Trecho inicial da Eliseu de Almeida foi sinalizado em junho. Foto: Rachel Schein

Após 10 anos de espera, ciclovia da Eliseu tem primeiro trecho concluído em São Paulo

O secretário de Transportes Jilmar Tatto pedalou na Ciclovia Pirajussara para avaliar a sinalização e garantiu sua ampliação até o final do ano. Veja como ficou, em fotos e vídeo.

Ciclovia Pirajussara terá alto índice de utilização quando ligar Taboão da Serra ao metrô Butantã. Foto: Rachel Schein
Ciclovia Pirajussara terá alto índice de utilização quando ligar Taboão da Serra ao metrô Butantã. Foto: Rachel Schein
O secretário de Transportes da cidade, Jilmar Tatto, pedala na Ciclovia Pirajussara ao lado de Suzana Nogueira, da CET. Logo atrás, Daniel Guth, da Ciclocidade. Foto: Rachel Schein
O secretário de Transportes da cidade, Jilmar Tatto, pedala na Ciclovia Pirajussara ao lado de Suzana Nogueira, da CET. Logo atrás, Daniel Guth, da Ciclocidade. Foto: Rachel Schein

Ao longo dos últimos 10 anos, inúmeras promessas foram feitas sobre a imprescindível ciclovia da Av. Eliseu de Almeida, na Zona Sul de São Paulo. Agora, finalmente, temos um primeiro trecho sinalizado. Os cerca de 3 km iniciais da chamada Ciclovia Pirajussara, que haviam sido concretados em dezembro de 2013 pela subprefeitura do Butantã, foram sinalizados pela CET agora em junho.  E o compromisso da subprefeitura e da CET é levar a ciclovia até Taboão da Serra ainda em 2014.

Veja nossa galeria de fotos do trecho sinalizado

O secretário de Transportes Jilmar Tatto pedalou em todo o trecho, junto com Suzana Nogueira, da CET, seguindo ainda até o metrô para avaliar o percurso. Luiz Felippe de Moraes Neto, subprefeito do Butantã, e Ronaldo Tonobohn, também da CET, também estiveram no local.

Acompanhe na videorreportagem de Rachel Schein:

Demanda e necessidade

Durante 3 anos consecutivos, a Ciclocidade realizou contagens de ciclistas na região, demonstrando uma demanda relevante de pessoas utilizando a bicicleta. No início do mês,  uma semana antes da sinalização ser implantada, a Ciclocidade realizou uma medição, onde foram contabilizados 648 ciclistas em 14h de contagem – um número alto, mas que seria bem maior se houvesse condições seguras  ao longo de toda a avenida para se deslocar pedalando.

Mas não se trata apenas de estimular o uso da bicicleta. É importantíssimo proteger as vidas das pessoas que já utilizam esse caminho. O eixo representado pelas avenidas Eliseu de Almeida e Pirajussara é rota frequente de ciclistas, por ser um caminho plano e direto ligando a região de Taboão da Serra ao centro expandido de São Paulo. E o viário que estimula a velocidade dos automóveis, aliado à falta de fiscalização, acaba por resultar em constantes atropelamentos de ciclistas.

Histórico da Ciclovia Pirajussara

Por Willian Cruz

Primeiro prazo prometia entrega em 2006

Projeto Ciclo Rede Butantã, que não foi implementado. Clique para ampliar. Fonte: Dossiê Ciclocidade/Apresentação Pró-Ciclista de Arturo Alcorta

Projeto Ciclo Rede Butantã, que não foi implementado. Clique para ampliar. Fonte:Ciclocidade/Arturo Alcorta

Segundo dossiê elaborado pela Ciclocidade, as tentativas de implantação de uma ciclovia na região vêm desde 2004, com a realização do Plano Regional Estratégico do Butantã, que estabeleceu o ano de 2006 como data para a conclusão da obra. No ano seguinte, houve o anúncio da prefeitura de que a estrutura seria concluída até 2010. Em 2008, outro projeto previa infraestrutura cicloviária em vários pontos da cidade, com uma rede estrutural integradora, incluindo o eixo da Eliseu.

Mas, como aponta o relatório da Ciclocidade, “em 2012, ao fim de mais uma gestão, o poder público não deu início a viabilização de qualquer infraestrutura básica a fim de fornecer segurança e conforto para o tráfego de bicicletas nessa importante avenida, acessada diariamente por mais de 600 ciclistas, em condições extremamente precárias e com trânsito intenso de automóveis”. A ciclovia viria a ser iniciada apenas no final de 2013 - quase dez anos depois do primeiro anúncio.

Atraso pago em vidas

Enquanto alguém pensava se desengavetava o projeto ou não e ignorava as alternativas oferecidas, vidas se esvaiam. Em 2012, o pedreiro Lauro Neri morreu na avenida, gerando protestos. Próximo a região, na Av. Francisco Morato, Nemésio Ferreira Trindade também teve sua vida interrompida, em novembro do mesmo ano. Em agosto de 2013, o chefe de cozinha José Aridelson morreu na rua Ari Aps, paralela à Rodovia Raposo Tavares. Em janeiro de 2014, o frentista Maciel de Oliveira Santos, de 42 anos, perdeu sua vida na Av. Pirajussara quando voltava pedalando para casa. São pessoas que continuariam vivendo junto a seus amigos e familiares se a infraestrutura prometida para a região já tivesse sido entregue.

Manifestações e cobranças foram constantes

Além das cobranças da imprensa e de ciclistas e moradores, que chegaram a entregar um abaixo assinado à Prefeitura, a Ciclocidade realizou uma reunião com a subprefeitura do Butantã em setembro de 2010 (que, naquele momento, assumia para si a responsabilidade pela ciclovia). Nessa reunião, os representantes da entidade ficaram sabendo que o início das obras não ocorreria antes do final de 2011, quando seria concluída a canalização do córrego Pirajussara.

A Ciclocidade sugeriu então uma nova proposta cicloviária, com a infraestrutura para bicicletas junto à calçada. Desse modo, a segurança dos ciclistas naquele importante e bastante utilizado eixo de deslocamento seria atendida mais rapidamente. Mas imprensa, ciclistas, moradores e a associação de ciclistas mais uma vez não foram levados a sério: a canalização foi concluída, mas as obras da ciclovia não começaram.

A mobilização prosseguiu. Em maio de 2012, um abaixo assinado pedindo a construção da ciclovia foi entregue ao então prefeito Gilberto Kassab. Em dezembro do mesmo ano, cidadãos realizaram uma manifestação na avenida. Outra manifestação aconteceu em fevereiro de 2013, dessa vez com a presença do subprefeito do Butantã e diversos vereadores (veja aqui), que propuseram um encontro na Câmara Municipal de São Paulo para discutir a construção da ciclovia. Uma carta de reivindicações foi apresentada nesse encontro. Na reunião foi apresentado um plano da prefeitura para a região e discutidas as possibilidades com os cidadãos.

Finalmente a implantação

Em setembro de 2013, o subprefeito do Butantã, Luiz Felippe de Moraes Neto, apresentou um projeto para a ciclovia, novamente na Câmara Municipal, em reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Humana. Infelizmente o projeto não foi aprovado pela CET, por falta de qualidade técnica.

A recusa levou o subprefeito a buscar uma solução alternativa pra conseguir iniciar logo as obras - o que veio a ocorrer em dezembro de 2013, com a implementação de um primeiro trecho da ciclovia, ainda sem sinalização (saiba mais).

Em junho de 2014, a Ciclocidade realizou nova medição, contabilizando 648 ciclistas em 14h de contagem. Uma semana depois, a sinalização desse trecho inicial foi finalmente implantada pela CET. Após a sinalização, foram medidos 888 ciclistas em 14 horas, um aumento de 53% em relação a 2012.

Em outubro do mesmo ano, foi anunciado o início da segunda fase da obra, com a promessa de levar a ciclovia até o Taboão no início de 2015. Seguimos acompanhando.

11 comentários em “Após 10 anos de espera, ciclovia da Eliseu tem primeiro trecho concluído em São Paulo

  1. eu sou a favor da ciclovia mais tem lugar que n dar pra ter ciclovias essa da eliseu de almeida e a da av sumare ok otimo lugar agora rente as causadas de frente com as saida e entrada de veiculos na frente da suas residencias q nois pagamos impostos n dar pra aceitar vcs politicos querem fazer ok mais faz direito ciclovia na frente da minha porta não

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  2. Moro em Taboão e preciso que a ciclovia chegue até a divisa para reivindicarmos a ciclovia de TABOÃO DA SERRA de volta. O idiota do prefeito destruiu uma ciclovia em pleno funcionamento.

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    1. Apoiado!!! Um absurdo… cheguei a passar também uma vez por esta ciclovia, pequena é verdade, mas quebrava um galhão para quem precisava passar por uma parte de Taboão. Este prefeito é maluco então. “Pau nele”!!! (qual foi a “explicação”, se é que acharam uma…)

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      1. O Secretário de Transportes e Mobilidade Urbana, Rinaldo Tacola Filho, afirmou à época ao jornal Taboão em Foco que a ciclovia “era pouco utilizada e o município precisa de mais espaços para circulação de veículos”. Já o prefeito, Fernando Fernandes, justificou a desativação como uma forma de “melhorar o fluxo dos carros na cidade” e, para solucionar a questão, propôs a criação de uma ciclofaixa de lazer aos domingos, demonstrando que não considera a bicicleta um meio de transporte.

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  3. Já passei por ela, faz 3 semanas atrás. Mas ainda não completa todo o trajeto até Taboão o que dificulta bastante a vida dos ciclistas no trecho final, principalmente para aqueles menos acostumados ao trânsito pesado da cidade.

    Não entendo como é que levam tanto tempo pra fazer uma ciclovia em S.P. e quando entregam ainda o fazem “pela metade”. Ê má-vontade com a gente…!!!

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  4. Essa ciclovia precisa chegar ao Taboão ainda esse ano. No trecho da Eliseu o transito é impossível, o trajeto de bike é imensamente vantajoso, mas muito difícil. Motoristas freqüentemente abusam do limite de velocidade e é bem difícil se proteger de carros tão rápidos, até mesmo os ciclistas mais fortes tem dificuldade ao passar por ali, imagina os mais tranquilos.

    Estou torcendo, rezando, implorando pra essa ciclovia até Taboão sair logo, resolveria 80% dos meus problemas com transporte.

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  5. Pretendia fazer uma visita a essa ciclovia neste FDS, porém como vou passar por cirurgia ortopédica no joelho direito em 05/07/14, não poderei fazer isso tão cedo agora! Pelo menos fui ontem conhecer a ciclovia da Faria Lima, digo, pedalar nela pela primeira vez! Quando eu voltar a me exercitar (fisioterapias e ciclismo) eu pretendo ir dar uma volta por lá (já morei nas imediações dessa avenida)!

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  6. Que ótima notícia!
    Agora só falta a prefeitura de Taboão reativar a ciclofaixa que está sendo usada como ESTACIONAMENTO DE CARROS, ABSURDO!

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  7. Aêeeee! Não é meu caminho habitual, mas tenho (temos) fazer pelo menos uma visitinha, né? E continuar cobrando: ainda este ano, prolongamento até a divisa com Taboão!, que servirá também como uma baita pressão sobre a administração pública de lá.

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