Como derreter o coração de um motorista estressado
Veja como uma ciclista acalmou um motorista de ônibus ‘veloz e furioso’.
Texto da amiga Luciana Spedine, de São Paulo:
Hoje fiz o percurso rural: vi animais dentro de bolhas, mas vi também flores na beira da estrada. São Miguel Arcanjo foi requisitado algumas vezes.
Na subida da Heitor Penteado, a coisa melhorou com o corredor quase exclusivo pra mim. Os motoristas até avançaram pra segunda faixa pra me ultrapassar, porque eu, na subida, em vias rápidas, pedalo sim no meio da faixa. Julguem-me.
Na Dr. Arnaldo, com alguns ônibus no corredor, fui pra segunda faixa pra deixá-los passar e ouvi em seguida uma buzina… de outro ônibus (!). Ele vinha relativamente rápido. Sinalizei pra ele ir pra faixa dele e, quando foi, estava preparada pra soltar uma bronca. Cheguei a soltar um “pra que buzinar??!!”. Ele passou rápido por mim e me olhou pelo retrovisor. Mudei a tática, balancei a cabeça e sorri pra ele (não sem uma piscada). Ele abriu o sorrisão.
Quando passei por ele, ainda na segunda faixa, diminui a velô e soltei a pérola: “Voce buzinou daquele jeito porque eu sou linda, ne?”. Ele riu um riso “com os olhos” e já tava com as duas pernas quebradas e o coração era puro doce de leite. hahahaha
Ele me ultrapassou antes da Consolacão com um aceno e eu o alcancei em frente ao Conjunto Nacional. Não eh que o bichinho estava de novo tentando ir pra segunda faixa??!! Eu buzinei, ele me obedeceu de novo e ficou no corredor.
Quando o ultrapassei e entrei no corredor pra entrar na Peixoto Gomide, ele vai pra segunda faixa, se aproxima de mim, reduzimos a velocidade e ele não se contem: faz um coraçãozinho com a mão, dá uma buzinadinha, dá tchau e segue pro seu dia longo e certamente menos estressante depois dessa mini surra de algodão doce que eu dei nele. Ate a senhorinha atrás dele sorria de contentamento (ou entretenimento – rsrsrs)
O pedal comecou mal, São Miguel Arcanjo teve que ficar colado em mim, mas derreter um coração estressado de um motorista não tem preço.
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Abordagem positiva |
Há Luciana só pelo fato de vc ser do sexo feminino ja ajuda 50% pra acalmar o animal se for homem no volante, mas o problema tambem pra mim foi confrontar com outras mulheres estressadas e apressadas no volante, acredito que não é tão facil assim, tambem nem sempre vc pode estar disposto a ser tão alegre depois de tomar fechadas propositais, unico jeito mesmo seria a ciclovia seria 100% da solução…mas bem vindo a uma terra de corruptos né…
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Oie Luciana! Uma pergunta. Na Heitor Penteado, você anda no corredor mesmo o na faixa do meio ( no meio da faixa do meio então 😉 ?
Pedalo diariamente no mesmo trecho que você e o primeiro dia do corredor da Heitor Penteado foi horrível para mim! Aquele dia continuei de andar na faixa de direita, novamente exclusiva para ônibus, e nessa subida me ultrapassarão 2 ônibus com uma proximidade assustadora(!!!), como para significar-me que a faixa era deles. Eu não gosto de atrapalhar ônibus, mas realmente em sp as vezes não sei aonde andar…
Corredores merecemos aonde não ciclofaixa! Isso é meu punto de vista de ciclista europeu! Estou sentindo que todos esses novos corredores de ônibus piorarão a segurança do ciclista.
Para quando una bici pintada no asfalto daquelas vias exclusivas, as vezes vazias.. lindas! :))
Adorei sua historinha e acho que vou sempre pensar em você antes de pensar em ficar revoltado com motoristas…… <3
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Oi Hugo,
Sim, ando no meio da faixa do corredor de onibus, especialmente na subida, pois assim o onibus nao me espreme na ultrapassagem. Tambem faço isso pra me fazer vista e porque ali os veiculos, inclusive os onibus, sobem sempre em alta velocidade, o que os obriga a reduzir a marcha quando se aproximam.
Quando minha intuicao fala mais alto, ali na subidinha, e sinto um carro ou onibus se aproximar demais, faço duas coisas: 1) sinalizo gentilmente pra irem para a outra faixa; ou 2) finjo que acho que eles estao me dando a passagem e, sem olhar pra tras, agradeco a “preferencia”. Esta também é uma forma de quebrar o gelo qunado eles se aproximam demais.
Tenho me sentido mais segura agora que a faixa virou corredor, mas ainda assim, ali naquele trecho, é preciso olho vivo e faro fino, pois tem sempre um motorista querendo fazer ultrapassagens rápidas e curtas pela faixa da direita.
Precisando de ajuda, Hugo, é só avisar e subimos juntos a Heitor.
Bom pedal!
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Muito muito obrigado pelas dicas Luciana! Pedalar em sp é uma experiência não só desportiva e intensa, mas também um pouquinho intelectual! Eh um “combate” grande para o ciclista chegar a ser respeitado aqui. E gosto muito das suas “armas” Luciana!!! Obrigado por compartilhar estrategias e… mais amor em sp!
Seria um prazer te encontrar por ai e parar um pouquinho naquela subida(!) para bater um papo 🙂
Se você ver um menino com capacete branco da um oi!
Peace!
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“surra de algodão doce” hahaha… gostei!
Legal sua atitude.
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Abordagem positiva. É o melhor caminho a seguir. Acabo de ver da janela de casa uma cena lamentável. Ciclista descendo a Teodoro Sampaio pela calçada, sem desmontar, em rápida velocidade e na contramão, colocando em risco a integridade dos pedestres. Um senhor foi lhe abordar no farol e o moço desceu da bici e começou a discutir com o senhor, tentando impor suas convicções. Pensei comigo que bastava um pedido de desculpas e um sorriso p que nos ciclistas, ganhássemos mais um amigo e defensor. Da forma como aconteceu, certamente ganhamos mais um “inimigo”.
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Todo mundo acha legal. Até semana que vem quando as Pedalinas publicam outro texto contra assédio a ciclistas.
Ciclista mandando beijo, flertando, falando que é linda pode. Motorista mandando beijo é assédio…
Polêmico. O que acha? 3 7
Eduardo, entendo sua colocação, mas o relato trata mesmo de gentileza, não de assédio. Já fui assediada e confrontei meu agressor – e foi muito constrangedor… pra ele, claro. Porque todo homem é macho pra agredir uma mulher, mas se sente encurralado quando questionado. Falar que sou linda foi uma opção pra não xingar o motorista e foi a escolha certa. Chega uma hora que, pra poder se preservar, é preciso mudar a estratégia.
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Do seu ponto de vista parece fácil. Coloque-se no meu lugar; imagine eu, negro, 1,90, 100kgs. mandando beijos para vc do meu carro.
Em dois minuitos apareceriam aqueles textos das feminazis contra assédio.
Isso porque todos são iguais…
Polêmico. O que acha? 5 4
Preconceito é mesmo uma praga. Espero muito que a gente se encontre por ai algum dia, porque a cor da sua pele ou seu tamanho nao vao importar. Boa semana, cheia de gentileza e surras de algodão doce pra todos nos. =D
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valeu Luciana…tambem estou apaixonado por ti!
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Em homenagem a sua atitude!
http://esoserlegal.tumblr.com/
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Este site é bacana demais! Não o conhecia… =D
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Parabéns Luciana, show de bola seu depoimento.
E que continuemos sempre assim…
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“Surra de algodão doce”
Amei.
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Da ultima vez que mandei beijinho pra motorista, o cara desceu do carro e veio querer me bater, acho que ele não gostou da minha barba.
Bom texto teve muito bom humor e paciencia para enfrentar o mal humorado. rsrs
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Linda história.
Vejo muito relato de enfrentamento com os carros e isso só gera mais atrito.
O argumento mais forte é o sorriso e a gentileza. Nessa história todos saíram felizes.
Agora quando se parte pro insulto ou para a rispidez, perdemos o respeito do motorista, geramos mais atrito e nos irritamos.
Parabéns pela atitude!
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Na real, tenho buscado interagir com os motoristas no corredor paulista/dr arnaldo. Acredito que seja plenamente possivel compartilhar o corredor (ônibus/bicicleta). Como eles param nos pontos de onibus, acabamos, os ciclistas, sendo mais rápidos que eles e dificilmente ultrapassados. Só é preciso que eles lembrem que existimos, por isso acho importante essa interação, como da Luciana.
Porém, obviamente, isso não basta. A declaração do Secretário de Transportes no sentido de que devemos usar o corredor ajuda. Ajudaria mais ainda orientação e sinalização.
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Legal a história, mas acho que o motorista achou que estava flertando, agora se o ciclista for homem dai complica… Fazer o que?
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Nao rolou flerte, Rafael. Linguagem corporal. Cumprimento, quase diariamente, muitos homens durante meu percurso: frentista, jornaleiro, guarda de rua (troquei presentes com o guarda da rua de cima da minha casa), motoristas de onibus, manobristas. Eles nunca me passaram cantadas; quase todos estao na faixo dos 40 pra cima. Sinto que me respeitam justamente porque sou mulher. E nao sou jovenzinha. Eles devem imaginar que tenho filhos em casa. Trata-se de pura gentileza mesmo.
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Luciana, simplesmente parabéns! Abraço.
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Foi exatamente o que pensei Luciana,assim como podemos presenteá-los com linguagens corporais,também podemos presentear com linguagem gestual. Más sem ofensas,pois aí é que está o perigo nessas situações. Parabéns por essa bela saída.
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“Voce buzinou daquele jeito
porque eu sou lindo, ne?”.
Kkkkkkkkkkk Adorei a frase, vou começar a usa-la de agora em diante.. Belo exemplo, Parabens!
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Vou partir pra esse argumento “Zé Bonitinho” também… rsrsrs
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Não sei porque, mas não tenho certeza se vai funcionar com vocês
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Obrigada, Willian!
Sejamos protagonistas de nossa luta por uma cidade mais humana e com mais “surras de algodao doce”.
Um beijo!
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Eu que agradeço pelo texto inspirador, Lu! 🙂
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parabens anjo …….. precisamos muito de exemplos como o seu………….Deus te abençoe querida………
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