Bicicletas atrapalham o trânsito?

Há quem diga que bicicletas nas ruas atrapalham o trânsito, por terem baixa velocidade. Entenda por que esse conceito é equivocado.

Ciclista deixando para trás os carros estacionados na Av. Paulista. E olha que nem era horário de pico.

Há quem diga que uma única bicicleta em meio a centenas de carros está atrapalhando o trânsito, pela sua baixa velocidade. Também há quem tenha certeza de que uma Bicicletada ou Massa Crítica atrapalha o trânsito, por colocar centenas de bicicletas circulando ao mesmo tempo em uma avenida.

Mas uma bicicleta não congestiona. E, mesmo em uma Bicicletada, são centenas de bicicletas passando por ali durante um tempo em que passariam apenas algumas dezenas de automóveis. Em outras palavras, muito mais pessoas por minuto. O trânsito deve ser medido pela sua eficiência em transportar pessoas ou pela quantidade de carros que passam?

Como assim, “não congestiona”?

É verdade, bicicleta não congestiona. E a explicação é bem simples.

O que é congestionamento? Dezenas, centenas, milhares de carros parados. Anda, para, buzina. Acelera, freia, buzina. Você não anda porque há outro carro ocupando o espaço à sua frente. O sinal, abre, fecha, abre de novo e você não consegue chegar nele, porque há outro carro ali e você não tem por onde desviar.

A bicicleta não congestiona simplesmente porque não precisa ficar parada esperando os outros veículos fluírem. Quando os carros param, a bicicleta continua. Bicicleta transita. E, em muitos casos, bem mais rápido que os automóveis.

O vídeo abaixo ilustra o que tentamos explicar. Assista e responda: quem está congestionando?


Mas a bicicleta não é bem mais lenta?

Como a velocidade máxima que uma bicicleta pode atingir é bem mais baixa que um carro, cria-se a ilusão de que deslocar-se com ela levará sempre muito mais tempo. Mas os carros não circulam em velocidade máxima todo o tempo. Aliás, boa parte do tempo em que o carro está ligado, o motorista está parado esperando alguma coisa: o sinal abrir, o carro da frente andar, ou, para os mais educados, um pedestre atravessar.

A bicicleta tem baixa velocidade máxima, mas a média costuma ficar acima da dos carros nos horários de pico. Em São Paulo, a velocidade média dos carros chega a 6,9 km/h em certos horários.

Uma bicicleta circulando devagar faz facilmente uma média mais alta que essa. Quem pedala nas ruas e usa um ciclocomputador para medir a velocidade pode lhe provar isso sem o menor esforço. Um ciclista rápido faz uma média acima de 20 km/h, tranquilamente. Mas mesmo quem pedala com mais calma se mantém acima dos 15 sem esforço.

Mais pessoas por minuto

Justamente por não sofrer as consequências do congestionamento, por fluir melhor, por caberem mais bicicletas em um mesmo espaço e pelo fato dos carros transportarem geralmente uma única pessoa, é possível deslocar muito mais pessoas por minuto em bicicletas do que em automóveis, dado um mesmo espaço viário.

Não acredita? Assista o vídeo abaixo e conte: no mesmo espaço de tempo, passam oito carros (e uma moto), contra 32 bicicletas passando sem pressa. E olha que os carros ficaram com 5 segundos de dianteira! 🙂


E a Bicicletada, com tudo aquilo de gente?

Você já esteve na rua quando uma Bicicletada passa? No máximo em alguns poucos minutos, centenas de bicicletas passam. Em seguida, a rua volta a ficar saturada de automóveis e ninguém mais passa. Todos voltam a fluir em baixa velocidade, com aquele anda e para constante.

As bicicletas não ficam paradas, bloqueando a rua como os carros congestionados. Quem está em um carro atrás, só precisa esperar um pouco, como esperaria do mesmo jeito se houvesse uma centena de carros à sua frente. Aliás, esperaria lá para trás, porque centenas de bicicletas ocupam o espaço de poucas dezenas de automóveis. E esperaria mais, porque sinal aberto não significa que todos os vinte carros daquela quadra conseguirão passar…

A impaciência dos motoristas vem mais do fato de serem bicicletas à sua frente, e não automóveis, do que do impacto real no trânsito. Para entender melhor, imagine se em vez de trezentas bicicletas você tivesse na sua frente duzentos automóveis. Quantas quadras ocupariam? Quantas aberturas de semáforo seriam necessárias para escoá-los?

Concorda? Discorda? Comente.

86 comentários em “Bicicletas atrapalham o trânsito?

  1. Concordo com a matéria, pra mim que pedalo diariamente em Porto Alegre há quase 3 anos é muito clara a diferença. Aqui ainda tem muito motorista que xinga, tira fino e tal, inclusive os do transporte público. Mas aos poucos tem aparecido mais ciclistas e com isso a mentalidade vai mudando. Acho que daqui uns 10 anos vai ser bem melhor de pedalar por aqui. Acho que Sao Paulo vai acabar servindo de molde.

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  2. Em curitiba, com uma mountain bike e pneus slick, respeitando toda a legislação, faço 17km/h de média. Furando sinal eu fazia 18,5km/h, ou seja, 1,5 km a mais por hora pedalada. Simplesmente não valia a pena tanto desrespeito por tão pouca economia

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  3. Eu faço 25 km/h de média em qualquer horário em SP. Geralmente a única coisa que me atrapalha é a chuva, nessas condições costuma deixar 3 ou 4 metros pro carro da frente pra evitar freadas bruscas, mas sempre tem aquele motorista espertinho que insiste em entrar na sua frente e te força a frear. É nessas horas que vc percebe o quanto os carros atrapalham as bikes, em dia de chuva na ciclovia consigo manter a mesma média, mas quando a ciclovia acaba a média vai lá pra baixo.

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  4. O único problema na cidade de Niterói com relação as bike é simplesmente o fato de não ter ocorrido um planejamento urbano eficiente e acharam que com a instalação de ciclofaixas estariam resolvendo o problema, sei que muitos iram dizer que melhor isso do que nada,mas pare para pensar um pouco,essas ciclofaixas não oferecem nenhuma segurança aos ciclistas, em uma necessidade de manobra evasiva com certeza sem sobra de duvidas o motorista vai invadir essa faixa destinada ao ciclista, já pude observar por varias vezes isso acontecendo, não é uma questão só de educação no transito mais sim uma questão de instinto e alem do mais do que adianta estimular o uso da bike se não temos ligares seguros para estacionar as bike, bem amigos infelizmente ainda estamos a anos luz de uma cidade que realmente investe em mobilidade urbana pelo uso das bicicletas, mais, valeu pela iniciativa, como bem disse antes, melhor isso do que nada.

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  5. [Comentário oculto devido a baixa votação. Clique para ler.]

    Esse comentário não tem feito muito sucesso. Thumb up 11 Thumb down 17

  6. Saio do Butanta todos os dias para trabalhar de Bike, passo perrengue na Ponte Cidade Universitaria, p/ chegar a Praça Panamericana para pegar a CicloVia da Pedroso de Morais e da Faria Lima, olha a coisa se resume mais no fato real do que em estudos, me chingam quase todos os dias na passagem da ponte C.U, motoristas nao respeitam meus sinais, etc, e isso todo ciclista passa ou sabe, mas digo aos Srs que tb alguns Ciclistas andam como malucos na cilovia, atravessam sinais vermelhos, chingam os proprios ciclistas que estao mais lentos, nao usam capacetes, luvas, andam no meio da via em zig zag sendo que a ciclovia ta ali para servi~los, andam na contramao, etc, entao eu digo, existem tambem ciclistas mal educados, que nao respeitam semaforos, que nao usam capacete, luva, enfim sou um ciclista de 46 anos e sempre andei de Bike, mas a gente reclamar de carros e nao fazer nossa parte é absurdo, podemos sim atrapalhar o transito se nao tivermos educação.

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  7. Calculei esse ano: no meu carro ando sempre na média de 15 km/h.
    Na bicicleta, andando nas ruas, eu não consigo passar dos 5 km/h. Não é normal, mas culpo o fato da minha bicicleta ter pneus de mountain (maior atrito) e o fato de ter um medo tremendo de andar pela cidade na minha bike (o que me faz hesitar e parar durante o trajeto atrás de carros estacionados e andar na calçada bem devagar para não assustar os pedestres).
    Na ciclovia eu atinjo, com essa bicicleta, 15 km/h. Para ser acima disso, apenas fazendo um esforço anormal. Culpa dos pneus de mountain.
    Mas a questão é, eu como motorista não me importo de dividir a pista com bicicletas, porque elas não são ameaça pra mim e nem eu para elas.
    Eu como ciclista, me importo de dividir a pista com os carros porque a maioria é imprudente.
    Quando digo que sou a favor da segregação através de ciclovias, é como ciclista que digo isso. Por mim, carros não existiriam.
    Enquanto eles existem, eu me vejo obrigada a usar meu carro também (círculo vicioso). 1) Porque eu ainda chego mais rápido do que na bike e 2) Porque infelizmente ele me protege de motoristas imprudentes.
    Queria que a bicicleta fosse uma opção viável para mim. Queria mesmo! E queria que os motoristas respeitassem mais.
    Por ora, preciso trocar de bike (por uma urbana). Apesar dos pesares, ainda quero insistir nessa forma de locomoção para o meu trabalho.

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    1. JuFlesch, entendo seu medo, mas não dá pra culpar o pneu da bike pela sua baixa velocidade. Eu tb pedalo com pneu de MTB e alcanço boa velocidade. Sugiro que revise a calibragem (ou calibração??) dos seus pneus. Se você está sentindo a bike muito pesada (o tal do atrito), pode ser que esteja pedalando com eles muito murchos, o que deixa a magrela bem pesada e gera sobrecarga e esforço desnecessários.

      Parar atrás de onibus e carros vai contra o propósito da bike, que é mobilidade, fluidez. Acho que o lhe falta é mesmo um pouco de prática e deixar o medo de lado, ele pode paralisá-la.

      A postura que demonstra segurança em cima da bike vem com o tempo e você, sendo uma motorista (acho que a maioria aqui o é) pode também lhe ajudar no sentido de conhecer seus direitos e deveres como ciclista.

      Boa sorte em seu pedal.

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    2. Meu cálculo dos últimos 6 meses: de carro da região da Vila Sônia (SP) até o Itaim Bibi, minha velocidade média é de 7 km/h. Sete. De bike, atravessando pontes como pedestre (empurrando a bike na lateral da ponte – não tenho coragem de atravessar pedalando ainda, infelizmente), minha média é de 14.4 km/h, o dobro do carro.

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  8. Olá, alguém teria o projeto da ciclovia da Eliseu de Almeida e Pirajussara que nunca sai do papel….

    Não entendo como o poder público (prefeitura) é tão incapaz de implantar algo que milhares de pessoas alguardam com muita expectativa e que está tão simples de executar (as obras) e pior que isso qual foi o motivo que já não executaram esta ciclovia no ano passado quando concluiram a canalização do córrego pirajussara…
    Hoje está lá o canteiro sem nada e que daria uma ciclovia desde a divisa com o taboão até o metro butantã….é uma pena, quantas pessoas não poderiam utilizar esta ciclovia (que não seria uma ciclofaixa – funcionando somente aos domingos) diariamente vejo vários ciclistas utilizando a Eliseu e Pirajussara e fico apavorado de ver o quando os carros e onibus (principalmente os intermunicipais) quase querendo passar por cima dos ciclistas….

    obs: quem não conhece a regiao é só passar e observar o quão fácil esta para a implantação desta ciclovia (não precisa despropriar, derrubar árvores) somente precisa de boa vontade….que vemos que é o que a prefeitura não tem….

    É lamentável….

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  9. Oi Thiago Barufi, vi seu comentario sobre abrir o farol e um ciclista rapido dar 15 km /por hora.
    Nunca fui ciclista, até resovler melhorar minha vida . Pedalo desde 2009 e graças a minha bike eletrica, consigo hoje pedalar calmamente pelas ruas e consigo, nas arrancadas dar 30 kilometros por hora. O motor da bike eletrica me ajuda muito a pedalar e me tirou o medo de andar nas ruas.
    Sabendo usar e sabendo respeitar , a BIKE ELETRICA ajuda muito ainda mais mulheres como eu de 49 anos , que não são muito esportistas e que quer ir pro trabalho pedalando suavemente uma bike , ainda mais nas arrancadas e nas subidas. O motor me ajuda muito . Hoje uso o motor só 10 % e pedalo 90 % e meu condicionamento melhorou muito.

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  10. Olá Marcelo e Willian, muito obrigada pela dica de quando tem poucos carros ficarmos atrás .
    Eu também faço isso que é mais seguro. Mas sempre é bom relembrarmos as medidas de segurança no transito, ainda mais eu que sou CORRETORA DE SEGUROS e ligo diariamente com o fator de PROTEGER MEUS CLIENTES . Hoje a maioria de meus clientes usam o carro, mas espero , junto com todos vocês que um dia agente consiga ( pelo menos um pouquinho ) convencer algumas pessoas que PEDALAR É BOM E MUITAS VEZES MAIS RÁPIDO DO QUE O CARRO. Não sou e nem poderia ser contra o carro porque é meu trabalho e também uso o carro 10 % do meu tempo , principalmente quado estou com minhas filhas , mas precisamos incentivar as pessoas a pedalarem mais .

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  11. Acabei de me Mudar para curitiba vindo dE são paulo, logo na primeira pedalada em direção a UFPR vi como aqui é pior a situação, motoristas aceleram demais ficam super irritados.
    Alguns tem mais noções respeitam, param mas pra mim muito menos conscientes que em são paulo (sei tem muitos motorista que não respeitam em sp, mas me parecia mais comum o respeito na minha terra natal)
    Mas legal mesmo foi ao chegar na faculdade ver pessoas reclamando que levaram 30 minutos a mais pra chegar enquanto eu errando o caminho levei 20 e poucos minutos.

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  12. “Um ciclista rápido faz uma média acima de 20 km/h, tranquilamente. Mas mesmo quem pedala com mais calma se mantém acima dos 15 sem esforço.”
    Isso não vale para o Willian. Quando ele anda calmamente, passa fácil dos 30km/h. De traje social.

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    1. Tiago, perspicaz observação! rs

      Vejo os vídeos o Willian e tenho a mesma impressão. Venho ao trabalho vestido como ele, entretanto, a velocidade, é bem diferente.

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  13. Mauro-SP, foi um prazer conhece-lo ontem na Bicicletada. Continuemos lutando por um transito mais gentil e pacifico.

    Meu cartaz surtiu efeitos. Eh bem verdade que, nas minhas contas, tres nao cumpriram o metro e meio, mas foi MUITO diferente. Eu podia sentir as pessoas “engolindo seco” atras de mim, dentro de seus carros, aguardando o sinal abrir…

    Nao nos intimidemos… A educacao comeca assim… Um pouco aqui, um pouco ali… Uma hora eles entenderao…

    Bom dia a todos!

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    1. Obrigado, Luciana. Prazer meu também. Aliás fico muito satisfeito ao conhecer pessoalmente as pessoas que participam das bicicletadas e manifestações e saber um pouquinho se suas histórias de vida. O que me surpreende é que em todas as últimas em que estive (venho participando desde maio de 2011), a grande maioria eram novatos, que ali estavam pela 1a. vez. Certamente, a participação está crescendo sem parar. Abração.

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    2. É isso Luciana e Mauro, não pude estar com vocês, mas sou ciclista eletrica desde 2009 e apesar dos ciclistas em geral não entenderem bem o que é uma bike eletrica ( que não deixa de ser uma bike com um motor pra auxiliar um pouco nas subidas e nas arrancadas ) , eu sinto que precisamos estar UNIDOS no objetivo final de SERMOS UM CARRO A MENOS NAS RUAS. Estou aqui triste mesmo por não ter tido condições de estar com vocês ontem . Imaginem vocês, que meu pai ( em 1979 ) era a única pessoa louca pedalando nas ruas de São Paulo. Ele dizia que São paulo ia parar e ele saia nos jornais e era tido como : FELICIO SADALLA – O LOUCO QUER SALVAR O PAIS E AINDA DIZ QUE SÃO PAULO VAI PARAR !!! ele era na epoca motivo de debocha , hoje , eu pedalo pra ele pra estar junto com todo mundo .
      O melhor de tudo isto é ver meu VIVO E RINDO E FELIZ . Cada manifestação desta ( eu sinto ) que é em homenagem a todos que morreram no transito , todos que pedalam e a meu pai. VIVA !!! vamos juntos nesta luta que um dia São Paulo vai ser uma cidade muito agradável e com milhões de ciclistas pelas ruas ( sejam eles ciclistas normais ou eletricos ). como EDUCAÇÃO vamos ter lugar pra todos !!!

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