Pintar telhados de branco para compensar efeito estufa?
Um projeto de lei do vereador Antonio Goulart (PMDB) pode obrigar as novas construções na capital paulista a terem telhados brancos para dispersar o calor (veja matéria). O objetivo seria reduzir o calor absorvido, contribuindo para amenizar os efeitos do excesso de gases estufa na atmosfera, que fazem aumentar a temperatura da cidade e do planeta.
A ONG GBC Brasil (Green Building Council Brasil), que propõe desenvolver a indústria de construção sustentável no país, defende a proposta. E aponta um benefício indireto: com menor absorção de calor, gastaria-se menos energia elétrica com ar condicionado, o que faz sentido.
E ajuda mesmo?
Para mim fica claro que a medida ajuda sim e é válida. E toda ajuda para combater o aquecimento global é muito bem vinda.
Mas deve-se ter em mente que essa é uma media paliativa. A própria explicação do resultado esperado, no site da GBC Brasil, diz isso com todas as letras: “isso possibilitaria um atraso nos efeitos do aquecimento global”. Atraso esse que deve ser usado para se buscar soluções reais. É estancar o sangue enquanto se cuida do ferimento.
O cálculo feito nesse site é um pouco confuso e difícil de entender, mas diz que se os telhados de todas as edificações DO MUNDO fossem pintados, seria possível compensar o que cerca de metade dos carros emitiriam nos próximos 20 anos. Ora, esse cálculo é extremamente otimista. É impraticável pintar os tetos de todas as construções do mundo. E a frota mundial de automóveis vem aumentando ano a ano, portanto o que hoje se considera “metade” tende a logo se tornar um terço.
A iniciativa pode ajudar, mas não resolve. É preciso tomar medidas drásticas.
O que deveria ser feito?
Há várias maneiras de diminuir as emissões de gases estufa no mundo, mas nas grandes cidades a quase totalidade das emissões vêm dos meios de transporte. O que é preciso fazer, de forma urgente, é restringir o uso do automóvel nessas cidades, estimulando o uso do transporte coletivo e da bicicleta.
Deve-se investir em transporte público e não em túneis e viadutos; em corredores de ônibus sem táxis dentro, em vez de pistas expressas que só aceitam carros; em campanhas de respeito ao usuário de bicicleta e legitimação de seu direito de compartilhar as vias com os outros veículos, não em ciclovias para tirá-los das ruas, segregando-os aos raros locais que as possuem e dando-lhes a pecha de invasores quando precisam trafegar fora delas ou onde elas não existem.
Túneis, viadutos e pistas expressas estimulam o uso do automóvel. São medidas que contribuem para piorar o efeito estufa, a poluição, os congestionamentos, os acidentes de trânsito e tantas coisas mais.
Transporte coletivo, mesmo movido com o diesel sujo aqui do Brasil, diminui as emissões, porque transporta dezenas de pessoas em um único veículo, mesmo que poluente. É uma das formas de diminuir a emissão de gases estufa. Se o transporte coletivo for rápido e eficiente, os cidadãos aos poucos passam a utilizá-lo em detrimento de seu automóvel particular. E se esse transporte for movido a energia elétrica, melhor ainda.
O uso da bicicleta, obviamente, não emite nenhum gás estufa. Pode não ser uma solução factível para todos, mas é certo que haveria muito mais pessoas utilizando a bicicleta em seus deslocamentos se sentissem as ruas mais seguras e fossem incentivadas para tal.
Muitas ciclovias são construídas apenas para tirar o ciclista do caminho dos carros, não para protegê-lo do tráfego, chegando até a colocá-lo em risco nos cruzamentos. Geralmente são aquelas que roubam um trecho de calçada, tirando espaço dos pedestres para que os carros não sejam incomodados. São obras que acabam estimulando o uso do automóvel, que passa a ter a via livre, sem o “incômodo” de ter que dividi-la com ciclistas em menor velocidade, tendo isso como incentivo a continuar usando o carro.
Esse tipo de obra acaba por estimular o uso do automóvel, também contribuindo indiretamente para aumentar o aquecimento global. E tem outras conseqüências ruins menos visíveis, que implicam diretamente sobre a segurança do ciclista, sobre as quais pretendo falar em um texto futuro.
Muito bom este site! Parabéns pela atitude.
0 0
Sinceramente, telhado branco não melhora em nada. É só mais um modo de atacar nossos bolsos, beneficiando algumas poucas empresas amigas de quem aprovou isso.
Sem contar que, imagine a trabalheira e gastos extra pra MANTER os TELHADOS BRANCOS numa cidadee como São Paulo.
Nem vou entrar no mérito de Aquecimento Global Antropogênico (que eu acho que a- não é causado pelos homens, b- não é causado pelo CO2).
A frota de carros deve diminuir por razões de fluidez do trânsito, poluição (CO e particulados, CO2 não polui) e saúde. E acho que devemos usar as razões certas para defender o ciclismo funcional, e não vendê-lo como um subterfúgio.
No mais, bom trabalho com o blog!
1 1
eu posso dar o exemplo perfeito nao melhora em nada telhado branco
minha casa continua o mesmo forno!!!! e todo mundo sabe do mal que o carro faz
mas como ja falaram aqui no trabalho
“poluição to nem ai” ninguem quer sacrificar o conforto por um bem maior 🙁
como sempre me sinto sozinho nessa luta
0 0