COP27: Vá de Bike assina carta com demandas pela mobilidade ativa
Carta a governantes e cidades mostra que incentivos à bicicleta e ao pedestrianismo ajudariam a conter a crise climática
Para que formas ativas de deslocamento não fiquem de fora da COP27 (como infelizmente ocorreu em 2021), entidades de todo o mundo voltadas à mobilidade sustentável elaboraram uma carta de demandas, direcionada aos governos e cidades que participam do evento. E o Vá de Bike endossa essa mobilização.
Com o objetivo de debater e buscar soluções para as mudanças climáticas, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) começou neste domingo, 6 de novembro.
Esse ano o evento ocorre em Sharm El Sheikh, no Egito, e deve durar duas semanas.
Carta aos governantes
Na esperança de que ciclismo e pedestrianismo também sejam debatidos na COP27, uma coalizão mundial de entidades elaborou uma carta aos governantes que participam da Conferência do Clima.
A Parceria para Viagens Ativas e Saúde (PATH na sigla em inglês, que significa “caminho”) é coordenada por instituições como Walk21, Federação Europeia de Ciclistas (ECF), Embaixada Holandesa de Ciclismo (Dutch Cycling Embassy) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A iniciativa é financiada pela FIA Foundation.
Entidades de todo mundo subscrevem o texto – entre elas, o Vá de Bike. Até o fechamento dessa matéria, 130 instituições já assinavam a mensagem. Esse número deve aumentar nos próximos dias.
Mobilidade ativa
Viagens ativas são parte importante da solução a para redução das emissões mundiais de carbono, por motivos mais que óbvios. E muitos dos deslocamentos atuais podem ser substituídos pelas pedaladas ou os próprios pés.
“O transporte é responsável por 27% das emissões globais de carbono e é o setor com maior crescimento nas emissões”, aponta o texto. “Os veículos rodoviários são responsáveis por quase três quartos das emissões de CO2 dos transportes e estes números não estão diminuindo.”
No entanto, o documento aponta que 60% das viagens urbanas em todo o mundo são inferiores a 5 km, com mais da metade delas sendo feitas hoje por meios motorizados. E que a substituição por caminhada e uso da bicicleta está ao nosso alcance.
“Caminhar e andar de bicicleta podem substituir uma proporção significativa dessas viagens curtas. As bicicletas elétricas expandem ainda mais esse potencial, e caminhar ou andar de bicicleta 30 minutos por dia é suficiente para atender aos requisitos mínimos de saúde da OMS e reduzir o risco de morte prematura em 20 a 30%.”
Como aumentar as viagens ativas
Apesar de parecer apenas uma questão de decisão individual dos cidadãos, a mudança necessária depende também de priorização e investimento de governos e cidades.
A carta destaca cinco pontos para promover a mobilidade ativa:
Infraestrutura – para tornar a caminhada e o ciclismo seguros, acessíveis e fáceis
Campanhas – para apoiar uma mudança nos hábitos de mobilidade das pessoas
Planejamento do uso do solo – para assegurar a proximidade e a qualidade do acesso aos serviços cotidianos a pé e de bicicleta
Integração com transporte público – para apoiar a mobilidade sustentável para viagens mais longas
Capacitação – para permitir a implantação bem-sucedida de estratégias eficazes de caminhada e ciclismo que tenham impacto mensurável
Em complemento à carta, a PATH divulgou um relatório com números sobre a crise climática e a mobilidade ativa. O documento alerta para os altos custos ambiental e econômico da inação em relação ao tema, indicando caminhos para buscar essa mudança. Enquanto ainda dá tempo.
Carta aos governos e cidades
Por ocasião da conferência sobre o clima COP27, a Parceria para Viagens Ativas e Saúde [PATH], juntamente com os defensores de mais caminhadas e ciclismo, emite esta carta aos governos e cidades:
Apelamos aos governos e cidades para que invistam mais em caminhadas e ciclismo para atingir as metas climáticas e melhorar a vida das pessoas
Permitir que mais pessoas caminhem e pedalem com segurança é essencial para alcançar o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, mas caminhar e andar de bicicleta não têm prioridade no mix de transporte e mobilidade e na agenda climática mais ampla.
Um paradigma de mobilidade verdadeiramente sustentável deve incluir uma parcela muito maior de investimento em caminhadas e ciclismo. Permitir que uma parte maior das viagens urbanas sejam feitas a pé e de bicicleta é uma maneira rápida, acessível e confiável de reduzir significativamente as emissões de transporte, congestionamentos e sinistros no trânsito, e também proporcionará melhor saúde pública, economias mais fortes e sociedades mais justas.
O transporte é responsável por 27% das emissões globais de carbono e é o setor com maior crescimento nas emissões. Os veículos rodoviários são responsáveis por quase três quartos das emissões de CO2 dos transportes e estes números não estão diminuindo. No entanto, o potencial para substituir as viagens de veículos motorizados por caminhadas e ciclismo é enorme e está ao nosso alcance.
60% das viagens urbanas em todo o mundo são inferiores a 5 quilômetros, com mais da metade delas atualmente percorridas por veículos motorizados. Caminhar e andar de bicicleta podem substituir uma proporção significativa dessas viagens curtas. As bicicletas elétricas expandem ainda mais esse potencial, e caminhar ou andar de bicicleta 30 minutos por dia é suficiente para atender aos requisitos mínimos de saúde da OMS e reduzir o risco de morte prematura em 20 a 30%.
Com a COP27 sendo sediada na África, vale a pena notar que em todo o continente caminhar já é o principal meio de transporte para a maioria das pessoas. Até 78% caminham todos os dias – muitas vezes porque não têm outra escolha. E eles colocam suas vidas em risco no momento em que saem de suas casas devido às ruas dominadas por carros em alta velocidade, calçadas faltando, travessias improvisadas e veículos altamente poluentes. Em 2050, os países de baixa e média renda terão mais de dois terços dos carros do mundo. Com isso, surge uma crescente urgência por investimentos ainda maiores em infraestrutura segura para pedestrianismo e uso da bicicleta.
Por todas essas razões, a Parceria para Viagens Ativas e Saúde, juntamente com as organizações abaixo assinadas, apela fortemente aos governos nacionais e municipais para que se comprometam a priorizar e investir em pedestrianismo e ciclismo, por meio de Contribuições Nacionalmente Determinadas e estratégias integradas e coerentes, incluindo planejamento, financiamento e ações concretas para:
Infraestrutura – para tornar a caminhada e o ciclismo seguros, acessíveis e fáceis
Campanhas – para apoiar uma mudança nos hábitos de mobilidade das pessoas
Planejamento do uso do solo – para assegurar a proximidade e a qualidade do acesso aos serviços cotidianos a pé e de bicicleta
Integração com transporte público – para apoiar a mobilidade sustentável para viagens mais longas
Capacitação – para permitir a implantação bem-sucedida de estratégias eficazes de caminhada e ciclismo que tenham impacto mensurável
Estamos convencidos de que colocar a caminhada e o ciclismo no centro das estratégias globais, nacionais e locais para enfrentar as mudanças climáticas não apenas contribuirá para o cumprimento de metas climáticas urgentes, mas também melhorará a vida das pessoas em todo o mundo.