Viagens de bicicleta quase dobraram em dez anos

O número de viagens diárias de bicicleta na Região Metropolitana de São Paulo saltou de 165 mil em 1997 para 305 mil em 2007, mostrando um crescimento de 84%.

Essa informação já foi publicada seis meses atrás, quando o Metrô divulgou o resultado da pesquisa  (o Estadão fez até gráficos com essas informações). Mas parece que hoje a Secretaria de Transportes Metropolitanos fez nova divulgação e vários veículos de notícias, que não deram atenção ao assunto no ano passado, resolveram falar sobre isso agora. Ótimo.

Além da informação que é o título desse post, há outras igualmente importantes:

  • 71% usam a bicicleta para ir ao trabalho. Essa informação tem que ser bastante divulgada, para desmontar a idéia equivocada de que bicicleta é apenas lazer e esporte e que os ciclistas na rua estão apenas passeando. Veja mais aqui.
  • 56% usam a bicicleta porque a distância é curta e só 22% usam por ser mais barato que a alternativa (condução ou carro). Essa informação desmente o mito de que “bicicleta é coisa de pobre”, que no fundo quer dizer que a pessoa só a utiliza por falta de opção. Há sim quem a use porque não tem dinheiro para o ônibus, claro, mas a pesquisa mostra que, na maioria dos casos, o uso é porque a distância é longa para ir a pé, mas não tão longa que seja inviável ir de bicicleta. E a distância aceitável para ir de bicicleta varia de pessoa para pessoa, podendo variar de 2km a umas cinquenta vezes isso…
  • 50% das famílias simplesmente NÃO TÊM CARRO, segundo a versão publicada pela Folha em setembro do ano passado. 38% das famílias na região têm um único carro. Vejam, numa família há pelo menos duas pessoas, e só uma por vez poderá usar o carro. Portanto, projetar a cidade para atender prioritariamente quem usa o carro é, na melhor das hipóteses, egoísmo.
  • O principal problema dos ciclistas é lugar para estacionar. O item “ciclovias” perde feio. Não dá para parar a bicicleta na rua como uma moto, pois ela precisa ser presa a alguma coisa. Estacionamentos particulares não aceitam bicicletas. Os bicicletários ainda são poucos. Com isso, 61% dos ciclistas guarda a bicicleta em locais privados quando chega ao trabalho e muita gente não usa a bicicleta por falta de lugar para guardar. Esqueçam as ciclovias, façam bicicletários!
Agora um comentário final: se mesmo sem incentivo e estrutura as viagens dobraram, imagine o que aconteceria se fosse adotada uma política real de incentivo a esse meio de transporte. Veja este exemplo para ter uma idéia.

7 comentários em “Viagens de bicicleta quase dobraram em dez anos

  1. Bump! E… Extra, extra, extra! http://www.metro.sp.gov.br/pdf/mobilidade/pesquisa-mobilidade-2012.pdf

    Variação de apenas +7% em 5 anos? Pqp, se a pesquisa abrangesse também o ano passado… Tenho certeza, tenho absoluta certeza de que 2013 foi o ano do “salto”, e essa variação seria bem, bem maior.

    (Hum, e por falar em… extraordinário! “Antes da Lei do Ventre Livre / Hermeto já era livre / Antes da lei dos sexagenários…”)

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  2. Thais, também conheço pessoas nas duas situações. Mas eu suo bastante para chegar no trabalho, porque a distância é de 9km e eu gosto de pedalar rápido, e não tenho chuveiro na empresa. Faço isso há muitos anos e tem dado certo. Às vezes é falta de tentar ou de se planejar. Uma lida neste post pode ajudar: http://vadebike.org/2008/07/03/dicas-para-o-ciclista-urbano-parte-v/

    Isaac, valeu pela informação! Mas independente do critério usado nesse caso, o que importa é a parcela de pessoas que efetivamente *usa* o carro nos deslocamentos (cerca de 30% da população, segundo outras estatísticas qeu já vimos tantas vezes). Afinal, a mesma pesquisa diz que 1/3 das famílias possui bicicleta, mas infelizmente a porcentagem de viagens de bicicleta em comparação com as viagens motorizadas ainda é pequena. Meu comentário sobre isso foi mais para evidenciar que os motoristas habituais estão longe de ser a maioria da população.

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  3. Só um pequeno comentário. Dependendo da pesquisa, o IBGE utiliza o conceito de família unipessoal para definir pessoas que moram sozinhas. Eu disse “dependendo da pesquisa”, pois existe pesquisas onde o conceito de família é mais restrito, exigindo mais de duas pessoas.

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  4. Pois é Willian eu acho que falta incentivo mesmo.
    Conheço algumas pessoas que desistiram de começar a usar bike para ir trabalhar por falta de ciclovia e outras tantas por falta de onde tomar banho antes do trabalho. Para pessoas que suam demais ou moram muito longe do trabalho fica inviável não tomar banho no local, acho que já está na hora das empresas e condomínios começar a disponibilizar banheiros decentes.

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