Ciclovia em Vancouver, no Canadá. Foto: Paul Krueger/CC BY 2.0

Implantação de ciclovias causa polêmica com lojistas também em Vancouver

Dados mostram que ciclovias beneficiam o comércio, mas ainda há lojistas que resistem às mudanças, em vez de se adaptar e lucrar com elas.

Ciclovia em Vancouver, no Canadá. Foto: Paul Krueger/CC BY 2.0
Ciclovia em Vancouver, no Canadá. Foto: Paul Krueger/CC BY 2.0

O poder público toma a decisão de construir uma ciclovia, em uma avenida de grande circulação, e parte do comércio se volta contra o projeto. Não estamos falando de São Paulo, mas sim de Vancouver, no Canadá, onde a administração da cidade tem planos de implantar 12 rotas para bicicletas, além de reformar a rede existente, com a justificativa de um aumento de 16% no número de viagens no último ano, de acordo com publicação do site Vancouver Sun.

Entre as vias que serão contempladas com a política pública está a Commercial Drive, onde a insatisfação é maior: uma pesquisa realizada com 650 comerciantes locais apontou que 83,5% dos empresários são contrários à implantação da nova ciclovia. Um dos argumentos seria a retirada das vagas de estacionamento. “A perda de estacionamento poderia ter um efeito contrário sobre a viabilidade econômica das empresas”, disse o CEO da Commercial Drive Business Improvement Society, Nick Pogor, responsável pela pesquisa com os lojistas. Vale lembrar que a “perda” é subjetiva, já que a área de estacionamento sempre foi área pública e espaço viário – portanto, com objetivo primário de circulação.

Por outro lado, a cidade viu nos últimos anos aumentar o número de pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte. Segundo artigo do ArchDaily, entre 2008 e 2011 as viagens de bike em Vancouver cresceram 40%. E essas pessoas também compram.

Seja no Canadá, no Brasil ou em qualquer outro local onde se discuta a implantação de ciclovias, sempre há quem discorde. Mas há também quem defenda o modo ativo de transporte. É o caso de Janette Sadik-Khan, que participou de uma debate na cidade, segundo publicação do CBC news. Janette foi atuante no governo do ex-prefeito de Nova York,  Michael Bloomberg, gestão que promoveu a construção de 600 quilômetros de vias para as bicicletas. “O resultado foi que nenhuma das previsões [pessimistas] se tornaram realidade, e agora a maioria dos nova-iorquinos aprovam as ciclovias”, contou Janette.

Reformulação de ruas em Nova York incluiu mais espaço para pedestres e ciclistas, e redução de velocidade para automóveis. Imagem: Loozrboy(cc)
Reformulação de ruas em Nova York incluiu mais espaço para pedestres e ciclistas, e redução de velocidade para automóveis. Imagem: Loozrboy(cc)

Nova York

Não é por acaso que a atuante no projeto de Nova York citou a cidade mais populosa dos Estados Unidos. Por lá, após a implantação da rede cicloviária, uma pesquisa do Departamento de Transportes apontou aumento no número de vendas das lojas no entorno das vias, como mostrou o Vá de Bike em fevereiro de 2015.

Na Nona Avenida o aumento de transações foi da ordem de 49%. Na avenida Vanderbilt o crescimento bateu os 102% no volume de vendas, enquanto na região o volume máximo atingido foi de 18%.

Esse tema também já foi debatido em São Paulo. Em outubro de 2015, a Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) lançou o Manual Bicicleta e Comércio, tomando como exemplo a cidade norte-americana. O SEBRAE também tem uma cartilha que esclarece aos comerciantes como receber bem os ciclistas – e lucrar com eles.

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