Foto: Verônica Mambrini

Bike Anjo tem base fixa em forma de contêiner no Largo da Batata, em São Paulo

São oferecidas oficinas abertas e gratuitas para quem quer aprender a se equilibrar, ganhar confiança para pedalar nas ruas ou fazer manutenção na bicicleta.

Foto: Verônica Mambrini
Foto: Verônica Mambrini

Você sabia que o coletivo de anjos é falange? Pois uma falange de ciclistas ganhou um quartel-general, na forma de contêiner com oficina, no Largo da Batata, em São Paulo. O Bike Anjo é uma organização que se dedica desde 2013 a ensinar ciclistas a pedalar, dando um empurrãozinho seja nos primeiros giros de quem ainda está tentando se equilibrar, seja para quem quer se sentir confiante para começar a usar a bike como meio de transporte.

O contêiner foi uma doação à cidade e, por contrato, vai ficar três anos à disposição da população no Largo da Batata. “Ele estará aberto sempre que tiver uma atividade programada pelo Bike Anjo, e estamos montando oficinas abertas e gratuitas para quem quiser aprender a fazer a manutenção na própria bike”, explica Marcos Bueno, diretor do movimento. A associação já atendeu 1.300 pessoas que precisavam de um anjo ciclista – a maioria mulheres, entre 30 e 40 anos, apesar de sempre comparecerem pessoas de todas as faixas etárias e gêneros às atividades e aulas.

Como uma associação voltada a atividades de uso do espaço público, para o Bike Anjo era natural que a “sede” física fizesse parte da ocupação de um local como o Largo da Batata. “Já existem dois contêineres na Praça dos Arcos, onde tradicionalmente damos as oficinas [um bicicletário público e a Cozinha SP]. Então foi mais viável vir para o Largo da Batata, onde também dialogamos com outros movimentos, como A Batata Precisa de Você”, conta Bueno. A descentralização não é um problema: os voluntários pedalam e trazem as bicicletas de volta sem problemas do local das atividades. “Nosso contêiner vai estar aberto para parcerias com projetos ligados à bicicleta e à ocupação da cidade, basta nos procurar. E continuamos no espírito de coletivo: é só chegar e colocar a mão na massa para ajudar.”

No começo, o Bike Anjo usava as bikes dos próprios voluntários para as oficinas, principalmente nas oficinas de aprender a pedalar. “Hoje, temos uma frota de 12 bikes dobráveis e estão chegando mais dez”, conta Marcos. “Com isso, vamos poder atender mais pessoas e com mais qualidade.” Há cerca de 70 voluntários inscritos no Bike Anjo, e a cada atividade comparecem cerca de 15 a 20. “As equipes são bem estáveis, e agora, com o aumento no número de bikes, podemos ter mais voluntários em atividade a cada evento.”

Foto: Verônica Mambrini
Foto: Verônica Mambrini

Passo a passo

Com o crescimento do Bike Anjo, que culmina no contêiner do Largo da Batata, a agenda se desdobrou em módulos que permitem a pessoa aprender do zero, até ensinar outras pessoas, virando ela também um bike anjo. “A ideia surgiu em uma viagem com o João Paulo Amaral, um dos fundadores. Muita gente fazia uma oficina, aprendia um pouco, mas depois não tínhamos mais notícia”, conta Bueno.

A solução foi estruturar módulos de aprendizado:

  • O módulo 1 é para quem nunca teve contato com bicicleta e vai aprender do zero.
  • No segundo, a ideia é avançar o conhecimento básico ou relembrar, treinando habilidades como troca de marchas, curvas, frenagem segura.
  • No módulo 3, a pessoa começa a pedalar na cidade. A primeira parte da atividade é a teoria, envolvendo leis de trânsito, direitos e deveres, e a segunda é com a bike na rua, experimentando tudo na prática. “É como se fosse a auto-escola da bike”, brinca Bueno.
  • Na sequência, o ciclista sai em passeios em grupo, nos quais ganha confiança e firmeza para pedalar na rua, entre os carros. “Os passeios são sempre na cidade, temáticos, com objetivo de estimular a percepção e ocupação do espaço público. São curtos, com cerca de 10 km a 15 km, no máximo, para que a experiência seja estimulante e prazerosa mesmo para iniciantes”, diz o diretor da associação.
  • O quinto módulo ensina o básico da mecânica, dando autonomia ao ciclista para fazer reparos rápidos em sua bicicleta, conseguindo chegar em casa caso ela dê algum problema na rua.
  • No último módulo, a pessoa aprende dicas e orientações para passar para frente o que sabe e se tornar um bike anjo.

“Mas não é preciso seguir uma sequência”, explica o diretor do Bike Anjo. “A pessoa pode fazer o módulo que quiser e precisar”. Saiba mais.

Para acompanhar a programação mensal do Bike Anjo, as atividades no contêiner, pedir um Anjo ou se oferecer como voluntário, visite a página da associação. A entidade atende em mais de 400 cidades, alcançando 11 países, com mais de 3500 voluntários.

Foto: Verônica Mambrini
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