Restrição de área da Yellow em São Paulo gera reclamações de usuários

Quem estacionar fora da área de restrição terá de pagar R$ 30 de multa. Empresa promete ampliar serviço nos próximos meses.

A área de atuação da Yellow, em região que compreende bairros como Pinheiros, Jardins e parte do Campo Belo.

Quem utiliza o sistema de bicicletas compartilhadas Yellow, em São Paulo, teve uma surpresa na última semana. As bicicletas amarelas agora só podem ser deixadas em uma área bastante restrita, em regiões “nobres” da cidade.

Muitas bicicletas ainda estão estacionadas fora da área de restrição.

Com isso, perde-se o que vinha sendo considerada pelos próprios usuários como uma grande vantagem do sistema em relação aos concorrentes: a utilização em toda a cidade, incluindo áreas periféricas. Uma rápida olhada no mapa dentro do aplicativo é suficiente para mostrar o quanto o serviço de compartilhamento havia se espalhado, pois ainda existem muitas bicicletas fora da nova área de atuação.

Com a limitação, quem deixar a bicicleta fora da área sinalizada no mapa terá que pagar uma taxa de R$ 30, a partir de 1º de outubro – “modelo que é adotado por todas as empresas de compartilhamento de bicicletas sem estação do mundo”, justifica a empresa.

Em abril deste ano, quando a Yellow foi credenciada para prestar o serviço de bike sharing, o Cofundador e CEO Eduardo Musa chegou a afirmar que o sistema “se balancearia sozinho” com o uso, o que obviamente não ocorreu. Agora, a empresa dá a entender que a fase inicial foi um teste de demanda, para medir onde as bicicletas seriam mais utilizadas. De qualquer forma, agora terão que se desdobrar para buscar as bicicletas que ficaram estacionadas fora da área de atuação, já que se depender apenas do deslocamento natural dos usuários isso dificilmente ocorrerá na escala necessária.

Bicicleta da Yellow na região central da cidade – área que agora não está mais coberta pelo serviço. Foto: Anderson Augusto

Restrições geram reclamações

As novas regras geram bastante descontentamento dos usuários, o que é facilmente constatado pelas inúmeras publicações com queixas nas redes sociais. No próprio grupo da Bicicletada há várias postagens com reclamações e bastante discussão em torno do assunto. Já no grupo Massa Crítica SP, chegaram até a propor um boicote à empresa.

Danilo Jack, advogado de 42 anos, é uma das pessoas prejudicadas com a nova restrição. Ele conta que usava a Yellow principalmente para voltar do trabalho, pedalando da região da Paulista até a Mooca, na Zona Leste, e ficou bastante decepcionado. “Parecia uma boa solução pra São Paulo, pra você poder levar a bicicleta até a porta da sua casa”, conta Danilo, que afirma ter pedido a restituição dos créditos. “Pediram 60 dias, o que achei um absurdo tremendo, porque o débito é feito na hora.”

A queixa é semelhante à do historiador Márcio Bustamante, 36 anos.”A região da minha casa, nos Campos Elíseos, foi excluída. Imagine se fosse uma linha de ônibus que desistisse de atender uma dada localidade?”, compara. O urbanista Lucian De Paula, 29, também ficou impedido de usar porque tanto casa quanto trabalho ficaram excluídos da área de operação. “Achei que faltou uma comunicação com cliente, e faltou deixar bem claro que seria possível estornar os créditos pagos”, lamenta.

Yellow na ciclovia da Faria Lima: área onde o serviço está disponível coincide com a de outras iniciativas. Foto: Aline Os

Horários diferenciados por região

Outra mudança no funcionamento que vem incomodando os usuários diz respeito ao horário de uso das bicicletas em determinados locais. “Saí do cinema na região da Avenida Paulista por volta da meia noite, um ótimo momento para testar os serviços da Yellow”, relata Antônio Pedro Porto dos Santos. “Para minha surpresa, apareceu um aviso na tela do celular, dizendo que naquela região as bikes só funcionavam das 5h às 10h da manhã. Reclamei na página e me responderam que naquela região o serviço só funcionava nesse horário porque era muito distante da área de distribuição (eixo Faria Lima).”

Danilo Jack também passou por esse problema. “Apesar da bicicleta estar ali, estacionada e aparentemente em boas condições de uso, o aplicativo dizia que ela não estava disponível. Não sei com qual interesse a empresa fazia isso, mas era um inconveniente muito grande você ter a bicicleta ali e não poder usar.”

Esses casos ocorreram no início de setembro, antes da área de restrição entrar em efeito, talvez como uma primeira tentativa de reposicionar as bicicletas dentro da área desejada.

Tela do app informa a nova área de atuação do serviço.

Empresa promete ampliação

O Vá de Bike entrou em contato com a Yellow, que nos explicou que o sistema entrou em uma nova fase de operação, “com base nos aprendizados sobre os fluxos da cidade e demandas dos usuários”. O objetivo é “garantir uma expansão gradativa e responsável da operação, para ampliar cada vez mais o acesso da população ao serviço e a qualidade dele”.

A área de atuação será expandida gradativamente conforme mais bicicletas forem liberadas, garante a empresa, “principalmente em áreas que sejam hubs de transporte público”, com uma área planejada 52% maior em relação à prevista originalmente. “Temos um cronograma de expansão e estamos otimistas com a ampliação que deve acontecer nas próximas semanas e meses”, afirma Eduardo Musa. “Jaguaré, Vila Leopoldina, Santo Amaro e Campo Belo, por exemplo, não estavam previstos no plano inicial e agora possuem uma operação efetiva das bikes”, completa.

“Temos um plano de expandir essa área de atuação pela cidade, de acordo com os dados de demanda que seguimos coletando à medida em que colocarmos mais bikes nas ruas, e, de acordo com os pedidos da população”, diz Musa. “Locais com grande circulação de pessoas terão prioridade”.

“Eles fizeram um alarde que em 2019 a área volta a expandir. Só faltam 2 meses pra 2019, eu espero que eles cumpram o próprio cronograma anunciado”, pondera Lucian de Paula. “É um bom sistema, pode muito dar certo, e eu quero mais gente pedalando na cidade de toda e qualquer forma.”

19 comentários em “Restrição de área da Yellow em São Paulo gera reclamações de usuários

  1. Ficou restrito há uma pequena área de “elite” mesmo, e a empresa sequer apresenta uma notinha dizendo se um dia ampliará o serviço pela cidade.
    No caso dos patinetes está ainda pior… Desanimadora essa situação 🙁

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  2. Moro no Butantã, na região da Eliseu de Almeida/Pirajussara, onde tem uma enorme ciclovia que liga até o metro. Existem bikes espalhadas e sem uso aqui, MAS não podem ser utilizadas porque estão fora da região de atuação… UM ABSURDO

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  3. Seria bom se houvesse uma outra empresa prestando serviço de bike sharing sem estação. Nada como a concorrência para ajudar o usuário final 🙂

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  4. Na minha opinião deveriam ter feito esta restrição desde o começo da implantação do sistema. Teriam controlado os custos da manutençao e resgate. Fui um dos beneficiados pelo sistema, que finalmente posso usar um sistema de bike sharing. O sistema do BikeSampa ou Bike Itaú não tem estação próximo de casa. A mais próxima está a 5 km de casa. Com a Yellow posso ter acesso a uma bicicleta quase perto de casa ( bom, quando consigo encontrar ). Eu ando até a estação de trem, e, se houver uma Yellow no meio do caminho ( se estiver em condições de usar … ), destravo e pedalo até aquela estação do Itaú, fazendo baldeação. Fazendo isto diminuo efetivamente o custo da ida ao trabalho. Por sorte, ou por minhas ações de zelo pelas Yellow ( reportando problemas ) a minha área está na área permitida. O que me leva a pensar que apesar de bike sharing, há uma contraparte que os usuários devem fazer para o sistema continuar funcinando. Para mim, a Yellow ajudou a minha mobilidade por bicicleta.

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  5. Infelizmente não deu certo. Acho que culpar 100% a empresa não é verdade. A população teve grande parcela de culpa. Muitas bikes foram jogadas em rios, depredadas, furtadas, etc.

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  6. Em agosto olhando o mapa do aplicativo cheguei a ver bicicletas estacionadas até em Parelheiros, não faz sentido que a empresa queira perder esse público, ainda mais cobrando por cada 15 minutos o que faz com que não seja nada barato pra quem mora longe.

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  7. Se essa restrição tornou o serviço inútil pra mim que moro no Brás e trabalho na Liberdade (ambos no centro), imagino pra quem mora na periferia.
    Precisam ampliar essa área o quanto antes e espalhar mais amarelinhas no centro expandido e na periferia também.

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  8. É do livre arbítrio da empresa restringir a área de atuação assim como é do livre arbítrio dos usuários não usarem mais.
    Eu vou gastar meus créditos e parar de usar.

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      1. E o que isto tem a ver com democracia?!?! Você abriria um negócio sob a obrigação de atender a cidade toda?

        Precisa regulamentação e buscar empresas interessadas em atuar por região.

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      2. Empresa privada não tem obrigação alguma de fazer caridade social….esse é o papel do governo!

        Ela depende do lucro para sobreviver, sem lucro = sem negócio!

        COBRE segurança do governo….

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    2. Não usar mais = sem clientes = falência.

      E tem que falir mesmo!

      Quem não tem competência, não se estabelece!!

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  9. Eu acho mesmo é que está faltando grana e estrutura para deixar o sistema ativo. Se deram conta que a mão de obra é muito mais cara e difícil de se encontrar do que imaginaram no começo. Porque não haveria outro motivo para começarem do jeito que começaram e agora recuarem. E outra. Se tivesse grana já teriam deslocados as bicicletas para a nova área. Quatro ou cinco dias em uma van eu sozinho já teria recolhido as bicicletas.

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