Caminho a Jama. Foto: Pedro Sibahi

Cicloturismo: Cruze os Andes de bicicleta pelo Paso Jama

Enfrentando altimetrias e contraventos desafiadores, Pedro Sibahi atravessou os Andes entre Argentina e Chile. Veja recomendações para fazer essa viagem.

san pedro de atacama pedro sibahi
Em Paso Jama. Foto: Pedro Sibahi

Na América do Sul encontramos sete pasos andinos, rotas que cruzam a Cordilheira dos Andes entre Chile e Argentina. Alguns são estradas de terra, outros estão asfaltados. A altimetria varia bastante entre cada um deles, mas todos oferecem um bom desafio ciclístico e uma boa aventura.

Eu escolhi atravessar os Andes pelo Paso Jama, em um trajeto de 480 km desde San Salvador de Jujuy, na Argentina, até San Pedro de Atacama, no Chile. Foram sete dias de viagem, seis dias sem banho, muitas subidas íngremes e algumas caronas em momentos críticos, mas que poderiam ser evitadas.

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Parada em Purmamarca

Saindo de San Salvador, o primeiro destino é Purmamarca, onde está o Cerro de las Siete Colores, um pequeno conjunto de morros onde é possível vislumbrar diferentes cores e camadas de rocha nas montanhas, com tons de verde, cinza e vermelho. O trecho tem 66 km pela Ruta 9 e a altimetria não pesa tanto. No meio do caminho, uma pequena subida em caracoles, com a estrada serpenteando para vencer a inclinação do morro, dá um gosto do que virá pela frente.

Purmamarca é uma cidade razoavelmente turística. Não faltam hotéis e restaurantes, mas também pode-se acampar com facilidade nas redondezas. Quem quiser seguir diretamente para a Bolívia, ou apenas fazer um desvio, pode tomar a Ruta 9 por 70 km sentido norte e conhecer a cidade histórica de Humahuaca, considerada Patrimônio Histórico da Humanidade. No caminho há ruínas Incas na cidade de Tilcara e seguindo mais 70 km está o minúsculo povoado de Iruya, incrustado entre montanhas.

Salinas Grandes. Foto: Pedro Sibahi
Salinas Grandes. Foto: Pedro Sibahi

Um deserto de sal

Voltando para a rota sentido Chile, a próxima parada é nas Salinas Grandes, a 65 km de Purmamarca pela Ruta 52. O trecho não parece tão longo, mas o caminho é extremamente difícil. A variação de altitude é de mais de 1600 metros. As Salinas Grandes estão a 3960 m.a.n.m. (metros acima do nível do mar), sendo que, no percurso, a estrada chega a pontos ainda mais altos.

Há muitas curvas fechadas nos chamados “caracoles”, que aqui se estendem por um conjunto de montanha chamado Cuesta de Lipán. Se o vento estiver soprando contra, é muito improvável conseguir terminar o percurso em um dia. Quando cruzei esse trecho, por conta do contravento forte, levei 5 horas para percorrer apenas 20 km e só cheguei nas Salinas Grandes porque consegui uma carona. Se não quiser carona, esteja sempre atento pois há trechos onde não é possível acampar.

Chegando às Salinas Grandes, encontramos algumas construções feitas com tijolos de sal, onde é possível pernoitar. O lugar é bastante turístico e durante o verão recebe centenas de turistas que buscam conhecer o maior salar da Argentina.

Reabastecendo

Das Salinas Grandes, a próxima parada é Susques, a 67 km de distância. O caminho é bastante agradável, com subidas e descidas equilibradas. Apenas os últimos 20 km apresentam inclinação mais acentuada e curvas sinuosas entre cânions, mas o visual compensa. Além disso, a chegada em Susques é uma descida que permite descansar as pernas.

Cuesta de Lipán. Foto: Pedro Sibahi
Cuesta de Lipán. Foto: Pedro Sibahi

Uma vez em Susques, prepare a dispensa para ao menos 2 dias de viagem sem encontrar o que comer. São 115 km com subidas íngremes e planícies onde o vento sopra forte (em geral contra) até o povoado de Jama, onde está o serviço aduaneiro para cruzar ao Chile. O povoado é bem pequeno, mas possui alguns mercados, além de casas abandonadas que podem ser usadas por cicloviajantes para pernoite. Também há um pequeno hotel no posto de gasolina e um restaurante.

Cruzando a fronteira

Para entrar no Chile, alguns cuidados são necessários. Primeiro, não leve nenhum tipo de comida fresca, como frutas ou sementes, pois elas podem ser confiscadas na aduana ou você pode ter que pagar uma multa. Segundo, haverá uma fila de caminhoneiros ou de passageiros de algum ônibus, então, levante muito cedo, ou gaste algum tempo esperando.

Os primeiros 5 km desde a aduana até a fronteira em si são bem inclinados. Nesse ponto a estrada chega a 4320 m.a.n.m. Depois são 150 km até San Pedro do Atacama. Uma vez no Chile, a estrada melhora, pois há espaço de acostamento, coisa rara na Argentina.

As paisagens impressionam, com estradas que cruzam vales cercados de montanhas desertos, cânions e todo o tipo de acidente geográfico. O ponto mais alto do percurso é 5300 m.a.n.m. e o uso de folhas de coca para lidar com a altitude é imprescindível. São ao menos dois dias para fazer esse trecho, mas existe a possibilidade de levar um dia a mais. Ao final, 35 km de descida ininterrupta, após passar próximo ao vulcão Licancabur, na fronteira de Chile e Bolívia.

Chegando a San Pedro de Atacama, não faltam opções de acomodação, além de trilhas para percorrer de bicicleta.

Pedro Sibahi partiu de São Paulo rumo ao sul do país, passando pelo Paraguai, Argentina e Bolívia, para de lá voltar à capital paulista. Acompanhe essa aventura no pedal e conheça as preciosas dicas do viajante. Veja o que Pedro já publicou aqui no Vá de Bike.

Mapa

Veja abaixo o mapa do trajeto ou clique aqui para abrir em outra janela ou aplicativo.

Caminho a Jama. Foto: Pedro Sibahi
A caminho de Jama. Foto: Pedro Sibahi

4 comentários em “Cicloturismo: Cruze os Andes de bicicleta pelo Paso Jama

  1. Os Andes tem muito mais do que 7 passos. São 8.000km de extensão. Uma pesquisada mostrará que são várias dezenas de passos.

    Valeria fazer uma revisão mais rigorosa da informações passadas para não tirar a credibilidade do site.

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