Atropelador de Marina Harkot entra em contradição em entrevista ao Fantástico
Gaguejando muito e entrando em contradição, José Maria da Costa Júnior contou sua versão sobre como matou Marina Harkot
O homem que atropelou e matou a ciclista Marina Harkot em 8 de novembro concedeu entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo. Transcrevemos a entrevista abaixo, com nossa análise das contradições do atropelador.
Na terça-feira, 10 de novembro, José Maria da Costa Júnior havia se apresentado à polícia, o que causou tumulto no 14º DP. Mas não respondeu a nenhuma das perguntas do delegado que investiga o caso. Mesmo frente a perguntas simples, como quando perguntado se era ele quem dirigia o automóvel, preferiu permanecer em silêncio.
Mas à Rede Globo, o atropelador falou. Com uma entrevistadora excessivamente cuidadosa, que parecia até um pouco perdida nas perguntas (ou preocupada em não encurralar o entrevistado para que ele não desistisse de responder), o homem que matou a ciclista de 28 anos deu algumas das informações que não quis fornecer ao delegado.
A entrevista
Gaguejando muito, Costa Júnior contou sua versão da história. Transcrevemos abaixo a entrevista, reproduzindo literalmente suas palavras – incluindo os erros de concordância.
Você estava dentro do carro com quantas pessoas?
Estávamos em três.Em nenhum momento alguém que estava no carro comentou “vamos parar? vamos tentar ver o que aconteceu?”
Não. A gente não tinha essa… essa noção. Que pudesse ter… da complexidade. Que alguém pudesse tá ali, que pudesse tá machucada… Se era um roubo, se era alguma coisa. Não sei, também teria que preservar pela minha vida.Em nenhum momento depois você teve interesse de olhar no retrovisor, pra ver se tinha realmente atropelado alguém?
Não, eu não vi pelo retrovisor. Como tinha mais gente lá, no caso, que tivesse até mais condições de… de poder socorrer, eu entreguei que… que essas pessoas pudesse socorrer essa pessoa.Você chegou a pesquisar um pouco sobre a Marina? Ela era uma pessoa que era uma ativista, né? Do uso da bicicleta…
São dois mundos muitos diferente. De onde eu vim e onde ela está.Como é que exatamente aconteceu o acidente?
O acidente? Eu… cheguei numa… saída assim de água, reduzi o carro pra poder passar, o carro atrás buzinou, eu acelerei e acabei ficando na dúvida se eu podia atravessar, cruzar pro outro lado ou não, aí vi alguma coisa na minha frente.No sábado, você tava fazendo o quê exatamente? Saiu de casa, foi pra onde?
Trabalhei e fui encontrar uns amigos.Num bar?
Isso.Você bebeu?
Não.(A conversa é retomada na matéria após entrevista com a dona do estacionamento, que alega que ele desceu do carro com uma garrafa de vinho pela metade, quando chegou em casa logo após o atropelamento)
Não. Eu peguei uma garrafa depois, dentro do apartamento. Mas essa garrafa não tava dentro do carro.
(Reportagem mostra o atropelador tranquilo e sorrindo no elevador do prédio junto a uma mulher, ao chegar em casa depois de ter matado Marina com seu carro)
Você atropelou uma pessoa e aí você tá super tranquilo…
Eu estava espontâneo ali porque eu queria acalmar ela. A minha preocupação ali era ela, o emocional dela… A situação posterior é aquilo ali.O que que você espera que… que aconteça?
Que a família dela me perdoe. Aceite o meu pedido de perdão.
Essa é a versão do atropelador. Infelizmente nunca teremos a versão da atropelada.
As contradições
Na entrevista, o homem que matou a cicloativista afirma que nem ele e nem as outras pessoas no carro tinham noção do que havia acontecido. “Se era um roubo, se era alguma coisa”. Não teriam entendido que uma pessoa estava ali, machucada.
Porém quando a entrevistadora pergunta se ele viu no retrovisor que havia atropelado alguém, ele responde que não viu, mas ao mesmo tempo diz, de forma bastante confusa, que havia mais gente lá e com mais condições de socorrê-la.
Ora, se ele não percebeu que atropelou alguém, se achou que era um assalto e se evadiu porque “teria que preservar pela sua vida”, como conseguiu ver que havia mais gente no local onde a cicloativista foi atropelada? Ele diz inclusive que conseguiu ver até que essas pessoas tinham mais condições de socorrê-la. Mas… Socorrer quem? Socorrer de quê?
Com essas contradições, simplesmente não há como entender a versão que ele tentou passar desse homicídio. Ele percebeu ou não que havia atropelado alguém? Saiu porque achou que estava sendo assaltado, porque viu que alguém a socorreria melhor que ele, ou para fugir do flagrante mesmo? Deixe sua opinião nos comentários.
Bebida
O atropelador José Maria da Costa Júnior afirma categoricamente que não bebeu antes de matar Marina Harkot com seu carro. Ele diz que foi a um bar com amigos, mas que não ingeriu bebidas alcoólicas nesse local.
Duas pessoas já afirmaram tê-lo visto tirar uma garrafa de vinho de dentro do carro: a dona do estacionamento, nessa entrevista do Fantástico, e o gerente do mesmo estabelecimento, em outras reportagens.
Apesar disso, o homem que atropelou e matou a jovem nega que tenha saído do carro com uma garrafa de vinho. “Eu peguei uma garrafa depois, dentro do apartamento.” Como essa garrafa, de dentro do apartamento, foi vista pela proprietária e pelo gerente do estacionamento?
Como você acha que aconteceu esse homicídio? Ele está falando a verdade? Deixe sua opinião nos comentários.
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Esse cara merece perder o direito de dirigir. Tomara que a justiça seja feita. Se isso acontecer dele ser absolvido ele pode fazer novamente com outra ciclista ou com um motociclista. Esse não merece nem viver no meio da sociedade
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Ana, ele teve a CNH retida, pelo que entendi pela duração do processo. Mas realmente deveria perder o direito de dirigir por pelo menos uns 10 anos.
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– fugir por dois dias já deveria tornar o crime DOLOSO (pois ele sabidamente estava fugindo dos testes que comprovariam ter ingerido bebida alcoólica)
– lei eleitoral que protege bandidos… (ou o voto deste cara era mais importante que a prisão em flagrante…)
– crime premeditado pois sabia que tinha ferido alguém (disse que viu pelo espelho que outras pessoas estavam ajudando) e ainda chega em casa, esconde carro nos fundos, tira bebida de dentro do carro e some por dois dias….
– uma vida vale menos que um voto neste país… que futuro nós temos?
Me tornei ciclista ativa durante a pandemia e mesmo em cliclofaixa fico insegura vendo a forma violenta com que os carros passam próximos da ciclovia…. mas também sinto vergonha em ver que tantos de nós ciclistas não respeitam sinalização de trânsito se expondo a riscos maiores.
Marina vive me cada um de nós, pra não deixarmos esta mentira ser aceita…
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Até agora não entendi a dinâmica desse crime. Ele veio da Rua Lisboa e a Marina estava na faixa de ônibus sobre o viaduto? Ele realmente cruzou 4 faixas e acertou a Marina? Se ele veio pela Henrique Schaumann, há um radar na Paulo XI logo antes da interseção com a Rua Lisboa que poderia servir de prova para muitas coisas. Faz mais sentido a Marina estar na ciclovia e ele ter acertado ela vindo da Rua Lisboa… todas as notícias se contradizem.
Enfim, punição severa e educação básica nas escolas é o que resolve isso. Não há país no mundo que tenha excelência em educação e que seja brando nas punições, isso é utopia. As pessoas precisam sim ter medo. Medo de assaltar, medo de ser imprudente no trânsito, etc.
Tenho um amigo que trabalha nos Emirados Árabes Unidos. Sabe qual é o ladrão que tem lá? De galinha. E mesmo esse tem a mão decepada caso seja julgado culpado. Muito frieza do povo? Sim! Resolve? Sim!
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Crime doloso , sim!! Que as Leis de trânsitos sejam mais rigorosas com esses cínicos e irresponsáveis!!
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Homicídio doloso.Ele é muito cínico e está muito seguro que nada vai acontecer com ele.Nao devemos deixar passar essa impunidade.Leis severas para o trânsito.Que ele sirva de exemplo.
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Já fui atropelado duas vezes e nas duas tive fratura. Fora as atrocidades que todo motorista faz contra nós, ciclistas. Para mim tudo isso tem uma solução bem simples:
MOTORISTA QUE CAUSAR ACIDENTE COM VÍTIMAS OU AMEAÇAR A VIDA DE QUALQUER CIDADÃO DEVE PERDER O DIREITO DE DIRIGIR
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Se as pessoas ficassem sem dirigir por 5 ou 10 anos em situações assim, aprenderiam na marra. O problema é que elas continuariam dirigindo mesmo com habilitação suspensa, já que a fiscalização é inexistente e sempre tem quem avise das blitzes em redes sociais e no próprio Waze… 🙁
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mais um homem de história ilibada (igual ao estuprador de Santa Catarina) vindo de boa família, homem de bem, começando o trabalho de limpeza de marketing com apoio da Rede Globo de Televisão, para repaginar uma história que não permite repaginação.
Fosse uma pessoa simples e pobre que tivesse atropelado a cicloativista, responda TV Globo, vcs abririam espaço no Fantástico para entrevistar essa pessoa? Esse marketing de limpeza me dá nojo.
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Bom, faltou ele falar que a Marina jogou-se debaixo do carro dele… Só falta esse absurdo. Atropela ciclista por trás e diz que era assalto? Oi?
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QUERO DEIXAR CLARO QUE NADA JUSTIFICA A ATITUDE DO MOTORISTA DE NÃO TER PARADO E PRESTADO SOCORRO.
Ingestão de bebida alcoólica e excesso de velocidade ainda são suposições.
A cretinice do cidadão já parece ser fato comprovado.
Algumas questões que ficam são:
Cobra-se tanto a construção de ciclovia, por que não utilizar? Naquele trecho a ciclovia é ótima, ela só fica escura mais próxima ao viaduto da Dr. Arnaldo.
Eu sei que não é obrigatório, que talvez não fizesse diferença nesse caso específico, mas por que não usar capacete?
Em tempo, o comportamento do atropelador é indefensável mas não podemos aproveitar essa tragédia para fazer uma autocrítica e melhorar o nosso?
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Mundo bem diferente entre ele e Marina, tanto que até o advogado que o defende apresentou-o n DP com carro que tem no parabrisa adesivo de candidato a vereador (Goulart) que dizem já ter espalhado pela cidade faixas conta ciclos.
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O que me deixa indignada é como a nossa vida é frágil e constantemente cruza com esse tipo de gente: “são dois mundos diferentes”. Estava querendo se aparecer para quem estava no carro… E concordo com vc, foi uma entrevista bem não me toque mesmo.
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Sou ciclista, trabalho em cima de uma bicicleta e respeito é respeito em qualquer lugar do mundo. E bebida alcoólica é bebida alcoólica também em qualquer lugar do mundo. É óbvio que cada um vive em um mundo diferente do seu semelhante e nem por isso tem o direito de sair com uma máquina de aço com mais de não sei quantos quilos com a consciência alterada por bebida e achar que dá conta de andar pelas ruas sem ferir alguém. Foi homicídio doloso, pois ao beber ele assumiu o risco de matar alguém (seja uma ciclista, um pedestre, ou outra pessoa). Chega desse mimimi de que “…eu só bebi uma taça de vinho…” ou “…eu só tomei um copo de cerveja…”. Se beber e for dirigir e encostar o carro em alguém, é ato doloso!
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Safado pilantra, tomara que na família dela tenha alguém com sangue nos olhos, pra sentar o aço nesse pilantra !
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Assassino foi a uma grande rede de tv tentar passar a imagem de coitadinho, pedindo perdão à família. Esperamos todos que ele não fique impune e que o caso de Marina sirva para ajudar a endurecer as leis de trânsito para que casos como esse não se repitam. Medidas de acalmamento das vias seriam bem vindas em nossa cidade também! Precisamos de cidades mais humanas!
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REVOLTANTE! O cinismo e descaso dele é tanto que deveria ser enquadrado como homicídio doloso. Diz que vive em um mundo muito diferente da ativista e é isso, o mundo dele precisa estar ciente de que a vida de ciclistas importa e que os carros são responsáveis pela segurança nas ruas.
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