Ciclovia Rio Pinheiros: falta de acessos e horário de funcionamento reduzido ainda dificultam sua utilização para deslocamentos durante a semana.

Ciclovia Rio Pinheiros, uma ciclovia de lazer

Apesar do potencial enorme como alternativa de mobilidade, ainda é difícil utilizar essa via nos deslocamentos diários, conferindo-lhe a característica de equipamento de lazer.

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A Ciclovia Rio Pinheiros tem um potencial enorme como alternativa de mobilidade na cidade. O deslocamento de bicicleta se dá ainda mais rápido que o usual, pela topografia totalmente plana e pela ausência de cruzamentos e semáforos. E protegendo o ciclista dos automóveis, a viagem se torna bastante segura, mesmo para quem está começando. Se tivéssemos ciclovias nas duas marginais então, teríamos acesso fácil, rápido e seguro a boa parte da cidade.

Entretanto, o que temos por enquanto é apenas uma ciclovia de lazer, que não ajuda muito nos deslocamentos do tipo commuting, como ir ao trabalho, à escola, à casa da namorada: ela funciona apenas durante o dia, devido à falta de iluminação, e com poucos acessos, distantes muitos quilômetros uns do outros. Se você não mora próximo a um acesso e não trabalha perto de outro, dificilmente conseguirá colocar a ciclovia na sua rota, pois o desvio no caminho seria considerável. E, ainda que consiga, ela estará fechada quando você precisar voltar para casa depois do trabalho.

Inauguração da Ciclovia Rio Pinheiros - sob a Ponte Estaiada

Falta de acessos

O mais óbvio, barato, eficiente e correto seria termos acessos em todas as pontes que cruzam o rio. Os ciclistas geralmente chegam à Marginal por alguma avenida, que acaba cruzando o rio por uma ponte; havendo ali um acesso para descer à ciclovia, problema resolvido, tanto para quem está de um lado do rio quanto do outro.

Acessos distantes das pontes fazem o ciclista pedalar por um trecho de Marginal até encontrar uma entrada, sendo mal recebidos pelos motoristas. Os acessos nas pontes integrariam a ciclovia ao viário, permitindo captar e distribuir os ciclistas ao longo de toda sua extensão.

A CPTM estuda a questão desde a inauguração e está sensibilizada quanto a essa carência, mas não pode ligar a ciclovia às pontes sem a cooperação da CET e da SIURB. Enquanto isso, a ciclovia nem ajuda a proteger os ciclistas que já utilizam a marginal diariamente e nem incentiva as pessoas a trocarem o carro pela bicicleta. Poucos podem utilizá-la em seus deslocamentos cotidianos e ela acaba servindo mesmo ao lazer, enquanto não houver acessos nas pontes.

Os novos acessos que têm sido construídos ajudam, mas ainda não resolvem. As pessoas não vão pedalar quilômetros a mais a caminho do trabalho ou da faculdade, aumentando o esforço e o tempo da viagem só para acessar a ciclovia. Por mais que sejamos simpáticos ao projeto, não dá para negar isso.

Mas é ruim ter uma ciclovia de lazer?

Depende. Se a pergunta for acrescida de um “em vez de uma ciclovia para desocamentos diários”, a resposta é sim. Não se pode vender a Ciclovia Rio Pinheiros como uma alternativa de deslocamento, porque isso ela ainda não é. O objetivo final pode até ser esse, mas não se deve vender os ovos que estão dentro da galinha. Por outro lado, se a pergunta é sobre a importância de uma ciclovia de lazer para a cidade, sobretudo no lugar onde ela está localizada, a coisa muda de figura.

Considero importante a implantação da ciclovia, apesar dessas ressalvas. Pela alternativa de lazer, pela demarcação do espaço que poderia ser perdido se o momento não tivesse sido aproveitado, mas principalmente pela retomada do contato com o rio. Essa proximidade é importantíssima para conscientizar os paulistanos de que o rio é uma dáviva, não um peso morto. Ele deve ser recuperado e conservado, não coberto por pistas como já propuseram alguns. Quem aceitar dar um passeio na nova ciclovia esperando ver uma paisagem desolada, apenas com lixo e mau cheiro, vai se surpreender: o cheiro não é sempre ruim e, apesar de poluído e sujo, o rio é bonito. Em volta, muitas árvores, flores, pássaros e capivaras. Dali temos uma visão diferente da cidade.

Ciclovia Marginal Pinheiros - Canteiro floridoO rio

Entre a ciclovia e os trilhos do trem há um canteiro largo com árvores e plantas de vários tipos, parte do Projeto Pomar. É possível ver e ouvir muitos pássaros pelo caminho: garças, quero-queros e até patos que nadam no rio Pinheiros, acredite. Já vi até um pica-pau com a cabeça alaranjada por lá. Embora o congestionamento da Marginal entoe ao fundo a cantilena dos motores e as costumeiras buzinadinhas dos motociclistas, o som dos pássaros se faz ouvir em várias ocasiões.

Ciclovia Marginal Pinheiros - CapivarasO rio, largo e de águas tranquilas, com margens verdes e garças voando, dá uma visão bonita, mesmo que estragada eventualmente por alguns montes de plástico que nele flutuam. Conforme avançamos em direção à represa, é possível ver cada vez mais lixo boiando no rio e perceber que o trabalho de paisagismo ainda não cobre toda sua extensão, embora mudas estejam sendo plantadas (aliás, com esse espaço sendo frequentado pelo cidadão, há agora um novo estímulo para expandir o Projeto Pomar).

A maior parte do lixo é composta de plástico: garrafas PET, sacolinhas de supermercado, embalagem de amaciante, de margarina, de biscoito. Até aquele papelzinho amassado que muita gente joga pela janela do carro ou “deixa cair” disfarçadamente ao andar na rua periga estar ali, boiando ao lado de infinitas bitucas de cigarro levadas pela chuva. Na área próxima à estação Vila Olímpia, geralmente se sente o cheiro do rio, mas de forma suportável. Mais adiante, esse odor costuma sumir por completo.

Lixo no Rio PinheirosSe for possível limpar o Pinheiros a ponto de eliminar o lixo visível e o esgoto invisível (mas perceptível), suas margens seriam ótimas para lazer e até para passeios turísticos. Seria possível estimular passeios de bicicleta para turistas, alugando as magrelas para que os visitantes de outras cidades e países possam conhecer a cidade por outro ângulo. Em alguns pontos, poderia haver restaurantes ou cafés, atraindo frequentadores para as margens durante os finais de semana e talvez até nos dias úteis. As margens já estão muito bonitas e podem ficar ainda mais se o rio for despoluído. Há ali um potencial turístico muito grande.

Quando se comenta sobre o uso do Pinheiros para lazer, é comum questionarem sobre as enchentes. Se os trabalhos de limpeza do rio e desassoreamento forem intensificados, o problema diminuirá muito. O leito tem se tornado cada vez mais alto com o acúmulo de lixo e sedimentos, que não são retirados na mesma proporção em que chegam ao rio. Resolvendo-se esse problema, as enchentes causadas pelo extravasamento da água além das margens serão exceções.

A experiência de pedalar nesse lugar e se sentir perto do rio que a cidade esqueceu já vale a obra da ciclovia.

Ciclista na Av. Paulista. Foto: MathiasO Ônus

Toda ciclovia e ciclofaixa tem seus ônus. Como ônus, temos sempre a segregação e o aumento do “apartheid veicular” que rege a cidade: quanto mais ciclovias, mais aumenta a ideia preconceituosa e anticidadã de que as ruas foram feitas apenas para os carros e que lugar de bicicleta é só na ciclovia e no parque.

Eu mesmo já levei uma fina assassina de um taxista, que se justificou dizendo que “a ciclofaixa é só de domingo”. Como se isso, mesmo que fosse um argumento válido, servisse de motivo para ameaçar minha vida apenas para me “educar”. E não foi a única vez que ouvi esse tipo de coisa: ciclistas habituais sabem que não é raro ouvir de motoristas que deveríamos estar em uma ciclovia (geralmente, após tentarem nos derrubar com o carro).

Imagine então como são tratados os ciclistas que se utilizam da pista local da Marginal Pinheiros: maus motoristas se sentem no direito de ameaçá-los, pois como há uma ciclovia ali do lado nada mais justo que jogar o carro em cima deles, para demonstrar que deveriam se teleportar para ela…

Pelo perigo do ônus que a ciclovia traz a quem continua usando a pista local da Marginal e pela urgência de caminhos seguros para o ciclista na cidade, a população precisa exigir a construção dos tais acessos. Que venham, e logo, para que o ônus da ciclovia não se consolide como seu único legado.

Veja como foi a inauguração da Ciclovia Rio Pinheiros, em 2009

Fotos da InauguraçãoFotos fevereiro 2010Fotos vistoria (set/2009)

Vídeo da Inauguração 1Vídeo da Inauguração 2Vídeo da vistoria (set/2009)

34 comentários em “Ciclovia Rio Pinheiros, uma ciclovia de lazer

  1. Bom Dia

    Precisamos urgente de acessos à ciclovia da Marginal do Rio Pinheiros, junto ao Parque Villa Lobos, hoje um verdadeiro absurdo de não ter esse tipo de acesso. Gostaria de deixar minha indignação sobre essa falta de respeito com o cidadão.

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  2. E para quem não tem bicicleta, onde posso alugar uma para pedalar na ciclovia? Fiz varias pesquisas e
    em nenhum lugar fala sobre isso exatamente na ciclovia de do rio Pinheiros.

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  3. Existem pontes para cruzar o Rio pela ciclovia?? Digo, na entrada da vila olimpia por exemplo, se estou do outro lado da marginal, como faço para cruzar?

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  4. E um absurdo, na verdade essa ciclovia e só para os ricos da cidade jardim. Quando se trata de acesso a ciclovia só e prioridade na cidade jardim, cade o acesso da ponte joao dias? Lá nao pode? E porque e periferia? Ou seja nos q queremos usar para ir pro trabalho, nao podemos, nao temos acesso, absurdo e . Final !!!

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    1. Só pra vc saber, tem um acesso em santo amaro, fica pertinho da ponte João dias, mais perto do que o terminal João dias é da ponte.

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  5. Prezados,
    Acabo de entrar na luta pela mobilidade, pelo respeito ao ciclista e por melhores condições de uso da bicicleta como meio de transporte e como esporte. Aí vai minha sugestão. 2014 é um ano de eleições. Mais do que isso, é um ano de Copa do Mundo. O País estará escancarado para os 4 cantos do Planeta pelas lentes das câmeras dos jornalistas estrangeiros e nacionais. Então, vamos organizar “bicicletadas” com frequência. Toda semana. Durante a semana e nos fins de semana. Já imaginaram se conseguirmos fazer “bicicletadas” com 1000, 2000, quem sabe 10.000 ciclistas reivindicando condições de mais segurança para que os ciclistas possam circular por todos os corredores e ruas da cidade? A união faz a força. Avante!
    (a) Sérgio Niemeyer

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  6. ola Ana foi o meu caso hoje tenho uma bike que ela motorizada que faz no minimo 20 km sou trabalhador e uso ela para tarbalhar e fui em pedido de circular na ciclovia o segurança disse o amigo nao pode nao mais eu disse e uma bicicleta vc pode pedalar tambem mas nao nao pode fiquei indiquinado vc acredita que tive que pegar a marginal pinheiros coorendo um risco de vida e na minha frente outro ciclista trabalhador eu encostei nele e disse estou indiguinado pq tem uma ciclovia do meu lado e nao posso usareçele disse e esse governo e foda!!!! e engraçaodo porque a ciclovia da faria lima vc pode usar tanto a bicicleta eletrica ou com motor a vontade!!!!!!!!!eu queria saber o porqueque somos impedidos de usar uma coisa que e direito nosso queria saber o motivo que nao pode entrar esses tipos de bike ai fica uma questao no ar

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  7. Tenho como única bike uma bicicleta elétrica que é meu transporte diário e de lazer nos findes, mas sou proibida de usá-la na Ciclovia. Os seguranças não sabem o porquê, mas ela está relacionada junto com motos, skates, patins etc. Mas ela é uma bicicleta! Não necessariamente precisa ser ligada e, mesmo ligada, só funciona, no pedal, o tal pedal assistido. O que posso fazer a respeito?

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    1. Segundo o decreto 55.790, de 15 de dezembro de 2014, que é que define o uso desses espaços, podem circular nas ciclovias ‘ciclos’ como bicicleta, bicicleta de carga, triciclo e quadriciclo – com ou sem reboque atrelado – além de patins, patinete, skate e cadeira de rodas.

      Já os veículos e equipamentos similares com propulsão elétrica – exceto ciclomotor – também são permitidos, desde que desempenhem velocidades compatíveis com a via (importante checar os limites), a segurança e o conforto dos demais usuários. Na Ciclovia do Rio Pinheiros, por exemplo, o limite é de 20 km/h.

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