Crianças e adolescentes usam a bicicleta para ir à escola. Foto: Daniel Guth

Maioria de ciclistas circula na hora do almoço em Heliópolis, zona sul de São Paulo

Resultado se deve ao número de crianças e adolescentes que usam a bicicleta para ir à escola, assim como o de pais levando os filhos para o ensino.

Crianças e adolescentes usam a bicicleta para ir à escola. Foto: Daniel Guth
Crianças e adolescentes usam a bicicleta para ir à escola. Foto: Daniel Guth

Em Heliópolis, zona sul de São Paulo, a hora do rush de bicicletas não é de manhã ou no fim da tarde, mas na hora do almoço. Contagem realizada pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) na região mostrou que entre 12h e 14h foi registrada a passagem de 114 ciclistas, 21,8% do total dos 522 contabilizados entre 6h e 20h.

Segundo o relatório da Ciclocidade, isso provavelmente se deve ao número de crianças e adolescentes que usam a bicicleta para ir à escola, assim como de pais levando filhos para o ensino. Vale ressaltar que na região ainda não há ciclovias ou ciclofaixas.

A contagem foi realizada em 20 de março no cruzamento da avenida Estrada das Lágrimas com a rua Caripurá e a travessa Mateus Coferati. A avenida possui um tráfego intenso de ônibus, automóveis e mesmo caminhões, e é bastante estreita, com apenas uma faixa de rolamento em cada mão. O número total poderia ser maior. Houve uma forte chuva entre as 13h40 e 16h, que se tornou chuva média até às 18h e chuvisco até o fim da contagem, influenciando bastante no resultado final.

A maioria quase absoluta dos usuários de bicicleta são homens (98%) e quase um quarto (24%) carregava bagagem (mochila ou carga). Entre 6h e 8h, o fluxo maior ocorreu do Sacomã/Centro sentido São João Clímaco e São Caetano do Sul. Já entre 16h e 20h, o tráfego mais intenso se deu de São João Clímaco para Sacomã/Centro.

Contagem foi realizada em 20 de março no cruzamento da avenida Estrada das Lágrimas com a rua Caripurá e a travessa Mateus Coferati. Imagem: Divulgação
Contagem foi realizada em 20 de março no cruzamento da avenida Estrada das Lágrimas com a rua Caripurá e a travessa Mateus Coferati. Imagem: Divulgação

Mais contagens em 2015

A contagem em Heliópolis foi a primeira realizada na região e é fruto da ação do Grupo Técnico (GT) Contagens, da Ciclocidade. Junto com a feita na ciclovia da avenida Inajar de Souza, realizada nos anos anteriores, são as duas únicas fora do centro expandido. “A ideia de se criar um GT só para contagens é justamente para tentar atender à demanda de outras áreas da cidade. Sabe-se que em muitos bairros da periferia o fluxo de ciclistas é intenso. É preciso dar mais ênfase nessa questão e levantar estes dados”, explica a coordenadora do GT Contagens, Taís Balieiro.

As contagens também são interessantes para a articulação local. O GT Contagens está tentando trabalhar junto ao GT Articulação Local para estimular núcleos de ciclistas já existentes pela cidade. “No caso de Heliópolis, a iniciativa da contagem partiu de um ciclista de lá, o Rodrigo Poggian, coordenador local da pesquisa. Isso é muito bacana porque estimula os ciclistas da região a se organizarem, obtendo um resultado relativamente rápido de uma ação local.”

Para 2015, a Ciclocidade tem o desejo de fazer uma contagem no Jardim Helena, zona leste, e na avenida Paulista após a inauguração da ciclovia. “Contagens em pontes nas zonas sul e leste também estão no cronograma. Tudo depende de voluntários e articulações locais”, finaliza Taís.

Figueira das Lágrimas

Heliópolis é um bairro localizado no distrito de Sacomã, região sudeste da cidade de São Paulo. Com mais de 40 mil habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE, muitas de suas ruas são estreitas, dificultando a permeabilidade do transporte público. Talvez esta seja uma das razões para o alto índice de uso da bicicleta na região.

Algumas décadas atrás, Heliópolis era onde São Paulo terminava e onde se iniciava uma das rotas de saída para o litoral sul. Para se despedirem, os familiares da cidade acompanhavam os viajantes até uma figueira, que demarcava o limite entre quem vai e quem fica. A Figueira das Lágrimas, como convencionou-se chamá-la, existe até hoje e também ajudou a nomear o caminho que seguia à frente, a Estrada das Lágrimas – onde foi feita a contagem.

1 comentário em “Maioria de ciclistas circula na hora do almoço em Heliópolis, zona sul de São Paulo

  1. Aqui na região – Heliópolis, Ipiranga, Sacomã, Moinho Velho, e Alto do Ipiranga – o fluxo de ciclistas aumentou bastante, mesmo. É evidente!

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