Efeito do curso ou coincidência?

Ontem de manhã, um motorista de ônibus teve um comportamento que eu NUNCA tinha visto aqui em São Paulo – e que me surpreendeu bastante.

Eu seguia por uma rua de duas pistas em mão única, atrás do Shopping Santa Cruz, para virar à esquerda e descer a Pedro de Toledo. Na pista da direita, eu; na da esquerda, dois ônibus. O sinal abriu e eu precisava virar à esquerda. Como eu sabia que o ônibus também ia virar, atravessei até o outro lado da Pedro de Toledo e fiquei parado ali, para esperar os ônibus virarem, descer atrás deles e ultrapassá-los pela esquerda depois.

Quando parei ali, vi que o ônibus parou, esperando que eu passasse. Fiz sinal com a mão de que ele poderia passar mas, para minha surpresa, ele manteve o ônibus ali e me fez sinal para passar, ignorando a buzina do outro ônibus que estava atrás do dele. Eu nunca vi isso!

Passei sorrindo, agradeci e fui para a pista da esquerda, já que as duas que descem estavam vazias e ele talvez precisasse parar no ponto logo adiante. Pouco depois ele passou do meu lado direito, deu um sorriso e fez sinal de positivo.

Não deve ser por consequência da palestra, pois ainda é cedo para isso (a não ser que o motorista fosse um dos multiplicadores presentes no curso desse domingo, o que não é impossível). Mas as coisas estão pouco a pouco mudando nessa cidade e isso é perceptível para quem pedala nas ruas há bastante tempo. Ainda há muito a mudar, mas já melhorou bastante em relação a uns seis anos atrás, quando comecei a usar a bicicleta como meio de transporte.

Muitos motoristas de ônibus que vão parar no ponto já esperam atrás de mim antes de parar. Outros ultrapassam pela segunda pista, para dar bastante distância, voltando para a direita só depois de uma distância segura. Claro que eu sempre agradeço.

Uma vez um amigo que pedalava comigo me disse, depois que eu agradeci um carro que parou antes de entrar na avenida, esperando que eu passasse: “você não tem que agradecer, ele não fez mais que a obrigação”. Respondi: “é, mas se ele se sentir bem com o que fez, vai fazer mais vezes”.

9 comentários em “Efeito do curso ou coincidência?

  1. Ultimamente em Vitória estou percebendo uma melhoria do comportamento de alguns motorista de ônibus. Sempre agradeço eles! Aconteceu ontém, um motorista de ônibus esperou eu passar em um lugar onde eu tinha pego um distância de segurança do meio fio o que impediu ele de me ultrapassar durante uma pequena distaância, ele desacelerou e esperou passar o trecho!

    Emmanuel M. Favre-Nicolin
    Blog Vitória Sustentável
    http://vitoria-sustentavel.blogspot.com

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  2. Olá, XpK e Marcelo!
    valeu pelo apoio, recebi vários emails do pessoal da bicicletada de SP dispostos a me ajudar, que legal, não esperava um retorno assim!
    na verdade só fui pela 23 de Maio porque não sabia de outro caminho para ir de Congonhas até a rodoviária do Tietê, e confesso, também tinha uma certa curiosidade de saber como é pedalar numa via movimentada aí em SP, confesso que cheguei a uma conclusão: foi muita sorte não ter sido atropelada, ufa! e olha que a maior parte fui na calçada ou “projeto” de calçada.
    aqui em Curitiba, por mais que a situação esteja se encaminhando para uma mini-sampa, ainda dá para pedalar nas ruas mais movimentadas da cidade, sempre evito, é claro, o melhor caminho para um carro nem sempre é o melhor para uma bicicleta.
    Estão convidados a conhecerem Curitiba, ciclistas são bem vindos á minha casa.
    Abraços!

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  3. Como pai e educador, e como sempre, concordo com o Willian: valorizar acertos e apontar erros.

    Sobre o comentário da Luiza, infelizmente ela pedalou em lugar proibitivo para isso, a Avenida 23 de Maio. Aliás, quase sempre que vejo o “Av.” de avenida em um lugar, altero a rota.
    Planejar a rota em São Paulo faz uma enorme diferença no prazer e qualidade do pedal.

    Também estou disposto a tentar mostrar a ela uma São Paulo melhor para se pedalar.

    Estive em evento do clube de cicloturismo recentemente no Sesc Ipiranga (o tema era Segurança no Trânsito), talvez estivéssemos presentes na mesma palestra.

    Mig

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  4. Luiza,

    Pode contar comigo nos seus percursos.

    Coincidentemente, todo dia passo na frente da Rodoviária Tietê no meu caminho do trabalho para casa.

    XpK

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  5. sou aqui de Curitiba, e a experiência que eu tive de pedalar em SP, foi justamente pela av. 23 DE Maio, uma das mais movimentadas da cidade, isso porque eu precisava ir da zona sul, onde meus pais moram até a rodoviária do Tietê, de bicicleta, pois eu tinha trazido a minha companheira para um evento do clube do cicloturismo no sesc Ipiranga.
    e o único caminho que eu sabia era esse da 23 de maio, então fui por ali mesmo, e confesso que não gostei nem um pouco da experiencia, apesar de ter bastante pratica em pedalar no meio urbano, faço isso diariamente aqui em Curitiba, com um transito não muito melhor que SP.
    tenho muita vontade de conhecer SP pedalando, se tiver alguma alma bondosa que possa me fazer compainha, agradeço.
    e em contrapartida posso mostrar Curitiba de bike, num passeio que promete ser bem legal

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  6. Sábias palavras, Alex. Entretanto, ainda acredito que temos que fazer as duas coisas: apontar os erros e valorizar os acertos. Principalmente quando os erros se tornam tão comuns que deixam de ser considerados erros e de chamar atenção pelo seu absurdo. Passam a ser regra e não exceção. Não podemos deixar que atitudes e decisões egoístas e incoerentes passem a ser vistas como situações normais e aceitas como regra. Portanto, continuarei levantando aqui neste blog assuntos como este: http://vadebike.org/2009/03/27/denunciando-os-donos-das-ruas/

    De qualquer modo, tens toda razão em dizer que devemos incentivar a educação e amor ao próximo, agradecendo com um sorriso as atitudes cordiais das pessoas. Faz bem pra gente e mais bem ainda pra quem teve a atitude educada para conosco, o que a incentiva (até instintivamente) a continuar fazendo isso.

    Grande abraço e obrigado pelo comentário.

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  7. Sensacional. Parabéns pelo tópico. Aderi à bicicleta agora, aos 40, e sempre que dá, dou minhas voltas por Sampa. Acredito na essência boa de todo ser humano, e as vezes fico chateado em ver um certo comportamento xiita dos defensores das bikes… Sei e vivo na pele a questão da segurança no trânsito, até porque também dirijo. Mas pessoalmente não gosto da idéia de impor um conceito na marra. Consciência não se constrói apontando os defeitos dos motoristas, a ignorância deles, o despreparo. Ao contrário, ao acolhermos e mostrarmos o lado bom que todos temos, a educação que é inata, a vontade de viver, o direito de pertencer tanto da bicicleta quanto dos ônibus e outros veículos, a civilidade naturalmente se demonstra. Algo no seu texto me deixou profundamente tocado, e concordo contigo: é importante dar espaço para o elogio das atitudes corretas dos outros, mostrando que eles são vistos. Olhar em nós mesmos o quanto é gratificante receber um gesto cordial e educado, sincero. Não por obrigação, como seu amigo falou… afinal, ninguém tem, na verdade, obrigação de ser educado: educação e amor ao próximo é uma opção. Por que não incentívá-la? Abraços.

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  8. Olá, Willian. Já me ocorreu também esse tipo situação. Pega a gente desprevenido. Espero que um dia vire rotina. Que agradecimentos e sorrisos se multipliquem. Gostaria que visse um filmezinho que fiz das minhas pedaladas para o trabalho aqui em Brasília, que ultimamente está perdendo áreas verdes para dar mais espaço para os carros, apesar das construções de ciclovias.
    O vídeo se chama Trampocasatrampo e está no youtube( http://www.youtube.com/watch?v=rmtD0E5Vs68) e acho que pode servir de material para palestras ou de incentivo no uso da bicicleta como meio de transporte.

    Inté.

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