Jady Malavazzi paraciclismo handbike estrada

Jady Malavazzi brilhou na categoria Handbike. Foto: Douglas Magno/CPB

Com 10 medalhas e 2 recordes, paraciclismo brasileiro fez história no Parapan de Santiago

Veja fotos, tabela final de medalhas, recordes superados no paraciclismo e os depoimentos dos atletas que fizeram história no Parapan de Santiago 2023

No encerramento das competições de Paraciclismo nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, a delegação brasileira alcançou uma performance impressionante, conquistando três medalhas nas provas de resistência em estrada realizadas neste domingo (26).

Ao longo dos dias de competição, os atletas brasileiros exibiram determinação e superação, encerrando sua participação com uma campanha histórica, totalizando 10 medalhas, sendo cinco ouros, três pratas e dois bronzes. Essa impressionante performance consolida o Brasil como uma potência no paraciclismo, posicionando-se entre os melhores do continente.

Lauro Chaman paraciclismo pista
Lauro Chaman foi um dos grandes destaques da seleção brasileira de paraciclismo. Foto: Miriam Jeske/CPB

Bianca Garcia e Nicolle Borges (pilota), 4 medalhas na Tandem

Na categoria Tandem feminino, a dupla formada pela paulista Bianca Garcia e pela pilota paranaense Nicolle Borges brilhou ao conquistar a medalha de ouro. Para isso, tiveram que superar as duas duplas argentinas, que ficaram com a segunda e terceira colocações.

“Foi muito emocionante fazer essa prova, mais essa conquista, graças a Deus deu tudo certo, conseguimos o primeiro lugar. Treinamos muito para isso, a prova estava bem complicada, mas deu tudo certo no final”, disse Bianca Garcia, 27, atleta com deficiência visual, por ter nascido com retinose pigmentar.

“Tínhamos que pensar muito, ter aquele sangue frio no meio porque a gente estava contra as argentinas, só nós contra duas [duplas] argentinas, mas deu certo. No final conseguimos deixar uma para trás, a outra veio para a chegada com a gente, mas deu tudo certo e a gente conseguiu levar mais uma medalha para o Brasil”, acrescentou a pilota Nicolle Borges, 25.

Nos dias anteriores, as atletas já haviam conseguido uma medalha de bronze na prova de 1km contrarrelógio e outro bronze na perseguição individual, ambos no ciclismo de pista (velódromo), além de mais um ouro no contrarrelógio estrada. Ou seja, em TODAS as competições em que participaram, essas mulheres subiram ao pódio. Sem dúvida nenhuma, motivo de muito orgulho para o ciclismo brasileiro!

Bianca Garcia e Nicolle Borges medalha de ouro paraciclismo estrada
Bianca Garcia e Nicolle Borges subiram ao pódio em todas as disputas que participaram. Foto: Douglas Magno/CPB

Jady Malavazzi, 2 medalhas na Handbike

Outro feito notável veio com a atleta paranaense Jady Malavazzi, que assegurou a medalha de ouro na categoria Handbike WH2-5. Com uma execução técnica impecável, Jady demonstrou seu talento ao superar as americanas Sophia Brim e Ruth Rollman, que levaram a prata e o bronze, respectivamente. Foi a segunda medalha de Jady, que no domingo anterior garantiu a prata no contrarrelógio estrada.

“Era um grande objetivo, um grande sonho. Em uma prova pode acontecer muitas coisas, mas eu vim com tudo e fico feliz demais de voltar para casa com as minhas duas filhas [as medalhas de ouro e prata]. Elas vão para a minha equipe com certeza, é muita gente trabalhando, eu sou a pessoa que está lá, mas tem um monte de gente por trás disso”, disse Jady Malavazzi, 29, que perdeu o movimento das pernas aos 13 anos de idade, depois de um acidente de carro.

Jady Malavazzi medalha ouro parapan paraciclismo handbike
Jady Malavazzi, com a medalha ouro da prova de rua. Foto: Douglas Magno/CPB

Lauro Chaman, 3 medalhas e recorde

Na categoria MC4-5, o ciclista Lauro Chaman também deixou sua marca ao voltar ao pódio com a medalha de prata. Após uma longa fuga ao lado do colombiano Andres Vargas, vencedor da prova, Lauro terminou na segunda colocação, com o dominicano Frank Rodriguez completando o pódio. Lauro soma três medalhas no Parapan de Santiago, com a prata no contrarrelógio estrada e a medalha de ouro na perseguição individual em velódromo – prova em que bateu o recorde continental da modalidade.

“Estou extremamente orgulhoso dessa conquista. É uma honra representar o Brasil e conquistar minha primeira medalha de ouro nesta edição dos Jogos Parapan-Americanos. Além disso, renovar o recorde continental é muito especial para mim”, expressou Lauro após a vitória da sexta-feira.

Lauro Chaman medalha de ouro paraciclismo pista velódromo
Lauro Chaman no degrau mais alto do pódio: novo recorde continental. Foto: Miriam Jeske/CPB

Sabrina Custódia, medalha de ouro e recorde

Sabrina Custódia foi outra medalhista – e recordista – brasileira no paraciclismo, escrevendo seu nome na história do Parapan. Na quinta-feira, sua atuação perfeita rendeu a medalha de ouro no 500m contrarrelógio do ciclismo de pista, registrando um novo recorde parapan-americano para a modalidade.

“Estou muito feliz com essa conquista, é até difícil de acreditar. É o resultado de meses de treinamento árduo e dedicação. Quero dedicar essa medalha à minha família e a todos da equipe do Paraciclismo do Brasil que está aqui em Santiago tornando possível esses resultados”, declarou Sabrina emocionada após o recorde na quinta-feira.

Sabrina Custódia medalha de ouro paraciclismo pista e recorde parapanamericano
Sabrina Custódia, emocionada com a medalha de ouro e a quebra do recorde parapan-americano. Foto: Saulo Cruz/CPB

Paraciclismo do Brasil superou campanha de Lima 2019

Toda a delegação brasileira de paraciclismo atuou com muita garra de determinação, superando limites e sendo motivo de orgulho para nosso país. Para Edilson Rocha “Tubiba”, Coordenador do Paraciclismo na CBC, o espírito de equipe e o planejamento técnico foram fundamentais para alcançar esse resultado histórico no Parapan de Santiago.

“Além das conquistas individuais, a força coletiva da equipe brasileira foi evidente durante todo o torneio. Os atletas se apoiaram mutuamente, encorajando e motivando uns aos outros a darem o seu melhor a cada prova. Essa união e espírito de equipe foram fundamentais para o sucesso alcançado. Essa campanha histórica serve de combustível para continuarmos trabalhando duro pensando em Paris 2024”, afirmou “Tubiba”.

A participação do Brasil no Paraciclismo dos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023 foi marcada não apenas por símbolos de excelência esportiva, mas também representa uma fonte de inspiração e motivação para futuros atletas. Dessa forma, o Brasil mostra ao mundo a força e o talento de seus paraciclistas, deixando um legado duradouro para a modalidade.

Bianca Garcia e Nicolle Borges paraciclismo estrada
Bianca Garcia e Nicolle Borges durante a prova do domingo, seguidas de perto pelas argentinas. Foto: Douglas Magno/CPB

Tabela de medalhas do paraciclismo brasileiro no Parapan Santiago 2023

Ouro
Bianca Garcia – Contrarrelógio B
Sabrina Custódia – 5500m contra-relógio C1-5
Lauro Chaman – 4000m perseguição C4-5
Jady Malavazzi – Estrada H3-5
Bianca Garcia – Estrada B
Prata
Lauro Chaman – Contrarrelógio C5
Jady Malavazzi – Contrarrelógio H3
Lauro Chaman – Estrada C4-5
Bronze
Bianca Garcia – 1000m contrarrelógio B
Bianca Garcia – 3000m perseguição B

Brasil fez melhor campanha da história do Parapan

A delegação brasileira encerrou sua participação nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago com a melhor campanha da história, somando 343 medalhas no total, sendo 156 ouros, 98 pratas e 89 bronzes. Os Estados Unidos ficaram em segundo lugar (55 ouros, 58 pratas e 53 bronzes), seguidos pela Colômbia (50 ouros, 58 pratas e 53 bronzes). Tivemos quase o triplo de medalhas de ouro que o segundo colocado e mais do que a soma dos 2º, 3º e 4º colocados (EUA com 55, Colômbia com 50 e México com 29). Veja o resultado completo.

Essa conquista supera a campanha registrada nos Jogos de Lima, quando o Brasil subiu 308 vezes ao pódio, com 124 medalhas de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. Desde o Parapan do Rio 2007, o Brasil termina sempre no topo do quadro de medalhas, consolidando-se como uma verdadeira potência nos Jogos Parapan-Americanos.

Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), expressou sua admiração pelo desempenho dos atletas brasileiros. “O resultado foi extraordinário. Sabíamos que era um grande desafio fazer uma campanha melhor que Lima, mas nossa delegação superou todas as marcas de todos os tempos. Tivemos uma participação muito importante nos Jogos, com atletas jovens, 40% deles disputaram a competição pela primeira vez. Mais de 100 medalhas foram conquistadas por jovens”, declarou.

“Realmente uma competição espetacular. Saímos daqui muito orgulhosos e muito emocionados com esse feito extraordinário dos nossos grandes atletas”, completou Conrado, que além de comandar o CPB já foi bicampeão paralímpico de futebol de cegos e eleito melhor jogador do mundo na modalidade em 1998.

A próxima edição dos Jogos Parapan-Americanos será em Barranquila, na Colômbia, em 2027. E no ano que vem, teremos os Jogos Paralímpicos de Paris, de 28 de agosto a 8 de setembro de 2024.
Sabrina Custódia e Amanda Antunes paraciclismo estrada
As paraciclistas Sabrina Custódia (esq) e Amanda Antunes, pedalando bravamente na disputa do último dia. Foto: Douglas Magno/CPB

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