Por que o ciclista deve ocupar a faixa

Pouco compreendida, prática pode evitar acidentes até com motoristas apressados e irresponsáveis. Entenda por que ela é recomendada por órgãos de trânsito e cicloativistas.

Mantendo a extrema direita, os carros forçam passagem e colocam o ciclista em risco. Ocupando um espaço maior na pista, o motorista é obrigado a aguardar o momento certo para ultrapassar com segurança – e ainda há espaço para fuga.

Pouco compreendida pelos motoristas e mesmo por muitos ciclistas, essa prática pode evitar muitos acidentes, mesmo com os motoristas mais apressados e irresponsáveis. Nosso instinto de sobrevivência nos faz pedalar mais à direita da via, para liberarmos espaço para os carros e evitar que eles nos pressionem, mas com isso acabamos obtendo o resultado exatamente oposto: liberamos espaço para que eles nos pressionem.

Ao pedalarmos muito à direita da via, quase dentro da sarjeta (e ás vezes até dentro dela), o espaço que sobra na pista não é suficiente para fazer uma ultrapassagem segura. Mas os motoristas não percebem isso, a impressão que lhes dá é que o espaço não é o ideal mas “dá pra passar”. É fato que pouquíssimos dão a distância de um metro e meio necessária para a ultrapassagem segura: muitos vão passar entre você e o carro do lado e entre esses vários vão passar muito rente a você, com o risco de esbarrar no seu guidão ou até de te derrubar só com o susto (sim, acontece!).

E o carro que forçar essa passagem geralmente vai dar mais distância do carro que está à esquerda do que de você à direita, por dois motivos principais:

  • Visão: ele tem visão melhor do que está do lado dele, por isso tem uma noção melhor de espaço e consegue evitar melhor uma proximidade com risco de colisão.
    .
  • Sensação de perigo: o carro do lado dele desperta alguma sensação de perigo, principalmente se for um carro grande, o que o influencia inconscientemente a manter uma distância maior. Já o ciclista não desperta essa sensação na maioria dos motoristas, por seu tamanho menor.

Se você ocupar uma porção razoável da pista, o motorista vai ter que colocar pelo menos duas rodas na pista do lado (ou contrária) para poder ultrapassar, o que significa que ele não vai tentar passar entre você e outro carro. Vai fazer uma ultrapassagem mais segura, porque não haverá veículo que limite seu desvio à esquerda e ele se afastará mais.

Margem de segurança

Além de forçar os carros a ultrapassarem com segurança, passando para outra pista, também dá espaço adicional para fugir de fechadas. Ilustro essa vantagem com um exemplo que para nós, ciclistas, infelizmente é corriqueiro: um ônibus te ultrapassa e, em vez de manter a linha reta, vai avançando para a direita conforme aquelas toneladas de metal passam do seu lado, jogando você para a calçada. Se você deixou essa margem de segurança à sua direita, consegue fazer um movimento acompanhando o do ônibus para fugir dele; se não deixou espaço, corre o sério risco de se estatelar na calçada, ser prensado em um carro estacionado ou, pior, cair debaixo das rodas do ônibus.

Com a bicicleta muito rente à margem direita da pista, não há espaço de fuga. Mantendo a linha do 1/3, você mantém espaço para fugir do homicida.

Há mais uma vantagem em andar ocupando melhor a pista. Em ruas onde há carros estacionados, se em vez de andar rente a eles você se afastar mais, terá uma distância suficiente para não levar portadas dos carros parados. Eu já levei uma portada e, acredite, não é nada agradável. E se não mantivesse essa distância, já teria levado várias outras.

A quantidade de pessoas que abre a porta sem olhar é assustadora. Muitos olham e procuram um veículo grande ou um farol potente e acabam abrindo a porta sem ver uma frágil bicicleta (um motivo para usar aquela lanterna branca piscando na frente da bicicleta quando sair à noite). O maior risco de bater numa porta abrindo não é nem a colisão e nem a queda: é cair no meio da pista e um carro passar em cima de você. O risco não é pequeno, pois se você bater a ponta do guidão na porta, ele vai virar bruscamente para a direita e você vai voar para a esquerda, por cima do guidão.

Além de não ser prensado contra os carros parados, você evita as portadas.

Andar na linha do 1/3 da faixa é a melhor solução, porque é menos antipático do que andar exatamente no meio da pista. No meio da pista vão pensar “olha que folgado, acha que a rua é dele”, já na linha do um terço vão pensar “pô, podia ir mais pra lá, né?” – ou seja, parece menos uma provocação. Andar bem no meio da pista infelizmente irrita os maus motoristas, que verão você como um folgado que está tirando o “direito” deles, não alguém em seu direito de ocupar a via, e alguns desses vão te fechar após a ultrapassagem. Andar na linha do 1/3 faz eles pensarem que você está desviando de alguma coisa, que não está mantendo uma linha reta, que não sabe pedalar direito, qualquer coisa, mas não que você está ofendendo o “direito exclusivo” do automóvel sobre as ruas (alguns até vão, tem gente de todo tipo, mas serão menos).

Experimente adotar essa técnica no seu próximo trajeto e você verá que alguns motoristas podem até se irritar, mas passarão mais longe de você. As “finas” serão bem menos frequentes e, quando ocorrerem, haverá espaço para fugir. Se alguém buzinar atrás de você, o que é bem menos comum do que você pode imaginar, faça um sinal pedindo para o motorista esperar e continue no seu espaço: ele vai desistir da espera e vai te ultrapassar, dando mais distância do que se tivesse forçado a passagem com você muito no canto. Seu risco será bem menor.

Mas seja simpático: quando estiver em uma rua onde há muitos carros estacionados e aparecer um respiro maior, sem nenhum veículo ou caçamba parados, vá para a direita e deixe os mais estressados te ultrapassarem. Depois mais adiante sinalize, tenha certeza de que nenhum carro se aproxima em alta velocidade, e retorne com cuidado.

Mas e a Lei?

O que o Código de Trânsito diz sobre essa prática? Estou infringindo alguma lei?

O CTB diz que devemos utilizar o “bordo”, definindo-o apenas como “margem da pista”, sem dizer até onde vai essa margem. Portanto, não estamos infringindo nenhuma lei de trânsito. É importante considerarmos como bordo o espaço suficiente para que tenhamos segurança na condução de nosso veículo.

Por se mostrar eficiente no aumento da segurança do ciclista, a técnica de ocupar a faixa, defendida pelo Vá de Bike desde 2006, chegou a ser recomendada pela Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET), em rede nacional de televisão, em 2011. A recomendação também faz parte da campanha Respeito Bicicleta, da Prefeitura de São Paulo – assista aos vídeos aqui.

Dicas para o ciclista urbano
1Como se manter seguro

2Pedalando para o trabalho (vídeo)

3Não pedale na contramão

4Ocupe a faixa

5Cuidado com as portas

6O que diz o Código de Trânsito

710 dicas para os dias de chuva

8E se a empresa não tem chuveiro?

97 truques para as subidas mais difíceis

107 cuidados para pedalar de madrugada

11Medo de pedalar nas ruas?
Chame um Bike Anjo!

131 comentários em “Por que o ciclista deve ocupar a faixa

  1. Então vamos lá (2), Emmanuel:

    Em primeiro lugar, acho que há uma confusão de afrontas aí: há aquela que o motorista sente ao ver uma bicicleta no meio da faixa, e há outra, infelizmente mais geral, devido ao simples fato de ela circular no espaço que o motorista supõe exclusivo a ele. E é muito, muito provável que mesmo a primeira afronta não tenha quase nenhuma relação com a regra do 1,5 m, que é pouco disseminada, quanto mais respeitada. A verdade é que a bicicleta não tem ainda, culturalmente, status de veículo de transporte, Emmanuel, ainda que existam avanços, inclusive no CBT, para tal.

    Mas o próprio CBT acaba expressando essa deficiência cultural (a lei como expressão dos “costumes”, e não o contrário, tá?), quando disciplina qual o lugar da bicicleta relativamente aos motorizados. É só observar os cacoetes da redação dela: na falta de malha cicloviária específica, de estrutura segregada… Ou seja, o compartilhamento, quando vem, sempre vem por último (claro, pari passo com a última esperança que morre, um largo e continuado investimento público em ciclovias e ciclofaixas para fins de deslocamento, o que daria materialidade àquele ganho de status.)

    E enquanto isso não acontece, e apesar de o número de bicicletas usadas com a finalidade de transporte continuar a crescer, como é que fica o sagrado fluxo? Compartilhado? Mas de qual fluxo falamos? Ah, sim, o determinado pelos motorizados. Mas será que as metrópoles, no grosso, são regidas à 70 km/h? Não, muito pouco dos sistema viário delas são. Claro, fluxos nessa velocidade e maiores são impróprios ao compartilhamento, ponto pacífico, mas… Mas com menos de um mês de bike aprendendo a compartilhar, Emmanuel, não foi nada difícil notar que reduzir em 10 km/h muitas vias limites de 50 e 60 não mudaria em quase nada no “poder de circulação” dos motorizados. Mas já para os não motorizados…

    Quando você começar a pedalar, Emmanuel, logo você também vai notar isso: que o modelo urbanístico de fluxo motorizado que conhecemos (ah, note, não falo da característica disciplinar da lei, tá?, isso é outra coisa) não é um dado “de natureza”, mas uma convenção, uma medida arbitrária que “venceu” historicamente, logo, que pode e tem que ser quebrada e então reacordada. Congestionamentos? Apenas “acidentes históricos” que vieram nos mostrar o ponto crítico e o esgotamento desse modelo arbitrário, nada mais do que isso.

    E assim “descemos” ao argumento de que bicicletas ocupando o meio da faixa seguram o fluxo, quebrando o princípio mesmo de respeito mútuo subjacente à possibilidade de convivência social e à própria lei.

    Olha, isso, na prática, é letra e razão mortas, quando não falácia, tá? Como já disse antes, dirigindo um veículo lento, nossa responsabilidade sobre o fluxo torna-se muito maior, maior do que a dos motorizados. O variabilidade do viário, para os lentos, é mais, digamos, sensível, ela não aparenta ser aquela coisa chapada que é para os motorizados, com as variáveis de velocidade máxima e número de faixas no mesmo sentido sendo percebidas, por eles, na aceleração, como quase irrelevantes.

    Então temos que assumir tal responsabilidade. E como penso que eu a assumi? Primeiro, adaptei o meu comportamento como veículo lento àquelas variáveis, e ao número também variável de motorizados no tempo e no espaço ao meu redor. E essa adaptação me levou a ganhar… flexibilidade: em determinados momento ocupo o meio da faixa, e então não, e então sim, e então estaciono, deixando uma leva de motorizados passarem por mim, para então voltar a circular ocupando o meio da faixa, e segundos depois não, e então etc., etc. e etc. Mas para que essa flexibilidade seja eficaz, devo conhecer (e não demorar muito a conhecer) bem meu trajeto, para saber onde e quando devo segurar o motorizado e então liberá-lo. Devo também saber onde o asfalto do bordo, de tão comprometido (o que é tão comum…), pode comprometer meu equilíbrio, e então evitá-lo.

    Opa, mas e o motorista, ele se importa com isso? É fácil para ele se importar com isso? Ele tem a mesma percepção de circulação segura que eu tenho que ter? Claro que não, né?

    Em suma, Emmanuel: o que eu estou querendo impor não é a minha vontade divina, muito menos um meu “jeitinho” mundano, eu estou apenas, na prática, no dia a dia, e aos olhos de todos que têm olhos pra ver, fazendo valer minha legitimidade como veículo e garantindo a segurança do meu ir e vir, sem machucar ninguém e… Tá, acrescentando uns, hum, 5 segundinhos na “vida de trânsito” dos motorizados. Ou não: tá lá ele parado no farol e eu chegando logo atrás dele.

    Ah, e eu agir assim também tem um plus, viu? Eu educo. Quando me posiciono (responsavelmente, apenas na circunstância em que devo me posicionar) no meio da faixa, estou ensinando ao motorizado logo atrás de mim e àqueles que estão me observando a me ultrapassarem com segurança e respeito. E se ele se sentir afrontado com isso… melhor pra ele.

    (Putz, é mesmo, eu nem tchuns pra letra da lei.) Ih, Emmanuel, larga mão desse Hobbes e abraça forte o Rousseau! rs.

    Thumb up 2 Thumb down 0

  2. Putz, Emmanuel, então você ainda não é ciclista, muito menos habitual… Taí. Então me desculpa aí, desculpa minha postura um tanto bronca, indo de 0 a 100 km/h em menos de 5s…rs. Cara, é que logo, hum, terminando uma sessão Terminator (sim, os quatro filmes seguidos!) às 5 da manhã aparecer na minha caixa postal teu comentário, e justamente na seqüência da minha resposta ao Peter?! Meu… aí me deu um piti mesmo…rs.

    Mas agora deu pra sacar tua boa vontade de adentrar no mundo dos veículos magros movidos a tração humana com ambos os pés direitos, viu? rs. Então peraí, peraí que vou elaborar uma réplica decente a essa tua última resposta. (Putz, é agora tô precisando desacelerar pra “encontrar o meu eixo”, acabei de chegar da rua com a bike e hoje… Meu, hoje foi meio black bloc.)

    Thumb up 0 Thumb down 0

  3. Primeiramente, na ausência de ciclovia ou ciclofaixa, o ciclista deve utilizar o ACOSTAMENTO e, onde não houver, a circulação deverá ser feita no BORDO da pista de rolamento, no SENTIDO DE CIRCULAÇÃO (seguindo o fluxo, não na contramão).

    Não vou discutir se é ou não mais seguro pro ciclista, vou apenas argumentar com base no que diz a lei, já que o autor do artigo afirmou que agindo dessa forma não estará infringindo-a.

    Ao contrário do que diz o artigo em tela, o CTB define claramente em seu anexo II o bordo da pista:

    BORDO DA PISTA – margem da pista, podendo ser demarcada por linhas longitudinais de bordo que delineiam a parte da via destinada à circulação de veículos.

    Bordo é sinônimo de margem, borda, extremidade, etc. Afirmar que o CTB precisa dizer até onde vai essa margem é falta de bom senso, pois todo mundo sabe o que é uma borda, uma margem ou uma extremidade. Falta aí boa vontade de querer interpretar a lei da forma correta, abrindo, sem razão, possibilidades para interpretações equivocadas.

    Ainda assim, o CTB nos dá uma ideia a partir dessa definição disposta no anexo II. Vejamos:

    “podendo ser demarcada por linhas longitudinais de bordo que delineiam a parte da via destinada à circulação de veículos”. A lei refere-se aqui àquela faixa contínua de cor branca que fica no BORDO (no canto, na borda, na extremidade) da pista de rolamento.

    Vamos pensar:

    O art. 29, II do CTB dispõe que “o condutor (de veículo automotor) deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista…”

    A partir da leitura deste dispositivo, temos uma boa referência do que seja bordo da pista. Se “bordo da pista” significasse outra coisa, o que poderíamos pensar sobre o art. 53?

    Art. 53, II – “os animais que circularem pela pista de rolamento deverão ser mantidos junto ao bordo da pista”.

    Então os animais deveriam circular no meio da faixa? Certamente NÃO!

    Bordo da pista é MARGEM, BORDA, EXTREMIDADE, BEIRADA, CONTORNO. Indiscutivelmente, de acordo com a lei, o ciclista, na ausência do acostamento, deve ficar o mais afastado possível do centro da faixa de rolamento, seguindo o fluxo, a fim de evitar acidentes.

    “Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores”.

    Repito: não discuto se essa ideia é ou não mais ou menos segura para o ciclista (apesar de achar que não é segura). Mas não vale dizer que a lei permite essa situação.

    Thumb up 2 Thumb down 2

    1. (Ppq, 5 da manhã e lá vou eu mais uma vez dar atenção a uma coisa dessas…)

      Tá, vamos lá, Emmanuel, vamos fazer hermenêutica torta das linhas retas da lei, assim: vamos imaginar que o ciclista é uma carroça, considere então a largura da carroça e coloquemos esse ciclista imaginado com largura de carroça na extremidade da faixa, ou seja, lá no bordo da pista. E aí eu pergunto: quanto sobraria lateralmente para um veículo motorizado (vai, um carro de passeio normal) ultrapassá-lo, considerando o art. 29 (“guardar distância de segurança lateral”)?

      Não, nem se dê ao trabalho de responder, já que pode estar mais do que subentendido que o motorizado seria obrigado a utilizar a outra faixa para fazer a tal ultrapassagem segura.

      Ah, mas “concretamente” bicicleta não é carroça, você poderia replicar, e é um absurdo fazer essa equiparação, inda mais com base no CBT Mas peraí: o art. 201 reza lá, com todas as letra, que há infração se se “deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta”, o que não se aplica para uma carroça, evidentemente. Então será que, hermeneuticamente falando, o bordo para a carroça corresponderia mesmo ao para a bicicleta? E se forçarmos a interpretação com, hum, digamos, 1,5m de bordo para a bicicleta, onde esta poderia estar na largura da faixa?

      E aqui também não, de novo nem se dê ao trabalho de responder: porque, se pedalarmos no meio da faixa, não seremos punidos mesmo… Além do mais, isso não está nem precisa estar na discussão, não é mesmo, Emmanuel?, isso de pedalamos assim apenas pela própria segurança e pela do próprio motorizado atrás de nós, evitando que ele caia “em tentação” e chegue às vias de fato, em infração ou coisa pior.

      Thumb up 1 Thumb down 0

      1. Cícero, não é trabalhoso para mim responder. Estamos aqui em uma discussão até então saudável. Estou sempre a aprender nessa maravilha que é a internet.

        Eu sou motorista, ora pedestre, futuro ciclista (pois pretendo comprar a minha bike em breve).
        O trânsito seguro é formado por um tripé: Educação, Engenharia e Fiscalização. Infelizmente, no Brasil, nenhum dos três funciona da maneira adequada.

        Em primeiro lugar, o respeito tem que ser mútuo. Se os motorizados não dão respeito aos não motorizados, não é pagando na mesma moeda que veremos a mudança acontecer.

        Não tenha dúvida de que quando um motorista (de automóvel) vê um ciclista no meio da pista de rolamento, toma isso como uma afronta e pensa: “se ele quer os 1,5m, então que comece dando o exemplo”. Tá entendendo?

        Ora, Se até para as 50 CC (cinquentinhas trax, dafra zig e CIA) é recomendando utilizar o bordo da pista quando não houver acostamento, imagine para as bicicletas.

        “Art. 57. Os ciclomotores devem ser conduzidos pela direita da pista de rolamento, preferencialmente no centro da faixa mais à direita OU NO BORDO DIREITO DA PISTA sempre que não houver ACOSTAMENTO ou faixa própria a eles destinada, proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre as calçadas das vias urbanas”.

        Repito, o respeito deve ser mútuo. Para que os ciclistas exijam a distância mínima de 1,5m disposta em lei, ele deve também dar o respeito e seguir o fluxo conforme REALMENTE determina o CTB.

        Quanto à questão da carroça, a ultrapassagem sobre a bicicleta também deveria se dar, em tese, na outra faixa. A questão do 1,5m é só um PLUS que o CTB dá aos ciclistas. É uma espécie de segurança a mais. As demais regras de circulação devem ser aplicadas NORMALMENTE, inclusive em relação às bicicletas.

        ANEXO II:

        BICICLETA – VEÍCULO de propulsão humana, dotado de duas rodas, não sendo, para efeito deste Código, similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.

        ULTRAPASSAGEM – movimento de passar à frente de outro VEÍCULO que se desloca no mesmo sentido, em menor velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando SAIR e RETORNAR à faixa de origem.

        O problema é que no Brasil as pessoas não tão nem aí para regras. O povo faz o que lhe é conveniente, do alto de seu egoísmo, e f***-se o resto. Infelizmente, o brazuka só cumpre a lei de trânsito quando está na frente da viatura e por medo de tomar multa.

        Então, se nem vocês, que prezam tanto por segurança, querem cumprir a lei, inventando diversas teorias e interpretações inexistentes, imagine os motorizados, que são seres altamente egoístas e mal-educados.

        Fica difícil.

        Thumb up 4 Thumb down 1

  4. Ciclista que anda no meio da faixa está infringindo o CTB sim. Carros e bicicletas não deveriam compartilhar a mesma via.

    Bicicletas são muito lentas comparadas com carros, o que gera ainda mais gargalos em vias já congestionadas.

    Ciclovias são a única solução. O CTB permite ao ciclista utilizar a MARGEM da pista onde não há outra opção.

    Thumb up 2 Thumb down 3

    1. Putz, é mesmo, sou um infrator. Ou melhor, um meio-infrator, já que pedalo no meio da faixa mas não na contramão:

      Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, [ênfase] no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via [/ênfase], com preferência sobre os veículos automotores.

      Opa, mas também são infratores ciclistas pedalando na calçada sem a devida autorização para tal:

      Art. 59. [ênfase] Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via [/ênfase], será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.

      E assim, para a nossa segurança e/ou o arremedo desta, reinamos pedalantes e felizes de infração em infração.

      Thumb up 5 Thumb down 2

  5. DEVERIA TER MAIS CAMPANHA ATRAVÉS DE FOHETOS E OUTDOOR CONCIENTIZANDO OS MOTORISTAS E CICLITAS COMO SE COMPORTAR NO TRANSITO RESPEITO GERA EDUCAÇÃO

    Thumb up 3 Thumb down 0

  6. Concordo com os argumentos, bem esclarecedores. Mas na minha opinião, eles não se encaixam em 100% das situações, como toda regra.

    Vivemos num país onde o povo não costuma seguir regras, não receberam educação na infância.

    Fica difícil colocar em prática. Só com muita fiscalização, que não tem também.

    Aqui em BH, seguir essas regras em alguns lugares da cidade é simplesmente fazer roleta russa.

    No trânsito é a lei do mais forte. O caminhão desrespeitando carro, que desrespeita moto e o ciclista e vice-versa.

    Sou a favor do ciclista poder andar na calçada, desde que bem devagar, na velocidade compatível com os pedestres. E se bater em alguém, multa! Mas sei que é proibido na maioria dos lugares.

    Meu tio foi atropelado por um ciclista em cima da faixa de pedestre, que descia a avenida a toda, e olhava para trás no momento da batida, segundo testemunhas. Devia estar prestando atenção nos carros, não tinha retrovisor, acho que iria fazer alguma conversão. Meu tio disse que olhava o sinal de pedestre, que ficou verde. Todo mundo começou a atravessar a rua, sem olhar também, na pressa do dia dia. Quando viu o vulto, já era… foi sorteado. Acordou horas depois no hospital, onde ficou por vários dias. O ciclista também foi desacordado. Ambos tiveram vários traumas, escoreações e a algumas fraturas. Poderiam ter morrido.

    Trânsito é coisa muito séria, e as autoridades estão caminhando a passos curtos para resolver os problemas.

    Temos que nos mobilizar mesmo, para que haja mais fiscalização(para evitar mais mortes) e punição (para os acidentes).

    Lembrar também na hora de votar, que são os deputados e senadores que podem modificar as leis.

    Não adianta votar mal e depois ficar culpando a justiça, como vejo todo dia.

    Abraços a todos

    Thumb up 2 Thumb down 0

    1. Pois é, concordo. O problema é que as calçadas geralmente são super irregulares. Em alguns trechos eu acabo fazendo isso, mas é um martírio andar por elas.

      Thumb up 1 Thumb down 1

  7. Sou adepto dessa prática, mas já tive situações onde – mesmo no meio da faixa – os condutores não respeitaram e passaram tirando fina.
    A distância entre o carro e a bicicleta não vai ser controlada pela sua posição na faixa, mas pela decência do sujeito conduzindo o veículo automotor.
    Mas, percebo que com esse tipo de ocupação de faixa, tenho muito menos problemas.

    Thumb up 0 Thumb down 0

      1. Gustavo, também sou adepto e recomendo ocupar parte da faixa, testei algumas vezes e agora deixarei fixo a antena corta cerol com fita refletiva para fazer com que o carro distâncie da bicicleta para evitar aquelas finas dos veículos, somando se à isso o espelho retrovisor, assim a sensação de segurança aumentou mais.

        Thumb up 1 Thumb down 0

    1. Petrukio, a recomendação é para vias urbanas. Estradas sem acostamento são bastante perigosas pela diferença de velocidade entre o automóvel e a bicicleta, ocupar a pista pode colocá-lo em risco.

      Comentário bem votado! Thumb up 7 Thumb down 1

  8. Bom seu ponto de vista…porém as vezes é muito dificil a aplicação…..aos domingos realizo a AVENTURA de ir do Ibirapuera para minha casa pela Giovanni Gronchi…se optar pro ocupar o meio da via viro pastel 2 minutos…..pode servir para ruas planas e bem pavimentadas….

    Mas vou tentar…na segunda feira dou minhas impressãoes

    Thumb up 0 Thumb down 0

  9. William, a idéia é boa. Eu já vi o segundo modelo de “carroça” a venda numa loja de esportes em Miami e achei interessante. Ciclistas que percorrem longas distâncias a utilizam para levar suprimentos e barraca. O problema aqui em Brasília é justamente o fato que a maioria das vias permitirem altas velocidades, apesar dos inúmeros “pardais” que fiscalizam a velocidade máxima. Temos aqui uma via com aproximadamente 16 km de extensão e seis pistas que é fechada ao trânsito de veículos aos domingos e feriados, das 6 às 18h. Assim eu aproveito para dar minhas pedaladas com total segurança. A bandeirinha também é uma ótima opção para ser mais visto no trânsito. Obrigado pelas dicas!

    Thumb up 0 Thumb down 0

  10. Na minha opinião andar de bicicleta ocupando a maior parte da pista da direita, não irá fazer o motorista aguardar o momento certo para fazer a ultrapassagem. Pelo contrário, ele passará por cima do ciclista, pois no Brasil, infelizmente, não há respeito com quem utiliza a bicicleta no trânsito, ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos, exemplo: Holanda, onde a utilização de bicicletas é muito grande. Para se ter uma idéia existem mais de 30 mil km de ciclovias e os ciclistas são respeitados. Será que um dia chegaremos nesse nível? Penso que nunca…

    Thumb up 1 Thumb down 5

      1. Caro Willian! Moro em Brasília onde não há respeito ao ciclista. Já tentei andar desta forma, mas não deu. Recebi muitas buzinadas de motorista impacientes e corri o risco de ser atropelado. Aqui há muitos atropelamentos de ciclistas e muitos já perderam a vida, inclusive tri-atletas. No meu bairro transformaram o acostamento da via principal em ciclovia, mas mesmo assim eu tenho medo de andar por ela, prefiro andar pela calçada, porque alguns motoristas utilizam a ciclovia para fazer ultrapassagens, apesar dos vários avisos para não trafecar de carro por este local. Nesta cidade é muito complicado andar de bicicleta no trânsito, infelizmente.

        Thumb up 0 Thumb down 1

        1. Eduardo, dependendo da região e como os motoristas se comportam, principalmente em vias que permitem os veículos correrem mais, tentaria algo mais radical utilizando uma “carroça” de ligas leves para não ficar muito pesado atrás da bicicleta que no mercado há como comprá-lo ou você mesmo projetar um e montá-lo assim a “carroça” ocuparia a faixa e ficaria bem atrás da bicicleta tendo mais proteção e segurança em andar de bike, incrementaria algo à mais como um bandeira asteada e alta como algumas pessoas o fazem para ter mais visibilidade pelos carros e ser bem visto à distância. Abaixo alguns exemplos dessas “carroças”.

          http://farm5.staticflickr.com/4052/4405329825_f4ed2e2bd8_z.jpg
          http://www.theuncommondog.com/images/petego/strollers/kasko_trailer-sm.jpg

          Thumb up 0 Thumb down 0

        2. É, Eduardo, já me disseram que em Brasília há ainda menos aceitação à bicicleta mesmo. Mas ainda acho complicado pedalar junto ao meio-fio, pois aí TODOS os carros passam perto demais, não apenas os maus motoristas.

          Thumb up 4 Thumb down 1

          1. Eduardo, não se deixe abater! Moro em Brasilia e está melhorando cada vez mais pedalar por aqui. Ocupo pelo menos um terço da faixa, e se percebo um carro maior atrás (caminhonete, fiorino, ônibus) vou mais pro meio pra obrigar mesmo a trocar de faixa, senão eles me espremem. Não ando em vias de trânsito rápido (são muitas por aqui, né?). Imagino que esteja falando do Lago Sul ou Norte, a velocidade da via ao lado da ciclofaixa é de 70km/h, absurda! Veja o que a administração pode fazer pelos ciclistas por aí, como instalar uma separação física, alargar a calçada e fazer a ciclovia ao lado, etc.

            Comentário bem votado! Thumb up 6 Thumb down 0

        3. Brasília é muito diferente de qualquer outra cidade que eu conheça.
          Uma vez coloquei minha bicicleta no avião em Congonhas e fui visitar um amigo, ele mora no Parkway.
          Nunca tinha visitado a cidade, e a boa impressão causada pela ciclovia no acostamento no setor das embaixadas rapidamente desapareceu.
          Brasília é uma cidade muito desumana: ela é completamente planejada para os carros. Andando dentro de uma superquadra no plano piloto, você está a salvo. Entretanto, ao ir para qualquer lugar, não há ruas, apenas rodovias. Cada cruzamento tem alças e passagens projetadas para evitar que os carros percam velocidade. No horário de almoço, é desolador ver um grupo de pessoas tentando atravessar rodovias de sete faixas, sem faixas de pedestres nem semáforos, aproveitando alguma brecha entre os carros incessantes para atravessar correndo. Degradante.
          As pessoas me diziam: Em BSB se respeita a faixa de pedestre… claro, onde ela existe, que é em poucos lugares na região do Eixo, que parece um imenso estacionamento a céu aberto.
          As pessoas estão indo morar em subúrbios como esse Parkway – vastos desertos de grama abertos no cerrado, um nada com gramados imensos, um lugar onde não se é ninguém sem um carro, não se vai a lugar algum sem um deles – aliás, os ônibus são horríveis, velhos e mal cuidados, e um motorista quase me matou de propósito, e partiu dando risada.
          Consegui encontrar alguns ciclistas urbanos de BSB – eles existem!, e o estilo deles era andar com pneus fat ou mtb nesses gramados imensos ou pelas calçadas, e atravessar as rodovias no tempo certo pra preservar a própria vida. Encontrei uma agressividade fora do comum entre os motoristas de carro. Eles começam a sentir o incômodo do congestionamento diário, mas a possibilidade de atropelar alguém e fugir sem consequências parece bastante real por lá – em SP isso é muito mais difícil. Aqui os monstros estão mais domados do que lá, parece.
          Resumindo, o que a gente discute aqui não se aplica a Brasília. A estratégia lá deve ser outra porque a condição é muito diferente. EduardoGama, você tem meu respeito e especial consideração.

          Comentário bem votado! Thumb up 4 Thumb down 0

          1. Obrigado Tiago pelo seu comentário! Dispenso a vc também respeito e especial consideração. Vc sentiu na pele o que nós ciclistas passamos no transito por aqui. Há 10 anos atras ainda se conseguia andar de bicicleta com uma certa segurança, mas hj isso é impossível, a não ser num passeio ciclistico, no parque ou no eixão aos domingos e feriados. Temos alguns lugares para fazermos trilha. Acho que andar no meio da faixa é viável nas cidades onde o trânsito é menor e mais humanizado. Um abraço!

            Thumb up 2 Thumb down 1

          2. Tiago, as proporções aqui são mesmo monumentais, mas acho que sua impressão deve ter sido aumentada pelo desconhecimento da cidade. O Park Way realmente é bem isolado, mas é atípico, porque no Plano Piloto (o “avião”) o comércio local costuma ser bem suficiente pro dia a dia. Quase sempre dá pra contornar e usar uma via mais tranquila, e se não der as calçadas são meio que desertas de pedestres e com faixas de gramado dos lados, o que permite que se pedale por elas e desvie pelo gramado em caso de pessoas passando a pé. Teremos mais “ciclovias” brevemente (oremos…). No mais é ter a mente quieta, espinha ereta, coração tranquilo e muuuito cuidado como sempre…

            Thumb up 3 Thumb down 0

    1. Concordo com William, ando de bicicleta à mais de 30 anos desde de criança, vejo algo de bom em ocupar parte da pista a maioria aguarda o momento certo para ultrapassar, se não ocupasse a faixa a maioria passa perto do guidão da bicicleta oque aumentará a probabilidade de acidentes. Para diminuir a probabilidade de acidentes é só ocupar uma parte da faixa, utilizando uma antena corta cerol na lateral e retrovisor para ver os carros que vêm atrás, assim você verá que aquela tensão no trânsito diminui muito e aumenta a sensação de segurança no trânsito. Temos que fazer algo no trânsito para diminuir a probabilidade de acidentes. Veja abaixo o vídeo de como seria a utilização da antena corta cerol.
      http://youtu.be/fcCkCDgVh0k

      Thumb up 2 Thumb down 0

  11. Surgiu uma idéia de acoplar na bicicleta uma antena corta cerol que é utilizada em motos, para fazer com que os carros distâncie do guidão da bicicleta, utilizando uma fita colorida para que o condutor do veículo veja que há algo na lateral da bicicleta e distâncie para que não risque o carro. Assim acho que evita aqueles motoristas que gostam de tirar finas da bicicleta e como a antena é pequena cerca de 70cm fica distanciada da manopla do guidão cerca de 35cm, bem abaixo dos 1.5 metros que o veículo precisa distânciar da bicicleta ao ultrapassar. Quando o ciclista precisa recolher a antena é só dobrar(algumas antenas possuem esse recurso) ou colocá-la em pé. Fica aqui uma idéia útil para aumentar a segurança.
    Veja a imagem abaixo no Youtube de como irá melhorar a segurança.
    http://www.youtube.com/watch?v=5wXayKNiAEQ

    Thumb up 0 Thumb down 0

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *