Maratona hacker pretende melhorar a mobilidade urbana em SP

A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) prorrogou até o próximo domingo, 16 de março, as inscrições para a Hackatona CET*, uma maratona que reunirá experts em informática, jornalistas, designers e pessoas interessadas em dados e tecnologia. O desafio para os participantes é, dentro do período de 24 horas entre os dias 22 e 23 de março, desenvolver softwares, aplicativos e outras soluções para diferentes grupos de dados da companhia, tornando os dados não só acessíveis à população, mas organizados de maneira clara e de fácil consulta. Poderá haver participação individual ou em equipes de até cinco membros, e os três projetos melhor avaliados receberão prêmios de até R$ 10 mil.

Entre os desafios disponibilizados aos hackers estão o desenvolvimento de ferramentas voltadas ao funcionamento do sistema semafórico do município, ao registro de ocorrências de trânsito – como incidentes e interrupções de vias -, fluxo do trânsito e rotas alternativas, sinalização de trânsito, radares, multas emitidas, processos internos – como o registro de táxis e outros serviços -, e reclamações.

Bicicleta em destaque

Além dos temas acima, a mobilidade por bicicleta também fará parte dos desafios propostos ao participantes, que deverão desenvolver um aplicativo que enriqueça sua base de dados com a participação colaborativa de seus usuários. A ferramenta deverá abranger informações sobre as ciclovias, ciclorrotas e os estabelecimentos e locais que disponibilizam serviços para ciclistas, possibilitando a classificação pela qualidade do atendimento.

A própria sociedade civil já contribuiu com iniciativas próprias relacionadas a essa demanda, como o site colaborativo BikeIT.

A necessidade de dados abertos

A partir de novembro de 2011, a Lei de Acesso à Informação obrigou os governos das esferas federal, estadual e municipal a fornecerem à população todos os dados sobre as atividades dos serviços públicos, desde cargos e salários de servidores a, no caso da mobilidade urbana, informações sobre incidentes, multas aplicadas, cidadãos hospitalizados ou que faleceram em ocorrências e outros dados computados pelo serviço público. Caso essas informações ainda não estejam disponibilizadas em portais ou sites da internet, elas deverão ser fornecidas a pedido de qualquer cidadão no prazo de até 20 dias, ou justificar sua inexistência.

Porém, passados mais de dois anos da promulgação da lei, em muitos casos o acesso às informações públicas, embora facilitado, ainda continua inacessível para muitos cidadãos, seja pela inexistência de sites de dados de autarquias ou municípios, ou pela morosidade com que os pedidos são atendidos. A iniciativa da CET é de grande importância, pois a partir do acesso aos dados é possível, por exemplo, constatar deficiências ou características que podem levar ao desenvolvimento de políticas que melhorem determinadas situações.

Um exemplo é o cumprimento do artigo 201 do Código Brasileiro de Trânsito, que prevê como infração grave o desrespeito à distância de 1,5m ao ultrapassar o ciclista na via. Em São Paulo, em 2010, entre os mais de 7 milhões de multas aplicadas na cidade, apenas três se referiam ao artigo 201. Com isso, a sociedade civil pôde pressionar a Prefeitura para efetivamente fiscalizar o desrespeito aos ciclistas e diminuir riscos de assassinatos como os cometidos contra Márcia Prado e Julie Dias, ambas mortas na Avenida Paulista por atitudes criminosas como as “finas educativas”.

*Hackatona é o termo “abrasileirado” da CET para o neologismo em inglês “hackathon”, que significa “maratona hacker”.

Serviço

Evento: Hackatona CET

Período de inscrições: até domingo, 16 de março de 2014

Data: de 22 a 23 de março de 2014

Local: Rua Boa Vista, 136 (sobreloja) – Centro – São Paulo/SP

Informações e inscrições online neste site.

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