Preconceito contra ciclistas

Pouco se fala no assunto, mas pessoas em bicicletas sofrem forte preconceito no Brasil. Perigoso e nocivo, ele impede que mais pessoas adotem a bicicleta como meio de transporte.

Quem usa a bicicleta em seus deslocamentos tem sempre alguma história de preconceito, agressão gratuita no trânsito ou recusa de acesso. Arte: Willian Cruz/VdB
Quem usa a bicicleta em seus deslocamentos tem sempre alguma história de preconceito, agressão gratuita no trânsito ou recusa de acesso. Arte: Willian Cruz/VdB
O unidade Jaguaré do Extra, em São Paulo, não queria atender essa gente que anda de bicicleta. Segundo o leitor Adriano, a situação foi resolvida após troca da empresa que administrava o estacionamento. Foto: Fabio Fau

Pouco se fala no assunto, mas pessoas em bicicletas sofrem um forte preconceito no Brasil, sobretudo nas grandes cidades do país.

Para dar um primeiro exemplo, alguns anos atrás o Vá de Bike denunciou a maneira como eram recebidos os ciclistas em um shopping center de São Paulo, dando oportunidade para a empresa se defender e mudar seu atendimento. Um mês depois, nossa repórter Aline Cavalcante voltou ao local para averiguar, mas a situação não havia melhorado muito.

Para ser justo, visitei o local seis meses depois da publicação do primeiro texto, sem que houvesse nenhum problema e nem mesmo cara feia dos seguranças. Talvez a recepção neutra tenha sido porque entrei pedalando bem vestido e com roupas formais (camisa e calça social), mas espero sinceramente que “preconceito às avessas” não seja o motivo para me receberem em bicicleta do mesmo modo que recebem os demais clientes em carros – e isso é tudo que pedimos.

 

Apartheid veicular

Não à toa, quando escrevi sobre o shopping estabeleci uma comparação indireta com a segregação racial que ocorria algumas décadas atrás, nos Estados Unidos e em outros países, através de uma das imagens que ilustrava o texto. De forma similar ao que ocorria naquele contexto, as pessoas que se deslocam em bicicleta são tratadas com forte discriminação nos dias de hoje.

Como cidadãos de segunda classe, ciclistas são impedidos de adentrar garagens de estabelecimentos, de trafegar em rodovias e pontes, de utilizar drive thrus de lanchonetes, de guardar a bicicleta em estacionamentos e, indiretamente, até de entrar em estabelecimentos comerciais (ao serem impedidos, intencionalmente ou não, de estacionar onde automóveis são permitidos).

Há um ótimo artigo do porto-alegrense Enrico Canali que me fez refletir sobre outro ponto desse preconceito: com grande frequência, ciclistas são obrigados a ceder seu lugar de direito na via para que os automóveis passem. Enrico estabelece um paralelo entre a história de Rosa Parks (veja abaixo) e a perseguição institucional ao movimento Massa Crítica. Mas o preconceito vai muito além.

Muitos motoristas nos obrigam, com o tamanho e a periculosidade de seus carros e som insistente de suas buzinas, a literalmente sair da rua para que eles passem. Quantas vezes motoristas raivosos já não quiseram que eu evaporasse da faixa da direita da avenida, imediatamente, para que eles pudessem passar exatamente ali, mesmo quando podiam mudar de faixa para ultrapassar em segurança e sem stress? É uma situação que tem mais semelhanças com o que ocorreu com Rosa do que pode parecer. Acompanhe a seguir.

 

A obrigação de ceder lugar aos brancos…

Rosa Parks sendo presa por não ceder seu lugar a um branco. Imagem: RosaParksFacts.com

Rosa Parks, uma costureira negra de 42 anos, andava de ônibus na cidade de Montgomery, no Alabama. O ano era 1955, época em que o preconceito era vergonhosamente aberto e institucionalizado naquela região dos Estados Unidos. Havia locais que negros não podiam frequentar, banheiros que não podiam usar, serviços que eram prestados exclusivamente a brancos, locais com espaço demarcado para negros. E ambientes onde a preferência era sempre dos brancos presentes, como por exemplo o interior dos ônibus.

Negros deveriam entrar pela porta de trás e sentar-se no fundo. Se todos os assentos do ônibus ficassem ocupados, os negros deveriam se levantar para dar lugar aos brancos que embarcavam pela porta da frente.

Os negros eram obrigados, com constrangimentos ou à força, a abrir mão de seus direitos em favorecimento dos brancos.

Com os assentos todos ocupados e alguns brancos já em pé, o motorista levantou-se para fazer com que os negros cedessem lugar. Rosa Parks era uma das pessoas sentadas. Um rapaz ao seu lado se levantou, mas tudo que ela fez foi passar para o assento junto à janela. O motorista ameaçou chamar a polícia, mas Rosa continuou irredutível, dizendo que não sentia que devesse fazer aquilo. “Eu sabia que alguém tinha que dar o primeiro passo e eu estava determinada a não sair dali. A maneira como éramos tratados não era certa e eu estava cansada disso”, contou Rosa mais tarde, em sua autobiografia.

Apesar da lei vigente dizer que o condutor do veículo poderia estipular assentos de acordo com as características étnicas, ela não obrigava negros a cederem lugar aos brancos. Ainda assim, Rosa Parks foi presa.

… e a obrigação de ceder lugar aos carros

Código de Trânsito Brasileiro
Art. 29, § 2º: Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.
Art. 58: Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

Embora o Código Brasileiro de Trânsito garanta o direito de circulação das bicicletas nas ruas e estradas e a prioridade das bicicletas em relação aos automóveis, muitos motoristas ainda acreditam que a bicicleta deve sempre ceder passagem ao automóvel. Deve sair de sua frente, desaparecer, evaporar dali instantaneamente, liberando o espaço que lhe é de direito para o carro passar. Como o negro que deveria se levantar para que o branco se sentasse.

O resultado disso são as chamadas “finas educativas”, quando motoristas passam propositalmente perto de ciclistas que não cedem seu lugar na via, colocando em risco sua vida a fim de ensiná-los a se comportar direito perto de um carro. Finas educativas foram responsáveis pelas mortes de Márcia Prado, Antônio Bertolucci e muitos outros anônimos.

Há também aqueles que buzinam insistentemente atrás do ciclista, ameaçando passar com o carro em cima caso você não abdique do seu direito de circulação e de sua prioridade no uso da via para alguém que, muitas vezes, nem com pressa está. Saia da frente, um motorista quer passar.

E há, lamentavelmente, aqueles que abrem caminho à força, como o atropelador de ciclistas Ricardo Neis, que não se conformou quando percebeu que a multidão de ciclistas à sua frente não cederia seu lugar de direito para que ele passasse com seu carro. Neis abriu caminho à força em meio a centenas de pessoas, atirando gente para todos os lados e ferindo 17 dos malditos ciclistas que se recusaram a ceder seu lugar.

Os ciclistas são obrigados, com constrangimentos ou à força, a abrir mão de seus direitos em favorecimento de quem está em um carro.

A lei garante não só o direito dos ciclistas como também punições para motoristas que colocarem ciclistas em risco. Em São Paulo, motoristas passaram a ser multados por desrespeito ao ciclista em 2012, mas a fiscalização ainda é sutil em relação à quantidade de agressões diárias e, em outras cidades, raramente acontece. E essa sensação de impunidade contribui para que as ameaças à vida continuem.

Você não é bem vindo

Lei Municipal 14.266 (São Paulo)
Art. 8º: Os terminais e estações de transferência do SITP, os edifícios públicos, as indústrias, escolas, centros de compras, condomínios, parques e outros locais de grande afluxo de pessoas deverão possuir locais para estacionamento de bicicletas, bicicletários e paraciclos como parte da infra-estrutura de apoio a esse modal de transporte.

Na cidade de São Paulo, diversos tipos de locais públicos e com grande afluxo de pessoas são obrigados a disponibilizar vagas para bicicletas. A Lei Municipal 14.266 inclui explicitamente edifícios públicos, indústrias, condomínios e centros de compras, como supermercados e shopping centers. Essa lei está em vigor na cidade de São Paulo desde fevereiro de 2007, mas é ignorada por estabelecimentos que não reconhecem o ciclista como consumidor e cidadão, preferindo não recebê-los. No total, são três as leis que obrigam bicicletários na cidade.

cars only beyond this point

Um exemplo claro de local onde os ciclistas eram indesejados era o supermercado Extra Jaguaré, em São Paulo, que não permitia bicicletas em seu estacionamento até alguns anos atrás. Uma placa tentava justificar a proibição, alegando não haver local apropriado para elas, mostrando que os responsáveis por essa unidade não tinham o menor pudor em ignorar a lei abertamente e por escrito. Depois que o caso se tornou público, houve troca da empresa que administrava o estacionamento e um espaço foi providenciado.

O Mooca Plaza Shopping, também na capital paulista, é outro exemplo: quando inaugurado, também não dispunha de local para estacionar bicicletas. Proliferavam os relatos de pessoas que entraram no estacionamento em bicicletas e foram tocados para fora pelos seguranças como se fossem baderneiros. Questionada pelo Vá de Bike através do Facebook, a equipe do shopping respondeu que estavam “correndo para providenciar o quanto antes”. Depois de dois meses, uma estrutura foi providenciada, mas os ciclistas já tinham entendido não serem bem vindos naquele local.

E nem sempre um local adequado para estacionar a bicicleta é garantia de que o ciclista será bem tratado. No Conjunto Nacional, em plena Avenida Paulista, local que conta com bicicletário há anos, ciclistas chegaram a ser maltratados ou ignorados pelos funcionários diversas vezes. O editor deste site chegou a ser chamado de “palhaço” e intimidado pelo responsável pelo estacionamento, por ter questionado o horário de funcionamento menor para as bicicletas do que para os carros.

Mas calma lá, nem sempre o motivo é preconceito!

Claro, muita gente não realiza a ultrapassagem a um metro e meio de distância (art. 201 do Código de Trânsito) e nem diminui a velocidade ao ultrapassar (art. 220) apenas por não saber o quanto isso coloca em risco a vida de ciclistas, não necessariamente por preconceito contra quem usa a bicicleta.

Muitos estabelecimentos também não oferecem espaço para o ciclista estacionar porque não percebem que há uma fatia cada vez maior de consumidores usando a bicicleta para se deslocar. E, nesses casos, o dono do local é o maior prejudicado, principalmente quando algum concorrente percebe essa lacuna. Pena o empresário mal orientado não se dar conta.

 

A resposta ao preconceito racial nos anos 50…

Rosa Parks foi liberada no dia seguinte à sua prisão, graças ao líder de um movimento em defesa dos direitos dos negros (a NAACP). Ainda assim, sua prisão acabou levando a um boicote aos ônibus na cidade. A comunidade negra se organizou para espalhar a notícia sobre a ação, pedindo aos negros que não utilizassem nenhum tipo de ônibus no dia 3 de dezembro, nem mesmo ônibus escolares. Uma associação foi criada para coordenar o boicote, tendo o jovem pastor Martin Luther King Jr. como líder.

A adesão foi enorme e o boicote foi estendido. Como 75% dos usuários dos ônibus eram negros, o sistema municipal de transporte chegou a ficar seriamente comprometido em termos financeiros. Mais de 300 pessoas ofereceram seus carros para um esquema de carona solidária. Um estacionamento no centro chegou a ser criado para receber e transportar as pessoas para diferentes partes da cidade.

Taxistas negros cobravam pela viagem a mesma tarifa cobrada pelos ônibus. As pessoas eram incentivadas a usar bicicletas, mulas, carroças ou caminhar até em casa. Durante os horários de pico, as calçadas ficavam lotadas. Em todo o país, as igrejas dos negros levantavam dinheiro para apoiar o boicote e enviavam sapatos para repor os calçados dos irmãos de Montgomery, que preferiam andar a pé a se humilhar nos ônibus.

A principal demanda era a demarcação das áreas para negros nos ônibus. Pode parecer estranho por ser uma forma de segregação, mas era mais fácil conseguir isso naquele momento do que o uso comum do espaço por todas as pessoas.

Reações

As ações dos negros eram todas pacíficas, tendo como bases o boicote e o reconhecimento de seus direitos civis. Em contrapartida, os brancos puniam através da lei, com multas e prisões, e da força, agredindo participantes do boicote nas ruas e queimando igrejas batistas e as casas de alguns dos líderes do boicote, como a de Martin Luther King Jr.

King chegou a ser preso, junto a outros 155 manifestantes, por “frustrar” o serviço dos ônibus. Foi-lhe facultado escolher entre uma multa de US$500 ou passar 386 dias na cadeia; ele optou por ser preso. Depois de duas semanas na prisão, acabou por ser libertado, devido à atenção nacional ao caso. “Estou orgulhoso de meu crime, o crime de juntar meu povo em um protesto não violento contra a injustiça”, disse King.

O boicote se estendeu por mais de um ano e repercutiu em todo o país. Por fim, as leis de segregação racial do Alabama foram consideradas inconstitucionais, levando à criação de uma nova legislação que permitia aos passageiros negros se sentarem onde quisessem. Martin Luther King Jr. encerrou a festa da vitória com um discurso que ajudou a encorajar a aceitação da decisão.

As ramificações da ação foram muito além do objetivo inicial, estimulando uma luta nacional pela liberdade e pela justiça, o Movimento pelas Liberdades Civis, e deu a Martin Luther King Jr. notoriedade nacional, tornando-o um dos principais líderes da causa. Em 1963, viria a realizar o discurso que entrou para a história: “I have a dream”.

A atitude de Rosa Parks naquele dia e sua recusa em aceitar a humilhação ajudaram a tornar o mundo um lugar um pouco melhor para se viver. Para todos: negros, brancos, amarelos e verdes.

… e as respostas ao preconceito contra ciclistas atualmente

Ciclistas começaram a se unir em grande escala para lutar pelos seus direitos em 1992, em San Francisco, nos eventos chamados de Massa Crítica. Consistem em um uso pacífico e festivo das ruas por multidões em bicicletas, em passeios coletivos sem líderes ou organizadores. No Brasil e em Portugal, o evento passou a se chamar Bicicletada na maioria das cidades. Muitas organizações, grupos e ONGs em defesa do direito de uso das bicicletas também tem sido criadas. Cicloativistas em todo o país têm realizado ações, isoladas ou conjuntas, em defesa do direito de circular com bicicletas.

A principal demanda costuma ser a demarcação das áreas para bicicletas nas ruas, em forma de ciclovias e ciclofaixas. Pode parecer estranho por ser uma forma de segregação, mas é mais fácil conseguir isso nesse momento do que o uso comum do espaço por todas as pessoas.

Reações

Efetivo policial para conter os perigosos ciclistas: viaturas a perder de vista. Foto: Leonardo Cuevas

O poder público tenta vez ou outra coibir o uso coletivo das vias pelas bicicletas e as manifestações pacíficas de ciclistas que lutam pelo seu direito de circulação. O mais emblemático uso de força policial para combater uma manifestação pelos direitos dos ciclistas no país talvez tenha sido a ação contra a tentativa de descida coletiva de São Paulo a Santos, ocorrida em 2008. A pedido da concessionária que administra a rodovia dos Imigrantes, a Ecovias, a Polícia Rodoviária usou um grande efetivo para conter as centenas de ciclistas que se dirigiam tranquilamente ao litoral.

Os ciclistas utilizavam o acostamento, direito garantido por lei mas negado até hoje pela concessionária. Por mais absurdo que possa parecer, a proibição tem o apoio da ARTESP, agência que fiscaliza os serviços prestados pelas concessionárias de rodovias e que deveria garantir os direitos da população. De toda a população. Na ocasião, tentou-se explicar aos homens da PR a questão de direito, mas eles tinham suas ordens e foram irredutíveis. Depois de um dia inteiro tentando negociar com os homens armados, os ciclistas tiveram que voltar para casa. E fizeram tudo sem criar tumulto, sem arrumar confusão, sem uso de violência.

Em Curitiba, ciclistas que pintaram uma ciclofaixa “clandestina” em uma via da cidade, em 2009, foram levados à delegacia de meio ambiente por cometer “crime ambiental” e multados em cerca de R$3000.

No mesmo ano em São Paulo, um acostamento foi retirado para “melhorar o fluxo”, colocando pedestres e ciclistas em perigo por ter de circular em uma pista onde os carros excedem a velocidade, sem fiscalização. Ciclistas pintaram uma ciclofaixa no local como protesto e um deles foi levado à delegacia e teve que prestar serviços comunitários. Como cereja do bolo, a CET ameaçou multar os participantes da ação, fato que felizmente não chegou a se consumar.

No final de 2011, a EPTC de Porto Alegre tentou regulamentar e disciplinar o evento mensal da Massa Crítica local, uma manifestação pacífica que busca defender o simples direito de usar as ruas em bicicletas da mesma maneira que os demais cidadãos podem utilizá-las em seus automóveis. Em outras palavras, lutam pelo direito de não ter que ceder seu lugar a um carro que queira passar.

Até mesmo as ciclovias e ciclofaixas podem ser usadas como instrumento de segregação. Úteis para proteger o ciclista do fluxo rápido de automóveis, em certos casos são claramente criadas para tirar o ciclista do caminho dos carros, impedindo-o de utilizar a via e restringindo sua circulação a canteiros centrais inadequados ou cantinhos perigosos. Muitas vezes, é retirado o espaço já restrito do pedestre para dar lugar a uma ciclovia, para não ter que diminuir o espaço que se tornou exclusivo dos automóveis.

 

Exerça seus direitos e combata o preconceito

Você tem direito de usar sua bicicleta nas ruas. Use-a. Não ceda à opinião de familiares e amigos que, por questões culturais, ainda acreditam que lugar de bicicleta é só no parque e que você não deve circular com ela nas ruas. Acredite nos seus direitos e lute por eles. Você pode sim usar as ruas. Até a lei está a seu favor!

Freira pedalando em faixa compartilhada com ônibus em Salzburg, Áustria, sem ser desrespeitada. Foto: Paulo Assis, via Milton Jung

Ninguém tem o direito de fazer você sair do caminho para que ele possa passar, esteja você com um tanque de guerra ou um monociclo (exceções a veículos em emergência e outras situações especiais, claro).

É óbvio que você não deve desafiar um motorista insano que ameaça sua vida, mas não deixe de sair às ruas por causa dessa minoria desagradável, anticidadã, desumana e preconceituosa. Não podemos deixar que as ruas continuem sendo consideradas território proibido para as bicicletas, “cars only”. As ruas foram feitas para as pessoas, estejam elas em carros, motos, ônibus, bicicletas, a pé, em patins ou cadeiras de rodas. As ruas são de todos.

Cada vez mais, ciclistas têm se unido em associações e grupos como Ciclocidade, Instituto CicloBR, Transporte AtivoPedal Goiano, Pedala Manaus, Viaciclo, BH em Ciclo e tantas outras. A participação em associações, audiências públicas, manifestações e outras ações em defesa do direito de usar a bicicleta nas ruas ajuda a mudar a situação atual e a tornar as cidades mais democráticas, inclusivas e seguras. Pense nisso.

Mas se você não quiser participar de manifestações e ações diretas, tudo bem. Continue pedalando. Usar a bicicleta em seus deslocamentos é um ato de resistência, de certa forma até um ato político. Boicotar estabelecimentos, locais e empresas que dificultam o uso da bicicleta também ajuda a mudar as coisas – principalmente se você os fizer saber de sua decisão. Respeite quem lhe respeita, esclareça quem se dispõe a ouvir e ignore os demais. A esses, o tempo mostrará.

Só entende de fato a discriminação quem já a sentiu na pele, acompanhada da sensação de revolta e impotência que a situação costuma gerar.

 

Uma sociedade justa e inclusiva traz benefícios a todos

Em algum nível, mesmo que muito sutil, dependemos todos uns dos outros. Quanto mais digna, produtiva e feliz for a vida de seu vizinho ou do desconhecido que você vê atravessando a rua, melhor será a sua também.

Combata o preconceito. Promova a inclusão e a acessibilidade. Ajude a tornar o mundo um lugar melhor para se viver.

94 comentários em “Preconceito contra ciclistas

  1. oi willian,

    o caso do estacionamento do extra jaguaré já foi resolvido. as placas foram removidas e já estamos podendo deixar as bikes por lá. eu fui investigar o motivo e aquela decisão parece ter sido tomada pela antiga administradora do estacionamento. agora que eles mudaram de empresa as regras também mudaram. acredito que isso explica o motivo de diferentes lojas extras terem diferentes formas de tratamento com os ciclistas.

    abraço!

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  2. VIDA SAUDÁVEL!!!!
    Morei no Rio de Janeiro durante 29 anos de minha vida e somente senti necessidade de carro ao me mudar para Brasilia.
    No Rio a maioria dos bairros tem ciclovia e local apropriado para estacionar com segurança a bicicleta!
    Usei a bike para ir a escola, supermercados, fast food, e muito mais.

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  3. Aqui em BH a situação é bem tensa! Somos proibidos de entrar em parques com bicicletas. O maior absurdo é que em alguns parques até carros tem acesso, bicicletas não. Me mudei pra cá há 2 anos e não sei bem o que foi feito pra tentar mudar essa situação, só sei que a política é esta: “cars only”…

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  4. Seria interessante o Extra Jaguaré lembrar que pela lei municipal ele é OBRIGADO a permitir e ter um local específico para guardar as bicicletas de quem vai lá. Que tal se a Bicicletada for lá dar um “oi” pra eles?

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  5. Moro numa pequena cidade de 70,000 habitantes e pedalo a mais de 20 anos, mais por esporte e lazer pois moro muito proximo de onde trabalho. nesse periodo tenho visto como o ciclista é relegado a segundo plano como condutores de ultima categoria sendo espremidos na sarjeta. as pessoas mais humildes se sentem humilhadas e acabam nem usando a bike como transporte. Temos que mudar esse conceito na cabeça da populaçao. Ontem(6/3) realizamos com sucesso uma bicicletada(que também foi nacional) que reuniu mais de 100 ciclistas na praça central e chamaou bastante atenção. Esperamos com essa e outras atitudes incentivar e tornar mais seguro o uso das bikes.

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  6. É questão de existir uma cultura do uso da bicicleta. Se na grobo tivesse alguma novela em que as bicicletas fossem o meio de transporte dos protagonistas, e se elas fossem apresentadas de maneira mais ‘refinada’ (não como a visão preconceituosa de um veículo popular) a caloi ia vender bicicleta que nem água rs. Comprei uma bike faz pouco tempo e vou tentar deixar o carro na garagem uma vez por semana inicialmente.

    É só começar a pensar no trambolho que é ter uma máquina de 1000 kg pra levar uma pessoa de 70kg por aí que você vê o absurdo que é usar um carro diariamente na cidade. Fora o dinheiro necessário pra manter esse trambolho.

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  7. Acho a postagem muito pertinente, mas me incomoda o fato de sempre ser tocada a tecla “não perceberem o ciclista como consumidor, como cliente”.

    Isso não empodera o ciclista como cidadão, mas novamente como uma categoria diferenciada. Não devemos solicitar a diferenciação que o poder de consumo traz, mas sim a igualdade de poder andar nas ruas, estacionar em locais públicos e privados assim como qualquer outro cidadão com qualquer outro tipo de transporte, e SIM, destacar o quanto o uso de bicicleta é menos nocivo ao meio ambiente e como pode ajudar a cidade ter uma locomoção mais eficiente e orgânica.

    O ciclismo já é um nicho de mercado, já existem marcas, preços diferenciados, eventos para tanto.

    O consumismo, ato extremo negativo daquele que pode consumir, o fator econômico e cultural do “poder ter” é determinante para tornar São Paulo um mar poluído de automóveis. Aqui, ter carro e consumir como motorista é sinal de status. Por isso dar espaço a um ciclista é tão violentador para alguns desses idiotas do volante, porque eles puderam pagar para estar ali e de forma tão individualista.

    Devemos militar para que os ciclistas possam ter espaço e que possam se locomover como todo mundo que usa carro, moto, ou mesmo a pé, mas não porque em potencia podemos consumir algo e tenhamos que destacar isso, mas exatamente porque todas as pessoas devem ter espaço pela premissa de igualdade.

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    1. Oi, Patricia! Você tem toda razão em dizer que o ciclista deve ser aceito como cidadão, não apenas pelo ponto de vista do consumo. Mas a crítica quanto a não ser percebido como consumidor continua fazendo sentido quando nos referimos a estabelecimentos comerciais. E é nesse contexto que uso recorrentemente essa citação, referindo-me à impressão de que o consumidor que chega em bicicleta não é desejado pelo comércio/serviços. Quando o questionamento é quanto à aceitação nas ruas e ao direito ao espaço público, essa abordagem não é utilizada. De qualquer modo, obrigado pela colocação!

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    1. Desio
      18 de janeiro de 2012 at 20:23 · Responder
      Gente, vamos ignorar esse tal de giuseppe!!! Assim ele esquece da gente e a gente esquece dele! Deixemos esse cara pra lá!”CICLISTA URBANO”:QUE ISSO COMPANHEIRO DEIXA ROLAR,QUANTO MAIS POLÊMICA NO FÓRUM MELHOR,MAIS IBOPE,ESTOU DIVULGANDO,POR TODA A WEB.”PRÁ ANDAR DE BICICLETA TEM QUE TER MORAL…..TEM QUE TER MORAL…..rssrssrsssssssrsssss.Quem não tem moral,chora no virtual……chora no virtual…….

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  9. eu acho que os automóveis no brasil deveriam vir de fábrica com limitador de velocidade á 110 ou 120 km/h, pois esse é o limite mais alto que se encontra em rodovias e não faz sentido legal ter automoveis populares que atingam 160, 170,180,ou ate 190km/h se o limite sera no maximo 120.isso e como um estímulo das montadoras ao motorista para que ele ultrapasse essa velocidade.ou o limite poderia ser de 80 km/h, para que o automovel desenvolva velocidae semelhante aos onibus ,incentivando asim o transporte publico.eu sei que o ideal seria a concientização de todos , mas enquanto isso nao ocorre essa medida salvaria vidas.

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