TransMilenio de Bogotá: BRT da capital colombiana foi inspirada em modelo de Curitiba. Foto: mariordo59 (cc)

Em Bogotá, decisão de restringir o automóvel veio antes de melhorias no transporte público

Em vez de esperar o transporte público dos sonhos para então pensar em mudanças, Bogotá começou com a meta de restringir o uso do automóvel.

O sistema rápido de ônibus Transmilênio é uma das iniciativas para diminuir a dependência do automóvel na capital colombiana. Foto: mariordo59 (cc)
O sistema rápido de ônibus Transmilênio é uma das iniciativas para diminuir a dependência do automóvel na capital colombiana. Foto: mariordo59 (cc)
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A capital da Colômbia realiza seu Dia Sem Carro sempre no mês de fevereiro. A principal diferença para o Dia Mundial Sem Carro que temos por aqui, além da data, é a multa para quem usar o automóvel ou moto nesse dia. Ou seja: a adesão é obrigatória.

O evento se repete toda primeira quinta-feira de fevereiro e acontece desde o ano 2000. Além dos ônibus, que são disponibilizados em maior quantidade nesse dia, só circulam bicicletas táxis, veículos policiais, motos, ambulâncias, transporte escolar e carros com placas diplomáticas. A multa para quem descumprir a orientação é de 15 salários mínimos “diários” vigentes – cerca de R$ 355 (janeiro/2015).

Restrições ao automóvel

Em 2000, 80% das pessoas usavam transporte público, porém 95% do espaço era ocupado por veículos particulares motorizados. Percebendo que a mobilidade baseada no carro e na moto era um beco sem saída, os bogotanos resolveram mudar esse cenário, apoiados na coragem política de Enrique Peñalosa, prefeito da cidade à época (eleito agora novamente para o mandato 2016-2019).

Em outubro de 2000, foi realizado um referendo para definir se o uso de veículos particulares deveria ser restrito durante as seis horas de maior tráfego (6 às 9h e 16h30 às 19h30), a partir de 2015. 51% dos votos foram favoráveis à medida (com 34% contrários e o restante votos brancos). Na mesma votação, 63% foram favoráveis à adoção do Dia Sem Carro como evento anual.

Desde então, a cidade vem se preparando para diminuir cada vez mais sua dependência de veículos particulares motorizados. Cabe salientar que essa disposição de restringir o uso do automóvel veio antes de melhorias para a mobilidade como o sistema rápido de ônibus (BRT) chamado de Transmilênio, que começou a operar em dezembro de 2000. E o metrô só terá sua primeira estação pronta, na melhor das hipóteses, em 2018.

Naquela época já havia cerca de 120km de ciclovias na cidade, mas foi nos anos seguintes que elas foram expandidas até ultrapassar os 300km. Bogotá já contava com uma iniciativa parecida com nossas ciclofaixas de lazer: vias para bicicletas operando apenas aos domingos, com o diferencial de ocupar toda a largura das avenidas onde estava presente, em vez de apenas uma faixa. As ciclovias de domingo acontecem por lá desde os anos 80.

7 comentários em “Em Bogotá, decisão de restringir o automóvel veio antes de melhorias no transporte público

  1. Estima-se que hoje 5% dos deslocamentos na capital colombiana sejam em bicicleta. É um número bastante significativo. Bogotá é uma cidade de 7 milhões de habitantes, mas com baixa densidade habitacional, ou seja, ocupa uma área muito grande – são 1.653,75km2 (a título de comparação, São Paulo tem quase o dobro de habitantes e uma área de 1.522.986km2). Além dos dias mundiais sem carro, tem boa oferta de ciclovias – hoje são mais de 400km. Mas o TP não é assim tão bom quanto se diz – o Transmilênio está esgotado (não atende a demanda) e não há trem ou metrô. O trânsito é caótico, mesmo com as restrições ao tráfego de veículos motorizados, e para quem caminha ou pedala, é muita poluição na cara!

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  2. Aqui no Brasil só vai mudar quando toda população assinar a petição solicitando para o TSE o seguinte;Todo e qualquer cidadão que pensar em se cadidatar para qualquer cargo público dev primeiro frequentar um curso sério de uma instituição séria durante 02 anos com 90% de presença, e nota mínima 8 e cumprir diversas disciplinas entre elas
    ética geral, políticas públicas, filosofia,interpretação de texto, economia etc. para qualquer cidadão mesmo que já tenha sido plítico. Porque? Quando o motorista co mete erros graves é obrigado a ir novamente para a auto escola. Assim os políticos também devem cumprir normas e que sejam verificadas por comites Honestos em cada cidade ou municípios. vamos ampliar a idéia para tentar salvar o Brasil da fossa.

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  3. Comentário fora do assunto da postagem, mas só pra mostrar o tipo de animal com quem a gente tem que conviver no trânsito de SP. Há anos esse cara faz vídeos quebrando leis de trânsito, andando em alta velocidade e até assediando mulheres na rua enquanto passa de moto. Era questão de tempo até ele matar alguém, e não deu outra:
    http://www.youtube.com/watch?v=oDzQb-iJqU0

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  4. No país do IPI reduzido vai ser difícil um dia sem carro. Toda vez que algo parecido com uma crise aparece qual a primeira saída? Inundar a rua de carros e mais carros. Nossas políticas públicas não se conversam, infelizmente, e não incentivam ninguém a deixar o carro em casa.

    As coisas só vão mudar por aqui no dia que político começar a perder voto por causa das suas prioridades pró-carro (vai demorar) ou quando eles descobrirem como roubar dinheiro na construção de ciclovias…

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    1. Joaquim o problema também está que alternativas um governo tem de gerar mais empregos, uma delas é automobilística, o dia que alguém tiver coragem de quebrar esse paradigma e tivermos outras formas de geração de emprego que não dependam desta.Um dia a indústria automobilista deveria servir só para gerar veículos autônomos para transporte público do futuro.

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      1. O interessante é fazer as contas, entre empregos gerados pela redução do IPI e perda de arrecadação temos UM MILHÃO DE REAIS de custo por emprego. Legal, não é? E saber que bastará o IPI voltar para esses empregos irem embora.
        A indústria automobilística é um pirralho gordo e mimado no Brasil. E este pirralho manda a mesada para a mãe biológica, isto é, os lucros no Brasil compensam as perdas da matriz mundo afora.

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  5. Vivi um ano em Bogota, e logo na primeira semana percebi que a cidade deve ter o triplo de parques que são paulo. Uma cidade muito arborizada, com ciclovias para todo lado, pelo menos nos principais bairros.

    Eu vi o dia sem carro acontecer, claro que tem os teimosos que entram na justiça para não serem multados, mas a maioria deixa o carro em casa.

    Haviam pelo menos dois amigos meus brasileiros que depois do dia sem carro decidiram por adotar a bicicleta.

    Outro ponto, lá o rodízio passa pela sua placa por dois dias na semana, ou seja, o meu carro tinha que ficar na garagem na terça e na quinta. Alguns acabavam comprando um segundo carro mais barato para evitar ficar sem carro…outros aprendiam outras possíveis alternativas de transporte.

    O transporte público lá é muito ruim mesmo, o Transmilênio é um excelente mkt eleitoral mas não resolve o problema uma vez que não abrange toda a cidade. O principal meio de transporte acaba sendo o Taxi, que lá é muito barato. O problema é que quando chove a cidade para…pelo trânsito e por não ter taxis o bastante.

    Enfim, apesar de todos os problema de lá, que dera aqui, tívessemos a mesma coragem de ter um dia sem carro, realmente sem carro…até para provar que existem outras alternativas, melhores para a cidade e para os cidadãos.

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