Condição de manutenção é ruim em 40% das ciclovias de São Paulo
Prefeitura não investiu um centavo em manutenção das ciclovias, em mais de 2 anos de gestão – mesmo havendo verba reservada para isso
Um estudo realizado pela Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo) entre agosto e novembro de 2018 apurou que 40% das ciclovias da capital paulista estão em condições ruins de manutenção.
A avaliação, feita por uma equipe de 45 pessoas e com apoio do Itaú, foi uma auditoria cidadã da infraestrutura cicloviária de São Paulo. O levantamento foi baseado no Ideciclo, o Índice de Desenvolvimento da Estrutura Cicloviária – um trabalho sensacional criado em Recife pela Ameciclo (Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife).
“A gente sentiu a necessidade de qualificar como estava a infraestrutura cicloviária”, conta Flávio Soares, da Ciclocidade. “Mas não sabíamos quanto dela estava em condições ruins, quantas haviam sido apagadas, por exemplo, e quantas nem estavam no mapa oficial.”
Para colher os dados, ciclistas de várias regiões foram às ruas avaliar as ciclovias e ciclofaixas, analisando elementos como segregação, largura, iluminação, pavimento, velocidade da via e outros. No total, foram 21 critérios diferentes, variando conforme o tipo de estrutura.
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“A Auditoria Cidadã buscou mapear essa infraestrutura, ver como ela estava em todo o território da cidade e a partir dessa informação ter critérios objetivos de análise”, explica Soares.
Como resultado, foram gerados mapas que mostram as estruturas a partir dos critérios analisados, um mapa online com fotos das estruturas que mais precisam de manutenção imediata e um relatório com as informações completas.
Com isso, a Prefeitura de São Paulo ganha uma documentação esclarecedora sobre a situação das ciclovias e ciclofaixas, que pode ajudar a melhorar, ampliar e readequar a malha implantada, tão importante para proteger a vida de quem se desloca por bicicleta na cidade.
Além de estar disponível publicamente na internet, o relatório final também será entregue ao Ministério Público, como contribuição para o debate sobre a segurança no trânsito.
Manutenção zero
Estamos no terceiro ano da atual administração, que começou em 2016 com João Dória e foi passada para Bruno Covas (ambos do PSDB) em abril de 2018. E nos dois primeiros anos, a Prefeitura não investiu um centavo sequer na manutenção de ciclovias, deixando que elas se desgastassem naturalmente, chegando quase a sumir em alguns pontos – mesmo havendo verba reservada para isso.
As únicas ações positivas realizadas nas ciclovias existentes foram de repintura e recolocação de tachões em vias que foram afetadas pelo programa Asfalto Novo – sendo, portanto, apenas restaurações da sinalização viária removida durante os recapeamentos.
De acordo com o próprio prefeito, nenhuma manutenção foi feita por ainda não haver uma definição do que aconteceria com a malha existente, pois não fariam manutenção sem saber quais ciclovias continuariam existindo.
A declaração foi feita em agosto, durante reunião com ciclistas, quando Bruno Covas afirmou também que havia R$ 8,9 milhões reservados em 2018 para manutenção da estrutura existente – e que seriam utilizados ainda naquele ano. Pois bem: não foram.