Saiba o que aconteceu com Julieta Hernández, assassinada cruelmente enquanto viajava de bicicleta. Pedaladas de apoio acontecem no Brasil e no mundo nesta sexta
No dia 12 de janeiro, sexta-feira, diversas localidades do Brasil e do exterior se uniram em memória de Julieta Hernández, vítima de um homicídio enquanto viajava de bicicleta no interior do Amazonas. Veja no vídeo abaixo, ou no quadro do final da página.
Conhecida como a palhaça “Miss Jujuba”, Julieta era uma migrante nômade, artista circense e bonequeira que levava alegria às crianças por onde passava. A tragédia ocorreu enquanto viajava de bicicleta para sua casa, onde passaria as festas de final de ano com sua família.
A falta de contato da artista desde 22 de dezembro despertou preocupação em amigos e familiares, que mobilizaram ciclistas, artistas e autoridades locais para localizá-la. Caminhoneiros, comerciantes e moradores da região faziam relatos sobre a última vez em que a viram com sua bicicleta, enquanto a polícia fazia buscas.
Mas foi só em 5 de janeiro que o caso começou a ser desvendado. Um funcionário de uma obra na região encontrou o quadro da bicicleta nas margens da corredeira do Urubuí, levando à localização do corpo pela GCM, enterrado num matagal próximo e envolto em lona, tapete e folhagens.
Thiago Agles da Silva, 31, e Deliomara dos Anjos Santos, 29, foram presos no dia seguinte. De acordo com o Boletim de Ocorrência, eles confessaram o crime e a ocultação do corpo.
Ataque covarde e violento
Segundo informações prestadas pelo próprio casal, em 21 de dezembro Julieta parou Espaço Cultural Mestre Gato, na região de Presidente Figueiredo/AM, por não ter conseguido encontrar uma pousada. Caseiros do lugar, que serve como ponto de apoio para viajantes, Thiago e Deliomara cobravam R$ 10 para que viajantes se hospedassem na área externa da casa, onde dormiam em redes.
Julieta Hernández teria pago pela estadia e até comprado lanches para as crianças que moravam ali, filhos de Thiago e Deliomara. Infelizmente, esse foi o último ato de bondade que “Miss Jujuba” pôde fazer.
Na noite seguinte, o mesmo casal que a recebeu e cobrou pela sua estadia a atacou de forma cruel e violenta – com as crianças dentro da casa. Ameaçada com uma faca, foi asfixiada, amarrada, violentada, queimada, enforcada e depois enterrada. De acordo com o Portal do Urubuí, veículo de notícias da região, Deliomara chegou a postar fotos em rede social usando as roupas da vítima após o crime.
O ato cruel gerou indignação e mobilização em todo o país.
Homenagens a Julieta Hernández
Como resposta ao trágico evento, pessoas de diversas regiões organizam mobilizações simultâneas, com pedaladas e caminhadas, ocupando as ruas em solidariedade à família e amigos de Julieta. E convidam a todos a organizarem pedaladas e caminhadas em suas cidades nesta sexta-feira, 12 de janeiro de 2024.
O perfil @bicicletadajulieta (Instagram) centraliza as informações sobre os eventos em diversas localidades, permitindo acompanhar horários e locais das mobilizações. Na cidade de São Paulo, o encontro ocorrerá no vão do Masp, a partir das 18h30.
Diante da gravidade do crime que tirou a vida de Julieta Hernandez, a sociedade busca, por meio dessas ações, prestar um tributo póstumo à vítima, ao mesmo tempo manifestando repúdio à violência que aflige as mulheres no Brasil.
