Esses perigosos ciclistas e suas máquinas mortíferas
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Ah, esses perigosos ciclistas… Dessa vez, o meliante bateu na lateral de um caminhão! Por sorte, o caminhoneiro não se machucou e o caminhão não sofreu nenhum dano. Ainda bem, senão era capaz do ciclista ainda ter que pagar pelo prejuízo.
Essa matéria do site CGN (Central Gazeta de Notícias, do grupo Gazeta do Paraná), diz que o ciclista “bateu na lateral traseira do furgão”. Entende-se, dessa forma, que o motorista do caminhão trafegava tranquilamente quando o ciclista bateu na lateral traseira do veículo mastodôntico.
Para o ciclista bater na lateral traseira, só se ele estivesse numa bicicleta gigante, já que o baú do caminhão fica na altura da cabeça do ciclista. Além disso, pelas imagens dá para perceber que o cabra era bom: ele conseguiu bater de ré embaixo da roda do caminhão.
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Quem já levou uma “fina” de um veículo grande, sabe bem o que deve ter acontecido nessa situação: o mesmo que aconteceu com a Márcia Prado, em janeiro desse ano. O caminhão ultrapassou o ciclista sem respeitar a distância de 1,5m (art. 201 CTB). Passando muito perto, provavelmente jogando o caminhão para cima do ciclista na tentativa de “discipliná-lo”, o motorista encostou na bicicleta, que caiu sob sua roda. Ou passou com a roda por cima mesmo, já que o que se vê na imagem é a roda traseira da bicicleta sob a do caminhão. Por sorte, por muita sorte, não ocorreu óbito (pelo menos até o ciclista chegar no hospital).
Você pode estar pensando “ah, mas isso é coisa de jornal do interior”. Não, não é não. Os jornais de circulação nacional também têm o hábito de tomar o partido do motorista, não importando como foi o acidente. Em alguns casos isso é feito de maneira gritante, colocando a culpa exclusivamente no ciclista, e em outros de forma sutil, dizendo que o motorista “perdeu o controle” ou que o carro estava “desgovernado” – como se isso fosse comum e aceitável.
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E se você acha essa matéria um absurdo, leia o que o jornalista Lucas Mendes escreveu alguns anos atrás, em sua coluna na BBC. Enviei um e-mail de protesto, que nunca foi respondido ou publicado.
Charles, compreendo seu argumento, mas não há nada que possa ser feito quando uma porta se abre a dois metros na sua frente. Não dá tempo nem de apertar os freios. Se o Lucas mendes abriu a porta e um ciclista caiu, só quem poderia ter evitado a colisão era quem abriu a porta.
O melhor que o ciclista pode fazer é andar longe das portas, para quando um distraído irresponsável abrir uma delas, não ser derrubado. Passando perto das portas, por mais que o ciclista esteja atento é impossível desviar de uma que se abre (mais sobre isso na seção “Dicas para o ciclista Urbano”).
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realmente existe muita falta de respeito dos motoristas, sou motorista e ciclista, sei como comportar como ciclista e como motorista, mas infelizmente nem 30% do motoristas respeitam as regras basicas do transito, como sempre tem preferencia os veiculos menores ao qual vc esta conduzindo e sempre sinalizar com a seta as suas manobras, isso é o basico do basico e sempre faz a diferenca…
esse site deste jornalista ai, pena q nao tem como colocar uns comentarios, pois queria dizer pra ele sempre que quando for abrir a porta do carro, sempre olhar pro retrovisor, pois foi pra isso que ele foi feito, sorte dele que foi uma bicicleta, imagine se fosse um caminhao?! acho que foi uma pena que nao foi uma caminhao… rs
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Charles, penso que é sempre obrigação da pessoa que vai abrir a porta olhar antes de fazê-lo. Acho difícil o ciclista estar errado nessa situação.
Mudando de assunto, e essa proibição/restrição aos fretados? Não é um incentivo ao uso de carro? Porque o fretado, por mais que seja particular, é um transporte coletivo..
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Grande William! Sem dúvida, esses absurdos são recorrentes. Mas, em particular, em relação ao link que você colocou do Lucas Mendes, é uma faca de dois gumes. Ele expressa seu preconceito contra os ciclistas, o que sem dúvida é condenável, mas ali também não fica claro quem estava certo ou errado.
E aliás, na maioria das vezes, é sempre difícil de saber a verdade. Estamos pessimamente acostumados a reconhecer que o problema nunca somos “nós”, e sim “eles”. Raramente ouvi alguém me relatando uma situação de trânsito onde, ao final, falasse algo como um “admito que errei”.
Em geral, erra menos quem presta mais atenção. E presta mais atenção quem é mais vulnerável, nunca vi motorista de carro ser “folgado” com caminhões como é com ciclistas. Mas tem os que são RUINS de braço e atenção mesmo, e esses vão em qualquer pessoa ou coisa que vier pela frente, pelos lados ou por trás.
Mas não dá pra generalizar. Como saber se o Lucas Mendes foi atingido, de fato, por um ciclista, ou se foi manézão e abriu a porta sem olhar primeiro?
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