Ghost Bike de Márcia Prado, na Avenida Paulista.

Ghost Bikes, as bicicletas brancas em memória de ciclistas

Por que se colocam bicicletas brancas onde ciclistas morreram? Conheça seu significado e saiba como são preparadas

Ghost Bikes são bicicletas brancas instaladas em locais de acidentes fatais com ciclistas. São memoriais em homenagem a ciclistas mortos no trânsito, que perderam suas vidas para a pressa de alguém, para a falta de planejamento viário e para a omissão do poder público.

Aquela bicicleta pendurada no poste, presa na grade ou meio enterrada em um canteiro, também têm o objetivo de evitar que a morte que ocorreu ali caia no esquecimento. E que aquele corpo caído no asfalto não seja lembrado apenas como um inconveniente temporário, atrapalhando o trânsito de uma tarde qualquer.

Além disso, a ghost bike serve como um alerta ostensivo aos condutores de automóveis, para que tomem mais cuidado com as vidas que pedalam pelas ruas. Lembram ao motorista que um ciclista é uma pessoa e não um obstáculo. Alguém que, como ele, tem família, amigos, filhos, amores e sonhos. E que sua ausência impacta para sempre a vida dessas pessoas.

A primeira ghost bike do mundo foi instalada em 2013, nos Estados Unidos, e desde então a ação é realizada em todo o mundo. E também no Brasil: em São Paulo, por exemplo, já foram instaladas dezenas de Ghost Bikes.

Queremos o fim das Ghost Bikes, mas elas continuarão sendo instaladas enquanto forem necessárias.

A bicicleta branca em frente ao Shopping Cidade de São Paulo, na Avenida Paulista, é a Ghost Bike em memória de Márcia Prado.
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Como fazer uma Ghost Bike

Uma Ghost Bike pode ser montada por qualquer pessoa, basta pintar uma bicicleta de branco e afixar no local. Mas alguns cuidados podem ser tomados para que ela permaneça por mais tempo.

Retire peças e pinte tudo

Para desestimular o furto, é importante deixar a bicicleta o menos “pedalável” possível. E fazer isso de forma que fique bem visível. Corte pedaços do pneu, retire câmaras, cabos, freios, câmbio, paralamas, bagageiro, manetes de freio, passadores de marchas e refletivos. Deixe só o quadro, selim, coroa, pedivela, corrente e pedais.

Passe muita tinta nas partes móveis, de forma que as rodas não girem mais. Você pode usar alguns dos raios, cortados, para prendê-las e impedir seu movimento. Recomenda-se levar a bicicleta já pintada ao local, para reduzir o tempo da ação.

Prenda bem alto

Quanto mais longe do chão a Ghost Bike estiver instalada, menos depredação e tentativas de furto. Tente afixá-la em um poste, usando uma escada grande para conseguir colocá-la bem alto. Use uma corrente grossa com cadeado grande. Quebre algo dentro da fechadura e passe bastante tinta por cima, para inutilizá-la. Se puder usar uma u-lock em vez de uma corrente, melhor ainda.

Ancore com latas de cimento

Se não houver onde pendurar, instale a bicicleta em uma área de terra ou grama, como foi feito com a de Márcia Prado. Você vai precisar de latas, cimento ou argamassa e vergalhões de metal. O ideal é usar duas latas que, cheias de cimento, servirão como âncoras. Dobre o vergalhão em formato de U, passe por dentro do quadro e enterre as pontas bem fundo na lata de concreto.

Espere secar um pouco enquanto você cava buracos no canteiro para abrigar as latas (recomendo usar uma cavadeira de jardinagem, para não demorar séculos). Cave fundo o suficiente para que a bicicleta fique de pé, ancorada nas latas. Não prenda pelas rodas, pois elas podem ser removidas.

Ghost Bike de Márcia Prado durante a inauguração da ciclovia da Avenida Paulista, em 2015. A estrutura teria protegido a vida da ciclista, atropelada por um ônibus em 2009. Foto: Willian Cruz

Ghost bikes em São Paulo

Relacionamos abaixo algumas das primeiras ghost bikes da capital paulista. Em certo momento optamos por parar de contar quantas já tinham sido instaladas, porque a lista já estava enorme e começava a ficar difícil acompanhar todas as instalações. Ainda assim, há nessa 16 bicicletas brancas, instaladas em locais onde ocorreram mortes de ciclistas.

1A primeira Ghost Bike paulistana

A primeira Ghost Bike foi instalada no final de 2007, na Av. Luis Carlos Berrini, um dos principais eixos comerciais e de negócios da cidade. Pendurada em um poste, a bicicleta branca não foi bem compreendida pela elite financeira da região e foi removida no dia seguinte. Era feia, ruim para os negócios, não combinava com o bairro.

Essa bicicleta branca foi instalada em forma de protesto pelas inúmeras mortes de ciclistas no trânsito paulistano. O local foi escolhido foi onde um homem de 30 anos morreu, atropelado por um motorista de ônibus em 15 de agosto do ano anterior.

Hoje a Av. Berrini possui uma ciclovia de canteiro central, que teria protegido a vida do ciclista que morreu ali em 2006. Até hoje não se sabe seu nome: sua história foi engolida pelo ritmo da cidade. Não há uma nota de rodapé na internet sobre seu falecimento.

2Márcia Prado

A segunda Ghost Bike foi instalada em janeiro de 2009, em homenagem à nossa amiga Márcia Prado, assassinada por um motorista de ônibus. A bicicleta branca encontra-se até hoje na Av. Paulista, onde hoje existe o Shopping Cidade de São Paulo, tornando-se um memorial onde ciclistas frequentemente ainda prestam suas homenagens. Márcia era muito querida e será sempre lembrada por todos nós.

Márcia Prado foi homenageada também com a criação de uma Rota Cicloturística com seu nome, ligando São Paulo e o litoral (veja mapa). Veja dicas para descer de bicicleta de São Paulo a Santos pela Rota Márcia Prado. Veja no Google Street View.

3Fernando Martins Couto e Antônio Ribeiro

A terceira Ghost Bike foi instalada em novembro de 2009, em homenagem ao ciclista Fernando Martins Couto e ao gari Antônio Ribeiro. Ambos estavam conversando na calçada do canteiro central, aguardando para realizar a travessia, quando foram “colhidos” por um ônibus em alta velocidade.

Para incluir o gari na homenagem, foi afixada uma vassoura de varrição de rua junto à bicicleta. Na instalação dessa Ghost Bike estavam presentes ciclistas, garis, familiares da vítima e bastante gente que passava pelo local. Essa bicicleta branca permaneceu no local por alguns anos, na esquina da Av. Atlântica com a Av. Guarapiranga. Ainda é possível vê-la em imagens antigas do Google Street View.

Uma vassoura e uma bicicleta brancas, simbolizando o gari e o ciclista atropelados por um ônibus em cima da calçada. Foto: Willian Cruz/Vá de Bike

4Manoel Pereira Torres

A quarta Ghost Bike, em homenagem a Manoel Pereira Torres, foi instalada em março de 2010Seu Manoel, um senhor de 53 anos que usava a bicicleta para ir ao trabalho, atravessava na faixa com o sinal aberto para os pedestres, quando um motociclista em alta velocidade cortou os carros parados pela pista do ônibus – com o sinal fechado para ele. O motociclista atingiu Manoel em cheio, arremessando-o contra o semáforo, que fica a vários metros de altura. Sua bicicleta foi lançada contra um poste de aço e dobrou ao meio.

Os familiares não foram encontrados a tempo para a homenagem, que foi realizada por vários ciclistas. Um deles carregou a bicicleta branca nas costas por todo o percurso, da Praça do Ciclista até a Av. Vereador José Diniz – onde ela foi instalada e ainda permanece, em local alto e visível. Veja no Google Street View.

5Antônio Bertolucci

A Ghost Bike em homenagem a Antônio Bertolucci, foi instalada em 13 de junho de 2011. Seu Antônio, de 68 anos, foi atropelado por um ônibus fretado enquanto acessava a Avenida Paulo VI (início da Av. Sumaré) por uma de suas alças. Quando atropelado, ele circulava pela direita e estava a um metro de uma faixa de pedestres. O motorista alegou não tê-lo visto.

Bertolucci era presidente do Conselho de Administração do Grupo Lorenzetti, ciclista experiente e possuia 15 bicicletas, tamanha sua paixão. Os familiares compareceram ao ato e manifestaram repúdio à intolerância e à falta de respeito no trânsito de São Paulo.

A bicicleta branca foi removida depois de pouco tempo.

Ghost bike de Antonio Bertolucci. Foto: Willian Cruz/Vá de Bike

6Francisco Jander Martins

Seu Francisco trabalhava como camelô no centro de São Paulo e teve sua vida interrompida por um um ônibus no Viaduto Therezinha Zerbini, centro de São Paulo, no dia 4 de agosto de 2011. Não era diretor de nenhuma grande corporação, mas também pagou com a vida pela “imprudência” de não estar dirigindo um carro naquele momento. Estampou as páginas dos jornais com a notícia de que sua morte atrapalhou o trânsito.

A história de Francisco terminou no mesmo asfalto em que nasceu uma bicicletinha, pintada pelas mãos leves e inocentes do seu filho de apenas 3 anos de idade, durante a manifestação que aconteceu na noite seguinte. Naquele momento, o pequeno se divertiu entre pincel e tinta, talvez sem entender muito bem o motivo pelo qual estava ali.

A bicicleta branca permaneceu no local até 2020. É possível vê-la aqui.

7Charleston Feitosa Beserra

No dia 3 de setembro de 2011, Charleston, de 28 anos, morreu atropelado por um motorista. Por volta de seis e meia da noite, ele descia a rua Apacê para entrar na avenida Engenheiro George Corbisier, no bairro do Jabaquara, quando um carro que subia a rua veio a seu encontro.

Cogita-se que um veículo abandonado próximo à curva da rua, em lugar pouco visível, o tenha feito desviar na última hora, colidindo de frente com o carro que vinha no sentido contrário. Alguns dias depois, foi instalada uma Ghost Bike no local. Ela permaneceu ali por alguns anos e depois foi retirada, mas pode ser vista nesta imagem antiga. Hoje há uma ciclofaixa na avenida.

8Juliana Dias

Em 2 de março de 2012, a jovem bióloga de 32 anos, chamada de “Julie” pelos amigos, pedalava para o trabalho quando um motorista de ônibus impaciente, em uma ultrapassagem irresponsável, derrubou-a embaixo de outro coletivo. Sua morte, a uma quadra da Ghost Bike de Márcia Prado, na Avenida Paulista, foi imediata. O motorista que causou a situação que lhe tirou a vida continuou seu trajeto, mas foi identificado e se apresentou à polícia mais tarde. Já o condutor que acabou passando por cima da moça, sem poder ter feito nada para evitar, terminou seu dia ali, em estado de choque.

Na mesma noite, foi instalada uma Ghost Bike na calçada, em frente ao local onde tudo ocorreu. Desde então, a Av. Paulista tem duas Ghost Bikes, muito próximas uma da outra. A morte de Julie estimulou a realização da Bicicletada Nacional, realizada em 39 cidades brasileiras (além de Caracas, na Venezuela), para pedir mais respeito aos ciclistas e ao direito de circular pelas ruas em uma bicicleta.

A ciclovia da Avenida paulista, que teria protegido Julie, só foi construída três anos depois. Mesmo sendo alvo de repetidas depredações, a bicicleta vem sendo reformada constantemente por ciclistas e continua no local, na saída do Metrô Trianon-Masp.

Ghost bike da ciclista Julie Dias, morta por um motorista de ônibus em 2013 quando pedalava na avenida Paulista. Foto: Willian Cruz/Vá de Bike

9Lauro Neri

O pedreiro de 49 anos ia para o trabalho de bicicleta, na Av. Pirajussara, continuação da Eliseu de Almeida, no dia 3 de abril de 2012. De repente, uma freada e um impacto. Depois disso, mais nada. Uma vida interrompida por um ataque pelas costas, de alguém com pressa demais. Lauro não chegou no trabalho, não voltou para sua esposa.

Em 2007, a Prefeitura de São Paulo anunciou a construção de uma ciclovia no eixo da Av. Eliseu de Almeida, Zona Oeste de São Paulo. A obra ficaria pronta até 2010. Se tivesse sido construída no prazo prometido, o ciclista atropelado por motorista e poder público irresponsáveis ainda pedalaria por aí.

Na noite seguinte a atropelamento, uma Ghost Bike foi instalada no local. Os manifestantes, em grande número, pintaram bicicletinhas por toda a avenida e também uma faixa de pedestres. A avenida havia sido recapeada e não estava sinalizada. A sinalização “clandestina” foi apagada pelo poder público com uma rapidez que deveria ter sido repetida para criar condições seguras para o tráfego de bicicletas no eixo Pirajussara – Eliseu de Almeida.

Em 2010, a Ciclocidade havia realizado uma contagem de ciclistas na Eliseu de Almeida e, nas 14 horas em que a medição foi realizada, foram registrados 561 ciclistas. Os primeiros três quilômetros dessa ciclovia vieram a ser entregues apenas em junho de 2014, com a mudança de gestão na prefeitura. Uma contagem realizada três meses depois mostrou um crescimento de 53% no fluxo de ciclistas, em relação a 2012. Muita gente não pedalava por ali por receio de ter um destino parecido com o de Lauro Neri e tantos outros invisíveis.

Ghost Bike de Lauro Neri. Foto: Aline Cavalcante
Ghost Bike de Lauro Neri. Foto: Aline Cavalcante

10Kaique Oliveira Welsch

Kaique, de 14 anos, morreu sob as rodas de um caminhão na Av. Jornalista Roberto Marinho (Águas Espraiadas), na altura do Viaduto Deputado Luís Eduardo Magalhães, no dia 27 de julho de 2012. O motorista fugiu do local e até hoje não foi identificado (exceto, talvez, em investigação policial ocorrendo em sigilo). Naquela noite, integrantes da Bicicletada passaram pelo local para realizar uma manifestação de apoio e afixar uma Ghost Bike no local, com a apoio de amigos e moradores da comunidade onde ele vivia. Por falta de tempo (e de tinta), essa Ghost Bike acabou ficando com a cor vermelha, simbolizando o sangue derramado.

Amigos do rapaz fizeram várias homenagens nas redes sociais. Houve ainda duas outras manifestações, realizadas por amigos e moradores da região: uma tentativa de bloqueio da avenida na manhã seguinte, após o enterro do rapaz, que fortemente reprimida pela polícia; e a queima de um ônibus na noite seguinte. Segundo matéria do Estadão, a Polícia Civil instaurou inquéritos policiais para apurar a morte de Kaique e o incêndio do coletivo.

11Antonio Ribeiro (?)

Em 8 de outubro de 2012, um ciclista que vinha pela calçada da Av. Dr. Gastão Vidigal foi atropelado por um caminhão, ao cruzar, sobre a faixa, a esquina da R. Hassib Mofarrej. O caminhão vinha da avenida e virou na rua sem perceber o ciclista que atravessava.

Segundo depoimentos, o motorista prosseguiu como se nada tivesse acontecido, mas foi parado por um motociclista mais adiante. Uma Ghost Bike foi instalada no local.

12Nemésio Ferreira Trindade

Nemésio foi atropelado na Avenida Francisco Morato, altura do número 567, por um ônibus que trafegava fora da faixa exclusiva para os coletivos. Sua morte ocorreu no dia 27 de novembro de 2012. Uma Ghost Bike foi afixada alguns dias depois, retirada e instalada novamente.

13William Morsetvita

No dia 2 de fevereiro de 2013, um ciclista de 36 anos começou a atravessar na faixa de pedestres, na Avenida Jabaquara, altura no número 322, quando uma motorista com pressa tentou “aproveitar” o sinal que já havia fechado. William foi atingido em cheio e veio a falecer algumas horas depois no hospital, para tristeza de sua esposa.

Uma manifestação, com instalação de uma Ghost Bike, foi realizada em 17 de fevereiro, com presença de sua esposa, familiares, amigos e diversos cidadãos que se solidarizaram com o acontecido.

Ghost Bike de William Morsetvita, na Av. Jabaquara. Foto: Priscila Cruz/Vá de Bike

14Gerson de Souza Pinto

Na manhã de 25 de abril de 2013, Gerson de Souza Pinto trafegava pela Av. Juntas Provisórias, no Ipiranga, zona sul da capital, quando foi atropelado por um caminhão. Gerson morreu no local e seu corpo permaneceu na avenida por algumas horas até a chegada da perícia, para desespero de sua família. O atropelamento ocorreu na esquina com a rua do Grito, sentido Vila Prudente. Não há mais informações sobre o ocorrido.

Na noite seguinte, os participantes da Bicicletada foram até o local e instalaram uma ghost bike em sua homenagem.

Ghost Bike de Gerson de Souza Pinto - Foto: Silvia Ballan
Ghost Bike de Gerson de Souza Pinto – Foto: Silvia Ballan

15José Aridelson

O chef de cozinha José Aridelson voltava do trabalho de bicicleta, à 1h da madrugada do dia 25 de agosto de 2013, quando foi atingido por um motorista que nem sequer diminuiu a velocidade e ainda fugiu sem prestar socorro. Um vídeo está disponível no portal G1.

Três minutos depois do atropelamento, as imagens mostram um carro parando para ver o que havia acontecido. Era o irmão de José Aridelson, que por coincidência passava pelo local. Mas o ciclista já estava sem vida e nada pôde ser feito para salvá-lo.

Alguns dias depois, em 29 de agosto, durante uma manifestação por mais segurança para os ciclistas da região, pela implantação da ciclovia da Av. Eliseu de Almeida e também pela reativação de uma ciclovia de Taboão da Serra, uma bicicleta branca foi instalada na R. Ari Aps, local da morte do chef de cozinha, que faleceu aos 37 anos.

Bicicleta branca em homenagem a José Aridelson, na R. Ari Aps. Foto: Rachel Schein
Bicicleta branca em homenagem a José Aridelson, na R. Ari Aps. Foto: Rachel Schein/Vá de Bike

16Gilberto Bueno

Numa manhã de domingo, Gilberto Bueno estava passeando de bicicleta e parou sobre um canteiro no bairro do Itaim Bibi, talvez para descansar um pouco. Eram 9h da manhã daquele 15 de junho de 2014 quando o motorista de uma van, que vinha pela Av. Juscelino Kubitschek, indesculpavelmente passou direto na curva que deveria fazer para entrar na R. Prof. Geraldo Ataliba e subiu na calçada, atingindo em cheio o ciclista que estava parado ali.

A polícia afirmou que o motorista, apesar de não estar embriagado, “não conseguiu fazer a curva”. A colega Silvia Ballan fez uma reconstituição gráfica do que ocorreu, que vale a pena ser vista. A ghost bike foi instalada no dia seguinte e às vezes ainda é derrubada por algum outro motorista criminoso, que poderia igualmente tirar a vida de alguém.

Segundo os jornais, o designer de 54 anos pedalava havia três para manter a diabetes sobre controle e já não precisava mais tomar insulina. Ele deixou uma filha de 13 anos.

Foto: Silvia Ballan
Foto: Silvia Ballan

Vídeo

O vídeo abaixo mostra o momento em que uma ghost bike é instalada em um poste, em fevereiro de 2022.

42 comentários em “Ghost Bikes, as bicicletas brancas em memória de ciclistas

  1. Realizo o trajeto pelo eixo Jabaquara –Paulista e para minha tristeza vejo mais uma ghost bike no percurso; vejo muitos colegas se deslocando para o trabalho, alguns por necessidade, muitos também pais de família como eu. Recomendo a todos que usem capacetes, que sejam vistos; agradeço as gentilezas assim como reclamo das imprudências no trânsito. Que os que foram não fiquem no esquecimento, que os exemplos reflitam em leis rígidas ou que pelo menos sejam aplicadas assim como espero não ver mais nenhuma nova bike branca. Muita força, paciência , respeito e bom pedal a todos.

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  2. Wagner, admiro esse seu jeito Zen de ser meu brother, eu pedalo todo dia para o trabalho, ando em media 40 a 50 km diario e te digo, as vezes nos temos que lutar pelos nossos direitos, principalmente qdo somos acuados e passamos risco de acidente ou morte, eu acho dificil alguem atirar em mim e pelo menos eu nao tentar me desviar da bala, ainda mais qdo essa bala pesa mais de 12 ton e ta bem atras da sua nuca, educaçao sempre sera a saida pra tudo, mas quando atentam contra sua vida temos que nos defender, abços.

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    1. Marcos,

      Concordo plenamente que temos que lutar, não devemos ser passivos mas o que saliento é a forma que fazemos…

      Pessoalmente sou absolutamente contra as formas violentas e agressivas de protesto e reivindicação. Pode parecer antiquado e utópico para muitas pessoas mas defendo a linha do Amor, a linha que Mahatma Ghandi, Martin Luther King Junior e Marechal Rondon; a revolução não violenta. Lembrando da forma de atuação deles: revolucionária, radical porém não violenta.

      Sei que é difícil, tenho esposa e uma filha de 3 anos, eu “deveria não andar de bicicleta por ela” me dizem, mas o que digo e faço “eu ando de bicicleta por ela e por seus filhos”. Mas quero agir da forma da bicicleta: desarmado.

      Marcos, e nem com arrogância da “razão” absoluta devemos nos armar. Você, eu e muitos sabemos que a bicicleta é infinitamente melhor que os motores e de todos os benefícios que ela traz a nós e a cidade mas devemos entender que as pessoas são diferentes, muitos nunca vão gostar a bicicleta por que querem seu “conforto protegido”, e diferente, deles temos que entende-los.

      Acho que a solução imediata para a estrutura que temos hoje é a educação, para quem pode ser educado, e a punição para quem não respeita a Vida.

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  3. É muito triste saber dessas mortes em São Paulo e revoltante ver a irresponsabilidade de determinados motoristas, ainda protegidos pela impunidade que impera nesse país. Diante disso, não tenho mais coragem de pedalar em São Paulo. Dá medo! Tô apavorada.Vem um louco, que resolve passar num sinal vermelho e TE MATA. Nada acontece! Cadê as ciclovias prometidas? Vamos cobrar as ciclovias sim! Em São Paulo, não dá para ter via compartilhada. Falta muita EDUCAÇÃO ainda para isso acontecer.

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    1. Oi, Teresa

      Apesar da sensação que muita gente tem ao tentar pedalar na cidade, a situação melhorou MUITO em relação a dez anos atrás. E o compartilhamento funciona melhor que nas outras grandes cidades do país. Tem melhorado a passos largos, quem pedala há muitos anos sabe e percebe isso claramente.

      Não podemos basear o modelo de mobilidade apenas em ciclovias, basicamente porque não é possível implementá-las em todas as vias da cidade e em algum momento o ciclista precisará sair delas para chegar em casa, no trabalho ou onde for. E, nesse momento, precisa ter seu direito de circulação respeitado, o que não ocorre se for propagado o conceito de que lugar de bicicleta é só na ciclovia. Para entender melhor a questão, recomendo este texto (veja o trecho “ciclovias como solução única”).

      Abraço,

      Willian Cruz

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  4. Amigos,

    Fico aqui pensando: esses motoristas de busão devem ser muito ricos, não devem ter bikes, devem dirigir carrões quando estão de folga e qdo estão em serviço devem continuar com esse sentimento de “piloto”.
    Enquanto a SPtrans não organizar um grande evento de conscientização com TODOS os motoristas de ônibus da capital, nada mudará. Eles são escrotos com carros e motos, pq não com ciclistas? São mais frágeis ainda. Canso de denúncia-los à SPtrans, não sei se resolve muito não… Cansei de tomar fechadas e mais fechadas. Os discursos de paz são lindos, mas fica complicado ter sangue frio em um momento de adrenalina. Ainda não passei por um aperto brabo mesmo e acho que o dia que isto acontecer, vai dar merda.

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    1. Os motorista de ônibus são um exemplo apenas, o problema é que devido o seu grande veículo pode fazer um grande estrago.

      O comportamento desse motoristas e de outros veículos mostra a baixa auto estima e egoísmo de algumas pessoas que se traduz em desrespeito e indiferença quanto a outras vidas…

      E quanto ao “sangue frio” é possível sim Alfredo, se nós realmente tentarmos… O auto-controle é possível pois devemos entender que o outro é humano e erra também, mesmo que não pareça.
      Podemos estar corretos mas não devemos nos sentir no direito de ofende-los, xinga-los ou agredi-los… para ser igual teremos também que pegar um carro… hehe

      Por isso quando ocorre algo eu não me permito me tornar um selvagem também… não represento apenas Eu mas a todos nós e ideia da bicicleta.

      Peço todos os dias força, paciência e auto controle… e proteção…

      abc

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  5. Passei hoje pela avenida jabaquara, entre a praça da árvore e saúde e vi uma bike lá. No dia do acidente estava passando por lá, vi a bike toda retorcida e torci para não ver ela pintada de branco… como estava hoje. ;-(

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  6. Mauro, vc viu um onibus perseguindo e nao foi perseguido ha menos de 1 metro e a 30 km por um, entao vc pega a maquina, ta calmo, faz tudo certinho……………tomara que nao aconteça com vc, pq se acontecesse vc nao teria toda essa calma e postura que descreveu no seu comentario.

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  7. É colegas eu não quero vira uma Ghosts bike.
    Ciclista agora por ter perdido a carta. andava de moto por são paulo e achava isso bem perigoso, confesso que sempre gostei desse risco. mas é um risco seu você ta se colocando em risco. agora na bicicleta é muito pior pq não ta na sua mão, você ta ali no cantinho devagarinho rezando para traz de você não vir um Bêbado, Um motorista maluco, ou apenas alguém q olho a propaganda ali na esquerda e não vio você na direita, quase um ano depois de ter começado a usar a bike todo dia como meio de trasporte unica coisa q venho pensando é: Tão me vendo .. Tão me vendo … Tomara q estejam me vendo.. eu nem erá la muito de rezar não sei mesmo, mas ja viro uma reza pq ja foram tantas finas q tiraram de mim, q eu já não sei se era uma fina se o motorista me viu na ultima hora e ao contrario do q eu pensei ele não brinco com a minha vida ele apenas viu na ultima hora e deu sorte de salvar minha vida.
    Bom tenho até Dezembro desse ano sem carta. não vejo a hora de deixar os carros para traz novamente

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  8. E MUITAS E MUITAS E MUITAS BIKE GHOSTS AINDA SERAO INSTALADAS.

    ONTEM FUI PERSEGUIDO POR UM MOTORISTA DE ONIBUS NA AV CORIFEU DE AZEVEDO MARQUES, IA VOLTANDO PARA CASA TRANQUILO NA FAIXA DA DIREITA, QDO ELE SEM MAIS NEM MENOS, COM TODAS AS OUTRAS FAIXAS VAZIAS ENCOSTOU NA TRASEIRA DA MINHA BIKE E FICOU BUZINANDO, SE EU PARO, ME ATROPELA, NAO ESTAVA MAIS DE QUE 1 METRO DA BIKE, FICOU ASSIM POR MAIS DE 40 SEG., PASSOU POR MIM RINDO E CHINGANDO MINHA MAE, ENCOSTEI A BIKE NA CALÇADA E TIVE UM ATAQUE DE RAIVA, NA HORA SE EU ALCANÇO EU TERIA FEITO BOBAGEM COM ESSE LIXO QUE NAO PODE SER CHAMADO DE SER HUMANO, NAO AGUENTO MAIS ESSA SITUAÇÃO. NAO OLHEI O NUMERO DO ONIBUS PQ TAVA CEGO DE MEDO E RAIVA, E ELE TEVE SORTE DE NAO PARAR NO SINAL, PQ ACELEROU (ALEM DE TUDO E COVARDE) SENAO EU MATAVA ELE ALI MESMO DE PORRADA (DESCULPEM A COLOCAÇÃO), TA IMPOSSIVEL, ME SINTO IMPOTENTE, HUMILHADO, UM VAGABUNDO ATRAS DE UM VOLANTE NAO E HOMEM PRA ME ENFRENTAR NA RUA, MANO A MANO, ME SINTO MAL, ABUSADO, PERDIDO, ASSUSTADO E CHEIO DE ODIO, UM ABRAÇO A TODOS.

    SE FOSSE CONTAR AQUI, TODO DIA É UMA SITUAÇAO.

    PRECISAMOS FAZER ALGO, TODO DIA PASSAMOS PERRENGUE, CANSEI DE ME MANIFESTAR ATRAVES DE ATOS QUE NAO LEVAM A NADA, DEVE HAVER ALGUMA MANEIRA DE RESPONDERMOS A ESSAS AGRESSOES COM “PESO”, E REPITO, QUAL DE NOS SERA O PREMIADO COM UMA BIKE EM HOMENAGEM?

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    1. Na bicicletada de novembro de 2012, em S. Paulo, presenciei uma perseguição de ciclistas por um ônibus, em frente ao Shopping Iguatemi. Eu e mais uns cinco ciclistas fomos falar com ele, ao parar num ponto. Posso garantir que ninguém o agrediu, embora ele merecesse ser linchado… O cara repetia sem parar “vcs são uns folgados…Se querem respeito, têm que respeitar também”… Bom a única arma que eu tinha era a câmera fotográfica e foi assim que guardei o número do coletivo. Fiz a denúncia à SPTrans e recebi a resposta tempos depois, dizendo que o mesmo fora afastado. Bom, se é verdade eu não sei…Há que se confiar. Mas se todos fizermos o mesmo em relação a esses flagrantes do dia-a-dia, é possível que alguma coisa mude.

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    2. A reposta que temos que dar é o que eles não esperam:
      se eles não nos respeitam, que demos respeito; se eles nos tem raiva, que demos paz; se nos xingam sem razão, que argumentemos com a razão da vida; se eles são indiferentes a nossa vida que respeitemos a deles…

      Sei que é muito difícil muitas vezes sermos agredidos dessa forma mas xingar, agredir não resolve, sabemos disso…

      Que argumentamos pacificamente mostrando as razões para andarmos de bicicleta; que façamos denuncias sobre motoristas… esse é o caminho…

      Não é fácil muitas vezes agir nessas situações, então parabéns a todos que optam pelo caminho Certo e não o mais fácil…

      Parabéns a nós…

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      1. Falou tudo, Wagner! Eu sempre tento fazer isso quando ando de bike e até já fiz amizade com alguns motoristas de ônibus que circulam pela Eliseu de Almeida =) não podemos nos sentir acuados e desistir de usar as ruas. Precisamos sim de cada vez mais bicicletas ocupando as ruas para termos o nosso lugar. Basta ver a diferença que fez um trecho curto de ciclovia na Faria Lima: cada dia que passa, mais e mais pessoas aparecem pedalando nas ruas que dão acesso à ciclovia, levando a mais respeito dos motoristas.

        Precisamos além de ocupar as ruas, cobrar nossos direitos, pressionar a prefeitura para expandir ciclovias/ciclofaixas permanentes/ciclorotas pela cidade e nos dar mais condições de trafegar com segurança em mais trechos da cidade.

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  9. Infelizmente a homenagem aos colegas Fernando Martins Couto e Antônio Ribeiro estão bem precárias. A última vez que vi não havia a vassoura e a bicicleta estava pendurada pela roda traseira, sem a roda dianteira, o guidão em direção ao chão.
    E é por todos estes que continuamos pedalando.

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  10. Mais uma vez Tristesa e Pesames ! Que Deus nos proteja deste transito caótico e dos motoristas irresponsáveis !
    Lamentável que Ghost Bikes se multipliquem, se ninguém tomar providencias e se continuar assim teremos uma decoração funebre e angustiante em várias avenidas de São Paulo, esta violencia e descaso com o ciclista tem de acabar e já!!!!

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  11. Uma ghost bike no trajeto da ciclofaixa é uma mensagem poderosa. Espero que o poder público, juntamente com o poder privado da ciclofaixa, não retirem essa ghost bike dali.

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  12. As três ou quatro Ghost bikes que eu já vi pela cidade me deixam extremamente triste toda vez que passo por elas. Mas eu não sabia que haviam tantas outras. Sempre que leio um post como esse meu coração aperta e meus olhos se enchem de lágrimas. O que será preciso fazer para que o motoorista paulistano também sinta isso??? Sei que dentro de um automóvel também tem um ser humano, mas porque será que ele é tão inacessível???

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