Foto: SM2 Fotografia/Divulgação

Doria promete 10 mil bikes compartilhadas em um ano, com atendimento à periferia

Com novo decreto, prefeitura de São Paulo quer expandir sistema e permitir novos operadores, mas os detalhes da operação ainda não foram definidos.

Foto: Willian Cruz

O prefeito de São Paulo, João Doria, anunciou na Semana da Mobilidade o decreto que regulamenta o serviço de bicicletas compartilhadas na cidade. Entre as promessas, 10 mil bicicletas dentro de um ano, com maior atendimento a bairros afastados do centro e pagamento com o Bilhete Único.

O modelo adotado permitirá o credenciamento de vários operadores, desde que preencham requisitos mínimos que ainda serão especificados pelo Comitê Municipal de Uso do Viário (CMUV), como localização, oferta, qualidade e meios de pagamento. As operadoras atuais terão 180 dias para aderirem às novas regras.

O decreto também permite a implantação de sistemas dockless (sem estação), com bicicletas que não precisam de uma estrutura fixa. Ao mesmo tempo em que isso permite uma maior oferta de bicicletas e também que se espalhem por si próprias pela cidade, pode causar problemas com acúmulo de bicicletas estacionadas sobre as calçadas depois de liberadas pelos usuários, sobretudo no centro. Algumas cidades no mundo já vêm enfrentando esse desafio.

Veja a íntegra do decreto

Mapa de distribuição das estações do sistema Bike Sampa em junho de 2015. Fonte: ITDP

Expansão

“O primeiro benefício é uma forte expansão do sistema”, diz Sergio Avelleda, secretário de Mobilidade e Transportes do município. “Vamos rapidamente capilarizar, atingindo mais regiões do que nós temos hoje na cidade de São Paulo.” A prefeitura estima que, na primeira etapa do credenciamento, 10 mil bicicletas já sejam disponibilizadas para a população.

O novo sistema também deverá ter maior conexão com a rede cicloviária. “Essa gestão tem o compromisso de aumentar a utilidade da rede cicloviária que está bem posta na cidade. Para isso nós vamos prestigiar a colocação de estações ou de bicicletas próximas à rede cicloviária”, diz Avelleda.

“40% das viagens de carro são feitas em distâncias inferiores a 2,5 km. Isso é meia hora de caminhada ou 10 minutos de bicicleta”, ressalta o secretário. Se parte dessas pessoas adotar a bicicleta, teremos grande ganho para a cidade como um todo, com redução de congestionamentos, poluição e mortes no trânsito.

Periferia

A prioridade, segundo o secretário, será para as regiões mais carentes, onde há uma grande demanda de viagens por bicicleta, para que sejam beneficiadas o mais rápido possível.

Nos terminais de transporte público afastados do centro, a prefeitura pretende oferecer a possibilidade de levar a bicicleta para casa no final do dia, devolvendo na manhã seguinte, incentivando que o cidadão a utilize para ir de casa ao terminal de ônibus ou estação de trem.

Operadores que não se conversam

Apesar das novidades, uma das maiores expectativas dos usuários de bicicletas compartilhadas em São Paulo pode não se concretizar: a interoperabilidade, com bicicletas e estações de diferentes operadoras conversando entre si, de forma a termos, na prática, um único grande sistema com diversas bandeiras. Isso porque o decreto não exige essa interoperabilidade, apenas diz que haverá um “estímulo”, sem detalhar qual seria.

Bicicleta compartilhada em sistema dockless em Nijmegen, na Holanda: sem estação. Foto: Willian Cruz

Regras

O decreto ainda é bastante vago. O detalhamento das regras será feito pelo CMUV. Mas Avelleda já indicou alguns pontos durante a coletiva de imprensa: haverá a obrigatoriedade, por exemplo, de fornecer informações sobre as viagens, que serão utilizadas para projetar a expansão da malha cicloviária.

“Vamos exigir de todos que compartilhem os dados com a prefeitura. Queremos saber os dados de origem e destino dessas viagens, duração dos trajetos, avaliação dos serviços prestados e outras informações, respeitando sempre a privacidade do usuário”, conta o secretário. Essas informações sobre onde e como as pessoas estão usando as bicicletas serão utilizadas para “dirigir a construção da estrutura cicloviária para onde há maior demanda, priorizando os investimentos”. Haverá controle sobre a qualidade do serviço, com penalidades para eventuais descumprimentos, como multa, suspensão e até descredenciamento.

Mas outros detalhes, como por exemplo as regras de distribuição geográfica, ainda não foram definidos, bem como adensamento (distância entre estações), formas de pagamento, interoperabilidade e se o uso do Bilhete Único continuará sendo apenas para liberação ou para pagamento de fato.

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