Comuns na Europa, Zonas 30 ainda são raras no Brasil

Conheça cidades que adotaram as Zonas 30 e veja estudos que comprovam aumento da segurança e redução das mortes nessas áreas de velocidade reduzida.

Zonas 20 mph no Reino Unido. Imagem: 20’s Plenty for Us / Google Maps / Reprodução

Cada vez mais cidades no mundo adotam Zonas 30 e a redução dos limites de velocidade como política de segurança viária, principalmente na Europa. Na Holanda, por exemplo, as Zonas 30 são extremamente comuns.

Na Suíça, as áreas com limite de 30 km/h são previstas em lei desde 1989, tendo sua primeira implantação em Zurique, em 1991. Em setembro de 1992, a cidade de Graz, na Áustria, se tornou a primeira cidade europeia a implantar um limite de 30 km/h em toda a cidade, exceto em sua via principal.

Logo da campanha europeia '30km/h – making streets liveable!'. Imagem: Divulgação
Logo da campanha europeia “30 km/h – making streets liveable!”. Imagem: Divulgação

Dezenas de organizações europeias se uniram para organizar a iniciativa “30 km/h – making streets liveable!“, com o objetivo de pressionar pela adoção do limite de 30 km/h não só em áreas isoladas, mas como padrão europeu para áreas residenciais, com uma extensa campanha de coleta de assinaturas em 2013. O site traz também uma lista de 160 municipalidades europeias que implantaram os 30 km/h como padrão em suas vias.

No Reino Unido, as áreas com limite de velocidade de 20 mph (32 km/h) têm ganhado popularidade, como mostra o site da iniciativa 20’s Plenty for Us. Entre muitas outras informações, o site apresenta uma lista de localidades que implantaram o limite de 20 mph em todas as suas ruas, junto com um mapa dos locais onde o limite foi implementado em toda a Europa.

No Brasil, zonas 30 foram implantadas em algumas poucas capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo, VitóriaPorto Alegre e Curitiba. As iniciativas brasileiras poderiam ser aprimoradas utilizando elementos de traffic calming, que forçam os motoristas a reduzir a velocidade através do desenho das vias, com desvios e obstáculos planejados para forçar a redução de velocidade – como canteiros, floreiras, estreitamentos, prolongamentos de calçada em esquinas, etc.

Placa indicando Zona 30 em Copacabana, no Rio de Janeiro. Foto: Willian Cruz
Placa indicando Zona 30 em Copacabana, no Rio de Janeiro. Iniciativa foi implantada em 2014. Foto: Willian Cruz

Estudos comprovam redução de mortes

Efeitos das Zonas 30
90% menos mortes e ferimentos graves em Kingston upon Hull (Inglaterra)
50% menos colisões de veículos motorizados na Suíça
50% menos mortes e ferimentos graves nas crianças de Londres (Inglaterra)
35% mais crianças brincando nas ruas de Edimburgo (Escócia)
Fonte: 30 km/h – making streets liveable!

O estudo “Killing Speed and Saving Lives: The Government’s Strategy for Tackling the Problem of Excess Speed on our Roads”, do Departamento de Transportes do Reino Unido (disponível apenas em mídia impressa), aponta que a chance de morte em um atropelamento chega a 85% a 64 km/h (40 mph), contra 45% a 48 km/h (30 mph) e apenas 5% a 32 km/h (20 mph). Outro estudo britânico prevê uma diminuição de mortes de 5% para cada milha a menos na velocidade média.

Rede Sarah de hospitais de reabilitação também usa os números britânicos em seu estudo sobre a dinâmica dos atropelamentos. Segundo as notas bibliográficas, eles foram encontrados no “Traffic Advisory Leaflet 7/93″, do mesmo Departamento de Transportes da Grã-Bretanha. Não encontramos versão online, mas há um “review” dele neste documento, que também comenta diversos outros estudos com números similares, de vários países (consulte o capítulo III, “Vehicle speed and pedestrian injury”).

A respeito dos resultados da implantação, o relatório “20 mph zones and Road Safety in London“, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, aponta uma redução de 42% nos acidentes nas áreas de 20 mph, em comparação com outras regiões da cidade. O efeito maior foi na redução de mortes e ferimentos graves em crianças e jovens de até 15 anos e, surpreendentemente, entre os próprios ocupantes dos automóveis.

Resultados de estudos de diversas cidades europeias sobre as Zonas 30 em diversas cidades europeias, compilados pela iniciativa "30 km/h – making streets liveable!"
Resultados de estudos de diversas cidades europeias sobre as Zonas 30 em diversas cidades europeias, compilados pela iniciativa “30 km/h – making streets liveable!”. As colunas mostram a variação no número de acidentes, ferimentos e ferimentos graves/mortes em cada cidade.

Campanha

Vale a pena assistir os vídeos dessa campanha de conscientização, veiculada no Reino Unido em 2006 (atenção, imagens fortes).

5 comentários em “Comuns na Europa, Zonas 30 ainda são raras no Brasil

  1. Esta campanha de conscientização deveria obrigatoriamente passar no Brasil, já que a violência está tão banalizada, as campanhas com frases ingênuas não fazem efeito.

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  2. O engraçado que quando estudei para tirar minha CNH em 2009 o limite de velocidade em ruas residenciais já eram 30Km/h e antes disso tbm….

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  3. “No Brasil, as zonas 30 vêm sendo implantadas em diversas capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória e Porto Alegre”. UPDATE: Desde o dia 16 de novembro de 2015 está funcionando em Curitiba a ÁREA CALMA, com velocidade máxima de 40 km/h.

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  4. Achei muito legal e interessante. Os dados coletados mostram que realmente faz diferença. Mas os motoristas reclamam que isso “atrapalha o trânsito dos carros”. MIMIMI
    Lógico, pra funcionar bem isso tem que ter um ótimo sistema público de transporte também. Aqui no centro de Curitiba foi implantado algo parecido que denominaram de Área Calma. Dentro dessa área (que envolve várias quadras e praças) a velocidade máxima é de 40 km/h. Parece que está funcionando bem até. =)
    http://multimidia.curitiba.pr.gov.br/2015/capa/00173059.jpg

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  5. Essas iniciativas tem um impacto muito positivo, mas infelizmente a maioria da população não entende. Os carros da forma que são usados hoje se tornaram um problema. O mundo está mudando a relação das pessoas com as ruas, está na hora delas despertarem para isso por aqui e as apoiarem.

    E claro, o poder público se empenhar mais em fornecer alternativas de transporte.

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