O evento da Renault foi importante para as pessoas carentes
A respeito do evento da Renault, que a prefeitura pagou, já citado neste blog, cabe publicar a justificativa dada pelo secretário municipal de Esportes. Ao ser questionado pela Folha de São Paulo sobre a reforma da pista paga pela prefeitura, ele justificou com dois argumentos.
O secretário afirmou que a pista já seria mesmo recapeada, pois a recuperação dessa avenida fazia parte do programa de recuperação de vias da prefeitura. Só foi antecipada. Ah, tá… Vou fazer de conta que eu acredito.
Mas o que me tocou profundamente foi seu outro argumento: “nesse evento, pessoas carentes vão poder ficar a dois metros da mágica dos carros de Fórmula 1”. Nossa, que gesto nobre. É disso mesmo que a população carente precisa: ver um carro de Formula 1 de perto.
Depois de ler isso, me comovi. Bem, ele disse para a Folha que o evento faz parte de uma política de “deselitização” de esportes. Ele quer “deselitizar” Fórmula 1, tênis, golfe e rúgbi, entre outros.
Olha, eu entendo se disserem que deselitizar o tênis é um incentivo ao esporte: as “pessoas carentes” com quem o secretário se preocupa podem começar a jogar tênis, só precisam de treinamento, uma raquete e uma quadra. Também até entendo, com um pouco mais de esforço, o incentivo a prática do golfe, porque as pessoas carentes vão precisar de tacos, treinamento e um campo – que já não é tão simples de conseguir, por isso preciso de um pouco mais de esforço para aceitar, mas aceito.
Mas o que o secretário conseguiu de bom para as “pessoas carentes” com quem ele se preocupou quando resolveu pagar R$ 435 mil nesse evento, com o dinheiro da cidade? Ele incentivou o esporte? Tá certo… Afinal, tudo que as pessoas carentes precisam pra iniciar no automobilismo é um macacão, um capacete e… um carro de Fórmula 1! Será que eu acho algum lá na feira do rolo?
Na minha humilde opinião de cidadão, a secretaria de esportes tem que incentivar a prática de esportes, não a divulgação. Ainda mais a divulgação de um esporte milionário como a Formula 1, onde os patrocinadores não são bem a padaria da esquina ou a mercearia do Seu José.
O secretário chamou o evento bancado pela prefeitura de “parceria”. Nessa parceria, a cidade entra com a reforma e os custos de interdição da via. A Renault entra com o piloto e o carro. A cidade ganha uma avenida recapeada (que não precisava) e a Renault ganha MUITO em imagem de marca e na divulgação que foi feita do produto Clio.
Bela parceria. Que empresa não gostaria de uma parceria dessas? A prefeitura interdita uma rua, recapeia uma pista e a empresa “parceira” divulga seus produtos de graça! Que beleza! O pessoal da Renault também deve achá-lo um cara muito gente fina. Parceirão!
Vale a pena ler na matéria da Folha a opinião do diretor do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da USP, José Álvaro Moisés.
Ah, em tempo: o secretário disse que as críticas ao evento são “elitistas, de quem sempre teve acesso a qualquer coisa na hora em que bem quer”. Ou seja, quem está reclamando é porque não pensa nas pessoas carentes! Seus egoístas! Não dividem nada com os pobres não? Querem a mágica da Fórmula 1 só pra vocês? (A minha parte eu to doando…)
Apertar botãozinho pro motor do carro correr não é esporte!
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Estamos esperando uma nova “deselitização” do Feldman,será a degustação do caviar na Praça da Sé, e tudo regado com os vinhos mais envelhecidos.è uma chance do povo provar essas iguarias…
Agora é só substituir o caviar pelo F1 e temos o raciocínio do Walter Feldman.
O dinheiro gasto no evento provavelmente daría para “demarcar” com estudos de tráfego uma ciclovia.
Feldman enganou alguns por algum tempo, mas agora ele mostra-se inteiro(para os ciclistas).
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Isso prova que na politica tudo é uma questao de interesse e não de falta de recurso. Com esse quase meio milhão de reais a prefeitura poderia ter pintado quilometros de ciclo faixas, poderia ter feito quilometros de ciclovias, ter comprado milhares de bicicletas coletivas e ter feito muita coisa em prol de um transporte de fato popular, limpo e saudável. Sem transito e sem violencia. Infelizmente o que prevalece é a cultura do automóvel.
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Com ceiteza meu fi essas pessôa pricisa de apoio, pra financiá as campanha milionária que nóis num sabe nem de onde vem o dinheiro! Pode sê dessas coisa, êita mundo compricado…
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Gostei dos narizes de palhaço na intervenção que você fez na fotografia. É exatamente assim que as pessoas que têm o mínimo de senso crítico enxerga estes cidadãos desesperados por um autógrafo de piloto de carro.
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Em Lisboa, houve um evento semelhante e o patrocinador do evento – a Renault – pagou ao munícipio 20.000, o que foi considerado pela opinião pública sensibilizada pelas questões de cidadania como muito pouco tendo em conta a publicidade que tiveram com este evento que parou a principal avenida de Lisboa durante um fim de semana inteiro.
Se aí ainda saiu dos bolsos dos contribuintes…. pior ainda!!!
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É, tem que dezelitizar o rúgby e fazer ciclofaixas, assim eu posso ir de bike para o treino, não preciso atravessar a marginal inteira até a USP
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O jetski pilotado pelo prefeito na virada esportiva foi outra dessas maravilhas das políticas públicas na área esportiva.
Reponsável por traumas e mortes todos os finais de semana, essas máquinas acabaram com o “barulho do mar” e amedrontam banhistas (especialmente crianças) em todo o litoral brasileiro.
O prefeito e seu secretário deram um bom incentivo ao esporte ao pilotar motos para água sem qualquer habilitação e ao pagar para os velozes e furiosos fazerem sua propaganda na “Cidade Limpa”.
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Willian… não me importo em chamar a atenção para as pessoas carentes. Mas não existir o evento pq como país de terceiro mundo existe local melhor para aplicar o dinheiro… puts se pensarmos assim nunca teremos evento novo nenhum, pois sempre nos faltará algo pq alguéns estão recheando o bolso com dinheiro publico.
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O argumento do Walter é daqueles que a gente diz: “era melhor ter ficado quieto”. Será que o Polo também está na lista de esportes a serem “deseletizados”. Afinal, basta uns cavalinhos, tacos e bolinhas. Pergunta pro Doda Onassis, que ele vai dizer que é bem barato deselitizar o Polo.
Postei umas fotos de sábado à tarde, mostrando as calçadas acessíveis da Renault e o freak show montado para que a montador pudesse fazer propaganda (cidade limpa?) às custas do meu, do seu, do nosso dinheiro: http://luddista.multiply.com/photos/album/55/55
abraços e parabéns,
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Não seja mal-humorado, Willian… a mensagem é clara: conseguindo o capacete e o carro, é só usar as ruas de sampa para sentir a “mágica da Fórmula 1”. Aproveito e sugiro que ele tire os radares das ruas, também. Impossível sentir a mágica a meros 60km por hora, convenhamos!
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