, tem 111 anos. O metrô de São Paulo só inaugurou sua primeira linha em 1974. Se tivesse seguido o ritmo de NY, que teve média de 3,6km de novas linhas por ANO, teria hoje pouco mais de 100 km….

            Dessa forma, qdo o metrô paulista tiver 111 anos, mais precisamente no ano de 2075, terá uma rede maior que a de Nova Iorque.

            Além disso, eu não sabia que só tinha 78km de trilhos em São Paulo….como é que os moradores dos extremos da zona sul, leste, oeste e norte, como Perus, Grajaú, Itaim Paulista, Guaianazes e outros conseguem chegar ao centro da cidade tudo via trilhos?

            Ah, é porque temos outras linhas de metrô como as linhas 9 e 11 operadas pela CPTM que já tem padrão metrô e só trens novos, mas para o estereotipo da imprensa e seu, SP só tem 78 km de trilhos.

            Saiba que, a rede da CPTM tem 130 km de linhas DENTRO DA CIDADE DE SÃO PAULO, atendendo a vários bairros da cidade….E que respondem pelo transporte de 1,5 milhão de usuários por dia util.

            130 + 78km = 208 km de rede sobre trilhos em São Paulo. Nada mal hein.

            Qtas vezes já fui até Morumbi e V.Olimpia via trilhos? Ou na Mooca, São Miguel Paulista, Perus, Jaraguá….olha, tem o pico do Jaraguá.

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          2. E só para lembrar: Bogotá não tem metrô e tem mais de 400 km de ciclovias…Sorocaba também não tem metrô e tem quase 100 km de ciclovias.

            Rio de Janeiro tem apenas 2 linhas de metrô e 380 km de ciclovias….

            Buenos aires na Argentina tem mais km de ciclovias do que tem de metrô. Todas essas cidades tem em comum a mesma ideologia: Uma coisa não exclui a outra. Os usuários do metrô não tem que esperar concluir a rede cicloviária para só então começar a construir metrô e a mesma coisa para os ciclistas…

            Se eu for colocar todos os dados que tenho aqui, vai precisar de vários posts como esse.

            Então, se informe melhor antes de falar o que não sabe, sim? Google está ai para isso. Mãos as obras!

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              1. A questão não é ter de fazer 400 km de metrô ANTES das ciclovias, e sim como se atende a esmagadora maioria da população PRIMEIRO

                Eu fiz esse recorte só para mostrar como você se contradiz, afinal, as obras do metrô não foram interrompidas nem tiveram os recursos modificados para atender as ciclovias.
                NY não esperou ter todas essas centenas de quilômetros de trilhos para fazer ciclovias. A primeira foi criada em 1894 (parágrafo 4).
                Você está tentando criar uma oposição de prioridades que não existe. Todos têm que ser atendidos. A demanda está aí. Seja dos ciclistas existentes que correm riscos dividindo a faixa com os carros (Frank Jensen dizendo que teria medo de pedalar em SP, 2011) ou das pessoas que têm medo de sair nas ruas, a bike está encostada há tempos, demanda reprimida…
                Ou vai dizer que também devemos parar de fazer as adaptações do viário para os deficientes físicos (piso tátil, guia rebaixada, semáforo sonoro, etc) porque é um complemento? É a cereja do bolo? Devemos atender primeiro a maioria?
                Só mais uma coisa, pare de vociferar. Até dói a agressividade de seus comentários.

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