Ciclovia Tim Maia desaba novamente no Rio de Janeiro

Trecho de 30 metros desabou em São Conrado. Prefeitura e Odebrecht empurram a responsabilidade uma à outra.

Trecho da ciclovia Tim Maia desabou na manhã dessa quinta-feira 15, em São Conrado. Não houve feridos. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Um novo trecho da Ciclovia Tim Maia desabou nessa quinta-feira, 15, após as fortes chuvas que atingiram a cidade. O trecho atingido tem 30 metros e fica perto da saída do Túnel do Joá, em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro. A queda aconteceu às 7 da manhã, segundo o Centro de Operações da Prefeitura. Não houve feridos.

Ciclovia levou duas horas para ser interditada. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Ciclistas que precisam da ciclovia para se deslocar continuaram utilizando o trecho, desviando pelo gramado ao lado, até a interdição com fitas, por volta de 9 da manhã. Guardas municipais permaneceram no local para evitar que pessoas ultrapassassem o bloqueio.

Quem precisa passar de bicicleta pelo local está precisando circular para além do guard rail, junto aos carros, sem nenhuma sinalização emergencial para garantir sua segurança. De acordo com matéria da Rede Globo, a Defesa Civil só chegou ao local quase três horas após o desabamento.

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“Técnicos da GeoRio vão investigar a causa da perda do grande volume de material geológico, que não é comum naquela região apesar do grande volume de chuva registrado”, diz Secretaria de Urbanismo. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Empurra-empurra

A Secretaria de Urbanismo afirmou em nota que “o solo abaixo da ciclovia cedeu por conta de uma erosão causada por infiltração de águas pluviais” e informou que “a empresa responsável pela obra (Odebrecht) já foi acionada para fazer os reparos imediatos sem custos aos cofres municipais, uma vez que a obra está na garantia”.

Ainda conforme a Secretaria, a ciclovia “permanecerá interditada até o fim da investigação”.

Já a Odebrecht rebateu a afirmação da prefeitura, alegando que o afundamento do solo ocorreu em função do mal funcionamento da rede de drenagem do local, que não pertence ao escopo da obra do consórcio.

A prefeitura já havia sido avisada sobre um afundamento no local em 10 de janeiro – mais de um mês atrás. À época, o secretário Municipal de Conservação e Meio Ambiente, Jorge Felippe Neto, afirmou em entrevista à rádio BandNews FM, que a culpa seria da empreiteira responsável pelo aterramento da área, dizendo que a construtora seria cobrada por isso.

Nada foi feito, a ciclovia desabou e, por pura sorte, ninguém se feriu desta vez.

Desabamento anterior matou duas pessoas

Duas pessoas morreram no desabamento de 2016. Imagem: Eric Poseidon/Reprodução

Essa é a segunda vez que um trecho da ciclovia desaba, desde sua inauguração em 2016. Cerca de quatro meses depois, um trecho da ciclovia desabou entre Vidigal e São Conrado, matando duas pessoas. O trecho permanece interditado por tempo indeterminado, enquanto corre processo na justiça para apurar responsabilidades.

Além do ex-prefeito, os réus desse processo são o município do Rio de Janeiro, a companhia Concremat Engenharia e Tecnologia S/A, o Consórcio Contemat-Concrejato e os engenheiros Marcello José Ferreira Carvalho, Ioannis Saliveiro Neto e Hercules Bruno Neto.

Com a interdição, os moradores são obrigados a dividir espaço com ônibus e carros na avenida Niemeyer, que é uma via de mão dupla, com traçado sinuoso, estreito, sem acostamento e com poucas áreas de calçadas. Mesmo assim a via é utilizada, já que a outra opção seria cruzar dois túneis, o Acústico e o Zuzu Angel que, com quase dois quilômetros de extensão, não permitem o trânsito de bicicletas e pedestres.

Com 3,9 km de extensão e praticamente toda a estrutura suspensa à beira-mar, a ciclovia Tim Maia está situada em uma região onde a infraestrutura viária é totalmente dedicada aos veículos motorizados. Reconstruir a ciclovia é uma forma de redemocratizar o acesso à cidade através do viário urbano.

Desabamento dessa quinta-feira ocorreu próximo ao Túnel do Joá. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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