Arte: Vá de Bike / Fonte: pesquisa Tembici

Com mais ciclovias, mulheres pedalariam muito mais

Pesquisa reforça que um dos maiores incentivos para que elas pedalem é a presença de estrutura cicloviária

Já mostramos aqui no Vá de Bike os principais motivos que ainda afastam as mulheres do uso cotidiano da bike. E uma nova pesquisa, feita entre usuárias de bicicletas compartilhadas, reforça que um dos maiores incentivos para que elas pedalem é a construção de estruturas de proteção à vida: ciclovias e ciclofaixas.

Mais ciclovias, por favor

A Tembici, empresa que opera sistemas de compartilhamento de bicicletas no Brasil e em outros países, realizou essa pesquisa entre a última semana de fevereiro e primeira de março de 2021. As respostas foram coletadas de forma online, em um questionário enviado a usuárias do projeto Bike Itaú, as famosas laranjinhas.

87% da entrevistadas se sentem mais motivadas a pedalar com ciclovias em seus trajetos

“Os investimentos dos poderes públicos em relação à micromobilidade têm impacto direto nos padrões de viagem das mulheres. 44% das respondentes da pesquisa disseram que acham boa a infraestrutura cicloviária em suas cidades, mas que veem muito potencial de melhorias e mais de 87% se sentem motivadas a pedalar com a disposição de ciclovias em seus trajetos. 54% delas afirmaram que deixariam de usar de vez outros meios de transporte pela bicicleta, se a situação viária melhorasse”, comenta Carolina Rivas, diretora que está à frente do Comitê de Diversidade e Inclusão e da área de ESG da Tembici.

54% trocariam outros modais pela bike se houvesse mais segurança viária

Saúde física e mental

A pesquisa mostrou também que a saúde física e mental é um fator decisivo importante entre as mulheres. No levantamento, mais de 72% das usuárias declaram ter percebido melhora em seu dia a dia quando passaram a pedalar e 80% se sentem mais livres e independentes.

80% se sentem mais livres e independentes com a bicicleta

Dentre os principais fatores para pedalar, 27% delas destacam, prioritariamente, a importância de ter uma vida mais saudável. Na sequência, os motivadores são considerar o modal um transporte mais rápido e prático (19%) e por ser sustentável (16%).

72% percebem que pedalar melhora seu dia a dia

Segurança viária

Rivas defende que para democratizar e pluralizar ainda mais o acesso às bicicletas é preciso resolver as questões de infraestrutura das cidades, que ainda priorizam o uso do automóvel. A executiva também afirma que é necessário um olhar atento para as questões de segurança no trânsito, onde o maior sempre deve ter o papel de proteger o menor – regra prevista inclusive no Código de Trânsito Brasileiro (Art. 29, § 2º).

Arte: Vá de Bike / Fonte: pesquisa Tembici

Contagens de ciclistas confirmam

O resultado dessa pesquisa não reflete um simples desejo idílico de uma vida mais saudável. Contagens de ciclistas feitas pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) mostram aumento da proporção de mulheres pedalando após implantação de infraestrutura de proteção.

Na avenida Eliseu de Almeida, em São Paulo, o tráfego intenso, agressivo e com veículos pesados causava mortes constantes de ciclistas. Em 2010, apenas nove mulheres passaram pela avenida durante uma contagem feita pela associação, que registrou os ciclistas que passaram de manhã até a noite, durante 14 horas de um dia útil.

Mas a implantação de uma ciclovia, iniciada em 2013, trouxe segurança para o local – e as mulheres apareceram. Em 2016, em contagem feita com a mesma duração, nos mesmos horários e também em um dia útil, foram registradas 199 mulheres pedalando! As contagens de ciclistas mostraram que a quantidade de mulheres usando a bicicleta aumentou 2.211%, enquanto o restante do fluxo de pessoas subiu 292% no mesmo período.

Esse aumento também aconteceu em outros locais onde ciclovias foram implantadas na cidade, como na Rua da Consolação. Em locais com boa estrutura e maior segurança viária, como na avenida Faria Lima, as mulheres chegam a representar 20% do fluxo, enquanto em regiões periféricas ficam entre 2 e 3%.

Ciclista aguarda abertura de semáforo para cruzar a avenida Faria Lima: estrutura de proteção incentiva mulheres a aderirem às pedaladas. Foto: Willian Cruz/Vá de Bike

Vídeo

Preparamos um vídeo no nosso canal explicando os diversos motivos que ainda afastam as mulheres da pedalada. Assista aqui e dê aquela força pra gente, inscrevendo-se no nosso canal! 😉

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