Tentando justificar fechamento, CPTM alega que Ciclovia Rio Pinheiros é só para lazer
Contrariando declarações anteriores, CPTM alega que a ciclovia seria apenas para passeios, para tentar justificar a falta de alternativas.
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Depois de anos defendendo a Ciclovia Rio Pinheiros como “alternativa para o deslocamento diário”, como diz em seu próprio site (reprodução ao lado), a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM afirma agora que a via sempre foi de lazer e, portanto, não há problema em fechá-la por dois anos.
Em publicação no Facebook a respeito da interdição, a companhia respondeu que “a ciclovia é um espaço de lazer”, afirmando não ser “uma via pública de transporte”, nem um “espaço para treinamento desportivo”.
Por alguma razão que nos escapa à compreensão, isso serviria de justificativa para fechar a ciclovia sem oferecer alternativas. Oferecendo uma aula de semântica (mal sucedida, por sinal), o responsável por redes sociais da CPTM tenta ensinar o significado de “alternativa” a um dos cidadãos: “o termo ‘alternativa’ já faz referência a outras opções pré-existentes”, informa incorretamente a página. “Neste sentido, reiteramos que não há operação especial ou rota alternativa nesta fase”, completa.
Segundo a companhia, essa característica estaria clara no regulamento de uso da ciclovia, que entretanto afirma apenas que o espaço é “exclusivo para trânsito de bicicletas” (ainda que sejam permitidos “veículos automotores de serviço próprios da EMAE, CPTM e CTEEP ou outros autorizados por estas empresas, bem como com viaturas do Poder Público que possuem livre acesso”.
A CPTM tenta convencer os cidadãos de algo que nem mesmo ela defende, para justificar o erro de bloquear a circulação de ciclistas sem lhes oferecer alternativa, em clara ma fé institucional.
Nossos parceiros do Bike é Legal publicaram um vídeo onde entrevistaram vários usuários da ciclovia numa quarta-feira de manhã. Mesmo com chuva, essas pessoas se deslocavam ao trabalho de bicicleta e se disseram sem opção frente ao fechamento. Veja o vídeo.
Sinalização de rota alternativa caberia à CET
A companhia ainda afirma que “não tem autonomia para isolar faixas onde há a circulação de carros, o que deve ser tratado pela Cia de Engenharia e Tráfego (CET)”. Mas até onde se sabe, não houve solicitação da CPTM, do Metrô ou do Consórcio Monotrilho à CET para que fosse criada uma alternativa à circulação de bicicletas, impedida pela obra e anunciada ao público a apenas uma semana de seu início.
Vale lembrar que o fechamento foi solicitado pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), para as obras da linha 17-Ouro, o Monotrilho. Certamente era conhecida a necessidade (ou opção) de interromper completamente a ciclovia no trecho das obras pelo longo período de 24 meses, mas ainda assim nenhuma alternativa foi oferecida aos ciclistas. Saiba mais.
Governo estadual considera a via uma opção de transporte
Em matéria recente para divulgação da Ciclovia Rio Pinheiros, o site do Governo do Estado de São Paulo destaca o caráter de transporte da via para ciclistas às margens do rio. “Além de opção de lazer, a Ciclovia Rio Pinheiros, da CPTM, é também uma alternativa saudável para o deslocamento diário na capital”, afirma a página.
A página ainda exibe um vídeo oficial em que o ciclista Jean Graminho cruza a ciclovia para ir trabalhar, como faz todos os dias. Com a interdição, Jean e todos os outros cidadãos que fazem uso da via diariamente terão que utilizar a Marginal Pinheiros, buscar uma rota bem mais longa, cheia de interrupções e dividindo espaço com os carros. Ou simplesmente deixar de usar a bicicleta, voltando a colocar seus carros nas ruas ou a lotar ainda mais a já saturada linha 9-Esmeralda da CPTM.
Assista ao vídeo do Governo do Estado, ressaltando a vocação para transporte da ciclovia:
Maior utilização para lazer é resultado de falhas
O motivo para a ciclovia não ser tão utilizada durante a semana quanto é aos sábados, domingo e feriados é a falta de acessos e a limitação de horário de funcionamento, ambos absurdos em se tratando de uma ciclovia. Veja o que já publicamos sobre isso e o mapa dos acessos atuais. Ainda assim, a própria CPTM afirma haver 10 mil viagens semanais, o que definitivamente não é pouco.
Mas ainda que a maior atualização seja hoje para esporte e lazer, e mesmo que isso justificasse abrir mão dessa opção, não se pode usar essa falha como argumento para fechá-la. É o velho paradigma de construir mal a infraestrutura cicloviária e depois justificar sua retirada pela falta de uso, como se as bicicletas não existissem na cidade.
Não podemos cair na armadilha de reforçar inconscientemente esse argumento. Não podemos deixar que os argumentos dos ciclistas sejam propositalmente mal interpretados e utilizados para desclassificar nossas próprias demandas. A ciclovia é importante, sim, e se não atende suficientemente bem a demanda que existe para transporte – e que continua reprimida, como mostra esta pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo e Instituto Ibope – que se consertem as falhas!
Usar as próprias falhas para justificar um erro maior ainda é apostar na ingenuidade da população.
Alternativas
Que as obras do Monotrilho são importantes (embora se possa questionar o formato da solução), todos concordam. Mas deve ser oferecida uma alternativa aos cidadãos que dependem dessa via para se deslocar, treinar ou mesmo passear. As vias da região são reconhecidamente agressivas à circulação de bicicletas.
Várias ideias têm sido apresentadas pelos cidadãos. Uma delas seria a sinalização de um trajeto alternativo pelas vias da região, em forma de ciclofaixas. Para isso, seria necessária a participação da Prefeitura, através da Secretaria de Transportes e da CET.
Outra opção seria a criação de uma estrutura leve, temporária e móvel que ficasse sobre a água nos trechos interditados, podendo ser reposicionada conforme as obras avançam. Dessa forma, não precisaria ser muito longa.
Também chegou a ser sugerida a utilização da margem oposta, onde há uma pista de terra, mas para isso teria de ser criada uma estrutura para transpor o rio sem que a passagem de balsas seja interrompida.
Se você tem mais alguma sugestão, escreva nos comentários da página. Vamos debater essa questão.
Manifestação reunirá ciclistas no domingo 6/10
Milhares de cidadãos inconformados com o fechamento por dois anos da maior ciclovia da cidade já confirmaram presença no evento criado no Facebook, que convoca para um protesto pacífico contra a interdição.
A manifestação pretende realizar uma grande pedalada na Ciclovia Rio Pinheiros no domingo, com concentração a partir das 14h e início às 15h, na entrada Vila Olímpia da Ciclovia. Saiba mais na página do evento.
A intenção é “lotar a ciclovia” e mostrar a força da união de dos ciclistas da cidade, sejam trabalhadores, esportistas, profissionais ou de passeio.
Esteja presente nessa manifestação pacífica. Leve sua família, chame seus amigos. Ajude a mostrar que existe demanda pela ciclovia e que exigimos uma alternativa aos frequentadores do espaço. Venha mostrar que somos muitos e não vamos nos calar frente a uma decisão que coloca vidas em risco e nega o direito de circular com segurança de bicicleta pela região.
Importante frisar que a ciclovia ainda será fechada em algum momento. Precisamos mostrar nossa força e união, exigindo alternativas para nosso deslocamento, treinamento ou mesmo passeios.
Veja o evento no Facebook e confirme sua presença!
A CET é mesmo bastante esquizofrênica, é muito comum isso de se contradizer e deixar os usuários a ver navios. Esse caso da ciclovia é grave, tão grave que o secretário de transportes teve que intervir pra evitar a presepada da CET.
Mas tem muitos outros casos em que a esquizofrenia da CET atrapalha a vida das pessoas em menor escala.
Por exemplo:
No meu bairro tem uma rua bem pequena cuja calçada é extremamente estreita (deve ter uns 50cm, o que acho que é uma infração da regulamentação das vias pois até onde eu sei calçadas devem ter uma largura mínima que é maior do que 50cm, mas não tenho certeza sobre isso). Como a rua é estreita, muitos motoristas resolvem estacionar com duas rodas do carro sobre a calçada (que por ser muito estreita fica, então, completamente bloqueada). Sempre que passo nessa rua e vejo que há carros estacionados assim (e sempre há), ligo na CET (1188) e solicito fiscalização. Sempre estou de passagem, então até hoje não sei se ligo em vão ou se a fiscalização realmente vai até lá e multa os veículos, mas continuo ligando na esperança de o fazerem. Mas quando ligamos na CET para denunciar esse tipo de infração, uma gravação diz que esse serviço por telefone só serve para denunciar infrações que estiverem acontecendo no momento, e que para denunciar infrações recorrentes devemos usar o “Fale com a CET” pelo site da CET.
Um dia resolvi então fazer isso mesmo. Entrei no site, fui no “Fale com a CET” e expliquei que todos os dias carros estacionam sobre a calçada naquela rua.
Eis que uns dias depois recebo a seguinte resposta:
“Caro Munícipe, para solicitações de emergências, condições de trânsito, solicitação de fiscalização, problemas com semáforos, problemas com sinalização e informações. FALE COM A CET ATRAVÉS DO TELEFONE 1188.A ligação é gratuita..”
Repare que quem escreveu a resposta fez questão de colocar um trecho em caixa alta, como se falasse com um retardado. É engraçado que isso contradiz a gravação da própria CET que diz que denúncias de infrações recorrentes devem ser feitas pelo “Fale com a CET” no site. E, enquanto isso, motoristas continuam estacionando diariamente sobre a calçada daquela rua.
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Importante destacar que o caso da ciclovia não tem nenhuma relação com a CET, já que a área é da EMAE (estadual), a ciclovia é da CPTM (estadual) e a interdição é por conta do Monotrilho (Metrô).
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Ops, tem razão, misturei CET com CPTM.
Mas então estou vendo um padrão: será que todo órgão ligado a mobilidade em São Paulo sofre de esquizofrenia? Pode ser uma epidemia, ou alguma coisa na água.
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Se uma faixa da Marginal fosse fechada para utilização temporária durante a interdição, os transtornos seriam menores do que os atuais. Eles poderiam inclusive aproveitar a oportunidade para construir dois acessos – um na Berrini e outro na Granja Julieta para a transposição dos usuários. Exigir a instalação dos acessos na Vila Lobos – Jaguaré e também a implantação da iluminação noturna é essencial!
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Voltei a usar bicicleta de pois de uns 3 anos parado e justo agora quando vou conhecer vão bloquea-la?
Sou a favor do monotrilho e acho que devem ser propostas saídas alternativas, não sei se é viável mas para mim a melhor mesmo seria a passagem temporária sobre o rio, ou acessos nas estações anterior e posterior a interdição, apenas minimizar os impactos, coisa que o metrô é craque em fazer.
De qualquer forma protestem, façam barulho, mas pelo amor de deus, sem mascaras, isso só trará descredito e desconfiança para com o movimento.
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rá… saiu agora a pouco no estadão: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,apos-pressao-secretaria-suspende-interdicao-de-ciclovia-do-rio-pinheiros,1081279,0.htm
Mas na minha opinião, mesmo assim é necessário mostrar a nossa “força” e fazer uma manifestação por lá !!!
Abraços !!!
Comentário bem votado! 9 0