O caso de Juliana Dias também é contado no filme Luto em Luta. Foto: Gilberto Kyono

Como ocorreu o atropelamento de Juliana Dias

Veja a análise do Vá de Bike sobre o atropelamento e o cenário mais provável para o que aconteceu naquela manhã, na Avenida Paulista.

Um sorriso apagado para sempre. Foto: Gilberto Kyono

Matéria publicada originalmente em março de 2012. Importante esclarecer que naquela época a Avenida Paulista ainda não tinha ciclovia. Depois da implantação da estrutura, casos como esse não aconteceram mais. Ao menos naquela avenida.

No dia 2 de março de 2012, uma sexta-feira, eu estava na maternidade com minha esposa quando começo a ver as notícias pelo twitter. Ciclista atropelada e morta por um ônibus na Av. Paulista. Mulher, bike prata, com caixote no bagageiro. A história se repete.

Aperto no coração. Muitas amigas passam por ali diariamente e, mesmo sendo alguém que eu não conhecesse, sofreria como se fosse uma amiga próxima. Relatos iniciais no twitter afirmavam que o ônibus teria furado o sinal vermelho e acertado a ciclista em cheio, o que aumentava a revolta com o ocorrido.

Conversando com alguns amigos, descobri ainda na parte da manhã que a vítima era a Julie, mas não podíamos divulgar a informação em respeito à família, que ainda não tinha sido avisada.

Não, eu não a conhecia pessoalmente. Mas devo ter trocado um “oi” aqui e ali, já que tínhamos muitos amigos em comum e provavelmente estivemos no mesmo lugar ao mesmo tempo, em mais de uma ocasião.

Julie era mais uma de nós sendo levada.

Segunda faixa e a falta de sinalização

Juliana estava na segunda faixa da avenida, comumente usada por ciclistas. E por que usam essa faixa? Justamente PARA NÃO ATRAPALHAR OS ÔNIBUS. A faixa da direita é exclusiva dos coletivos e, como eles têm dificuldade para ultrapassar, já que os motoristas dos carros não os deixam sair dali, muitos ciclistas optam por trafegar pela segunda faixa. Tanto que bicicletinhas foram pintadas ali bicicletinhas no asfalto, por diversas vezes, aumentando a segurança de quem circula de bicicleta na avenida.

Quando havia sinalização no chão, os motoristas aceitavam melhor a presença dos ciclistas na Paulista. Mas, infelizmente, a CET preferiu apagá-las, com o argumento de que “confundiam os motoristas”. Em junho de 2011, alertamos aqui no Vá de Bike sobre o perigo de apagar essa sinalização e esclarecemos o motivo pela qual deveria ser oficializada em vez de ser retirada (leia aqui).

Mas como aconteceu?

Juntando os depoimentos de testemunhas que circularam pela imprensa, o relato do colega Rene Fernandes (que esteve na delegacia) e a experiência prática de quem já sofreu muitas agressões parecidas nas ruas, é possível fazer uma suposição mais realista sobre o que aconteceu.

O que descrevo abaixo é o cenário mais provável, em um exercício de entendimento das informações e depoimentos encontrados até o momento.

Dois criminosos

Testemunhas afirmam que um primeiro carro, de passeio, havia fechado Julie e a obrigado a fugir para a faixa do ônibus. Esse foi o primeiro criminoso, que com sua conduta irresponsável poderia ter sido o culpado direto pela morte da menina. Mas desse ela conseguiu escapar.

Julie então retornou para onde estava. Mas a ação desse motorista certamente incentivou o condutor do ônibus que vinha atrás a fazer o mesmo. Vendo o automóvel forçá-la a sair da rua, deve ter pensado em seu íntimo que a ciclista estava atrapalhando, que ela não deveria estar ali e que teria que se virar para sair da sua frente. Afinal, estava no lugar errado. Que criasse asas.

À direita de Julie havia nesse momento um ônibus, trafegando normalmente na sua faixa de direito. Então esse condutor irresponsável jogou seu veículo grande e pesado sobre a ciclista, ameaçando-a. No vídeo veiculado pela Rede Globo é possível ver o ônibus amarelo ultrapassando o outro a uma distância lateral muito pequena, com a ciclista ali no meio, o que demonstra que esse motorista, Reginaldo Santos, não lhe deu nenhuma chance.

O ônibus da esquerda deve ter tocado seu guidão. Ou, no desespero, ela se desequilibrou entre os dois veículos. Não faz diferença. Ao cair, o ônibus que estava à sua direita – e não tinha nada a ver com a história – passou por cima de seu corpo. Julie criou asas.

O motorista desse ônibus, apesar de consternado, conseguiu anotar a identificação do ônibus que causou sua queda. Desceu, olhou, se desesperou com o que viu. Mas não poderia fazer mais nada. A atitude daqueles dois motoristas – o do carro, que a ameaçou primeiro, e o do ônibus, que saiu sem prestar socorro – é indesculpável. E deveria ser inafiançável.

Fiança

O motorista que havia fugido do local do crime se apresentou durante a tarde. Foi preso em flagrante, mas o sindicato pagou a fiança de R$1.500,00 para que fosse liberado. Ele está sendo indiciado por homicídio culposo, com o agravante de estar dirigindo um veículo de passageiros.

Talvez esteja afastado da empresa, mas é bem provável que tenha dirigido seu carro particular no final de semana. O ideal seria seu direito de dirigir ser retirado por um longo tempo, para evitar que matasse mais pessoas pelas ruas. Uma pessoa assim não pode dirigir, por representar um risco à sociedade, da mesma forma que alguém que atira em local público e mata alguém “acidentalmente”, não deve mais ter porte de arma.

A Avenida Paulista não é perigosa

A Avenida Paulista é plana, reta, com quatro faixas e boa visibilidade, tornando fácil aos motoristas ultrapassar os demais veículos com segurança. Não é um local para correr, embora a sinalização permita 60 km/h e a fiscalização de velocidade seja inexistente. Aliás, 60 km/h é um limite ainda alto para uma via com um tráfego tão intenso de pedestres.

Quem matou Juliana Dias não foi a Avenida Paulista. Foi o motorista do ônibus. E, indiretamente, também o motorista do carro que a fechou.

Finas e fechadas

Infelizmente, Juliana não está mais aqui para contar o que houve. Apenas a versão do motorista que a matou será ouvida, o outro lado calou-se para sempre. As investigações terão que se basear em depoimentos de testemunhas que, talvez à exceção do skatista, não conhecem na prática a condução de uma bicicleta nas ruas, vendo a situação pela ótica de quem está dirigindo um carro. Para essas, Julie se desequilibrou e caiu por si só, “uma fatalidade”. Afinal, bicicleta é perigoso e as pessoas caem sozinhas o tempo todo. Esperamos que as imagens registradas possam ajudar a investigação.

Mas quem pedala nas ruas sabe: há motoristas que se irritam com a simples presença do ciclista na via e fazem questão de passar no espaço onde o ciclista está, mesmo que haja pistas livres para ultrapassagem. O motorista buzina, ameaça com o tamanho do carro e o barulho do motor. O ciclista que se vire para desaparecer magicamente da sua frente. Ou, pior, dão a conhecida “fina educativa”, passando propositalmente perto do ciclista para “educá-lo” a não utilizar as vias. E é isso que o motorista desse ônibus e daquele carro parecem ter feito.

Por isso dizemos #naofoiacidente. O simples respeito ao artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro, que determina distância de 1,5m ao ultrapassar um ciclista, teria evitado essa tragédia. Quem o desrespeita, deve levar em consideração o risco de uma lesão corporal ou morte. Se ainda assim o faz, não se pode dizer que foi um acidente. Acidente é o que não poderia ter sido evitado.

O que diz a lei

Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:
Infração – média;
Penalidade – multa.

Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade, as condições climáticas do local da circulação e do veículo:
Infração – grave;
Penalidade – multa.

Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá:
(…)
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem.

Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais veículos:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa – retenção do veículo e recolhimento do documento de habilitação.

Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:
(…)
XIII – ao ultrapassar ciclista:
Infração – grave;
Penalidade – multa;

Como deveria ser

Em Bristol, na Inglaterra, um motorista de ônibus que jogou o veículo propositalmente em cima de um ciclista foi condenado a 17 meses de prisão, por direção perigosa e lesão corporal. Além do relato de testemunhas, o tribunal se baseou em imagens de uma câmera de segurança.

Por aqui, R$ 1.500,00 de fiança pagos pelo sindicato garantem que o motorista continue livre – e dirigindo.

Manifestação em dezenas de cidades

Em apoio ao ocorrido com Juliana Dias e para que não precisemos de mais Julianas, Márcias, Antônios e Anônimos, dezenas de cidades brasileiras realizaram uma manifestação conjunta na noite da terça-feira, 6 de março. Veja aqui.

Como foi a manifestação na noite do ocorrido

Veja abaixo uma bela videorreportagem sobre a manifestação realizada na mesma noite, com depoimentos de ciclistas presentes. E aqui, muitas fotos.


135 comentários em “Como ocorreu o atropelamento de Juliana Dias

  1. Parece que para a maioria das pessoas aqui ficou claro que o mais importante é o ciclista mesmo este estando errado. Que bom que há pessoas a favor do correto e da sensatez.

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  2. Sinto muito pela ciclista, o que ocorreu poderia ser evitado por ela. Muitos se aborreceram com o motorista, mas este não teve culpa. Fiquei triste com esta noticia, por ela e mais ainda pelo motorista que entrou em estado de choque pois em seus muitos anos de trabalho nunca havia atropelado ninguém.

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  3. Coitado do motorista de ônibus…errada estava a ciclista. Andar por entre os carros não é local, para se ter direitos, é necessário estarmos corretos, não se pode andar no meio do trânsito onde é lugar de carros. Desde criança meus pais me ensinaram a não andar entre os carros e muito menos no meio avenidas.. como me ensinaram também a não depender da educação das pessoas para eu ser bem educada.
    Deveria sim existir uma faixa exclusiva para ambulâncias, corpo de bombeiro, viaturas policiais.
    De que adianta ciclofaixa para usar como passeio? Para isso existem ruas paralelas e parques. Eu vi uma foto da inauguração dessa ciclofaixa na Paulista, onde havia um adulto e uma” criança na bicicleta” Lugar de criança brincar é no parque e não nas vias públicas.As pessoas usam a ciclofaixa como se fossem a rua da casa delas, acho que não é esse o propósito da mesma e sim para ajudar as pessoas a se locomoverem usando menos os carros….Nenhum motorista leva a sério algo que não tem seriedade, precisamos de espaço para nos locomover nas ruas. SAOU CONTRA CICLOFAIXA PARA FINS DE PASSEIO COM CRIANÇAS E SIM PARA QUEM REALMENTE PRECISA OU QUER FAZER ALGO PELO MEIO AMBIENTE, PARA ASSUNTOS SÉRIOS….. MAIS UMA VEZ DEIXO MINHA OPINIÃO. ( CICLOFAIXA NÃO É LOCAL PARA PASSEIO) E se for pra esse fim a mobilização da mesma, prefiro que deixem ciclofaixas para ruas paralelas. E façam um corredor somente para ambulâncias, corpo de bombeiro e viaturas policiais ELES SIM PRECISAM.

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    1. Anonima,

      Voce eh uma ciclista muito de meia tigela, pq se acovarda de pedalar em SP com uma desculpa esfarrada de que, como foi mesmo que disse? Perai…Ah! que seus pais te ensinaram isto e aquilo e que lugar de crianca brincar eh no parque, nao em vias publicas.

      SERIO??!!! Então tá.

      Sua opiniao nao eh mesmo bem-vinda porque seu tom é de trolagem, de ridicularização e sarcasmo.

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  4. Eu sou totalmente CONTRA BICICLETAS PODEREM CIRCULAR NAS GRANDES AVENIDAS DE SP. Acho perigosissimo. Essa moça poderia estar aqui entre nós, hoje, se fosse poribido.

    Em 1989 eu ia trabalhar de moto, era bem jovem, os motoristas de onibus e de carros jogavam seus veículos em cima de mim.. isso TODOS OS DIAS.. eu já havia me acostumado e saia fora.. entao.. isso é assim e não vai muldar

    Os ciclistas é que devem ter responsabilidade e nao andarem de jeito nenhum nessas grandesa avenidas de Sp.

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    1. Eu não costumo dar trela a gente mal informada, muito menos cabeça dura. Mas tem hora que cansa ver tanta.. burrice.

      Indo pelo seu ponto de vista Laura, a Julie poderia estar aqui entre nós se:

      1 – Se numa das pistas da Av. Paulista fosse PROIBIDO VEICULOS MOTORIZADOS, liberando apenas para ciclos e pedestres.
      2 – Se gente como você, entendesse o Código Brasileiro de Trânsito, aquele que você deveria saber para poder dirigir.
      3 – Se gente como você, que não entende o Código Brasileiro de Trânsito, não saisse de casa fosse com carro, moto ou outro auto.

      Se gente como você, como idéias como essas para piores, não andasse no trânsito, com certeza o mundo seria um lugar bem mais seguro.

      Agora faça um favor a você, a sua familia e aos seus amigos (pois alguém próximo de você com certeza anda de bicicleta) e APRENDA O QUE ESTÁ NO CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO e principalmente FAÇA VALER O QUE ESTÁ NO CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO.

      Se cada um fizer isso outras Julies provavelmente não morrerão.

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  5. O Brasil deveria de mudar suas leis urgentemente.
    Chega das pessoas não seram punidas, quando principalmente tiram a vida de alguém…

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  6. segunda faixa lugar de bike? se atrapalha o onibus problema é dele, não acho seguro andar de bike em outra faixa que não a direita. isso é obvio, os carros passam muito rapido e voce pode ficar imprensado entre as duas exatamente como aconteceu com a colega aí. não importa se vai ser dificil do onibus ultrapassar, se voce tá na direita é muito mais facil ele te ver, quem dirige sabe, só não dá distancia do ciclista quem não quer! voce o vê há centenas de metros a frente e consegue desvia-lo! não acho certo usar esta faixa que ela estava, o certo era ter uma faixa a direita exclusiva para as bikes e sinalizada, ao lado desta, a de onibus, pois se voce andar na da esquerda, poderá ser encoberto por um carro maior que irá passar por cima de voce. não sejam tolos, este acidente teria sido evitado se ela estivesse na faixa correta pois aqui não usamos a mão inglesa.

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  7. [Comentário oculto devido a baixa votação. Clique para ler.]

    Esse comentário não tem feito muito sucesso. Thumb up 2 Thumb down 11

    1. Desculpe-me, meu caro, mas para alguém que estudou na USP, vc é bem mal informado e retrógrado. Sugiro-te acompanhar as matérias publicadas pelo “Vá de Bike”… Quem sabe vc aprenda um pouco mais sobre cidadania e se torne um indivíduo mais complacente com o próximo. Como já dizia uma antiga propaganda de automóveis (que vc provavelmente tanto necessita), “tá na hora de vc rever teus conceitos”.

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    2. Gostei do seu comentário muito sensato, mas infelizmente aqui nesta pagina, qualquer ciclista mesmo estando errado tem direitos e sempre está correto.São Paulo não tem espaço para fazer das avenidas área de lazer.

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  8. Dizem que o direito de uma pessoa termina onde começa o direito de outra. Esta frase poderia introduzir o conceito de vida pacífica em sociedade. Apesar de uma frase um tanto clichê, entendo perfeitamente aplicável a este caso de ciclistas. Adoraria viver numa cidade que fosse a mais parecida possível com a Holanda em termos de locomoção pelas vias urbanas com uso de bicicletas. Mas isso está mais perto de um sonho, por muitos e inúmeros motivos e diferenças daqui e de lá (conhecidos por todos, mas ignorados por uma boa parte teimosa), do que uma realidade factível. Sou realista. Posso sonhar com isto e aquilo (claro!), mas devo percorrer os caminhos certos para que meu sonho possa se tornar realidade, isto é, sem atropelos, sem querer impor a vontade de um grupo à qualquer custo, sem “causar” no sentido pejorativo, sob pena de me tornar mais uma pessoa ou um grupo que não tem respeita a opinião alheia, a vida alheia, as escolhas alheias, aos outros, justamente o que quero tanto evitar e me oponho. Contraditório, não? Recentemente aprendi a andar de bicicleta, adoro a bicicleta mas não sou louca de ir para uma avenida com trânsito intenso como a av. paulista. Ela sequer é recomendada como rota segura pelo Cebrap (Centro brasileiro de análise e planejamento), OU SEJA, UM PRÓPRIO ÓRGÃO FAVORÁVEL AOS CICLOATIVISTAS, QUE INCENTIVAM E APOIAM O USO DAS BIKES NÃO RECOMENDA A AV. PAULISTA(NÃO RECOMENDA – POIS NÃO É SEGURA!!!) E UM GRUPO DE PESSOAS, OS CICLOATIVISTAS(que não participaram de nenhum estudo e planejamento específico, que eu saiba – muitos sequer devem conhecer este órgão ou, se conhecem, talvez fingem não conhecê-lo) PREFEREM utilizar-se do “jus sperniandi” e impor suas vontades e idéias perigosas como uma verdadeira massa de manobra para fazer prevalecer seus próprios interesses. Por que ao invés de afirmações insistentes e um tanto extremistas, os cicloativistas não se mobilizam de tempos e tempos com ações concretas? Até mesmo junto ao Congresso Nacional. Sim, isto é possível!! Já ouviram falar de iniciativa popular? A lei dos crimes hediondos surgiu assim para quem não sabe, recentemente, a lei da ficha limpa. Ora, por que esperar uma tragédia acontecer (como o caso da pobre ciclista que morreu na av. Paulista) para fazer uma manifestação que faz mais barulho do que outra coisa (barulho sem resultado, barulho por barulho, desrespeitando o direito de ir e vir das outras pessoas) ao invés de criar movimentos mais substanciais e concretos? Não me parece um caminho muito inteligente… mais pessoas, infelizmente, vão continuar morrendo nas ruas que não seguras e infelizmente não dão conta do uso da bicicleta se esse discurso de cicloativistas continuar incentivando desenfreadamente, inconsequentemente e infundamentadamente esta prática.

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  9. caro, acompanho o blog com frequência, pois costumo ir de bicicleta ao trabalho e fiz proveito de muitas dicas q estão aqui publicadas. trabalho em frente ao local do acidente e, ao ler todas as considerações deste post, acredito ser importante frisar que um grande equívoco está se formando. a av. paulista (trabalho neste endereço há dez anos) mudou muito e, hoje, ela apresenta um grande fluxo de trânsito que foi melhor organizado depois da grande reforma das faixas de pedestre, calçadas e tempo dos semáforos. o fluxo de pessoas nas calçadas aumentou enormemente e tenho notado q o volume de bicicletas também aumentou. a av. paulista não é um local seguro para ciclistas, pois o convívio com carros, pedestres, caminhões, ônibus e motos não é fácil. não ando pela avenida, NUNCA, mas pela calçada até o ponto q me interessa ou pela rua são carlos do pinhal. o mapa com as ciclorotas, elaborado pelo cebrap, inclusive, não indica a av. paulista como um local seguro para o trânsito de bicicletas. acredito na credibilidade deste mapa e q pessoas se envolveram seriamente para ajudar ciclistas na escolha da melhor rota (nem sempre a mais curta). acredito q, além das visíveis e sempre impunes infrações de trânsito contra ciclistas, são incontáveis e desestimulam muitas pessoas a andar de bicicleta. agora, o seguinte: falar para as pessoas usarem a bicicleta, sozinhas, em avenidas com grande fluxo de carros é conduzi-las a um acidente (grave ou não, fatal ou não). ciclistas como eu, que não são cicloativistas, estão sendo manipulados como massa de manobra para engrossar o caldo desta guerra não declaradas, mas q é travada todos os dias. já vi cilcistas oprimindo pedestres assim como motoristas assuntando ciclistas… ciclistas não são uma categoria especial da sociedade. os homessexuais se organizaram no mesmo sentido e cometem um grande erro. ao invés de reforçarem o direito constitucional de igualdade, exigem privilégios. o que os ciclistas precisam é de vias seguras para q, sozinhos ou não, possam transitar pela cidade sem ajuda de bike anjos ou carros de apoio… repito: incentivar um ciclista a transitar pela cidade para incluir mais um soldado na ocupação das ruas (sim, a rua é de todos, mas o ciclista é frágil, está com todo o seu corpo ao lado de aço e motoristas furiosos). a “massa crítica” está fazendo as vezes dos que usam as pessoas como massa de manobra. e isto, caro, é um grande erro.

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    1. Fabio, tb trabalho em frente o local do atropelamento da Juliana e venho todos os dias de bike.

      Concordo que ” falar para as pessoas usarem a bicicleta, sozinhas, em avenidas com grande fluxo de carros é conduzi-las a um acidente (grave ou não, fatal ou não)”. No entanto, quem se empenha nesta tarefa nao será nem tolo nem nada… Eu estimulo minha filha (ainda com 9 anos) a usar a bike sozinha, mas no futuro. Agora o que fazemos é pedalar nos finais de semana e estamos a uns 3k do Pq. Villa-Lobos, distancia esta que fazemos de bike (não levamos as bikes no carro até lá). E é neste percurso que mostramos a ela o que fazer e o que não fazer. Apontamos as irresponsabilidades e imprudencias dos motoristas (em pleno Domingo, veja voce…); damos dicas sobre como trocar as marchas, como se portar no semáforo etc. Acho que isso, sim, é ensinar, educar e estimular o uso correto da bike…Sem necessariamente “ir na crista da onda”, falando pra pessoas trafegarem em avenidas como a Paulista.

      O volume de bikes na Paulista tambem aumentou (ou sou apenas eu que agora presto mais atenção), assim como aumentou o numero de entregadores de restaurantes dos arredores que trafegam na CONTRA MAO do CORREDOR DE ONIBUS. O que dizer deste comportamento??!!

      Eu tb já vi ciclistas aqui senão oprimirem, no mínimo desrespeitarem os pedestres. Mas também vejo DIARIAMENTE pedestres que NAO respeitam as faixas e, pior, quando na faixa, não respeitam o semáforo e não esperam sua vez. Quando estou na faixa de pedestres, sinto-me quase uma tola sendo uma das pouquissimas a esperar minha vez. Mas, ei, só exercendo meu dever é que poderei exigir também o meu direito quando for a hora.

      Olha, a Av. Paulista é perigosa, assim como é perigosa a rua da minha casa, onde a vel. máxima é de 30km por hora e onde já discuti com motoristas ali por trafegarem bem acima do estabelecido…

      Há uma semana usando meu cartaz (preso na mochila, grande e colorido, pedindo gentileza no transito), posso dizer que a tática está dando certo. Quem o ve de perto, desacelera e, graças a Deus, já são seis dias sem tomar fina ou buzinaço – sabe aqueles que te assustam e irritam?

      O que nos falta é EDUCAÇÃO, RESPEITO, GENTILEZA, PACIÊNCIA… E, claro, vias que nos deixem menos expostos aos motoristas…

      Eu não me sinto manobrada, nunca fui muito ativista (talvez mais rabugenta no trânsito que só eu vivo) e apenas dava algumas dicas pros amigos no meu Facebook. Mas no dia da morte da Juliana, me senti particularmente vulnerável. Naquela mesma manhã, na ida ao trabalho, levei uma fechada de uma mulher que não quis esperar três segundos para virar à direita e quase me derrubou da bike ao tirar uma fina do meu pneu dianteiro sem NEM DAR SETA e levei também algumas finas no mesmo lugar do trajeto que considero particularmente perigoso… (onde, aliás, depois do cartaz, melhorou!).

      A Paulista é tão insegura quanto a rua do nosso bairro… Mas se estiver congestionada, pode ser tão segura quanto a rua da sua casa… Depende do ângulo que você olha a questão…

      Nao me sinto numa guerra. Sinto-me, sim, num pais de pouca educação e mínima conscientização…

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      1. Também trabalho ali, a 40 metros do local do acidente. Todo dia vejo a Ghost bike e me passa uma certa ira, pois não precisava ter acontecido.

        Eu ainda vou ter que adiar por mais alguns meses a minha bike, por questão financeira, mas, com certeza minha mochila vai ganhar um cartazinho pedindo respeito, não só a mim mas a vida.

        Se 1 em cada 10 ciclistas que usam a bike todo dia fizer um cartaz desses de cartolina e usar ele no dia a dia, as pessoas vão sofrer uma conscientização forçada, de tanto ver isso.

        Acho uma manifestação muito válida.

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  10. “Eu tenho dinheiro e posso ter um carro grande. Se você não tem, saia do meu caminho”

    Basicamente essa é a mentalidade aqui na República Federativa da Banânia

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  11. Se não houver uma campanha nacional de conscentização de que o uso da bicicleta so traz beneficios à todos, inclusive motoristas, a reação da população geral sera sempre a mesma. A grande maioria da população acha que bicicleta é so para brincar quando se é criança, e que deve estar bem longe das ruas. E ao meu ver, isso so pode ser mudado quando a população for educada, e no minimo o governo dar o exemplo.
    As ciclovias ajudam, mas conscentizar os motoristas vale tanto quanto ou mais.

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    1. Concordo com o David. Investimento em ciclovias é uma parte do que deve ser feito. Educação e conscientização também são muito importantes. Aí eu pergunto… O governo tem interesse em mais bicicletas nas ruas e menos IPVA, menos impostos sobre combustíveis, menos impostos sobre as peças de veículos, etc… que deixariam de ir para os seus cofres inoperantes… Carros deveriam ser utilizados apenas por pessoas com dificuldade de locomoção ou para trajetos superiores a 10 Km.

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  12. Bom dia, amigos!!! Sou paulistano e moro em Brasilia. Sou ciclista e também motorista. Apesar de não conhecer a Juliana, fiquei muito triste pelo acontecido. Quantos mais precisam morrer para mudarmos nossa educação no transito?? Quantos mais precisam morrer para mudarmos a nossa cultura?? O motorista de carro precisa lembrar, que amanhã pode ser um ente querido ou amigo(a) a ser a vitima!!!!

    “Por dois caminhos se chega a verdade, pela virtude que é mais nobre ou pela experiência que é mais amarga!!!”

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