Muitos ciclistas usam a calçada por serem ameaçados pelos motoristas quando tentam usar a via. Foto: Willian Cruz

Fiscalização e multas a motoristas – mas e os ciclistas?

Há quem defenda que ciclistas também deve ser autuados, pois cometem diversas infrações. Decidimos avaliar essa reciprocidade.

Faixa na região do Paraíso, em São Paulo, em maio de 2012. Pena terem durado apenas algumas semanas. Foto: Michele Mamede

Desde maio de 2012, a CET – Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo – tem fiscalizado e multado motoristas que colocam em risco ciclistas nas ruas. Em 2014 foram aplicadas 24.981 multas, o que corresponde, em média, a um motorista autuado a cada 21 minutos. E muitos motoristas reclamam, com o argumento de que quem está na bicicleta também deveria ser multado.

Muita gente vê nessa fiscalização um mero revanchismo de quem usa a bicicleta, uma tentativa de punir o motorista pelo simples fato de usar o carro, uma subtração de espaço do automóvel e um cerceamento do direito de quem dirige. Mas a fiscalização de respeito ao ciclista não é nada disso.

Como a Campanha de Proteção ao Pedestre, o objetivo dessa ação é proteger vidas, diminuindo acidentes e mortes. As infrações fiscalizadas – todas! – correspondem a atitudes que colocam em perigo a vida de quem está se deslocando em uma bicicleta. Não são bobagens. Entenda aqui.

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Comportamento de risco

A mecânica de deslocamento do automóvel é muito diferente da bicicleta. E é, por isso mesmo, difícil de ser compreendida por quem não tem o hábito de pedalar nas ruas. Passar perto de outro carro quando se está dirigindo não representa grandes problemas, isso acontece o tempo todo quando ultrapassamos outros veículos. Mas passar perto assim de uma bicicleta muitas vezes faz o ciclista sentir a morte por perto, pois a possibilidade de cair debaixo das rodas do veículo é iminente.

Além dessa diferença, que faz com que muitos motoristas coloquem em risco a vida de ciclistas sem se dar conta, há ainda pessoas de má índole que ameaçam os ciclistas propositalmente com seus carros. Geralmente, são pessoas que acreditam que as ruas são vias exclusivas para automóveis e que as bicicletas não deveriam utilizá-las, punindo os ciclistas que insistem nisso com buzinas, aceleradas, finas e fechadas.

O objetivo da fiscalização não é punir motoristas gratuitamente. As pessoas conscientes, que dirigem seus carros sem ameaçar os demais usuários da via, não têm com o que se preocupar.

Só o que os ciclistas esperam é que possam chegar em casa sem receber nenhuma ameaça de morte pelo caminho. Quem usa a bicicleta também tem alguém esperando em casa.

Mas por que só os motoristas?

Todos sabemos que os desrespeitos às leis de trânsito ocorrem dos dois lados. Tanto motoristas como ciclistas cometem infrações e algumas pessoas o fazem mais que outras.

Por isso, parece injustiça punir apenas os motoristas, afinal ciclistas também cometem infrações. Mas há alguns fortes motivos que tornariam injusto autuar os ciclistas nesse momento, por mais que em uma primeira análise isso pareça coerente. Vamos a eles.

Sensação de insegurança

Certamente, as infrações mais comuns de ciclistas são pedalar nas calçadas, trafegar na contramão e furar o sinal vermelho. E por que essas infrações são cometidas? Longe de endossar esses comportamentos, muito menos incentivá-los (para saber a conduta que recomendamos, leia aqui), nos prestamos a entender e explicar o que motiva os ciclistas a tê-los.

Pedalar sobre as calçadas é o exemplo mais claro: o ciclista o faz por ter medo de pedalar na rua. Uma bicicleta na calçada não é o problema em si, mas um de seus sintomas. Quando as ruas se tornarem seguras para os ciclistas, eles deixarão naturalmente de usar as calçadas, que são irregulares, interrompidas a cada esquina e com mobiliário urbano dificultando a circulação. O único motivo para usar a calçada é a sensação de segurança que isso dá.

Os ciclistas que trafegam na contramão também o fazem pela sensação de segurança. Vendo os carros se aproximando e podendo desviar deles, o ciclista se sente mais seguro do que se estivessem vindo por trás, podendo supostamente atingi-lo sem que haja oportunidade de reação. Entretanto, essa segurança é ilusória – entenda aqui.

Mas furar o sinal vermelho não parece se aplicar a esse contexto. O que um comportamento de risco como esse tem a ver com segurança? Novamente, é difícil compreender quando não se usa a bicicleta como meio de transporte.

O fato é que, quando o sinal abre, é comum que o carro atrás do ciclista não tenha paciência com sua baixa velocidade. Afinal, na frente dele há um espaço vazio, o que torna um absurdo ter que esperar por aquela bicicleta – mesmo que seja visível um novo congestionamento ali na frente. Nessa situação, é comum o mau motorista acelerar, buzinar, ultrapassar fechando ou tirando uma fina. E é para evitar essa situação de confronto, agressão e grande risco que muitos ciclistas preferem se arriscar a cruzar o sinal antes de abrir.

Há ainda um segundo motivo que leva ciclistas a furarem o sinal: ao fazê-lo, o cidadão que está na bicicleta circulará por pelo menos uma quadra sem um fluxo grande de automóveis ao seu lado. Ele prefere o risco calculado de furar o sinal ao risco imprevisível de um mau motorista colocar-lhe em perigo.

Respeitar as leis de trânsito ainda é perigoso para o ciclista. E nem todos tem o sangue frio necessário para impor seu direito de circulação como veículo, preferindo se comportar como clandestinos, tentando assim diminuir as chances de serem abatidos por quem coloca em risco suas vidas apenas para provar um ponto de vista (geralmente errado).

Quando as ruas se tornarem seguras, os ciclistas seguirão naturalmente as regras de circulação que, então, os protegerão de forma mais perceptível no viário.

Bicicleta nunca foi percebida como veículo

Historicamente, o uso da bicicleta no Brasil sempre foi algo marginal, visto como falta de opção ou comportamento inadequado. A bicicleta sempre foi tratada como um intruso no viário, que foi planejado prioritariamente para os automóveis, tratando pedestres, transporte público e bicicletas como empecilhos à circulação dos carros.

Dentro dessa cultura, propagava-se a ideia de que lugar de bicicleta era nos parques, no máximo nas calçadas. Bicicleta era algo válido como brinquedo, equipamento de lazer ou de prática esportiva. Se o ciclista insistisse em utilizá-la na rua, era instruído a fazê-lo na contramão, para desviar dos carros. Afinal, se rua é lugar de carro e o ciclista é um intruso, ele que arcasse com a responsabilidade de evitar os acidentes, dando passagem para todos os automóveis que encontrasse no caminho, se esgueirando e se escondendo nos cantos, onde não atrapalhasse a fluidez motorizada.

Nossos próprios familiares e amigos – e até os órgãos e agentes de trânsito! – recomendavam a contramão. Para dar um exemplo claro, surgiu em abril de 2012 uma polêmica no Paraná em torno de uma informação disponível no site do Batalhão de Polícia de Trânsito do Estado (BPTran), que dizia que o ciclista deveria trafegar na contramão.

E até hoje, ainda é comum os ciclistas ouvirem “sai da rua”, “vai pra calçada” ou “vai pro parque” de motoristas nas ruas. Com essa marginalização do uso da bicicleta, quem a utiliza em seus deslocamentos nunca se sentiu aceito no viário, passando a se comportar como o clandestino que o convenceram a ser, ignorando as leis que não foram feitas para ele e que o colocam em risco. Esse erro histórico, com resultado comportamental, demora a ser corrigido.

Quando a bicicleta passar a ser aceita nas ruas pelos demais usuários das vias e o poder público passar a tratá-la como o veículo que é, os ciclistas seguirão naturalmente as regras de circulação que, então, perceberão terem sido feitas também para eles.

Educação para o uso das vias

Para poder dirigir um carro ou uma moto é necessário ter aulas práticas e teóricas, além de fazer exames que demonstrarão sua aptidão para fazê-lo. Teoricamente, ele só está na rua dirigindo um veículo que possui um componente de grave risco para todos à sua volta porque se provou apto a isso. Por isso, o motorista pode ser cobrado por esse comportamento.

Para os ciclistas, não há treinamento algum. Poucas pessoas que utilizam a bicicleta sabem realmente quais são seus direitos e deveres nas ruas. Simplesmente porque não aprenderam. Não se pode cobrar um ciclista por um comportamento que ele não aprendeu ser o correto. E essa não é uma situação que se muda da noite para o dia.

O ideal seria termos educação para o trânsito nas escolas, ensinando como funciona o trânsito para quem está em um carro, uma moto, uma bicicleta, a pé ou usando transporte coletivo. Há programas de educação de trânsito para crianças, focando em bicicletas, no Canadá, Estados UnidosAustrália, FrançaReino Unido, Áustria, Dinamarca, Alemanha e Holanda. Recentemente, foi implementado um projeto em escolas da cidade de São Paulo, que pode servir de modelo e precisa ser ampliado para atender cada vez mais crianças, em todo o país.

O vídeo abaixo, legendado em português pelo Vá de Bike, mostra como se dá a educação de trânsito em bicicletas para as crianças na Holanda. Ações desse tipo são comuns no país desde 1935!

Quando os ciclistas forem instruídos sobre seus direitos, deveres e sobre a conduta mais segura nas vias, passarão naturalmente a respeitar as regras de circulação que, então, perceberão serem mais seguras para eles.

Fiscalização a quem oferece maior risco

O Código de Trânsito estabelece, corretamente, hierarquia e prioridade entre os diversos tipos de veículo que utilizam as vias: “em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores”. E isso não é à toa, pois quanto maior o veículo, maior o risco que ele oferece, senão ao seu condutor, a todos os demais usuários das vias públicas.

A não ser em situações, convenhamos, raríssimas, em que um ciclista cruze inadvertidamente a via sem dar chance para os motoristas desviarem, quem pode evitar com mais facilidade uma colisão (na verdade, um atropelamento), é quem dirige o veículo maior. É ele quem está em maior velocidade, é ele que possui o maior peso, a maior capacidade de frenagem, é sua reação que terá a maior chance de evitar a catástrofe. E, fundamentalmente, é ele quem causa o maior dano, portanto passa a ser sua a maior responsabilidade.

Um ciclista passando perto demais de um carro não coloca em risco a vida do motorista. Um ciclista que fecha um automóvel coloca em risco a própria vida. Um ciclista que avança para cima de um carro em movimento para assustar o motorista está claramente colocando a si próprio em perigo. Agora releia as situações deste parágrafo invertendo as posições.

O que se fiscaliza não é apenas uma simples conduta inadequada. É uma situação que pode matar, aleijar, deixar sequelas, destruir a vida de toda uma família, deixar crianças sem pai ou sem mãe. Não são simples infrações, são condutas inadmissíveis, que precisam ser coibidas com todos os meios disponíveis. E, avaliando por esse aspecto, as multas são consequências apenas educativas, ficando bem distantes da punição adequada quando esse comportamento é proposital.

Se você, amigo motorista, aceitar a presença de uma pessoa em bicicleta à sua frente como aceita a presença de uma pessoa em um automóvel, lembrando que sobre aquelas duas rodas se equilibra uma vida, e mudar de faixa ao ultrapassar, não terá que se preocupar nem um pouco com a fiscalização.

182 comentários em “Fiscalização e multas a motoristas – mas e os ciclistas?

  1. [Comentário oculto devido a baixa votação. Clique para ler.]

    Esse comentário não tem feito muito sucesso. Thumb up 10 Thumb down 22

    1. Caramba acabaram seus argumentos e agora você está tentando ganhar no berro? Cara você é ridículo.
      Você realmente não consegue entender que o texto não está defendendo o uso de calçadas por ciclista mais sim explicando porque ele faz isso? A única forma eficiente de acabar com os ciclistas nas calçadas é entender porque ele faz isso e acabar com o motivo.
      Não adianta ficar berrando como uma criancinha que quer se fazer ouvir, você jamais terá o respeito de alguém agindo desta forma.
      Em todo o texto e na quase totalidade dos comentários todo mundo diz que o ciclista que por medo da rua optar pelo uso da calçada deve acima de tudo prezar pela segurança dos pedestres.
      Não adianta achar que vai ganhar algo na marra, deixa de ser babaca e argumente como gente, ou então fique quieto, ou veja seus esforços de esbravejar sendo completamente ignorados, sem ouvir os argumentos do outro lado você jamais vai avançar em nada na sua vida.

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    1. Luciana, essa frase apesar de batida e repetida a exaustão não é verdade.
      Quer um exemplo? Eu não gostaria de ser tratado como criança, porém isto não significa que eu deva tratar uma criança como um adulto.
      Outro exemplo: eu não gostaria de ser tratado como um deficiente, porém não devo tratar um deficiente como uma pessoa normal e não ceder meu lugar no metrô para ele não é mesmo?
      Portanto isto não deveria ser uma regra, pessoas e situações diferentes devem sim, ser tratadas diferentemente.

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  2. A solução é mais ciclovias, mais ciclofaixas, mais campanhas e sinalização vertical e horizontal, inclusão da bicicleta no treino de aspirantes a motoristas – prática e teórica assim como já é feito na prova de balisas – inclusão obrigatória de questões teóricas sobre bicicletas nas provas do DETRAN e inclusão de uma bicicleta na prova prática para todos os motoristas – vai ter muita gente reprovada, além do que normalmente o é.

    Criação de uma mini-prova para os motoristas – todos – com questões sobre bicicleta na renovação da carteira de motorista que não passaram pelo processo descrito acima. Quem não passar ‘salinha’ de aula nas auto-escolas.

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  3. Quem está esquecido nessa discussão é o pedestre que sofre com o desreipeito dos carros (que furam os sinais, não respeitam faixas de pedestre e dirigem em velocidade acima do permitido), sofre com os abusos dos ciclistas que pedalam na calçada e a última novidade onde eu moro são os skatistas que estão fazendo manobras no meio das pessoas que circulam pelas calçadas. Enfim, o que o pedestre deve fazer? Quando começarem a ser atropelados e sofrerem danos físicos, o que não vai demorar muito, quem vai pagar a conta? O ciclista vai sair correndo sem prestar socorro da mesma forma que o motorista do carro faz. É um absurdo o que os ciclistas estão fazendo. Não pensem que eu acho que os motoristas são melhores, longe disse, quase todos são uns inconsequentes e não querem saber de dividir seu espaço com as bicicletas. É uma besteira dizer que os ciclistas pedalam nas calçadas por que se sentem seguros aí, eles o fazem por que é mais simples e prático e não estão nem um pouco interessados em saber se estão prejudicando alguém, como tudo neste nosso Brasil atual o que importa é a vantagem que cada um pessoalmente leve e os outros que se danem. Falta educação em todos os níveis.

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    1. Ignez, reproduzo aqui o lhe respondemos no Facebook:

      A atitude de ciclistas que ameaçam pedestres com seu comportamento é realmente indefensável. Mas pedalar nas calçadas está longe de ser o mais simples e prático: há desníveis, buracos, caixas de correio, lixeiras, orelhões, degraus, pessoas, garagens de onde saem motoristas descuidados e, a cada esquina é preciso parar para ver se não há carros vindo, além de ter que descer e subir o meio-fio. Há muitos motivos para *não* se pedalar nas calçadas, mas, ainda assim, muita gente insiste em fazê-lo, porque realmente não se sentem seguras pedalando nas ruas.

      Pedalar nas calçadas, assim como na contramão, é um erro histórico, estimulado pelo planejamento viário e pela cultura equivocada de que as ruas são feitas apenas para os carros. Não é simples corrigi-lo. Hoje, não há como obrigar um idoso ou uma pessoa transportando uma criança a pedalar na rua, principalmente nas grandes avenidas. Elas continuarão seguindo pelas calçadas até que a rua esteja, de fato, apta a recebê-las.

      Sempre reforçamos que, se o ciclista decidir ir pela calçada, deve dar total prioridade a quem tem o real direito de circulação por ela, parando para dar passagem se for o caso. Veja aqui, no tópico “calçada é para pedestres”, qual a recomendação do Vá de Bike para essa questão: http://vadebike.org/2004/09/dicas-para-o-ciclista-urbano/

      Ademais, como esclarecemos na matéria, não endossamos esse comportamento, muito menos o incentivamos. Mas é preciso entender por que ele acontece para que possamos criar condições para que isso não mais ocorra.

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      1. Willian.
        O artigo é bem legal, mas poderia ser menos tendencioso.
        O artigo deveria começar informando que existe uma lei de trânsito que inclui a bicicleta e ser muito bem comparado com um moto.
        O exemplo é no ítem “Não fure o sinal”. Pelo que foi escrito, o ciclista pode furar o sinal que esta dentro da lei de trânsito e só precisa tomar cuidado para não ser atropelado.
        O outro exemplo é no ítem “calçada é para pedestres”. Vc deveria escrever desta forma “Se precisar passar pela calçada ou atravessar na faixa de pedestres, desmonte e empurre a bike”. Esta é a lei e da mesma forma que exigimos que os carros mantenham 1,5 metros de distância tbm devemos exigir que não andem de bike na calçada.
        A lei é para todos e devem ser cumprida. A lei não esta correta? Então devemos lutar para mudar a lei.
        Abçs.

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        1. Decio, sabemos que dizer “não fure o sinal porque está na lei” não surte o mesmo efeito do que dizer “não fure o sinal porque você pode morrer ou machucar alguém”. O texto não só diz para não furar sinal e não usar as calçadas como explica os motivos, o resto é sua interpretação pessoal do que foi escrito a partir de uma perspectiva com viés. Você está procurando pelo em ovo para desqualificar os artigos do site. Boa sorte. Quando encontrar um problema, falha ou erro reais, avise que iremos corrigir ou adequar conforme necessário. Obrigado.

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    2. O ciclista que desrespeita o pedestre na calçada é a mesma pessoa que, ao volante, teria atitudes igualmente agressivas, com consequências piores. Não iria ficar “bonzinho” dirigindo.
      Aqui no DF é muito comum que pedestres façam caminhadas e corridas nas ciclovias, junto dos ciclistas, por não se sentirem ameaçados, uma vez que a bicicleta em si não representa ameaça, mas sim a atitude das pessoas, seja de bicicleta, carro, skate ou mesmo a pé.

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  4. Boa tarde a todos!
    Inicialmente, gostaria de parabenizar o Willian Cruz, pelo excelente texto, muito sóbrio, e claramente expressando a opinião de quem “luta” para consolidar o ciclismo urbano como uma prática segura e uma grande alternativa para o caos da mobilidade pelo qual passam as grandes cidades brasileiras! Muito importante este canal para o debate saudável de ideias! Precisamos ter consciência de que ninguém é obrigado a concordar com tudo o que disse o Willian, nem podemos querer “impor” nossa opinião para os outros… li alguns comentários “raivosos”, porque não eram aceitas suas opiniões… Também li muitos comentários coerentes, e com opiniões muito interessantes!!!
    Particularmente, não concordo com a totalidade do que foi citado por você Willian, e tentarei expor minha opinião, apesar de não escrever tão bem quanto você…
    Infelizmente, nosso povo ainda precisa melhorar muito nos quesitos educação e consciência coletiva! Somos muito individualistas, e como disseram algumas pessoas acima, só pensamos no nosso “umbigo”…
    O trânsito nas grandes cidades têm se tornado um verdadeiro pesadelo na vida das pessoas! Passamos a maior parte do dia “presos” em congestionamentos, e sempre atrasados, pois na maioria das vezes, não lembramos de considerar o tempo gasto nestes congestionamentos, na hora de sairmos para o trabalho/escola/médico, etc… tudo isso nos deixa estressados e impacientes! Paralelamente, o cidadão brasileiro costuma pensar que ELE é o possuidor de direitos e ninguém pode levar vantagem sobre si! Pensando assim, quando ele vê um ciclista passando tranquilamente por entre os veículos parados naquele interminável engarrafamento, sem estar gastando um centavo com combustível, sem perder um minuto de seu tempo, e “sumindo” de vista, enquanto ele não andou nem 1 metro, a impaciência só aumenta… Peço vênia para fazer uma comparação com os motociclistas. Eles também alegam serem “caçados” pelos motoristas, pelo mesmo motivo de não serem afetados pelos congestionamentos… mas os motociclistas pagam os mesmos tributos que os motoristas (IPVA, DPVAT, LICENCIAMENTO, MULTAS) e mesmo assim são duramente criticados! Sei que logo alguns lembrarão dos “motoqueiros” irresponsáveis, mas eles não são a maioria… Vemos problemas também, e estes mais sérios, envolvendo os ciclomotores (as famosas cinquentinhas), que trafegam como se motocicletas fossem, porém “impunes” como as bicicletas, apesar do nosso CTB, datado de 1987, prever normas de circulação para os 3 tipos de veículos. Existem muitos “lobystas” que preferem manter as mobiletes isentas de registro, pois isto ajuda nas vendas, afinal, não precisa ser habilitado, nem usar capacete para pilotá-las, nem cumprir o que está no CTB!!!!
    Entendo que seria muito importante que nossos governantes regulamentassem a circulação das bicicletas e ciclomotores do tipo mobilete, (ou cinquentinha, como são popularmente conhecidas), para que seus usuários tivessem como exigir, com propriedade, o tratamento de “veículo”, como a maioria aqui gostaria que a bicicleta fosse considerada, não um simples brinquedo…
    Parafraseando um certo herói, “grandes poderes exigem grandes responsabilidades!” Para ser considerada “veículo”, é preciso que sejam respeitadas as normas de circulação que os veículos têm que respeitar, e serem penalizadas em caso de descumprimento das normas. Não concordo que por ser um veículo “frágil”, esteja isento de responsabilidades! O argumento de que o ciclista não daria uma “fechada” num veículo porque ele seria o maior ferido não prospera, ao meu ver, porque ninguém, em sã consciência provoca acidente deliberadamente, mesmo que esteja em uma carreta…(por isso se chama “acidente”). E como já foi citado, o condutor de um automóvel, pode se acidentar gravemente ao tentar desviar seu veículo de um ciclista que tenha avançado um semáforo fechado… As multas são importantes para ajudar a “convencer” o condutor da importância do cumprimento da norma… A parte do corpo humano mais sensível, sem sombra de dúvidas, é o BOLSO!! Lembremos do uso do cinto de segurança: sejamos honestos! Por que usamos o cinto de segurança?? É devido à consciência da importância dele??? E porque no banco traseiro costumamos “esquecê-lo”?? Será que ele perde a importância no banco de traseiro, ou é mais difícil do policial de trânsito perceber que não estamos usando???
    Voltando à bicicleta, seria fácil resolver o problema do registro: bastaria uma norma para o fabricante criar um número de série para a bike (tipo nº de chassi) e associá-lo ao CPF do proprietário, no momento da compra. Esta é minha humilde opinião. Agradeço a atenção, e desejo sucesso e vida longa a todos!! Antes que me esqueça, sou ciclista, motociclista, motorista, e policial de trânsito. Também desejo que os ciclistas conquistem seu espaço, com harmonia e civilidade!

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  5. Imagine só que a calçada foi feita para PEDESTRES e não para bicicletas. Não ha nada que justifique bicicletas colocando em risco quem caminha pelas calçadas. Desculpe meu caro mas voce é um tremendo cabeça dura com seus argumentos furados. Lugar de bicicleta NÃO É NA CALÇADA, deu para entender?

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    1. Meu.. de que adianta argumentar ou esclarecer algo pra alguém que não consegue, propositalmente, enxergar as razões dos demais? Será mesmo que é desprovido de entendimento lógico? E pior.. será que é tão estupidamente preguiçoso ao ponto de sequer ter lido o texto na íntegra, bem como os diversos comentários, pra poder dar pitaco com um mínimo de domínio?

      Não estamos exagerando, estamos num ponto que cada um tem sua parte na discussão, tendo ou não razão, nenhuma opinião deve ser descartada sem antes ser analisada, exceto quando gera ofensa e desconforto geral.

      Faça uma breve análise de suas palavras nas frases acima, dá a entender que você sequer quer saber o que acontece a sua volta e não passa de um baita turrão, com termos repetidos como “…Não ha nada que justifique…”, “…voce é um tremendo cabeça dura com seus argumentos furados…”, bla-bla-blá, etc.

      Com você é “tudo eeeu, tudo eeeu, só eu to certo, sou dono da verdade e vocês são uns bobos, chatos, com cara de pastel”… das duas uma: ou você tem muita idade e parte do pressuposto que não precisa aprender mais nada, ou não passa de um moleque cabaço que ainda não manja “das putaria da vida”… já deu, né luis?

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  6. Sim, nós ciclistas urbanos deveríamos responder por nossas infrações no trânsito também embora eu considere que a máxima dos “maiores cuidarem dos menores” deve ser seguida. Abraços deste ciclista urbano de Salvador-BA.

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  7. 1-“Uma bicicleta na calçada não é o problema em si, mas um de seus sintomas.2- Quando as ruas se tornarem seguras para os ciclistas, eles deixarão naturalmente de usar as calçadas, que são irregulares, interrompidas a cada esquina e com mobiliário urbano dificultando a circulação. 3-O único motivo para usar a calçada é a sensação de segurança que isso dá.”
    1-Ta certo.. só é problema pro pedestre mas foda-se o pedestre.
    2-Ta certo… quando as ruas se tornarem seguras eles deixarão de ameaçar os pedestres nas calçadas, então foda-se o pedestre.
    3- Ta certo… sensação de segurança para o ciclista que não quer ser ameaçado pelo motorista mas ameaça o pedestre, as crianças nos carrinhos de bebês, cadeiras de rodas etc então foda-se o pedestre.
    Esse texto é de uma estupidez siderúrgica, como ja dizia o João Saldanha.
    CALÇADA NÃO É LUGAR DE BICICLETA!!!!!!!!!!!!!

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    1. No DF ciclovias estão sendo construídas sistematicamente paralelas a calçadas. Os pedestres, com carrinhos, bengalas (ou não) preferem andar nas ciclovias, por serem um espaço a mais livre de carros, para as pessoas.
      No RJ, com um calçadão à beira-mar à disposição, muitos caminham nas ciclovias.
      Em ambas as cidades não aparentam sentir-se ameaçados, falam ao celular, param para amarrar o sapato, não saem correndo ao ver uma bicicleta… A PRESENÇA do ciclista não representa ameaça, a ATITUDE sim, e o ciclista que tem má atitude o teria se fosse motorista, causando um mal muito maior (por exemplo, o Paulo Pastel dirigindo como pedala…).

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    2. 1- Você é incapaz de entender a diferença entre causa e consequência ou está sendo deliberadamente intelectualmente desonesto?
      Ao escrever que “Uma bicicleta na calçada não é o problema em si, mas um de seus sintomas” ele não está dizendo que tudo bem andar na calçada, mas sim que isto é uma decorrência de outro problema. É como falar que a febre não é o problema de um quadro de infecção, isso não significa que tudo bem ter febre, mas sim que a febre é uma decorrência da infecção. Se você voltar a confundir uma coisa com a outra vai ficar clara a sua desonestidade intelectual.

      2- Dizer que a consequência direta de ruas seguras para ciclistas é a ausência de ciclistas nas calçadas em nenhuma interpretação razoável é igual a dizer que foda-se os pedestres. Esta se quer é possível te dar o benefício da dúvida de incapacidade cognitiva, claramente você foi intelectualmente desonesto.

      3- Esta está no mesmo nível de desonestidade intelectual da 2. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, explicar o que faz o ciclista ir para a calçada em nenhum momento significa dizer que ele está certo em faze-lo, mas sim procura dar um maior entendimento da questão para quem está lendo. Portanto dizer que isso significa dizer que foda-se o pedestre é ridículo e mais ma vez intelectualmente desonesto.

      Usando a sua lógica alguém poderia afirmar que “Calçada não é lugar de bicicleta e pronto!”. Tá certo… os motoristas colocarem propositalmente a vida de ciclistas em risco não é problema do pedestre, então foda-se o ciclista!
      Só que como já te expliquei (mesmo com você fazendo questão de não entender) os riscos a que estão sujeitos os ciclistas ao dividirem espaço com motoristas irresponsáveis é absurdamente maior que os dos pedestres ao dividirem espaço com ciclistas irresponsáveis, e não adianta querer brigar com os números, a quantidade de ciclistas mortos por motoristas é infinitamente maior do que de pedestres mortos por ciclistas.

      Ninguém está brigando pelo direito de andar como bem entender de bicicleta na calçada, mas sim pelo direito de andar de bicicleta na rua sem medo de morrer debaixo de veículo conduzido por um irresponsável que se quer vai pagar por ter te matado, essa é a verdadeira reivindicação dos cicloativistas. E por uma questão de lógica nós consideramos inaceitável a tentativa de obrigar o ciclista a compartilhar a rua enquanto não houver uma mudança no comportamento dos motoristas. E isso não quer dizer foda-se o pedestre mas os números de acidentes deixam inequivocamente claro que para sociedade como um todo é menos pior ter alguns acidentes entre pedestres e ciclistas (que pelos números, estão absurdamente longe de ser o grande risco que o pedestre corre hoje em dia nas nossas ruas) do que ter alguns acidentes entre ciclistas e motoristas.

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    1. Engraçado como as significações, viajando no tempo, acabam sofrendo tantas mudanças, algumas quase improváveis, não? Quando esperaríamos que a inocente coxinha colasse, décadas atrás, nos nada inocentes gambés (ah, que vem de grampo), depois nos vales-refeições do funcionalismo público e, enfim, nos depreciativos daqueles que pertencem à, hum, classe dominante, burguês, facista, playboy, mauricinho, diferenciado?

      Ah, mas li em algum lugar que hoje nem dependeria mais do espectro ideológico chamar alguém assim, que um coxinha de esquerda seria perfeitamente plausível.

      Mas como eu há muito tempo deixei a flor da juventude para trás, mas com ganhos de discernimento e conhecimento de causa das causas pelas quais vale a pena lutar, além de habilidades maiores em separar o joio (por exemplo, certos egoísmos de juventude mal-resolvidos, e que costumam se esconder por trás dessas causas: “ando com a minha bicicleta onde eu quiser… saltando o que vier pela minha frente”), do trigo, prefiro recriminar ao estilo clássico. E outro tipo de quitute clássico, talvez mais clássico que coxinha, seria?

      Pastel, Paulo, você não passa de um pastel.

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  9. Outro dia estava discutindo com um amigo ciclista o perigo de pedalar em ruas e avenidas movimentadas. Particularmente, não tenho essa coragem porque não confio nos motoristas (nem nos amigos e parentes). E é bastante evidente que a questão do ciclista sair da rua e ir para a calçada se deve ao medo de um acidente. Não acho tão ruim a procura por um local seguro como a calçada, mas algumas pessoas não têm discernimento sobre o que estão fazendo.

    Exemplo disso: na avenida Vital Brasil da Zona Oeste de São Paulo não há espaço para bicicletas na rua e muito menos na calçada. Ainda assim, o número de ciclistas aumenta visivelmente. Seguir a opção de percorrer o passeio dos pedestres é uma coisa, e em vários pontos ele tem certa liberdade no local justamente por causa da falta de transeuntes, porém, pedalar onde há um aglomerado de pessoas esperando um ônibus chega a ser indecente. Nesse caso, será que dói tanto assim fazer uma rápida caminhada no meio de tanta gente? É sério, ele perderá menos tempo fazendo isso do que avançando sobre as pessoas. Muitos sequer pedem “licença”. Chato pra caramba.

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  10. Mudem pra lá. Credo. Um governo que fiscaliza cada passo do cidadão. E qual a virtude de nao cuspir no chao por medi de multa e nao por educação. Não jogo lixo nao (alias reciclo meu lixo), nao cuspo no chão, dou preferência ao pedestre tanto de carro como de bicicleta, tudo independente de haver multa ou não.

    Ta louco. Multa por falar alto?!

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  11. “Respeitar as leis de trânsito ainda é perigoso para o ciclista.”

    A frase lapidar de todo o texto que resume a situação de quem pedala na cidade.

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    1. Aqui no Brasil damos o luxo de achar que um fato pode anular o outro! Um ladrão que rouba canetinhas na papelaria é menos ladrão que o que rouba um banco! Por isso ficamos nessa inércia! Sendo coniventes que erros menores, somos coniventes com tudo de errado!

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  12. Acho que ninguém pode ser multado sem ser ensinado antes.Os motorizados fazem exame psicotécnico,aula teórica,aula prática,e,no fim,o exame.Se eles cometerem erros,pode-se partir do princípio que SABEM que estão errando,já os ciclistas não estão sendo preparados de forma adequada,não podem ser punidos por não terem o conhecimento que não lhes é dado.
    Quando ensinarem NAS ESCOLAS como o ciclista deve atuar no trânsito(sim,NA ESCOLA,já que pra habilitação existe restrição de idade – de 18 anos pra cima -,para andar de bicicleta não existe,então a informação tem que chegar O MAIS CEDO POSSÍVEL pras pessoas,se possível NA INFÂNCIA),talvez dê pra pensar em punir ciclista,já que vai se poder partir do princípio que ele SABE O CERTO e se erra,ERRA POR DESEJAR ERRAR…

    Polêmico. O que acha? Thumb up 6 Thumb down 3

  13. Acho que por aqui esta discussão irá muito longe, se não for eterna. Moramos em um país chamado Brasil, reflita, como está a educação? Acho que tudo começa por aí, na educação. Talvez daqui uns 50 anos se a educação melhorar, progredimos.
    Ando de bicicleta desde os 5 anos de idade, hoje tenho 45. Nestes 40 anos perdi muitos amigos em acidentes, tanto de carro como de bicicleta. Uso minha bike nas ruas, consciente e respeitando os meus limites, sim, nós temos limites. Eu paro nos sinais vermelhos, espero todos passarem e quando abre sigo meu caminho. Vejo muitos ciclistas usando capacetes, luzes de alerta e tudo o mais. Parecem conhecer mas quando vejo, muitos passam pelo sinal vermelho e nem respeitam os pedestres que estão naquele momento de atravessar a faixa. Estes ciclistas simplesmente não tiveram uma educação correta durante a vida. Andar na calçada eu? Difícil pois estaria no lugar do pedestre, atrasaria o meu trajeto e colocaria em risco pessoas que a utilizam.
    Acho que faltando a educação certa na formação resulta nisto onde cada um pensa somente no “eu”,defendendo o seu território como se estivesse em uma guerra. Temos de pensar nos outros também. Vivemos todos em um lugar só.
    Uns falam que bike é para andar em parques, estes estão sendo egoístas e pensando em sí só. Não conheçem a pessoa que está na bicicleta e usa ela como transporte. As vezes ela nem tem carro e nem dinheiro para conduções e só a bike como meio de transporte. Já o outro, em seu automóvel é egoísta, teve educação mas não sabe como usar.Vivemos em uma selva de pedra, fiquem atentos!

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