Milhares de ciclistas aguardando a primeira balsa, na região do Grajaú, na descida oficial da Rota Márcia Prado em 2012. Na edição 2014, foi criada uma rota alternativa. Foto: Willian Cruz

Rota Márcia Prado – sucessos e desafios

Cerca de dez mil ciclistas participaram em 2012, o que fez surgir as inevitáveis críticas. O que deu certo? O que deu errado? Como melhorar?

Até a estrada de terra sofreu críticas de quem não estava habituado ao cicloturismo. Foto: Willian Cruz
Até a estrada de terra sofreu críticas de quem não está habituado ao cicloturismo. Foto: Willian Cruz
Milhares de ciclistas aguardando a primeira balsa, na região do Grajaú, na descida oficial da Rota Márcia Prado em 2012. Na edição 2014, foi criada uma rota alternativa. Foto: Willian Cruz
Milhares de ciclistas aguardando a primeira balsa, na região do Grajaú, na descida oficial da Rota Márcia Prado em 2012. Na edição 2014, foi criada uma rota alternativa. Foto: Willian Cruz

No dia 9 de dezembro de 2012, um domingo, cerca de nove mil ciclistas saíram da cidade de São Paulo em direção a Santos, colorindo as ciclovias, ruas e estradas por onde passavam.

O número oficial do Instituto CicloBR é de 8978 ciclistas. Mas segundo o site As Bicicletas, a contagem foi interrompida na parte da tarde e uma estimativa de doze mil ciclistas seria até conservadora. Atualizado: O Instituto CicloBR informou que todos foram contados; foram encerradas apenas as inscrições e a conferência, mas a contagem prosseguiu até o último ciclista.

Mas muita gente desistiu na primeira das balsas, devido à enorme que fila que acabou se formando – ou seja, gente que não entrou nessa contagem. Creio que podemos falar em cerca de 10 mil ciclistas.

Evento cicloturístico nacional

Além de milhares de paulistanos, ciclistas de outras cidades e até de outros estados integravam o gigantesco pelotão.

Só da região de Campinas, interior de São Paulo, vieram pelo menos 5 ônibus, que deixaram os ciclistas em São Paulo para buscá-los mais tarde no litoral. O Pedal Noturno de Santos subiu de ônibus ao planalto paulista, para que seus integrantes pudessem pedalar de volta até sua cidade (alguns subiram pedalando!). As meninas do Dedo de Moça, de Itapetininga-SP, também estavam entre os milhares de ciclistas.

Havia gente de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e outros estados – como os Trilheiros do Cerrado, que vieram de Goiás. E muitos outros grupos locais participaram, além dos que se formaram justamente para realizar a viagem: grupos de amigos, a turma da academia, os colegas da empresa. A todos que participaram desse desafio, o Vá de Bike dá os parabéns.

A descida coletiva anual da Rota Cicloturística Márcia Prado está mesmo se consolidando como evento nacional. E a quantidade inédita de participantes demonstra o quanto a bicicleta cresceu no ano de 2012, seja como meio de transporte, instrumento de lazer, equipamento esportivo e até – por que não? – hype mesmo.

Organizar um evento desse porte, com pouquíssimos voluntários, nenhum dinheiro e quase nenhum apoio do poder público, é uma realização digna de elogios. Parabéns ao Instituto CicloBR.

Também fez a Rota? O que achou? Conte pra gente ali nos comentários da página!


ROTA MÁRCIA PRADO
Use nossa lista do que levar e não esqueça nada em casa!
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Mapa da Rota Márcia Prado no Google Maps
(com pontos de água, alimentação e de relatos de assaltos)
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Imprensa

Apesar da quantidade gigantesca de ciclistas, a imprensa tradicional ignorou solenemente o evento. Apenas veículos online, principalmente blogs e sites pessoais, publicaram notícias sobre o passeio. Houve duas notas no online da Folha (uma com fotos e legendas do ano anterior e a outra sugerindo relação com a lentidão na rodovia), mais uma ótima matéria no Ciclovivo. Houve também uma publicação no online da Carta Capital. Mas, até onde apuramos, nada foi dito na mídia impressa, radiofônica ou televisiva.

Para ser justo, houve duas únicas exceções. A ESPN veiculou, no dia 13 de dezembro, uma reportagem de Renata Falzoni sobre a Rota Márcia Prado. Falzoni, como não poderia deixar de ser, esteve lá. A outra foi a coluna do Cleber Anderson no jornal Metro. Cleber também esteve presente na Rota, dando apoio junto com sua equipe da Anderson Bicicletas.

Críticas

Embora a quase totalidade dos participantes tenha gostado bastante da cicloviagem, algumas críticas à organização surgiram na página do evento no Facebook. Muita gente que nunca havia experimentado o cicloturismo, alguns acostumados com o colo protetor da Ciclofaixa de Lazer ou com o ambiente fechado da academia (as “rodinhas” psicológicas), sentiu falta do que classificaram como “estrutura” ou “apoio”.

Fila no acesso Vila Olímpia da Ciclovia Rio Pinheiros, para passar a escadaria. Recomenda-se buscar outras entradas para a ciclovia, como a estação Santo Amaro, que possui acesso por rampa. Foto: Willian Cruz

Estranharam a pedalada na rua junto aos carros, sem isolamento por cones; a falta de um carro de apoio, que carregaria água, frutas, isotônico e band-aid; a estrada de terra esburacada e escorregadia, que demandava algum controle sobre a bicicleta que não é exigido na academia ou na ciclovia; a falta de monitores ao longo de todo o trajeto, já que estavam posicionados apenas em pontos mais críticos ou circulando entre os participantes. Até o uso do acostamento na rodovia, garantido por lei e praticado diariamente por muitos ciclistas em seus deslocamentos em todo o país, foi criticado como pouco seguro – afinal havia caminhões na faixa ao lado, que absurdo…

A espera na balsa era previsível, ainda que não se imaginasse que tanta gente compareceria. Ela é dimensionada para atender aos moradores e frequentadores habituais da região, mas naquele dia teve de transportar cerca de nove mil pessoas a mais, que chegaram ali quase ao mesmo tempo. Foram necessárias cerca de seis horas para levar todos os ciclistas para a outra margem. Enquanto esperavam, muitos ciclistas contavam piadas, tiravam fotos, faziam novos amigos, aproveitavam para fazer uma boquinha no comércio local. Tudo sem perder o bom humor.

Conheça a capacidade das balsas
e saiba sobre o caminho alternativo

Esperar por algumas idas e vindas da balsa para atravessar é fato comum para quem está acostumado a cruzá-la de carro. Em outras edições da Rota Márcia Prado, também houve espera de até meia hora para os ciclistas – que têm prioridade de travessia sobre os automóveis. O Instituto CicloBR não pode ser responsabilizado pela fila na balsa, já que se trata de um transporte público estadual, com suas limitações, e recomenda que a reclamação seja direcionada à Artesp.

Ciclistas compartilhando espaço com os carros na região do Grajaú. Foto: Willian Cruz

A estrada de terra é parte do desafio de completar a Rota Márcia Prado em sua totalidade, bem como a passagem de balsas. Há caminhos alternativos, mas esse é o trajeto oficial. Além disso, apesar do direito garantido em lei de se utilizar o acostamento da rodovia dos Imigrantes (evitando, assim, as balsas e o trecho de terra), a concessionária Ecovias costuma instruir a Polícia Rodoviária a impedir os ciclistas de trafegarem por ele, o que acaba condicionando a realização da viagem à transposição da estrada de terra. As reclamações também devem ser direcionadas à Artesp, que é a agência reguladora que deveria defender os direitos do cidadão (embora prefira defender o posicionamento antipático, irredutível e ilegal da Ecovias). A concessionária, aliás, tentou cobrar R$ 95 mil para que fosse dado apoio ao evento.

Houve queixas sobre a insegurança em alguns trechos, onde lamentavelmente ocorreram alguns roubos de bicicletas. Cabe salientar que a Polícia Militar foi avisada, o policiamento foi intensificado no dia (há até relatos de comboios de ciclistas sendo escoltados em alguns momentos) e a PM conseguiu recuperar parte das bicicletas roubadas. O evento é realizado em espaço público e a segurança cabe à Secretaria de Segurança Pública, que pode ser contatada pelo e-mail seguranca@sp.gov.br.

Outro ponto de crítica foi a demora no posto de controle da Estrada de Manutenção. Ao contrário do que possa parecer pela baixa fiscalização, o Parque Estadual da Serra do Mar não é um parque aberto ao público, sendo necessário pedir autorização para transitar dentro dele. Para conseguir essa autorização, era necessário que todos os participantes preenchessem o termo de responsabilidade – que ajudaria, inclusive, em caso de emergência, pois continha os dados do ciclista. Muita gente se inscreveu antes e levou o número, o que agilizou o processo. Se houve fila e demora, ela se deve aos participantes que não se inscreveram previamente ou que não levaram a numeração, precisando preencher e assinar o termo antes de prosseguir.

Voluntários do Instituto CicloBR dando instruções para uma descida segura. Permaneceram ali até quase as 20h, garantindo que ninguém havia ficado para trás. Foto: Willian Cruz

Apoio aos participantes

Os voluntários realmente não eram vistos em todo o trajeto. Ainda que houvesse dezenas de voluntários do Instituto CicloBR, do Bike Anjo e da Oficina Mão na Roda, seu número não era suficiente para preencher todos os 100km do percurso completo. Apesar disso, foram realizados muitos atendimentos a quem tinha problemas mecânicos, pneu furado, corrente quebrada, precisava de informações ou até mesmo de um gole de água ou de um simples incentivo para continuar a pedalada. E esses atendimentos não foram feitos apenas pelos voluntários, mas também por muitos outros ciclistas experientes que percorriam a rota ao lado dos iniciantes e paravam para ajudar quem estivesse com dificuldades.

Uma ambulância estava a postos na Estrada de Manutenção, chegando a realizar alguns atendimentos. Claro que não deslocariam a ambulância para passar antisséptico num joelho ralado, mas casos mais graves recebiam atendimento, sim. Viaturas da PM foram vistas circulando ao longo do caminho de terra e também na baixada. A Polícia Rodoviária e a Ecovias ajudavam a aumentar a segurança viária na rodovia e até o acostamento estava sinalizado, alertando os motoristas sobre a presença de uma massa grande de bicicletas por ali. Os letreiros luminosos da Imigrantes pediam atenção à presença de ciclistas, ainda que circulassem apenas pelo acostamento.

Ambulância a postos na Estrada de Manutenção.

Em Cubatão, a Prefeitura recebia os ciclistas que passavam por ali com água e bananas. Quem pedala longas distâncias sabe bem a ajuda que esse alimento aparentemente frugal dá ao organismo que quem está na bicicleta há horas. A Secretaria de Turismo de Cubatão percebeu o potencial do evento e, além de receber bem os participantes, sinalizou o trecho da rota ao longo da cidade. Muita gente parou para fazer uma refeição no centro de Cubatão, movimentando o comércio local.

Tudo isso criava condições especiais, dando muito mais segurança e apoio do que os ciclistas habituais enfrentam nas ruas diariamente. Ao contrário do que algumas pessoas afirmaram, as autoridades foram avisadas. Alguns órgãos deram seu apoio, em maior ou menos extensão. Outros, não. Se o apoio do poder público não foi suficiente, a responsabilidade não pode ser atribuída ao Instituto.

Cicloturismo não é passeio com kit

A Rota Márcia Prado é um roteiro de cicloturismo, uma indicação de caminho para se transpor de bicicleta. E, cabe ressaltar, poucos roteiros de cicloturismo no Brasil são tão bem documentados em fotos, relatos e mapas de inúmeras fontes como essa rota.

Cicloturismo implica em viajar por seus próprios meios, com a maior autonomia possível. Vencer a distância com seus próprios recursos, vencendo também seus limites. Quem confundiu cicloviagem com passeio comercial, com direito a camiseta, barrinha de cereal, squeeze, folhetinho de propaganda, trio elétrico, medalhinha e monitores com camiseta do patrocinador a cada esquina, lamento: faltou se informar. Em toda a divulgação, chamou-se atenção para o fato de haver subidas, estrada de terra, pista escorregadia e das necessidades de levar água e comida, de ter a bicicleta em perfeito estado, de levar ferramentas, de ter preparo e disposição para enfrentar os 100km de pedalada. O evento é em área aberta, sujeito às intempéries e às condições usuais de segurança pública e viária.

Apesar de todas as autorizações, às 13h a Polícia Militar surgiu na fila da primeira balsa, com escudos, armamento pesado e ordens para dispersar os ciclistas que aguardavam pacificamente na fila. A justificativa é que estariam “impedindo a circulação”, quando na verdade estavam tentando trafegar. Depois de muita conversa com o pessoal do CicloBR e a confirmação de que o evento estava autorizado, os policiais se retiraram. Foto: Willian Cruz

A vida não tem cones, monitores com bandeirinhas ou viaturas fazendo escolta. Nesse dia, ninguém foi premium, ninguém teve pulserinha para a área vip, ninguém foi carregado no colo. Todos eram iguais, seguindo juntos em uma mesma aventura e ajudando-se mutuamente. Aquela bicicleta popular que chegou na areia da praia pedalada por um tênis surrado, num pedal de plástico trincado, teve o mesmo valor da bicicleta de ponta, pedalada por uma sapatilha importada num pedalzinho egg beater. Éramos todos um.

Cobrar pelo passeio ajudaria?

Cobrar pelo passeio, como sugeriram alguns, não garantiria estrutura melhor. Principalmente porque boa parte da estrutura precisa ser provida por órgãos públicos (e não apenas nessa data). Cobrar só faria diminuir a quantidade de participantes, selecionando aqueles que podem pagar pelo passeio. E isso também não seria possível, por se tratar de uma enorme extensão de área pública: ela seria isolada, permitindo a passagem apenas de quem tiver a camiseta do evento? Não tem cabimento.

Os voluntários prestam apoio, mas não levarão ninguém pela mão, não isolarão a avenida com cones, não colocarão lanchas no lugar das balsas. Itens como segurança viária, falta de estrutura para cruzar a represa, segurança contra assaltos e até mesmo sinalização da Rota, que está oficializada por lei, são de responsabilidade do poder público. E é dele que devemos cobrar as mudanças e melhorias que beneficiarão a todos, inclusive os que usam partes desse caminho diariamente em seus deslocamentos de bicicleta, a trabalho ou passeio.

Além disso, a intenção do evento não é obter lucro, mas popularizar a Rota e mostrar que é possível, sim, ir ao litoral em bicicleta, embora esse direito continue sendo direta e indiretamente negado. Vivenciar a Rota é entender parte dessas dificuldades, da falta de estrutura pública e da falta de apoio das autoridades que deveriam promover e incentivar a mobilidade sustentável.

Placa sinalizando a Rota. Os voluntários sinalizaram todo o trajeto antes do evento, mas parte da sinalização foi retirada, principalmente nos trechos urbanos.

Então como melhorar?

Se você tiver ideias de ações que os voluntários possam implementar para melhorar o percurso, entre em contato com o Instituto CicloBR e ajude a organizar a próxima descida. Doe um pouco do seu tempo, contribua com suas ideias, participe das reuniões, ajude o Instituto a conversar com órgãos públicos para conseguir as autorizações e o apoio. Temos certeza de que seu trabalho voluntário será bastante valioso e ajudará muito a tornar a descida de 2013 um sucesso ainda maior.

E, por favor, entre em contato com a CET e informe sobre a segurança viária na Av. Belmira Marin, que é muito utilizada diariamente por trabalhadores que vão de bicicleta até a estação Grajaú, para de lá seguirem de trem até seus trabalhos. Entre em contato com a Artesp, pedindo respeito ao direito previsto em lei de trafegar pelo acostamento da Rodovia dos Imigrantes até antes da área de túneis, negado pela concessionária que, pela lei, deveria garantir nossa segurança. E se você sabe quais os pontos com risco de assalto, entre em contato com a Secretaria de Segurança Pública pedindo maior atenção à realidade desses locais.

A Rota Márcia Prado, já oficializada por lei no município de São Paulo, já reconhecida como evento com potencial turístico pela Prefeitura de Cubatão, precisa de maior atenção dos órgãos públicos envolvidos para que se torne viável a todos durante todo o ano. Nossa participação é muito importante para conseguirmos esse objetivo, portanto colabore. Obrigado!

É preciso autorização para utilizar a Estrada de Manutenção, mas ela constuma ser concedida sem dificuldade. Foto: João Paulo Labeda/Instituto CicloBR

 

Rota Márcia Prado o ano todo

O caminho está lá. O mapa, aqui. Também temos algumas dicas. Você pode realizar a rota a qualquer momento, entretanto há a chance de ser barrado pela Polícia Rodoviária na Rodovia dos Imigrantes, a pedido da Ecovias.

Para passar pela Estrada de Manutenção (que está inserida no Parque Estadual da Serra do Mar) é preciso autorização, que pode ser obtida sem burocracia pelo telefone 13 3377-9154 ou e-mail pesm.itutingapiloes@fflorestal.sp.gov.br (dê preferência ao telefone). Não recomendamos fazer o roteiro sozinho, monte seu grupo.

O Vá de Bike te ajuda no planejamento


mapa rota marcia pradoVá de Bike disponibiliza um mapa do trajeto, com a indicação de locais de parada para abastecimento de água e comida, além dos pontos com relatos de assaltos - veja nosso mapa aqui.

E temos ainda outras informações que vão te ajudar no planejamento da viagem:

Veja também

Comunicado oficial do Instituto CicloBR, rebatendo algumas das críticas.

Relato do site As Bicicletas, com muitas informações relevantes que não couberam aqui.

Declaração do Instituto CicloBR no Facebook, sobre as autorizações que foram conseguidas para realizar a descida.

Coluna do Cleber Anderson sobre o evento, no jornal Metro.

Matéria do site Ciclovivo

52 comentários em “Rota Márcia Prado – sucessos e desafios

  1. Curiosidade: O que fazia a policia fortemente armada na balsa? Estava protegendo quem? E porque não vi policia em Santos enquanto homens armados de revolveres assaltavam e roubavam bicicleta? Porque quando o oficial de transito solicitou a policia a mesma não apareceu?

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  2. Peço desculpas pelo tamanho do relato, mas gostaria de deixá-lo na íntegra como agradecimento aos anônimos que me ajudaram e que, com sorte, passarão por aqui.

    “Estranhamente, aprendi a andar de bicicleta apenas no ano passado, aos 26 anos. Talvez por isso, as primeiras pedaladas tortas despertaram imediatamente a vontade de levar a bicicleta às ruas, transpor as distâncias do meu dia-a-dia como eu transpunha a dificuldade de uma atividade que não aprendi na infância. Meu aprendizado misturou desde o começo tanto a segurança de se pedalar no parque quanto a aventura de se pedalar nas ruas de São Paulo, primeiro evitando certos percursos pela calçada, empurrando, e depois pegando a confiança necessária para tomar o espaço que me era de direito. Por isso, a primeira bicicleta foi uma dobrável, capaz de entrar no metrô pelas manhãs e me empurrar até trabalho e faculdade no resto do caminho. Rapidamente fui me acostumando não apenas com as dificuldades de ser um ciclista em São Paulo, mas também com as dificuldades de transitar com uma dobrável e suas rodas menores e mais instáveis. Em menos de um ano, virei frequentador assíduo das Bicicletadas da cidade e passei a topar qualquer trajeto em cima da bicicleta. Só faltava um teste definitivo para consagrar tanto meu aprendizado quanto minha autonomia adquirida: descer pra Santos pela Rota Márcia Prado.

    Pesquisei um tanto e não encontrei ninguém que dissesse explicitamente que fazer o trajeto de 100km de dobrável não fosse recomendável. Também não encontrei ninguém que topasse fazer o trajeto comigo, então fui na cara e na coragem, sozinho. Para preservar umas horas de sono, cortei parte do percurso com um trem até o Grajaú e de lá, sem saber para onde ir, simplesmente passei a seguir as bicicletas que passavam às centenas – mesmo sabendo que muitos haviam começado o trajeto às 7h, muita gente ainda passava quando comecei a pedalar às 10h. O primeiro desafio foi manter o ritmo dos outros ciclistas nas subidas do Grajaú estando com minha dobrável aro 20, mas logo percebi que sempre que eu perdia um grupo de ciclistas por ficar para trás, outro surgia logo depois me indicando o caminho. Com tanta gente participando e saindo em horários tão diferentes, não teria como me perder.

    Até que, já exausto com as subidas do Grajaú, o trajeto se dividiu em dois, com ciclistas tomando duas rotas bastante diferentes. Parei em uma banca de frutas e tentei entender com os vendedores que estavam ali desde o começo do dia o que estava acontecendo. Chegavam relatos de que a balsa estaria quebrada (depois alterados para “uma fila impossível de esperar”) e que portanto muitos estavam tentando um caminho “por dentro”, alternativo, para pular a primeira balsa e encontrar os outros ciclistas pouco antes da segunda. Quando um grupo de ciclistas passou por ali alegando que o caminho alternativo era mais esperto, resolvi seguí-los – mas não sem antes ganhar algumas bananas do dono da banca de frutas, que se negou a receber qualquer dinheiro da minha parte. Foi a primeira de muitas demonstrações de generosidade no dia.

    O caminho alternativo não se mostrou uma ideia tão boa. Por cerca de 3 horas não vi sequer traço de asfalto, apenas estradas de terra esburacadas forradas de pedras soltas, muitas subidas, e o fluxo menor de ciclistas garantiu que eu fizesse a maior parte do trajeto totalmente sozinho. Numa descida mais íngreme sofri uma queda – TOMBOS: UM E CONTANDO -, pois a dobrável pula como pipoca no relevo acidentado e não é possível ganhar muita velocidade. Um carro local parou ao meu lado para saber se eu estava bem, mas para minha sorte – sorte e, claro, um bom par de luvas – não me machuquei. Continuei pedalando e, poucos minutos depois, alguns ciclistas me esperavam após serem informados por um carro de que eu havia caído mais atrás. Apenas após se certificarem de que eu estava bem continuaram o percurso. Pedalei sem mais ninguém por estradas de terra desconhecidas, tendo que perguntar para moradores locais o trajeto toda vez em que havia bifurcação na estrada, ou então tendo que localizar as marcas de pneu de bicicleta na terra úmida, mas nem por um segundo me senti sozinho – sabia que, caso caísse, receberia novamente a generosidade de outros ciclistas.

    Os poucos grupos que encontrei nesta parte do trajeto reagiram sempre com espanto e admiração à minha dobrável. Parando para respirar num boteco que surgiu no caminho, um ciclista disse que eu estava “tentando fechar a rota Márcia Prado no hard”, ao que respondi ser uma ideia meio doida tendo em vista que eu nunca tinha “fechado ela no easy”. Aos que me chamavam de corajoso por fazer a rota sozinho e na pequena bicicletinha, respondia que ainda não sabia se era corajoso ou maluco – o que era verdade, já que minha vontade de autonomia ignorou um tanto as dificuldades reais.

    Cheguei com esse grupo do boteco à segunda balsa e sua fila interminável, e fui convidado a acompanhá-los na travessia num barquinho a motor local por 10 reais cada um. Quando atinei em voz alta que o pequeno barco talvez não fosse uma boa ideia para mim, que não sei nadar, um ciclista mais experiente simplesmente me proibiu de subir no barco. Ele tinha toda razão: autonomia não significa se expor a riscos desnecessários. Me despedi do grupo e encarei a fila como todos os outros, aproveitando para enfim descansar um pouco – com medo de perder o horário de fechamento do Parque da Serra do Mar, e sabendo que minha velocidade na dobrável deixava a desejar, não havia me dado ainda direito a um descanso. Foi na fila para a segunda balsa que ouvi as histórias da primeira, cuja fila durava perto de 4 horas, os ciclistas que haviam comprado passagens de ônibus em Santos com antecedência e já não tinham como chegar a tempo, e o medo generalizado de não conseguir entrar no parque dentro do horário limite. Esperei cerca de uma hora nessa fila, tentando aproveitar tudo ao meu redor.

    Com a balsa transposta encontrei mais estradas de terra, mais pedras soltas, mais subidas intermináveis, e mais gente disposta a conversar toda vez que eu me via obrigado a sentar um pouco. Ao chegar na Imigrantes, a felicidade de encontrar asfalto foi minimizada pelo começo de chuva e vento contra, o que me fez sentir pedalando à velocidade de um triciclo de criança. Só cheguei na entrada do parque às 17h, sete horas depois de ter começado o trajeto, duas horas depois do horário que o parque fecharia, completamente exaurido, mas ao menos os portões estavam abertos. Deitei no chão de pedras – do lado de dentro! – e realmente cogitei desistir ao saber que só havia cumprido mais ou menos metade do caminho. Fiquei bolando na minha cabeça para quem eu iria telefonar que pudesse me resgatar em plena Imigrantes. Mas então rostos que eu havia conhecido no trajeto até ali começaram a passar, me cumprimentar, perguntar das dificuldades da viagem. Me deram gel protéico, uma corda para amarrar minha mochila na bicicleta e poupar minhas costas, um celular para ligar e avisar a esposa que o trajeto ainda tinha muitas horas pela frente, e muito incentivo para seguir adiante e aproveitar o que prometiam ser “a melhor parte da viagem”. Quando enfim resolvi tentar, furei imediatamente o pneu ao passar por uma peça de bicicleta quebrada. Um casal me ajudou a trocar a câmara da roda de trás, um dono de bicicletaria me ajudou a arrumar os freios que ficaram comprometidos após a troca. Todos sempre com a maior boa vontade e boas doses de carinho.

    De fato, o resto do trajeto não apenas foi mais simples graças à presença constante dessa maravilha chamada asfalto, mas também foi o que mais valeu a pena: a paisagem da descida de serra é simplesmente espetacular, indescritível, forrada de cachoeiras e mata nativa – e também de uma quantidade impressionante de oferendas religiosas, o que torna a descida bastante peculiar. Minha única dificuldade – a mochila que insistia em sair do bagageiro e que minhas costas já não tinham condições de levar – foi vencida assim que pedi ajuda para uma garota prestativa, que me ensinou alguns truques. Foi ali também que recebi dicas de alguns ciclistas de como voltar para casa, já que eu não tinha uma passagem de volta. Me recomendaram tentar voltar de Cubatão, que teria obviamente um menor volume de gente tentando conseguir lugar num ônibus.

    Recebi tanta ajuda e tanto apoio que uma hora parei de sentir o cansaço. Quando uma garota passou por mim na descida do parque e disse “eu amo minha dobrável, mas pra esse percurso não dá, é totalmente impossível”, minha resposta foi simplesmente “é possível, cheguei até aqui”. Perto de Cubatão, um ciclista tentava convencer os outros a tomar uma rota alternativa para não cair de jeito nenhum dentro de uma favela, como o trajeto original previa. Não entendi. No Grajaú, nas estradas de terra, nas regiões mais simples, na periferia de Cubatão, o que recebi foi sempre o mesmo: ajuda e admiração. Na favela de Cubatão as crianças sorriam e cumprimentavam os ciclistas que passavam, os moradores indicavam o caminho para o centro da cidade com satisfação, e até troquei risadas com os policiais militares exaustos de passar o dia inteiro indicando o mesmo trajeto. Ao contrário do que acontece quando pedalo no Centro de São Paulo, onde moro, na periferia de Cubatão fui sempre metodicamente ultrapassado pela esquerda por todos os automóveis. Ao invés de medo e impossibilidade, só encontrei mesmo foi respeito e generosidade.

    Pedalando já em Cubatão, tive meu acidente mais feio: passei com a roda em diagonal numa ponte por onde passava um trilho de trem, ao que minha roda afundou e me esborrachei no chão – TOMBOS: DOIS E CONTANDO. Mas é claro que um ciclista mais à frente me ajudou a levantar, ajudou a desentortar minha bicicleta, a arrumar a corrente, me ensinou como passar com a roda por aqueles trilhos, e passamos um tempo ali avisando outros ciclistas para tomar cuidado – um morador local nos disse que durante o dia havia presenciado mais de 50 acidentes ali. Segui o ciclista que me ajudou até o centro de Cubatão, onde um senhor num bar que já pedalara de São Paulo mais cedo, sabendo de minha exaustão, me indicou o caminho mais curto para a rodoviária. Fiquei ainda mais agradecido levando em conta que, após o segundo tombo, havia perdido parte das minhas marchas mais leves.

    É claro que centenas e centenas de ciclistas aguardavam por um lugar num ônibus de volta para casa quando eu cheguei às 20h30 na rodoviária, mas fui recebido por um grupo específico de ciclistas muito impressionados com minha viagem ter sido em cima da dobrável – e ter durado mais de 10 horas até Cubatão. Quiseram saber do percurso, das dificuldades, e me explicaram que os ônibus estavam saindo apenas com 12 passageiros de cada vez, ou seja, o número de bicicletas que cabiam dentro dos bagageiros. Foi então que um deles atinou que um pequeno bagageiro do ônibus que saía não estava sendo usado por ninguém por ser pequeno demais – exatamente o tamanho da minha dobrável. Foi esse grupo que pediu para o ônibus esperar, que explicou a situação para que eu cortasse toda a fila, e que dobrou minha bicicleta enquanto eu comprava a passagem. Para meu azar, eu não tinha todo o dinheiro necessário para a passagem e a rodoviária não aceitava cartão, então um ciclista da fila simplesmente pagou a diferença para mim e desejou boa viagem, assim como as outras centenas de ciclistas da fila enquanto eu embarcava no ônibus – provavelmente o único a ter 13 passageiros naquela noite. Ainda teve mais: me ofereceram um celular na viagem para avisar que eu estava chegando, e concertaram meu cabo de freio solto assim que cheguei na rodoviária para que eu pudesse pedalar até em casa.

    A Rota Márcia Prado não é um evento institucionalizado, controlado, com gente paga para te guiar pela mão e ajudar em nome de um salário. É um evento livre, caótico, em que pessoas calham de estar indo para o mesmo lugar, e que justamente por isso vê brotar momentos genuínos de generosidade. Fiz a rota sozinho – exatamente do modo que cruzo São Paulo, que me locomovo pela cidade, que exerço minha autonomia e minha cidadania – mas tive o auxílio e o carinho de inúmeras pessoas que eu sequer saberei o nome e que me ajudaram justamente porque tínhamos um objetivo em comum. A todas elas, meu muito obrigado. Juntos, fizemos algo verdadeiramente especial.”

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  3. parece que está chegando uma nova galera…
    a geração methiolate que não arde e reclassificação aprovada pelo MEC

    eu não sei aonde o comodismo de certos pessoas vai parar…
    Muitas vezes passo de bike por um congestionamento… e depois descubro que a causa é: Valets tentando dar conta do nº de carros

    Minha filha repetiu de ano, tem 14 anos e estou bastante chateada… e fiquei sabendo por ela desta reclassificação e na maior “cara de pau” me pediu para fazer…. eu respondi:
    “Filha, tudo que nós plantamos nesta vida, nós colhemos… Eu quero muito que você aprenda com seus erros… e a reclassificação não dá esta oportunidade, seja de amadurecimento, seja de lição, seja como você quizer encarar… Mas veja bem, toda atitude sua terá consequências, boas ou más, depende de suas escolhas…” e por aí foi o meu “discurso’ de mãe… chateda, decepcionada mas FELIZ por acompanhar desde o dia da notícia um amadurecimento explícito.

    Quando vejo reclamação aqui ou ali da rota Marcia Prado eu me pergunto: Quantos anos estas pessoas tem? 300?

    Sabe,na semana passada eu ouvi do meu amigo Pedro (meu super amigo Pedro que fez a Rota comigo)
    “Silvia, você SORRIU o passeio todo,… durante a subida você estava lá sorrindo o tempo todo, …. como pode? vc sorria na subida!”

    como é bom ter amigos e curtir a vida 🙂

    PS
    como faz para colocar uma fotinho aqui?
    tem que fazer cadastro?

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  4. “A vida não tem cones, monitores com bandeirinhas ou viaturas fazendo escolta. Nesse dia, ninguém foi premium, ninguém teve pulserinha para a área vip, ninguém foi carregado no colo. Todos eram iguais, seguindo juntos em uma mesma aventura e ajudando-se mutuamente. Aquela bicicleta popular que chegou na areia da praia pedalada por um tênis surrado, num pedal de plástico trincado, teve o mesmo valor da bicicleta de ponta, pedalada por uma sapatilha importada num pedalzinho egg beater. Éramos todos um.”

    Melhor trecho do texto que, por sinal, é ótimo.

    Todo ano eu arrumo uma “auto-desculpa” pra não ir: “é longe, acordar cedo, acordo cedo todo dia e quero dormir no domingo, vai chover, vai fazer sol”, e por aí vai.
    2013 eu estarei lá. CERTEZA!.

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  5. Como já era esperado, a descida da serra é linda. Sobre proteção nessa área, acho desnecessário, pois passam poucas bikes (exceto nesse dia) e todos avisaram para descer devagar, vc só passaria reto na curva se estivesse mt rápido ou não ouvisse o conselho de ir pelo meio da estrada. Oque faltou neste passeio foi um pouco mais de organização, muitos se perderam, não havia sinalização dentro de São Paulo, após a ciclovia e por sinal não gostei muito de passar dentro de favelas, não teria um caminho alternativo para o ano que vem para desviar das favelas??
    As balsas atrapalharam bastante, eu pelo menos perdi umas 4 horas e meia. Acho que a impresa das balsas poderia colocar 2 balsas para agilizar a passagem.

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    1. Luis, não dá para colocar mais uma em caráter temporário porque elas funcionam por tracionamento, não a motor. É preciso ter uma estrutura de cabo de aço bem afixada em cada margem.

      Muitos ciclistas atravessaram em pequenos barcos de moradores da região, que cobravam de 5 a 10 reais por pessoa. 🙂

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  6. Desci a rota Marcia Prado pela primeira vez no dia 9 e segui as orientações disponíveis e dicas de vários sites, levei água, comida, ferramentas, instalei bagageiro na bike e foi um dos passeios mais gratificantes que fiz ! Teve chuva, barro, problemas mecânicos, espera de balsa, mas foi um belo passeio. Ano que vem vou de novo !! Valeu pelas dicas, valeu pelas indicações e pelo apoio para que a descida se concretizasse. Problemas fazem parte !! Contorná-los é que faz a diferença !! Parabéns à todos que participaram !!!

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  7. Excelente texto Willian, é isso ai, bike é roots, não guenta bebe leite. Uma par de mauricinho roda-presa domingueiro, que só falta exigir bike com ar condicionado.

    []s

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      1. Phil, esse termo “roda-presa” usado pelo Otávio não se refere as fixas.

        Minha mãe, no auge dos anos 80, usava esse termo pra definir gente que roda devagar nas ruas… lembro como se fosse hoje, ela na Caravan dizendo “vai, seu roda-presa!” e eu rindo no banco de trás.

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  8. Só aqui da região de Sorocaba SP fomos em 6 ônibus e algumas Vans!!!! Ano que vem estaremos ai!!! Que nossas autoridades vejam que somos mais que apenas números que somos o futuro da mobilidade !!

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  9. Acho que é um evento novo, que felizmente recebeu um número de ciclistas acima do esperado e que tem que melhorar a cada ano. Seria interessante pegar todos os pontos críticos do evento e tentar melhorá-los. A questão da balsa acho que foi a pior. Se fosse viável seria interessante ter balsas extras ou outra maneira de transportar todo o povo. Se entendi bem o William, os ciclistas que participaram tem que se sentir pioneiros nisso e brigar junto às autoridades para que o passeio melhore e não se sentir comsumidores que esperavam uma coisa e receberam outra. O silêncio da velha mídia mostra que tem muita gente incomodada com o crescimento das bicicletas. É só pensar no faturamento da ecovias com o pedágio da Imigrantes. Eles não querem largar esse osso.

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  10. A concessionária teria que melhorar a via por onde descem os ciclistas. Há falhas graves que deveriam ser corrigidas de imediato e com um valor simbólico para a empresa. Por exemplo a colocação de guard rails e grades nos pontos mais perigosos, como curvas acentuadas e desfiladeiros. Colocação de placas, sinalização de solo e limpeza da pista. Limo e cacos de vidro podem ser facilmente retirados…

    Na minha opinião o trecho mais críticos é o trecho entre Cubatão e Santos. Deveria existir um planejamento sério de rotas alternativas ou até a construção de uma ciclovia. Atualmente os ciclistas ficam muito expostos aos veículos pesados e/ou com alta velocidade. Além do perigo de passar perto de várias “favelas” pelo até chegar a rodoviária

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