Por que há ciclistas que andam no meio da rua?
Entenda por que ocupar a faixa de rolamento é uma conduta importante, recomendada por órgãos de trânsito e regra oficial em cidades do exterior.
O compartilhamento da via é uma das principais soluções para integrar as bicicletas ao trânsito. Onde não houver ciclovia ou ciclofaixa, sempre recomendamos aqui no Vá de Bike que os ciclistas ocupem a faixa de rolamento. Mas nem sempre esse procedimento é compreendido pelos motoristas – e até mesmo por alguns ciclistas.
Veja como exemplo o comentário postado por um leitor, que se identifica apenas como Paulo:
“Ok. Também ando de bike, mas cicloativistas como qualquer outro ativista exigem respeito mas não respeitam… 1,5m eu acho muita distância, principalmente levando em consideração que os ciclistas ultrapassam nossos carros a 10 20cm e andam na esquerda da pista e seguram o trânsito a 20 ou 30 por hora. Se ficassem na direita da faixa a ultrapassagem seria possível. mas ficam na esquerda [da faixa] obrigando os carros a ultrapassarem pela contramão se não quiserem andar a 20km/h. Respeito ciclistas. Detesto ciclo ativistas que se acham donos da rua.” (sic)
Paulo explicita, de forma rude, sua opinião de que as pessoas deveriam pedalar junto à sarjeta, para que os carros pudessem passar na mesma faixa onde o ciclista está. Dessa forma, ele “não atrapalharia o trânsito”.
Essa opinião é comum, derivada da ideia de que as ruas seriam feitas para os carros, não para o deslocamento de pessoas. Por essa ótica, as bicicletas seriam intrusas, podendo usar as vias apenas quando não interferirem na circulação dos automóveis. Ou seja: ocupar a faixa com a bicicleta seria um desrespeito a quem está de carro. Alguns chegam a afirmar que as bicicletas deveriam usar a calçada, para não atrapalhar os carros.
Mas por que ocupar a faixa?
É muito mais seguro para o ciclista ocupar a faixa, pois isso força os motoristas que não aceitam cumprir o 1,5 m a mudarem de faixa para fazer a ultrapassagem. Pedalando sobre a sarjeta, o ciclista acaba vítima de motoristas que acham 1,5 m muita distância e insistem em passar quase raspando.
Melhor um motorista mal educado que buzina e xinga, pensando que é o ciclista quem se acha o dono da rua (mesmo que esteja compartilhando a via em vez exigir exclusividade), do que o mesmo motorista mal educado passando a 10 cm do guidão – pensando que “tem espaço, acho que dá” – e derrubando o ciclista que teve que desviar de uma grelha aberta na sarjeta.
Motorista, ultrapasse com segurança
Quando há um caminhão ou ônibus trafegando devagar, os motoristas aguardam um momento seguro, mudam de pista e ultrapassam. O mesmo deve ser feito com a bicicleta. Basta entender que ela também é um veículo, tem o mesmo direito de circulação que os demais e possui sua limitação de velocidade, que precisa ser compreendida e aceita.
Mude de pista quando for seguro e ultrapasse a uma distância adequada, sem colocar em risco o ciclista. Você sabe fazer isso. Se não der para ultrapassar, é só aguardar. Sua pressa não vale uma vida, uma perna ou um braço de alguém.
E por mais que um ciclista ou pedestre esteja errado, nunca, mas nunca mesmo ameace sua vida com o carro para lhe dar uma lição. Algo pode dar errado e você terá que carregar consigo para sempre o peso de ter matado ou mutilado alguém, destruindo a vida dessa pessoa e de sua família.
Sarjeta não é lugar de bicicleta. Rua sim.
Ciclista, ocupe a faixa para se manter mais seguro – e seja gentil com os motoristas.
Motorista, compartilhe a via, aceitando a presença da bicicleta. As ruas são de todos.
Por que 1,5m e como fazer para respeitá-lo
Quem utiliza a bicicleta nas ruas diariamente – não apenas em parques, ciclovias e Ciclofaixas de Lazer – percebe claramente que 1,5 m é uma distância importante para não haver contato caso o ciclista se desequilibre, precise desviar de um buraco, de um desnível do asfalto ou de alguém que começa a atravessar a rua sem olhar.
Quem pedala nas ruas também sabe que nem sempre é possível manter uma trajetória continuamente reta e previsível, principalmente em nossas vias esburacadas, com asfalto irregular, caçambas estacionadas, motoristas abrindo a porta do carro sem olhar e carros saindo de garagens e esquinas sem se preocupar com pessoas que estejam passando.
A lei do 1,5 m (art. 201 do CTB) visa acima de tudo a segurança viária. Essa distância não foi tirada da cartola: nos exemplos do parágrafo acima, frear poderia significar uma queda – que também precisa do 1,5 m de segurança para não se transformar em tragédia.
Para ilustrar, algumas pessoas afirmam que Antônio Bertolucci, morto em junho de 2011 em São Paulo, caiu sozinho de sua bicicleta e por isso foi atropelado pelo ônibus que o matou. Seria dele, portanto, a culpa por sua própria morte. Mas ainda que isso fosse verdade e que ele tivesse desequilibrado do nada e caído sozinho, se o motorista tivesse guardado a distância de 1,5 m Antônio continuaria comprando seus pãezinhos com a bicicleta, todas as manhãs.
E como conseguir essa distância?
Sabemos que, para quem está no carro, nem sempre é possível avaliar a distância do ciclista. Mas conseguir esse metro e meio é, na verdade, algo bem simples: basta mudar de faixa, como haveria de ser feito com qualquer outro veículo lento, como um caminhão carregado, por exemplo.
Bicicletas têm uma limitação óbvia de velocidade, que precisa ser compreendida e respeitada. A aceleração da bicicleta não é como a do carro, em que basta engatar outra marcha e pisar num pedal sem fazer esforço.
Mas…
– E quando não há espaço para a ultrapassagem, por só ser uma via de mão dupla com uma única faixa em cada sentido?
– E se a rua for de mão única, com carros estacionados, de forma que não caberiam o carro e a bicicleta lado a lado com 1,5m entre eles?
Para responder a essas perguntas, imagine que na sua frente há um carro andando devagar, um caminhão, um ônibus ou outro veículo qualquer ocupando o espaço adiante. Como você faria a ultrapassagem? Seria obrigado a esperar? A resposta está aí, a situação é a mesma.
Tire de sua cabeça esse preconceito de que a bicicleta tem menos direito de ocupar a rua e que por isso “atrapalha” por circular devagar. Ela circula na velocidade que lhe é inerente, como um caminhão carregado ou um trator que esteja se deslocando na via. Tenha paciência.
E os ciclistas no corredor?
O leitor Paulo ainda comenta que os ciclistas ultrapassam seu carro “a 10-20 cm de distância”. Bem, provavelmente isso acontece quando o carro está parado (afinal, o mesmo comentário diz que bicicletas circulam a 20km/h). Não vejo que risco bicicletas poderiam oferecem a alguém em um carro, ao ultrapassá-lo quando parado ou em velocidade inferior a 20 km/h.
Poderíamos usar a mesma argumentação desse comentário e dizer que um carro parado ocupando a faixa “obriga as bicicletas a ultrapassarem a 10-20 cm se não quiserem ficar paradas”. Poderíamos também dizer que “respeitamos motoristas que não congestionam”, mas “detestamos quem faz isso”, generalizando-os como “carroativistas que se acham donos da rua”. Mas não seria muito justo, não é?
É melhor compreendermos por que razões um carro fica parado ocupando a faixa toda, muitas vezes por longos minutos, até conseguir se mover por 3 ou 4 metros e parar novamente. Melhor ultrapassá-lo com tranquilidade e ir embora do que começar a gritar para que o motorista saia da frente porque está atrapalhando ali parado, como muitos que dirigem costumam fazer com os ciclistas que estão em movimento.
Quando os carros estão parados, o ciclista tem todo o direito de ultrapassá-los pelo corredor. Tem esse direito até mesmo nos casos em que outros veículos não podem fazê-lo, como em uma interdição temporária da via ou uma fila de balsa (art. 211 do Código de Trânsito). E, desde que haja espaço adequado para isso e os carros não estejam em movimento, não estará se colocando em risco ao fazê-lo. Também não colocará em risco nenhum motorista, afinal é um pouco difícil derrubar um carro com o guidão de uma bicicleta.
Mas o ciclista deve ficar atento ao sinal que vai abrir e ao movimento dos carros adiante. Quando perceber que os carros começarão a se mover, deve sair do corredor e voltar a ocupar a faixa, para sua própria segurança. Sempre pedindo espaço e agradecendo a gentileza com um sorriso. Os bons motoristas compreenderão sua atitude.
Ok, mas está errado andar na faixa da esquerda segurando o trânsito.
A faixa da direita é para o trânsito mais rápido, e ponto final. Além disso, isso força ultrapassagens dos motoristas pela direita, o que também não é permitido.
Não é mais seguro nem para nós, nem para os carros, e ainda faz com que sejamos vistos como “folgados e donos da rua”, o que não ajuda em nada a nossa causa.
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“deve ficar atento ao sinal que vai abrir e ao movimento dos carros adiante. Quando perceber que os carros começarão a se mover, deve sair do corredor e voltar a ocupar a faixa,”
deve sair sim quanto antes melhor.. prever é muito melhor.. já fiquei perdida no corredor num trânsito rápido e quem me deu guarida para voltar foi um motorista de ônibus que fiz contato e pedi para ele me dar cobertura ele entendeu. Por isso sinais que não conheço o tempo, prefiro não arriscar entrar no “bolo”.
Quanto aos maus ciclistas que andam a toda e avançam sinais, uma hora vamos educá-los, mas não podemos odiar a todos porque algumas pessoas são mal educadas. Eu amo os motoristas de ônibus, apesar de alguns serem mal educados, graças a Deus, a maioria que topei eram gentis.
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Bom a solução pra tudo isso é mais simples do que parece, basta o poder público responsável pela mobilidade urbana, pintar uma ciclofaixa a direita de cada via delimitando dessa forma o espaço para ciclistas entre a calçada e o estacionamento, inclusive poderiam colocar um meio fio para que motoristas não pudessem estacionar na ciclo faixa.
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mas por quê a maioria das ciclovias são feitas ao lado da calçada?
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São ao lado, não grudadas. Se vc não ocupar pelo menos um terço da faixa quando estiver pedalando o motorista vai achar que o carro dele cabe entre vc e o carro da faixa ao lado e vai tentar passar nesse espacinho. Quando perceber que não dá, em vez de arranhar o carro dele e o que está ao lado vai escolher jogá-lo sobre a bicicleta…
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Gosto muito das suas publicações Marcos
Mas infelizmente isto é cultural , enqto a impunidade houver e a legislação de transito não tiver uma punição severa , a forma mais fácil de matar outro ser continua sendo atropelar , quero ver o dia que for o neto de um politico , ou filho de slgum senador ou o proprio
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Eu tenho medo de andar de bicicleta no trânsito. Sinto-me em perigo. Mas, quando eu estou a conduzir e tem alguém com bicicleta procuro ser cuidadosa. Ultrapasso quando vejo que posso e a uma grande distância que é para não tocar. E derrubar a pessoa. Eu faço isso por instinto. Porque, se eu não fizer e errar a pessoa não tem chance. O carro vai fazer estrago mesmo. É preciso respeitar sempre.
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Olá!
Sou Autor do website 3ATHLON NA VEIA.
Estamos divulgando (linkando) este seu texto em nosso website, por ser de interesse para a nossa comunidade de atletas e por ser altamente relacionado ao nosso post sobre Ciclismo e Segurança.
Veja por favor:
http://www.3athlonnaveia.com.br/2013/05/excelente-texto-sobre-ciclismo-e.html
http://www.3athlonnaveia.com.br/2012/04/licoes-importantes-sobre-seguranca-no.html
Abraço!
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vou imprimir este texto e distribuir quando um motorista vier me dar lição de moral porque não estou ‘no cantinho onde é mais seguro’. isso sempre acontece, já nem tento mais explicar…
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EU VOU DE BIKE PARA O TRABALHO TODO DIA, E SEMPRE QUE TEM UMA FAIXA DE ROLAMENTO NAO PENSO DUAS VEZES ….. VOU NA FE, OS MAIS F..DA P. SAO OS MOTORISTAS DE ONIBUS ALEM DE TIRAREM FINO DAS BIKES NOS COLOCAM EN XEQUE, ENTRE O MEIO FIO E A LATARIA DE “SEUS VEICULOS ” FORA AS FECHADAS….. TE ULTRAPASSAM PRA TE FECHAR LOGO NA FRENTE PARANDO BRUSCAMENTE ….QUE ODIO , POVO SEM EDUCAÇAO , QUANDO ATROPELAM UM CICLISTA AINDA TEM A CARA DE PAU DE FALAR QUE NAO VIU…. SE FICASEM PRESO UNS 20 ANOS QUANDO FIZESEM UMA MERDA DESSA ….IAM PENSAR DUAS VEZES . o brasil esta longe de se tornar 1º mundo . pais de GOVERNANTES HIPÓCRITASSSSSSSSSSSSSSS VAO SE FU…………..
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Eu preferiria andar de bicicleta a carro, se só houvesse bicicletas…..acho muito arriscado. Os maiores não respeitam os menores, já fico com medo dentro do meu compacto.
Mas uma questão não levantada é o pagamento de impostos, IPVA, DPVAT que dá o direito aos veiculos motorizados utilizarem o rolamento. Os ciclistas não contribuem para usar o meio da via, assim como os pedestres, mas esses usam a calçada. Melhor mesmo seria ciclofaixas protegidas.
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Eu não consigo acreditar que estou lendo essa sua tolice em 2013… Pelo jeito você é nova por aqui, e acabou de chegar do mundo da fantasia motorizada. Está mais do que explicado aqui e em outros posts do vadebike, mas aqui vai mais uma vez: o IPVA não é imposto sobre uso das ruas! A sigla significa “Propriedade de Veículos Automotores”. O IPVA também não garante direito nenhum sobre as vias.
Os impostos não têm destinação específica. E o DPVAT é uma taxa que serve para prover indenizações para acidentados no trânsito.
Sua ignorância a respeito de fatos tão simples seria só ridícula, mas é também muito triste porque é perigosa para as pessoas que estejam fora de um carro. Pessoas como você se sentem com direitos superiores, porque afinal acham que estão pagando para usar as ruas que os outros usam “de graça”. Gente com esse tipo de conceito arraigado atropela com a justificativa de que o outro não deveria estar ali.
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Cara, suas informações são preciosíssimas, principalmente porque esclarece ignorâncias (ou tolices) habituais e correntes que confundem os espaços público e privado. Mas sinto dizer… Sinto dizer que a preciosidade dessas informações talvez tenham perdido todo brilho e valor com o jeito que você escolheu informar, com essa seu jeito “superior” de abordagem, sem o mínimo tato, atropelando sua interlocutora.
Em suma… Cara, ridícula e tristemente você acabou por neutralizar a chance de começar a desfantasiar uma motorizada, empurrando-a pra mais perto ainda do pesadelo da mobilidade única e, portanto, pra mais longe ainda do sonho possível da mobilidade plural.
Valeu.
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http://vadebike.org/2011/06/impostos-e-obrigatoriedades-para-ciclistas/
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Ah, aí gostei, Rosana, curta e (não naquela arrogância subjetiva, mas objetivamente) grossa…rs.
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Olá,
Sou ciclista e achei bacana o texto, só acho desnecessário dizer que o cara foi rude. O primeiro parágrafo após o comentário do Paulo está cheio de expressões tendenciosas, e acredito que o site seja justamente para informar e ajudar aos motoristas entenderem nosso lado! Acredito que o pessoal que “segura” o trânsito sejam ciclistas iniciantes, eu mesma acabei ficando com medo na rua, do lado direito e indo devagar. E existe sim, pessoas como o Paulo descreve que “ultrapassam nossos carros a 10 20cm, para poder ficar na frente e andam na esquerda da pista e seguram o trânsito a 20 ou 30 por hora. Mas estes não são ciclistas, são meras pessoas sem o minimo respeito pela sua propria vida e pelos outros.
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A faixa de pedestres é uma invenção muito mais recente que o carro, existe apenas para remendar os defeitos do nosso sistema rodoviarista de transporte. É, na verdade, uma monstruosidade que se faz necessária, ela obriga o pedestre a caminhar mais para garantir sua própria segurança frente a ameaça causada pelos automóveis.
Se o pedestre for cauteloso, tem TODO o direito de atravessar onde bem entender, carros, ônibus e bicicletas devem permitir sua passagem, restringir a mobilidade do pedestre é prejudicar quem menos deve ser prejudicado.
O ciclista também não deve ter sua mobilidade prejudicada, desde que dê passagem ao pedestre. Parar obrigatóriamente no farol? discordo! Do meu ponto de vista o ciclista deve reduzir sua velocidade ao se aproximar de um farol fechado, analisar a situação e optar, consciente e cautelosamente, por parar ou seguir padalando… assim como o pedestre deve optar se atravessa a rua ou não.
É uma hipocrisia querer exigir do ciclista a do pedestre (categorias muito próximas) as mesmas regras de trânsito do automóvel.
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A propósito, não sou barata e não ando na sarjeta.
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Rodrigo, você está enganado. Carro não é o principal meio de transporte no país. Segundo dados oficiais, disponibilizados neste mesmo site em algum outro post, só cerca de 30% das pessoas usam carro, 70% usa transporte público. Portanto, toda a sua premissa está errada, e as ruas, são sim para ser compartilhadas por todos, motos, carros, ônibus, caminhões, charretes e bicicletas.
Não importa para que veículo foram projetadas, o que vale é o código de trânsito. Ouso dizer que muitas das ruas atuais foram na realidade projetadas para pedestres, já que foram traçadas sobre rotas naturais como as grandes avenidas, que quase invariavelmente acompanham o trajeto de rios. Se depois resolveram asfaltar, são outros quinhentos.
As ruas são historicamente e legalmente de todos, e vou usá-las independentemente de você ou qualquer outro pensar que sou eu quem está parando o trânsito.
Na minha experiência, quem para o trÂnsito é o carro, não a bicicleta.
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Rodrigo, sem ofensas, você não parece do tipo que rasga dinheiro.
Tendo lido isso há alguns itens dos quais não posso discordar e podemos reforçar, sobre os incentivos dados pelo governo e tal… só que achei forçado demais isso de afirmar que carro é “dono da rua”. Dá na mesma concordar que querosene com groselha faz bem… mesmo achando que estaria sendo grosso e pegando pesado se te zoasse, não existe a menor possibilidade de alguém concordar com essas citações absurdas desse texto aí, veja:
“…Pois aqui vai a notícia ruim: Sim! As ruas foram feitas somente para automóveis…”
“…Veja bem, todo o planejamento urbano foi feito pensando nos carros e não nas motocicletas ou no transporte público ou nas bicicletas…”
Cara, não estamos falando em asfalto não, nem qualquer outra invenção que surgiu depois. Falamos a respeito das vias.. sim, eu disse VIAS.. apenas isso. Não passam de locais de passagens existentes em todo e qualquer vilarejo, povoado ou cidade desde pelo menos 600a.C., não se sabe como surgiram, talvez nos rastros da constante migração das pessoas daquele tempo… por isso o que disse é uma desconformidade.
Como ninguém sabe com exatidão a origem das estradas, quem teve a ideia de melhorá-las as construiu com o propósito de passar sobre elas para chegar mais depressa e em segurança, não importa como, e jamais sonharia em ver dessas jamantas de aço com bancos de couro numa quantidade desproporcional ao de casas e caminhos.. por acaso todos tinham carros naquele tempo?
Falar e fazer crítica é muito mais fácil do que dar a real dos fatos.. isso se torna difícil porque o homem tende a se acomodar por natureza.. física e mentalmente. Não há como negar que é muito mais confortável continuar no gostoso do vício do que admitir que o problema existe. Infelizmente o uso excessivo do carro tem se tornado um câncer. Não queremos eliminá-lo, uma vez que é bastante útil.. a seu tempo, mas mostrar às pessoas que temos alternativas inteligentes, ou conscientes.. como preferir, pra que esse caos estabelecido possa ser solucionado. Tem gente que vai à padaria na esquina da própria rua de carro, só pra não ter que caminhar muito.. isso é consequência da cultura do carro. Como todo excesso, se só existisse,m bicicletas, também seria terrível em outros aspectos, tipo: não ter como remover um doente a um hospital longe, demora de dias para se deslocar entre cidades próximas, etc.
Tem outra, meu.. eu não sou ativista.. a maioria de nós não é ativista e alguns são radicalmente contra a maioria das manifestações, principalmente por serem voltadas para fins inúteis. Mesmo eu não concordando com nenhum tipo de ativismo, pois soa aos ouvidos como espelhamento inconsciente de comunismo, penso que sobre o respeito ao direito de circulação e atendimento ao ciclista qualquer grito de socorro serve pra fazer coro e voltar os olhares da administração pública pra algo evidente que alguns deles tentam encobrir: a carrocracia.
Prefiro mudar meus hábitos do que deixar uma opinião pobre e velha dobrar minhas ideias, quem se deixa conduzir pela cultura do futebol-bunda-cerveja por preguiça não parece estar a altura de votar por mudanças profundas.. é chato saber que ao escolher outras formas de solucionar os próprios problemas de transporte posso ser morto por um carrocrata imbecil, que se acha dono da verdade e que pode matar indiscriminadamente só porque tem um carro e quer usá-lo a todo custo.. imagina essa cena, que coisa ridícula!
Se fosse seu pai, ou filho, ou esposa, ou amigo, debaixo da roda de um caminhão, ônibus ou carro.. seria diferente só porque você ama? Se quando vocês reclamam de maus motoristas, que tiram a vida de outros condutores na estrada, por que razão temos que nos calar ou esconder se matam ciclistas a todo momento?
As leis não foram elaboradas a toa, a vida de quem quer chegar pra ver seus filhos, mas optou pelo pedal, também não ¬¬
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