Técnico realiza manutenção em estação do Bike Sampa. Foto: Willian Cruz

Usuários relatam problemas em estações do Bike Sampa

Reclamações vão de falta de bicicletas nos pontos de empréstimo a defeitos mecânicos e localização das estações. Veja o posicionamento da empresa.

Período de gratuidade no uso do Bike Sampa passa a ser de uma hora. Foto: Willian Cruz
Estação Bike Sampa do shopping Eldorado. Foto: Willian Cruz

O Bike Sampa, projeto de compartilhamento de bicicletas em São Paulo criado, viabilizado e operado pela empresa Serttel, e que conta com a parceria do Itaú Unibanco, está enfrentando severas críticas dos usuários do serviço. Entre as principais estão totens com defeito que não liberam as bikes, bicicletas com problemas mecânicos, como corrente frouxa ou quebrada, câmbio desregulado, selim solto e instalação de estações em locais sem levar em conta a demanda.

As reclamações também destacam a falta de bicicletas constante em algumas estações, além de locais sem bicicleta nenhuma por vários dias, como algumas na região de Higienópolis e Pinheiros.

A estudante de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) Raquel Amaral conta que no bairro onde mora, Perdizes, três estações em seu trajeto diário continham sempre uma ou nenhuma bicicleta. “No princípio achei que as pessoas estavam usando bastante o sistema. Depois comecei a achar estranho e acessei o aplicativo para olhar as outras estações do bairro. Muitas não tinham bicicletas em nenhuma hora do dia. Olhei até numa noite chuvosa de sábado!”, conta. “Fiquei achando que o aplicativo estava com problema. Mas então comecei a comparar o aplicativo e a situação real e vi que realmente não havia bicicleta.”

Problemas com o registro

Diferentes usuários também reclamam que com frequência o sistema eletrônico do Bike Sampa não registra a devolução de uma bicicleta, bloqueando o acesso da pessoa. Desde o dia 13 de março o cadastro principal do coordenador de banco de dados Rafael Alarcon Borghi foi bloqueado devido a uma falha no totem Berrini (99), que não registrou a entrega da bicicleta. Segundo Borghi, a solução “emergencial” foi obter um registro temporário. “Esse passe temporário funcionou, mas expirou antes de terminar a semana”, explica.

Orientado pela central de atendimento do serviço, Borghi fez um novo cadastro que foi bloqueado também após o término da primeira utilização do serviço por não registrar a devolução da bicicleta. Ao todo, desde que passou a utilizar o Bike Sampa, Borghi já teve seu registro bloqueado cinco vezes pelo mesmo motivo. “Não quero desistir de usar, mas a cada dia está mais difícil.”

Um leitor do Bilhete Único foi embutido de maneira discreta no totem da estação.
Totens também têm apresentado problemas. Foto: Willian Cruz

Totens vazios

Um dos totens do Bike Sampa mais usados é o que está instalado ao lado da estação Faria Lima (164) da linha 4 – Amarela do Metrô. A reportagem do Vá de Bike visitou o local por dois dias seguidos (30 e 31 de março) e acompanhou a movimentação.

Por volta das 6h45 não havia mais do que cinco bicicletas no local – cada totem comporta 12 unidades. No horário de pico da manhã, entre 7h e 9h, as bicicletas foram retiradas em ritmo frenético. Em certo momento, em menos de cinco minutos todas se foram. Quem chega depois faz cara de desapontamento e segue seu caminho por outros meios ou em busca da estação mais próxima, pois a reposição não é imediata.

Essa estação é uma demonstração de dois pontos importantes do sistema de bicicletas compartilhadas:

  • a infraestrutura cicloviária da região tem gerado uma demanda grande e apenas 12 bicicletas disponíveis não dão conta do recado;

  • a reposição e redistribuição de bikes não está sendo bem feita durante a madrugada tampouco ao longo do dia.

A escolha do local de instalação dos totens também é criticada pelos usuários que fazem intermodalidade. Nenhum é tão próximo ao metrô quanto o da Faria Lima e algumas chegam a ficar a quarteirões de distância da estação homônima. “Me parece que se foge da demanda quando deveria ser ao contrário”, critica o médico de família Diogo Cyrineu, usuário frequente do serviço. “O Itaú continua explorando a propaganda dos totens, mas sem bike neles o programa é inútil.”

Vandalismo

No início de 2014, 13 estações do Bike Sampa foram desativadas devido a depredação e furto de bicicletas. A reportagem do Vá de Bike já flagrou um funcionário da Serttel em um utilitário transportando cinco bikes do projeto que haviam sido recuperadas pela Polícia Civil e estavam sendo levadas para a unidade da empresa na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo, para manutenção ou descarte.

O outro lado

Procurado pela reportagem sobre a série de problemas apontado pelos usuários ao Vá de Bike, o Itaú nos enviou os esclarecimentos abaixo:

Técnico realizando manutenção em estação do Bike Sampa, na Vila Mariana. Foto: Willian Cruz
Técnico realiza manutenção em estação do Bike Sampa, na Vila Mariana. Foto: Willian Cruz

O Itaú esclarece que enfrenta ocorrências pontuais, que já estão sendo solucionadas. O banco informa que busca constantemente a melhoria do Bike Sampa, projeto que já se tornou um bem-público e compartilhado. Além disso, aproveita para agradecer a colaboração e apoio dos mais de 470 mil usuários.

Totens (liberação/devolução)

Para evitar incidentes de liberação e reconhecimento de devoluções, a Serttel, empresa responsável pela operação do sistema, está revendo e alterando os modelos de trava nas estações. Além disso, a fim de solucionar ocorrências com mais agilidade, a logística de verificação de casos de passes bloqueados foi modificada.

Manutenção e remanejamento

A Serttel informa que já reestruturou seus processos visando melhoria da manutenção e de remanejamento. Para isso, foi implantado um sistema inteligente de monitoramento que endereça a questão da manutenção e do remanejamento de forma mais ágil. A empresa esclarece também que dobrou sua capacidade técnica e logística. Além dos furgões próprios para a manutenção em campo e remanejamento das bikes para a oficina, a Serttel conta também com motocicletas para realizar vistorias e os devidos reparos emergenciais in loco. A Serttel comunica também que introduziu novas bicicletas no sistema a fim de prevenir possível defasagem na utilização. Os relatórios já apontam uma melhora significativa no desempenho do sistema nas últimas semanas.

Local das estações

As estações do Bike Sampa são instaladas em pontos escolhidos de acordo com critérios técnicos e análise dos bairros em um trabalho em conjunto com os órgãos públicos competentes. Alguns dos critérios técnicos que avaliados são: pontos mais seguros para o ciclistas (vias de velocidade reduzida), espaço físico para instalação das estações, proximidade a locais com grande fluxo de pessoas, rede e distância entre outras estações. Vale reforçar que o projeto cresceu em paralelo com a rede de infraestrutura cicloviária e, por isso, o Itaú está promovendo estudos e reavaliando alguns pontos para atender melhor a essa nova infraestrutura.

Vandalismo

O banco passou por problemas pontuais de roubo e vandalismo, que vêm sendo solucionados com ações de conscientização. Alguns pontos foram remanejados para locais mais seguros e com mais movimento. Isso trouxe grande aprendizado e melhorias para o sistema. Além disso, em parceria com a prefeitura, o Itaú reforça que está promovendo ações de conscientização no centro da cidade, como o Pedala Sampa, realizado no final de 2014.

Como o tema é relevante, o banco conta também com o apoio da segurança pública e autoridades locais para solucionar os casos.

27 comentários em “Usuários relatam problemas em estações do Bike Sampa

  1. Bom dia,
    gostaria de que removessem uma estação de bicicletas da porta de minha casa, pois a mesma esta sendo ponto de encontro e permanência de entregadores de várias empresas de entrega, mas ao ficarem esperando a chamada, fazem uso de maconha e outras drogas, sem contar o barulho diuturno e também algumas discussões inclusive com moradores que chamam a atenção à respeito do uso de drogas.como devo proceder…pois eu mesmo já fui insultado e ameaçado por elementos desqualificados o endereço dessa estação fica à rua pirapitingui de frente aos números …34,44,46

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  2. Aliás, gostaria de agradecer às pessoas que terminam por depredar a moral das empresas prestadoras desse serviço! Parabéns, vcs acabam de desincentivar a continuidade dos programas! O pouco que tínhamos de politicas de incentivo ao uso de bicicletas se tornará pífio! Só peço um favor: querem criticar, que façam com cautela e não cuspam no prato que comeram.

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  3. Utilizo o Bike Sampa desde que o programa chegou ao meu bairro, Higienópolis. Os problemas apontados são frequentes, mas sou muito grato por poder utilizar o programa de forma gratuita, além de contribuir com a qualidade do ar e a minha saúde. Iniciativas como essa devem ser incentivadas e difundidas.

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  4. Tenho notado que nas últimas semanas a quantidade de bikes disponíveis em qualquer dia da semana diminuiu drasticamente, principalmente na região da Vila Nova Conceição. Raramente vejo mais que 2 ou 3 bikes nos totens em qualquer dia da semana.

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  5. Existem duas formas de retirar a bicicleta, até onde sei uma é pelo bilhete único, na hora de associar o meu bilhete com o cartão o site da erro e diz que o bilhete não existe, achei que o problema era com o meu bilhete, testei com de outras pessoas da família e foi a mesma coisa. A outra é pelo aplicativo, quando usa o link que eles disponibilizaram no site para baixar o link da “error 404 – File or directory not found”. Complicado assim.

    Comentário bem votado! Thumb up 4 Thumb down 0

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