Ciclista mulher atravessa na faixa de pedestres. A placa na bicicleta lembra aos motoristas que sua filha a espera em casa.

Ciclista mulher atravessa na faixa de pedestres. A placa na bicicleta lembra aos motoristas que sua filha a espera em casa. Foto: Willian Cruz/VdB

Bicicleta é importante para a mulher, mas há dificuldades para seu uso

Pedalar pode ser um desafio para as mulheres, mas isso não tem a ver com capacidade física ou habilidade. Descubra quais as dificuldades e o que é preciso mudar

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma oportunidade para refletir sobre a igualdade de gênero e o papel das mulheres em diversas áreas da sociedade. Uma dessas áreas é a mobilidade urbana, que tem sido historicamente dominada por homens. Até mesmo em uma rápida avaliação visual em locais de grande fluxo de ciclistas é possível perceber que há bem menos mulheres pedalando do que homens.

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Liberdade e autonomia para a mulher

Neste contexto, é importante destacar o papel da bicicleta para a promoção da autonomia feminina. Esse fenômeno ocorre desde o século XIX, quando a bicicleta foi fundamental para a conquista de direitos e liberdades para as mulheres.

A bike tem se mostrado um meio de transporte inclusivo, empoderador e até mesmo libertador para as mulheres. Especialmente em cidades onde o trânsito é intenso e o transporte público é precário. Some-se a isso o fato de ser uma opção econômica e acessível, que ajudando a equilibrar o orçamento doméstico.

Andar de bicicleta oferece ainda uma série de benefícios à saúde, como melhoria da capacidade cardiorrespiratória, redução do estresse e da ansiedade e o aumento da sensação de bem-estar. Isso faz da bike um meio de transporte especialmente relevante para as mulheres, que muitas vezes se encontram sobrecarregadas com trabalho, estudos e ainda acumulam responsabilidades dentro de casa.

Ciclovias e ciclofaixas

Apesar de todos os benefícios, o uso da bicicleta ainda enfrenta uma série de desafios, especialmente para as mulheres. A falta de infraestrutura cicloviária segura, bem sinalizada e com boas condições de pavimento é uma das principais barreiras para a adesão às pedaladas. Muitas cidades ainda não contam com ciclovias e ciclofaixas, que protegem a vida dos ciclistas e aumentam a frequência de mulheres pedalando.

E mesmo quando existem, essas estruturas precisam ser fiscalizadas, para que motoristas não estacionem sobre elas, impedindo seu uso. Também é preciso realizar manutenção das ciclovias, tanto em relação ao pavimento quanto à sinalização. Afinal, um buraco pode resultar em um pequeno prejuízo para quem conduz um automóvel, mas pode causar ferimentos graves em quem pedala. Por isso, ciclovias e ciclofaixas precisam de prioridade de manutenção, até mesmo por esse custo ser bem menor que no espaço usado pelos carros.

É preciso cobrar de prefeitos e governadores a implantação dessas estruturas de proteção, tanto dentro das cidades quanto em interligações intermunicipais. Mais do que estimular o uso da bicicleta por mulheres, ciclovias protegem a vida e contribuem para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e outros poluentes. E essa é apenas uma de muitas razões para apoiar a implantação de ciclovias.

Assédio e violência

As mulheres também enfrentam desafios relacionados à segurança pessoal ao usar a bicicleta como meio de transporte. Infelizmente, esses problemas vão além dos já conhecidos roubos de bicicletas. O assédio sexual e a violência de gênero são problemas que afetam as mulheres em todos os aspectos da vida, incluindo o trânsito. Mulheres que pedalam muitas vezes relatam situações de assédio e intimidação por parte de motoristas e até mesmo de outros ciclistas.

Mudar essa situação depende de uma mudança de comportamento dos homens – e não só dos assediadores. Não apenas estes devem aprender a respeitar as mulheres, mas os demais devem repreender seus colegas quando os virem assediando ou se vangloriando do que fazem. Essa cultura precisa mudar.

Dupla jornada

É fato inegável que as mulheres, no geral, acumulam muito mais tarefas em um dia normal do que os homens. Principalmente depois que se tornam mães. Atividades como deixar as crianças na escola, lavar e passar roupas, fazer compras e preparar o jantar acabam ficando com as mulheres. Por conta disso, nem sempre conseguem usar a bicicleta como gostariam.

Os homens precisam perceber que as tarefas de uma casa são de todos que moram nela. Não adianta desejar ou insistir para que sua companheira pedale, se há uma pilha de roupas, de louças ou de outras tarefas para resolver. É preciso ser mais ativo e responsável dentro de casa, para que as mulheres também tenham direito a um pouco de lazer, ou de optar por uma forma de deslocamento que lhes traga mais liberdade e autonomia.

Por mais mulheres pedalando

Em conclusão, o uso da bicicleta como meio de transporte pode ser uma ferramenta poderosa para promover a autonomia feminina e a igualdade de gênero. Ao fornecer às mulheres uma opção segura, econômica e saudável para se deslocar, podemos ajudar a criar sociedades mais justas e inclusivas para todas as mulheres.

E embora isso dependa bastante de iniciativas do poder público, em grande parte necessita também de uma mudança no comportamento dos homens. Tanto em relação às suas companheiras, quanto em suas relações familiares (mães, irmãs e filhas) e sobretudo com as “desconhecidas” que encontram pelas ruas. Todas as mulheres (inclusive as mulheres trans) merecem respeito.

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