Foto: arquivo pessoal

Motorista que atropelou e matou Marina Harkot fugiu sem prestar socorro

Ainda há dificuldade em identificar o atropelador, apesar da placa constar no Boletim de Ocorrência

São Paulo perdeu uma ciclista que trabalhou muito para que o trânsito da cidade se tornasse mais humano. Por ironia ou não, vítima daquilo que ela mais tentava mudar.

Marina Harkot nos deixa aos 28 anos de idade, em uma morte prematura que poderia ter sido evitada. Foto: Arquivo pessoal

Marina Harkot foi morta na madrugada deste domingo, 8 de novembro, por um motorista que a atropelou e fugiu sem prestar socorro. O atropelador a deixou caída no asfalto e fugiu do local, confiando na impunidade do anonimato, enquanto a vida da jovem se esvaía.

Conforme informações do G1, consta no boletim de ocorrência que um veículo Tucson de cor prata atingiu Marina enquanto ela pedalava pela via, por volta de meia-noite, na faixa da direita da avenida. Uma policial militar de folga presenciou o atropelamento, anotou a placa do veículo e acionou o socorro.

Marina chegou a ser atendida pelo SAMU, mas veio a óbito ainda no local. O caso foi registrado no 14° Distrito Policial, em Pinheiros, como homicídio culposo e fuga do local do acidente.

Dificuldade em identificar o motorista

Ainda de acordo com a matéria, de posse do número da placa, o delegado entrou em contato com o proprietário registrado do veículo, que afirmou tê-lo vendido em 2017. Essa pessoa ficou de apresentar documentos comprovando a transferência.

Comenta-se nas redes sociais que a Polícia Civil estaria buscando a pessoa que adquiriu o veículo. A placa que seria do atropelador tem aparecido em mensagens nas redes, mas há informações conflitantes sobre o endereço onde o veículo estaria registrado, com algumas pessoas afirmando haver buscas até em Minas Gerais, na cidade de Inconfidentes. Mas por enquanto são apenas boatos e suposições: entramos em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para obter informações oficiais e publicaremos assim que conseguirmos respostas.

Atualizado em 9/11 18h30: A SSP nos respondeu em nota às 18h23, informando que o caso é investigado no 14º DP (Pinheiros) e que “policiais da unidade realizam diligências para localizar o autor e continuam em busca de imagens, testemunhas e demais elementos para esclarecimento dos fatos”.

Atualizado em 9/11 19h20: SP TV 1[ edição confirmou que a polícia estaria buscando o atropelador em Minas Gerais. A informação passada sobre como se deu o atropelamento distoa da fornecida pelo G1, que seria a versão do BO. Na versão televisiva, mostram uma marca no chão no cruzamento e afirmam que o carro teria vindo da Rua Lisboa.

Conscientize seus amigos e familiares

Situações como essa são inaceitáveis. Não podemos permitir sua normalização. Não são “coisas da vida”, “coisas que acontecem”. A morte de Marina não foi um simples acidente.

Converse com seus amigos que dirigem para que tenham consciência da fragilidade de quem pedala no trânsito e da ameaça que um carro representa. Sobretudo se conduzido de forma descuidada ou em excesso de velocidade.

Uma pequena distração, um arroubo de impulsividade, são suficientes para ceifar uma vida. Dirigir não é brincadeira e nem demonstração de força.

 

Escolha bem seus candidatos

Muita coisa tem que mudar nessa cidade. Por isso, escolha muito bem seus candidatos.

Eles sabem o risco que os maus motoristas oferecem a ciclistas e pedestres? Estão comprometidos com a segurança viária? Mesmo? Ou ainda falam em “indústria da multa”, acham que os motoristas é que estão acuados pela fiscalização e que as ciclovias precisam ser “revistas”?

Tenha certeza das prioridades de quem você pretende eleger. Nossas vidas dependem disso.

 

Quem foi Marina Harkot

Foto: Arquivo pessoal

Cicloativista e pesquisadora de mobilidade urbana, Marina Kohler Harkot atuou no Conselho Municipal de Transporte e Trânsito e foi coordenadora da Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo).

Obteve o título de mestre pela USP, com a dissertação “A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo”.

Deu aulas na Escola da Cidade e foi consultora de projetos no Banco Mundial.

Nos deixou aos 28 anos, com muito ainda por fazer pelos ciclistas e pela cidade.

Acompanhe o caso

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2 comentários em “Motorista que atropelou e matou Marina Harkot fugiu sem prestar socorro

  1. Concordo com a Samantha, muitos “ciclistas” são irresponsáveis., trafegam na direção da contra mão das vias, não possui qualquer sinalização na bicicleta, trafegam a noite com roupas escuras dificultando os motoristas a sua localização, não trafegam nas ciclovias, não obedecem os sinais do trânsito, etc.

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  2. Além de precisarmos de motoristas conscientes, também precisamos de ciclistas conscientes. TODOS precisam ser responsáveis. Eu, enquanto pedestre, por pouco não fui atropelada por um ciclista que não respeitou o sinal vermelho. De carro, já tomei inúmeros sustos com ciclistas que pedalam sem luz, sem sinalização, vestidos de preto, no escuro. E tantas vezes já vi ciclistas e motociclistas ultrapassarem sinais vermelhos e não obedecerem às leis de trânsito…

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