Atopelamento ocorreu na ciclovia que segue sob o Elevado Costa e Silva, o popular Minhocão. Foto: Fábio Arantes/Secom

Morte de pedestre atropelado por ciclista reacende discussão sobre ciclovias em São Paulo

As ciclovias paulistanas são um risco aos pedestres? São perigosas também aos ciclistas? Do modo que foram feitas, melhor que não existissem? Veja aqui.

Atopelamento ocorreu na ciclovia que segue sob o Elevado Costa e Silva, o popular Minhocão. Foto: Fábio Arantes/Secom
Atopelamento ocorreu na ciclovia que segue sob o Elevado Costa e Silva, o popular Minhocão. Foto: Fábio Arantes/Secom

A lamentável morte de um idoso atropelado por um ciclista na tarde dessa terça-feira (18) em São Paulo trouxe à tona uma forte discussão nas redes sociais: as ciclovias seriam mesmo uma medida de proteção à vida ou, pelo contrário, colocam em risco as vidas dos pedestres?

Segundo depoimento do filho da vítima ao G1, o ciclista estaria em alta velocidade. Informações prévias que apuramos indicam que a vítima não faleceu no local, mas um ou dois dias depois, o que indica que pode haver uma relação indireta. Ainda não há mais informações sobre o ocorrido, mas é razoável supormos que:

  • O ciclista deveria estar rápido sim, embora “alta velocidade” para uma bicicleta, ainda mais num trecho com curvas, deva ser no máximo uns 25 km/h, o que por si não é suficiente para matar alguém.
  • O atropelamento ocorreu próximo a um pilar, ocultando o pedestre da visão do ciclista (e vice-versa).
  • O idoso se feriu de forma grave, provavelmente mais pelo impacto com o solo ou com uma grade durante a queda do que pela força colisão em si, vindo a falecer depois (não que a queda deixe de ser uma consequência do atropelamento).

Não há informação para concluir se o ciclista estava fora da ciclovia ou se o pedestre estava sobre ela, mas isso sinceramente não importa muito e não muda o que aconteceu. E por favor, ainda que se verifique posteriormente que o senhor de idade estivesse sobre a ciclovia, não caiam no discurso de que a culpa foi dele ou que o atropelamento só aconteceu por ele “estar onde não devia”. Não há como afirmar isso e, sobretudo, lembremos que uma família perdeu um ente querido, uma pessoa de idade que deixará um vazio em suas vidas. O idoso que faleceu e sua família merecem nosso respeito e solidariedade.

A reportagem do SP TV informou que o ciclista permaneceu no local, seguiu até a delegacia e prestou esclarecimentos.

Atualizado, 19/08 18h15: O ciclista Gilmar Raimundo de Alencar, de 45 anos, afirmou que o atropelamento não aconteceu na ciclovia, mas na faixa de ônibus. “Eu estava prestando atenção no trânsito, estava com o foco na frente. Não tive a menor chance de reação”, contou ao G1. “Não estava na ciclovia, estava na rua. Ia acessar a ciclovia. Estava fazendo a trajetória da pista e o impacto se deu na rua, na faixa de ônibus, um pouco antes do acesso da ciclovia o canteiro a 50m”. Alencar também contou à reportagem que a pilastra pode ter impedido que o idoso enxergasse a bicicleta e levado a vítima a atravessar a rua bem em frente ao seu trajeto.  “Ele caiu na rua. Caímos os dois. Então o coloquei na calçada, perto da ciclovia, para poder prestar socorro”.

Vale considerar dois outros pontos:

  • O viário no local é bastante agressivo a ciclistas, que corriam sério risco circulando pela via antes da implantação da estrutura sob o elevado.
  • A avenida também é bastante agressiva a pedestres, com velocidade relativamente alta para uma região com grande fluxo de pessoas a pé.

Posto isso, vamos avaliar a questão da periculosidade das ciclovias paulistanas, para ciclistas e para pedestres.

Mortes de ciclistas

Historicamente, poucos são os números oficiais relativos à bicicleta no Brasil. Muitos acabam sendo obtidos por associações de ciclistas e grupos de cicloativismo que realizam medições nas ruas, como é o caso das contagens de ciclistas.

Entretanto, foi divulgado há alguns meses o número de mortes no trânsito em São Paulo. Segundo o relatório, foram 47 mortes de ciclistas no ano. Dessas 47, apenas uma ocorreu em ciclovia – e foi um caso de queda, em que o ciclista perdeu o equilíbrio. A CET, responsável pela divulgação dos dados, informou ainda que, de agosto a dezembro, com os primeiros quilômetros de novas ciclovias em operação na capital, houve registro de 17 casos, contra 30 nos primeiros sete meses do ano.

Esses números nos mostram que as mortes caíram muito depois que as novas áreas começaram a ser implantadas. Em um cálculo geral, abrangendo o ano todo, as mortes de ciclistas caíram em 10%, como demonstramos aqui no Vá de Bike.

Os dados são claros: as ciclovias não estão matando ciclistas, nem fazendo que quem esteja fora delas morra. Depois do início da implantação, as mortes diminuíram mesmo fora das pistas exclusivas.

Mortes de pedestres

E quanto aos pedestres? O relatório aponta 555 mortes dessa categoria de usuários da via ao longo do ano. Não há indicação direta no relatório de quantas dessas pessoas foram atropeladas por cada tipo de veículo, mas há um gráfico que mostra os “veículos atropelantes”.

A bicicleta aparece com duas ocorrências, em um total de 538. Ou seja, 0,37% dos casos. Guarde esse número, voltaremos a ele daqui a pouco. Nos demais, o atropelamento foi causado sempre por um veículo com motor: carro (200), ônibus (114), motocicleta (90) ou caminhão (31). Já temos aí uma boa medida: quem realmente mata pedestres no trânsito são os motoristas de automóvel.

Ora, mas há muito menos bicicletas circulando que automóveis, então esse número, quantitativamente não nos diz muita coisa, certo? Os dados mais recentes que temos sobre o uso da bicicleta na cidade vêm de uma mesma pesquisa de mobilidade feita pelo Ibope, em 2014. Além de apontar um aumento de 50% no uso da bicicleta entre 2013 e 2014, o estudo mostra que 3% das pessoas já usavam a bicicleta diariamente em 2014, contra 80% utilizando modais motorizados que não o transporte por trilhos. Ou seja, desses 83% de viagens com potencial de atropelamento, 3,6% são eram feitas em bicicleta em 2014 – mesmo ano das estatísticas que temos sobre mortes por atropelamento.

Lembra que pedimos para lembrar daquele número? Pois bem: o veículo que responde por 3,6% das viagens diárias está envolvido em apenas 0,37% dos atropelamentos na cidade. 99,63% dos atropelamentos são causados por 96,4% dos veículos em circulação.

A conclusão é que, mesmo proporcionalmente à quantidade de veículos em circulação, quem realmente oferece risco aos pedestres são os que possuem motor.

Para além desses números, também devemos considerar as outras 694 mortes de pessoas dentro dos carros, motociclistas e ciclistas, todas em ocorrências com veículos motorizados. Com isso, temos que 99,84% do total de 1.249 mortes no trânsito em 2014 teve envolvimento de um veículo com motor. Entende onde, de fato, está o problema?

Para proteger a vida de pedestres, devemos reduzir a velocidade máxima nas vias, aumentar os tempos de travessia, reposicionar e acrescentar pontos para cruzar as ruas e avenidas, aumentar a segurança de quem cruza a pé as pontes e viadutos. E, enquanto motoristas e ciclistas, devemos sempre respeitar a preferência de travessia de quem cruza a via a pé.

Simplificar dizendo que a culpa é da ciclovia é tirar o foco do que realmente importa. 

As ciclovias na prática

Quem utiliza as ciclovias em seus deslocamentos cotidianos geralmente é da opinião de que elas protegem, sim, suas vidas e que, apesar de falhas pontuais, no geral é muito mais seguro circular onde elas existem. Também há estatísticas mostrando isso, como a pesquisa do Datafolha que indica (lá no meio, escondidinho, sem nenhum destaque) que 90% das pessoas que já utilizaram as novas ciclovias as aprovam (fev/2015).

Mas vamos colocar isso em termos práticos: por mais que uma ciclovia tenha falhas de pavimento ou de sinalização, é muito mais seguro circular em um espaço segregado, que está sinalizado como seu direito de circulação, do que compartilhando o viário com motoristas que não aceitam a presença da bicicleta na via e mostram isso ostensivamente, com finas e fechadas que podem levar a óbito.

Deixamos aqui alguns vídeos para a reflexão de vocês.

Pedalando na Paulista sem ciclovia

Esse vídeo mostra como era pedalar na avenida antes da construção da ciclovia, com as tentativas de assassinato de motoristas de ônibus, espremendo o ciclista propositalmente contra a calçada. O vídeo foi postado no Facebook por Tiago Vieira.


Com e sem ciclovia – uma comparação musical

Outra mostra de forma clara, utilizando a linguagem universal da música, a diferença que um ciclista sente ao pedalar onde não há ciclovia e nos locais onde já existe a estrutura. O vídeo nos foi enviado algum tempo atrás por um leitor, o Sr. Tresillo.


149 comentários em “Morte de pedestre atropelado por ciclista reacende discussão sobre ciclovias em São Paulo

  1. Semana passada morreu mais uma ciclista na ciclovia da Av. Faria Lima. Já falei muito aqui sobre a falta de planejamento e execução mal feita das obras, mas tem muitos que acham que eu sou chato, que eu sou contra as ciclovias, etc., sendo que somente estava alertando para acidentes que infelizmente se concretizaram. Esses acidentes são totalmente previsíveis para quem conhece a respeito de segurança viária, se nada for feito isto se tornará rotina com o aumento dos usuários de bicicleta.

    P.S. Aliás, o prefeito Haddad conseguiu um milagre: ele fez uma ciclovia em cima da outra. Sabem como? A ciclovia que vai da Praça Apecatu até o Largo da Batata já existia há alguns anos, mas o Sr. Haddad alardeia que foi obra de sua gestão. Para de contar mentira, prefeito Suvinil!

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    1. A ciclovia da Faria Lima foi projetada, construida e entregue na gestão do KASSAB. Logo, falta de planejamento e de execução tem em todos os governos, de todo o país, sem excessão.

      Kassab tb fez uma ciclovia em cima de um trecho existente. A ciclovia da Marginal Pinheiros tinha vários quilometros asfaltados e com asfalto em boas condições. Porém, passaram o trator e o asfalto por cima de tudo, depois pintaram de vermelho.

      Kassab tb fez a ciclovia da Radial leste que nada mais é que uma calçada que foi pintada por cima.

      Com o aumento de pessoas utilizando bicicletas na cidade, é obvio que o numero de acidentes aumentará na mesma proporção que foi com os carros e motos nos ultimos 20 anos.

      Para isso, se resolve com uma ampla e constante campanha educativa, não apenas esses alardes e demonização das ciclovias e dos ciclistas, por conta do erro e imprudencia de meia duzia.

      Pessoas irresponsaveis e imprudentes tem em todo lugar, seja motorista, seja pedestre, seja ciclista. Alias, os pedestres também não respeitam nada, atravessam fora da faixa, costuram entre os carros e motos e aparecem do nada.

      De nada adianta ter ciclovias de primeiro mundo, bem planejadas e sinalizadas, enquanto não educar os ciclistas e principalmente, os pedestres, que saem atravessando em qualquer canto que vê pela frente….

      Não há santo nessa história. A unica coisa que os ciclistas precisam ter é mais consciencia de que o maior é responsavel pelo menor e é preciso ter cautela e atenção aos pedestres, pois eles aparecem do nada. Eu já estou até acostumado em ver pedestres aparecendo do nada.

      Isso não quer dizer que os pedestres não precisam ter suas faixas e calçadas em melhores condições. E os ciclistas, do espaço seguro e segregado que são as ciclovias.

      Todos terão que se acostumar e se adaptar a nova realidade. Deixemos os mimimis e os alardes para os comentaristas do G1, as escórias da sociedade. Quem já leu os comentários do G1 e do R7 sabem o que estou dizendo.

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      1. Dessa raça maldita de políticos, não tem nenhum que se salva.

        “Com o aumento de pessoas utilizando bicicletas na cidade, é obvio que o numero de acidentes aumentará na mesma proporção que foi com os carros e motos nos ultimos 20 anos”

        Ok, mas é justamente isso o que NÃO queremos. Os erros cometidos no passado deveriam servir de lição e exemplo para o presente, mas a memória do brasileiro é fraca. Vejo claramente o mesmo filme se repetindo, eis o motivo de meus comentários.

        Obviamente, educação é a base de tudo, o que não isenta os órgãos responsáveis de apresentarem obras bem planejadas e construídas. Mesmo porque, seria um incentivo para que todos passassem a agir corretamente e civilizadamente. É fato corriqueiro e conhecido que o ambiente pode estimular para melhor ou pior a atitude das pessoas, seja no trabalho, na rua, ou em casa; por acaso, se alguém está em um ambiente limpo, agradável, aconchegante, não agirá naturalmente de forma mais decente, ou pelo menos se sentirá inibida em demonstrar seus maus costumes?

        Façamos nossa parte, e que os governantes façam a dele. E que cada um cobre o que lhe é de direito.

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  2. Acho errado este radicalismo da visão unilateral do maior para o menor. O caminhão ou ônibus não pode responder por atitudes irresponsáveis de um carro, moto, bicicleta, ciclista ou pedestre, bem como o carro pela atitude irresponsável dos menores que ele e assim por diante, transformando o menor em vítima do maior em qualquer situação. Isso leva a manifestações vividas por mim, quando ouço pedestres alegarem que, por serem a parte menor, não têm que andar na mão correta da ciclovia, não têm que olhar para atravessar a ciclovia fora da faixa e etc. Aqui no Rio de Janeiro existem ciclovias proibidas a pedestres por existirem calçadas paralelas às ciclovias e os pedestres caminham sem nenhum cuidado, deixando soltas crianças que mal aprenderam a andar e não conseguem sequer andar em linha reta e alegam que estão no direito deles por serem pedestres. Outro dia fui atropelado PARADO NA MINHA MÃO DA CICLOVIA por um carrinho de bebê empurrado por uma mulher que dedilhava seu celular sem olhar para frente e não percebeu que saiu da mâo dela. Prevenção e responsabilidade não é adivinhação.

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    1. Isso ai é regra no mundo inteiro. O maior é sempre responsavel pelo menor. Você está dirigindo uma maquina que pode matar, então tem que ter responsabilidade e zelar pelo cuidado do mais fragil.

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      1. O maior é responsável PELA SEGURANÇA do menor, é o que diz o art. 29 do CTB. São duas coisas diferentes; ser responsável e ser RESPONSÁVEL PELA SEGURANÇA. O veículo maior não pode se responsabilizar totalmente por atos insanos dos menores.
        Seria muito fácil fazer besteira e depois jogar a culpa no outro.

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  3. Fiquei impressionado com as ciclovias do segundo vídeo. Quase não têm pedestres. É em São Paulo? Aquino Rio de Janeiro pedestres em ciclovias são maioria. É um perigo.

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  4. Acho que todos devem ter bastante prudencia com relação ao transito.A maioria dos acidentes, em grande parte ,se deve ao desrespeito as leis de transito.Motorista que aí estão,muitos deles, não tem a mínimo preparo para conduzir um veículo auto-motor.Isto não exclui pedestres e ciclista , que muitas vezes não observam a sinalização e são imprudentes.Como a Bike não produz ruído o pedestre muitas vezes não percebe a sua aproximação.O ciclista deve sempre, a cada segundo, ser autocritico e analista.

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  5. Vendo agora o vídeo postado pelo Tiago Vieira, notei algumas coisas que foram colocadas tendenciosamente para retratar os motoristas de ônibus como “assassinos”:

    -Em primeiro lugar, na faixa EXCLUSIVA de ònibus (que por si só já deixa claro que somente ônibus podem trafegar nas mesmas) há a palavra “ÔNIBUS” escrita no asfalto de maneira bem clara;

    -O ônibus é um veículo grande, e no canteiro central estão ocorrendo obras, além do trânsito de outros veículos, o que faz com que os ônibus não tenham espaço para se distanciar o suficiente do ciclista (que não deveria estar lá)

    -Por que o ciclista não se “lembrou” de mencionar a atitude correta do Honda Civic que, corretamente, ligou a seta e esperou o ciclista passar antes de converter à direita?

    -O ônibus é OBRIGADO a parar no ponto quando solicitado, sob pena de receber advertência caso não o faça, por esse motivo, não pode sair da faixa exclusiva. Será que o ciclista não sabia, ou se esqueceu disso?

    -A própria maneira do ciclista se expressar (ERROOOOOUUUUU!!!!!!) já demonstra preconceito e ódio dirigidos à determinada classe de pessoas, no caso, os motoristas de ônibus, colocando todas as suas ações como se fossem propositais. Neste vídeo, fica claro que o ciclista parece tentar cavar um acidente, e atingiria a glória máxima se o ônibus o derrubasse, e exclamaria em alto e bom som: “Viu, eu não disse?????”, frase essa provavelmente dita na cama de um hospital, ou psicografada por algum médium.

    Esse vídeo é completamente tendencioso e desonesto em sua totalidade.

    Não podemos negar que existem MUITOS motoristas ruins e descuidados, mas atitudes como essa servem unicamente para angariar antipatia e desprezo por parte daqueles que não são usuários da bicicleta, justamente pelo fato de subestimar a inteligência daqueles que, ao contrário do que o autor do vídeo pensa, percebem facilmente o embuste.

    Tida e qualquer discussão a respeito de qualquer assunto deve, para ser válida, apresentar sempre os dois lados da moeda; sugiro ao autor fazer um vídeo mostrando também as atitudes boas e decentes dos motoristas para com os ciclistas. Será tão difícil fazer algo assim, ou não há interesse?

    Motoristas são assassinos? Talvez, não tenho como saber. A única coisa que sei é que se assim fosse, provavelmente não haveriam mais ciclistas para contar história…

    Polêmico. O que acha? Thumb up 6 Thumb down 4

    1. Tarantino,
      Não vejo o vídeo como tendencioso pois o autor apenas mostrou como é comum infrações contra ciclistas.
      A própria CET já se manifestou publicamente que o ciclista não só tem o direito como deve circular pela faixa da direita, mesmo sendo exclusiva para ônibus. A proibição e apenas para automotores, não incluindo a transporte ativo.
      Pessoalmente não acho seguro pedalar por vias com linha de ônibus, mas é um direito previsto no CTB. Cabe ao veículo automotor a ultrapassagem pela faixa da esquerda, a distância de 1,5 metros no mínimo e a velocidade reduzida.
      Dificuldades de circulação pela via como a citada, exigem dos motoristas a redução da velocidade, mais atenção a pedestres e ciclistas e mais paciência, afinal veículos automotores não tem prioridade ou preferência nas vias.

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      1. Marcelo

        Entendo seu ponto de vista, porém até há pouco tempo o próprio CTB era confuso em relação à denominação “bordo de pista “. Por esse motivo, foi acrescentada o inciso III no art. 184, que torna as faixas de ônibus EXCLUSIVAS, proibindo qualquer veículo, sem exceção, de transitar nelas.
        Minha crítica em relação ao vídeo foi a atitude desonesta do autor, que pretendeu forçar uma situação para validar seu ponto de vista; porém, coincidentemente, naquele momento nenhum veículo agiu incorretamente. As exclamações “Erroooouuuuuu!” ficaram simplesmente descaracterizadas, e ao invés de passar a impressão que os ônibus o ameaçavam, passaram justamente a impressão contrária, pois os veículos ao redor sinalizaram corretamente a mudança de faixa. Mostrei este vídeo a umas 10 pessoas, e todas foram unânimes em suas opiniões, todas acharam que o ciclista estava distorcendo os fatos. Vale lembrar que os motoristas são advertidos quando saem da faixa, exceto por força maior.
        O autor do vídeo que me desculpe, mas se pretendeu passar a impressão de perigo, escolheu um péssimo exemplo. Sabemos que o perigo é real, mas devemos mostrar situações reais para não termos a credibilidade abalada.

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        1. O art 184 do CTB refere-se as infrações de trânsito e suas penalidades, como nossa legislação não prevê habilitação para pedestres ou ciclistas, tão pouco a aplicação de penalidades aos mesmos, me parece claro que este artigo se aplica apenas a veículos automotores. O que não significa que ambos estejam acima da lei, apenas que por serem as partes mais frágeis devem ser protegidos dos demais veículos automotores. Fato como o ocorrido no Minhocão, deve ser investigado pela polícia e o responsável julgado com base na legislação. Não há como pressupor certo ou errado, 20 Km/h numa ciclovia pode ser incompatível, já no viário se torna irrelevante.

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          1. A proteção do veículo menor pelo maior já é prevista no CTB.
            O art. 96 considera a bicicleta como veículo, estando a mesma sujeita à legislação. O art. 338 diz que os fabricantes devem fornecer junto com o produto o manual básico de trânsito (o que não é feito ).

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            1. Inclusive não fornecem retrovisores, nem velocimetros, nem aquelas plaquinhas vermelhas piscantes (não sei o nome delas)….e por ai vai….

              Se oferecessem, iriam usar como motivo para aumentar o preço da bicicleta, o que afugentaria o comprador de baixa renda.

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    2. Os ônibus são obrigados a parar no ponto quando requisitado pelos usuários no interior do ônibus ou em um ponto de parada da linha deste mesmo ônibus, mas isso não implica ter de permanecer sempre na faixa exclusiva de ônibus – exclusivo não é sinônimo de obrigatório: exclusivo se refere a um tipo de direito e obrigatório, a um tipo de dever. Se fosse assim, os ônibus não poderiam ultrapassar outros ônibus, como ocorre na grande maioria dos trechos que possuem faixa exclusiva. Eles são obrigados a permanecer na faixa exclusiva apenas quando for necessário parar em seus respectivos pontos de parada. Aí sim é diferente: se um ônibus está parando ou parado em um ponto para embarque ou desembarque de passageiros, o correto – e mais seguro para todos os envolvidos – é o condutor da bicicleta fazer a ultrapassagem pela esquerda, depois de ter sinalizado esta manobra aos veículos que vem de trás, como qualquer veículo deve fazer, ou esperar o ônibus andar para seguir adiante. Em outras situações, os ônibus como também todos os veículos automotores em faixa exclusiva de ônibus ou não, devem manter uma distância segura da bicicleta, pois na limitada largura de seu trajeto, podem haver obstáculos que obriguem seu condutor a fazer algum desvio para os lados, o que aumenta drasticamente a chance de colisão se qualquer veículo estiver muito próximo nesse momento, inclusive numa ultrapassagem da bicicleta pela esquerda.

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      1. Os motoristas recebem advertência se forem pegos trafegando fora da faixa exclusiva, salvo motivos de força maior (veículos quebrados na faixa, buracos, obras). Existem fiscais do Sp Trans em todos os percursos.
        O art. 184 foi recentemente acrescido do inciso III, que torna as faixas exclusivas:

        Art. 184. Transitar com o veículo:

        I – na faixa ou pista da direita, regulamentada como de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo, exceto para acesso a imóveis lindeiros ou conversões à direita:

        Infração – leve;

        Penalidade – multa;

        II – na faixa ou pista da esquerda regulamentada como de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo:

        Infração – grave;

        Penalidade – multa.

        III – na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamentada com circulação destinada aos veículos de transporte público coletivo de passageiros, salvo casos de força maior e com autorização do poder público competente: (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

        Infração – gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

        Penalidade – multa e apreensão do veículo; (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

        Medida Administrativa – remoção do veículo. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

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