Foto: Willian Cruz

11 motivos para não pedalar na contramão

Pedalar na contramão traz uma certa sensação de segurança por vermos os carros se aproximando, mas isso acaba sendo muito mais perigoso. Entenda os motivos.

Pedalar na contramão proporciona uma falsa sensação de segurança, trazendo mais risco ao ciclista. Foto: Willian Cruz
Pedalar na contramão proporciona uma falsa sensação de segurança, trazendo mais risco ao ciclista. Foto:Willian Cruz

1Não é mais rápido: Ao contrário da crença polular, ciclistas que se integram ao fluxo normal de veículos chegam mais depressa ao destino. Quando você entra na contramão, tem que parar ou diminuir o ritmo a todo instante (pelos motivos expostos nos itens abaixo), enquanto integrado ao fluxo de veículos você desenvolve velocidades maiores – principalmente considerando-se a velocidade média, que é o que determina a duração do trajeto1.

Dicas para o ciclista urbano

1Como se manter seguro

2Pedalando para o trabalho (vídeo)

3Não pedale na contramão

4Ocupe a faixa

5Cuidado com as portas

6O que diz o Código de Trânsito

710 dicas para os dias de chuva

8E se a empresa não tem chuveiro?

97 truques para as subidas mais difíceis

107 dicas para pedalar de madrugada

11Medo de pedalar nas ruas?
Chame um Bike Anjo!

128 dicas para pedalar nos dias frios


2Não é mais seguro: A maneira mais segura de pedalar no trânsito é fazer parte dele. De acordo com estudos científicos sobre colisões, ciclistas que pedalam na mão correta têm cerca de cinco vezes menos chances de colisão, comparados aos que fazem suas próprias regras em vez de se integrar às que já valem aos demais veículos (J. Forester; Effective Cycling. Cambridge, MA, MIT Press, 1993)1. Segundo Bruce Mackey, diretor de segurança para Bicicletas em Nevada, 25% dos acidentes com ciclistas nos EUA resultam de ciclistas pedalando na contramão5.

3Não há tempo de reação: Mais de 50% dos atropelamentos poderiam ser evitados com um comportamento mais defensivo do ciclista2 (algumas fontes citam 90%4) e em menos de 1% dos casos o ciclista sofre uma colisão traseira2. Na contramão, você tem a sensação psicológica de que está mantendo a situação sob controle, quando na verdade não está. Se você vê um carro desgovernado vindo na sua direção, não dá tempo de desviar, principalmente porque suas velocidades estarão potencializadas: a velocidade com a qual o carro se aproxima de você é a sua somada à dele. Um carro a 60 km/h com você a 20 km/h estará se aproximando de você a uma velocidade relativa de 80 km/h. Se vocês estivessem na mesma direção, ele chegaria a você com metade dessa velocidade, 40 km/h. Com o bom uso de um espelho retrovisor e de seus ouvidos, você tem o dobro do tempo de reação. O motorista também terá esse tempo e é mais importante ele desviar de você do que você dele, porque quem conduz o carro é quem realmente pode evitar o atropelamento. Você não consegue jogar sua bicicleta cinco metros para o lado em um segundo, mas o motorista pode fazer isso com seu carro se houver tempo suficiente.

4É mais difícil evitar o atropelamento: Andar na contramão é chegar nos carros mais depressa3. Trafegando em direções opostas, tanto você como o motorista precisam parar totalmente para evitar uma colisão frontal. Trafegando no mesmo sentido, o motorista precisa apenas diminuir a velocidade para abaixo da sua para evitar o atropelamento, tendo ainda muito mais tempo para reagir1 e uma margem bem maior.

5Em caso de atropelamento, os danos ao seu corpo serão bem maiores: Pelo mesmo motivo do item anterior (soma de velocidades), se você bater de frente com um carro vai sofrer muito mais. E ainda há um agravante: a inércia. Se você está indo no mesmo sentido do carro, ele vai pegar primeiro sua roda traseira e você sairá voando por cima do guidão, devido à inércia (com a roda de trás da bicicleta agarrada pelo carro, você continuará seu movimento anterior) ou devido à transmissão de energia cinética (o carro colide com a bicicleta e transfere parte de seu movimento para ela e consequentemente para seu corpo, impulsionando ambos adiante, com a bicicleta começando a parar uma fração de segundo depois porque a roda de trás não gira mais e seu corpo saindo para a frente com o movimento transferido). Melhor voar por cima da bicicleta em direção ao asfalto livre e estacionário do que se chocar com um para-brisa ou capô, que além de estarem a um metro de você no momento da colisão ainda vêm em sua direção com velocidade e força de impacto.

6Você surpreende os carros: Como você chega mais rápido nos carros, você os pega de surpresa. Principalmente em curvas à direita: o motorista está fazendo a curva quando de repente aparece você vindo na direção dele. Não há tempo de reação. Ele não consegue frear, não pode ir para a esquerda porque há outros carros, na direita tem um carro parado ou a calçada. Você também não pode se jogar para a calçada se há carros parados e, mesmo que não haja, não dá tempo nem de pensar nisso. Se vocês estivessem no mesmo sentido, o motorista teria bem mais tempo para reagir, talvez até o dobro, e poderia apenas diminuir a velocidade para evitar a colisão. Um carro não estanca imediatamente, mesmo que o motorista queira, se esforce e tenha um freio ABS com pneus bons.

7Os motoristas não te vêem nos cruzamentos: 95% dos acidentes com bicicletas acontecem em cruzamentos2. E falando especificamente de pedalar na contramão, é fácil entender o motivo: quando um carro vira num cruzamento, o motorista olha apenas para o lado do qual os carros vêm. Imagine um carro entrando numa avenida: o condutor olha para a esquerda; se não vem carro, ele entra. Nisso você está chegando com sua bicicleta na contramão e ele te pega de frente1. Não tem buzininha, grito, agilidade ou terço pendurado no guidão que resolva isso.

8Os motoristas não te vêem ao sair das vagas e garagens: Ao sair de uma vaga em que está estacionado, o motorista olha para trás, seja pelos espelhos ou pela janela, para ver se há veículos vindo. O mesmo ocorre quando ele sai de uma garagem de prédio ou de um estacionamento. Ele não olha para a frente, afinal não vêm carros daquela direção. Você, vindo na direção do carro, nem sempre verá que o motorista vai sair da vaga e, quando vir, talvez não adiante mais frear. Ao sair, ele vai te pegar de frente, mesmo que você consiga parar totalmente a bicicleta a tempo.

9Os motoristas não te vêem ao abrir as portas dos carros: Se muitos já não olham pelo espelho para abrir a porta do carro e ainda culpam o ciclista por isso, imagine se vão olhar para a frente para ver se vem vindo uma bicicleta. A chance de levar uma portada é muito maior.

10Os pedestres não te vêem: Quando um pedestre vai atravessar a rua, ele olha para o lado do qual os carros vêm. Preste atenção no seu próprio comportamento na próxima vez que for atravessar uma avenida a pé e perceberá como isso é verdade. Por isso, pode acontecer de alguém cruzar a rua do nada na frente da sua bicicleta, saindo do meio dos carros, de costas para você. E não vai dar tempo para fazer nada.

11Se quer ser tratado como veículo, porte-se como um: Se você se comporta como um veículo, sinalizando suas intenções, respeitando mãos de direção, sinais de tráfego, faixas de pedestre e etc., os motoristas o respeitarão mais. “Se aquele cara se preocupa com tudo isso, não é um mané qualquer que está aqui só atrapalhando”. Se, por outro lado, você anda na contramão, você os incomoda. Sim, isso irrita muitos motoristas, que ficam com a sensação de que você está adotando uma atitude de confrontamento, de negação de regras, de desrespeito. Passar em todos os sinais e outras pequenas infrações também os irritam, geralmente pela sensação de injustiça (“poxa, aquilo é proibido mas só porque ele tá de bicicleta ele pode fazer e eu não?”). Seja um modelo a ser espelhado e não um alvo da raiva e frustração alheias.

Você deve *ser* a própria mudança que deseja ver no mundo – Mahatma Gandhi

Fontes

1 Bicycling Street Smarts: Where to Ride on the Road

2 Escola de bicicleta: pedalar no trânsito

3 Guia Bike na Rua (por Cleber Anderson)

4 Traffic safety solutions in the works – Las Vegas Sun, 04/Jun/2004

5 Bicyclesafe.com – How to Not Get Hit by Cars

O que diz a lei

O Código Brasileiro de Trânsito é claro: bicicletas devem circular na via, no mesmo sentido dos carros e com preferência sobre eles. E não é à toa, é uma questão de segurança viária.

Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

134 comentários em “11 motivos para não pedalar na contramão

  1. Fui atleta de ciclismo profissional por 20 anos, lamento informar, mas em estradas estas regras não se aplicam. 1 se você está na contramão, ao desconfiar de um motorista você tem todo tempo necessário para se proteger por trás do guardrail (já me salvei dezenas de vezes); 2 quase todos os acidentes que vi em estradas envolvendo ciclistas foram ocasionados por ultrapassagem forcada entre dois veículos, onde um entra no acostamento sem se importar com o ciclista, se você está de costas, adiós bambino!; 3 Ciclistas estradeiro sabem que é muito comum encontrar camioneiros palhaços dispostos a te dar um “fecha” de sacanagem, quando você está na contra-mão, isso não ocorre; 4 Ao trafegar pelas saídas das estradas, você fica extremamente vulnerável, ainda mais se estiver no ponto cego (coluna frontal direita só motorista), ao trafegar pela contra-mão, isso também não ocorre; 5 Ao pedalar à noite, você emite luz vermelha em sua traseira, mas sua velocidade em relação ao motorista é praticamente como se você estivesse parado (o que deveria ser laranja piscante), quando você está na contra-mão, você emite luz branca, o que proporciona um alerta bem mais eficiente de sua presença.

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    1. OK, como ciclista que usa a bicicleta na cidade e também em estradas entendo e concordo com alguns dos pontos. Eu nunca ando na contramão pois, a meu ver, os riscos não justificam os benefícios. Acredito que em situações especiais e com ciclistas extremamente experientes (como os atletas, que possuem um domínio total da bicicleta, a potência necessária para uma reação e uma consciência muito maior do entorno) andar na contramão possa ser mais seguro (por exemplo, as situações que você descreveu) porém isto definitivamente não se aplica a um ciclista comum no ambiente urbano. Em hipótese alguma o ciclista comum estará mais seguro se usar a contramão no ambiente urbano.

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    2. Pedalo desdes os 9,hoje tenho 42.Antes ia pela contramao no acostamento,depois de 2012,qdocomecei a ler,apenas entendi o que se passava comigo ; burrice.
      Desde 2012,passei a sempre pedalar no acostamento da direita,o que faz com que meus pneus se gastem mais d eum lado,eu faço ate rodizio de lados..

      No acostamento da esquerda:farois dos carros ofuscao mais(pedalo muito a noite),mas o pior,o vento(dos caminhoes-bau) me desloca bem mais,e em direçao a dentro da BR.Isto nao ocorre na direita,onde o vento me força pra fora ou ate me ajuda no deslocamento.
      Qto a me antecipar,eu creio que nao adianta muito,e mesmo esta vantagem,de supostamente estar vendo o fluxo,cai por terra
      Se estou na esqeurda,carros saem da direita,pegao a via da esquerda pra ultrapassar,podendo me pegar pela esquerda
      Ou seja,é loteria,ou roleta russa.Se a ultrapassagem ocorrer errada,e o carro q saiu da direita q resolver sair pra nao bater,ele me pegara de costas na esqeurda.O mesmo ocorre com carros q vem em sentido contrario
      Na pratica,qq um dos 2 carros pode decidira sair da pista e usar o acostamento.Eu mesmo,de bike,so fico esperando quem.Se for do lado q eu to,foi bom conhecer vcs.
      Propaganda da Shimano “A vida é o que vc faz dela”
      Nao vou deixar de pedalar.

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  2. Concordo com todos comentários contra “aqueles” que pedalam na contra mão do tráfego, porém há também os pedestres que talvez por ignorar, também andam no contra fluxo obrigando aos ciclistas invadirem a pista das rodovias trazendo perigo.Isto ocorre muito em zonas urbanas das pequenas cidades do interior, onde ciclovias, nem pensar…Sou novato nas pedaladas mas bastante conhecedor do CBT, Código esse, que muitos desconhecem ou simplesmente o desobedece!

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  3. O cara quer comparar moto com bicicleta? Moto tem motor e você pode ir mais rápido que um carro. Bike não. Então me digam sobre a morte deste ciclista (coloque no google o nome: Jornalista Róger Bitencourt ). Quando tempo o assassino da Parati estava andando no acostamento? Matou pegando pelas costas.

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  4. Pessoal estou começando nesse negócio de ir de bike pra empresa. Mas na ciclovia sempre me mantenho na mão como se fosse carro. O motorista deve sempre ficar a minha esquerda.isso não funciona muito bem na ciclo via aqui de campo grande MS . Quase arrumei confusão já 2 vezes. O que eu faço alguém tem uma dica?

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  5. Existe alguma sanção disciplinar para o ciclista na contra-mão de direção que atropela um pedestre e foge do local sem prestar socorro. Por favor me orienta.

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    1. O CNT preve detenção de seis meses a um ano, ou multa, para o condutor de QUALQUER veículo no artigo 304.E o art. 135 do Código Penal define o crime de omissão de socorro com pena prevista também de detenção, de um a seis meses, ou multa a aquele que deixa de prestar assistência. A contra mão é considerado um agravante de causa.

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  6. o que me impressiona é ver certas pessoas defendendo o pedal na contramão.
    1-) a uma grande probabilidade de o condutor de veiculos se assustar ao ver alguém na contramão. na primeira visão ele não sabe que é um ciclista. Isso pode ocasionar acidente.
    2-) precisamos de organização no transito, vc acha que ciclistas na contramão teremos transito organizado.
    3-) ciclistas tem que obedecer a sinalização de transito, na contramão vc tem condições reais de ver a sinalização???
    4-) cruzamentos e saídas de locais não foram elaborados para esperar alguém na contramão.

    e por ai vai.

    e ainda o cara diz que tem vários anos como condutor de motocicleta.

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  7. Ciclistas devem respeitar as leis de trânsito para poderem cobrar o respeito as leis que nos protegem (pedestres, ciclistas e motoristas)

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  8. Achei incrível as pautas e de muita utilidade todas opiniões. Concordo sobre os risco de andar na contra-mão. Como aderi a bike como meu transporte diariamente e 70% dos caminhos que faço não contém ciclofaixa, me pego indo pelo contra-fluxo por ser “mais rápido”. Porém, tenho toda essa consciência dos risco.. carros abrindo portas, carros saindo das vagas, pessoas atravessando a rua e olhando só pro lado ‘que interessa’, um susto qualquer… Também sempre que faço isso, reduzo a velocidade ao extremo e vou meio que com os pés no chão. Mas mesmo assim, isso me incomoda! Vou me adaptar a não andar mesmo na contra-mão. Pq concordo e me sinto na obrigação de agir igual se eu quiser ser igual. “Seja a mudança que vc quer ver no mundo.” Se eu quero respeito, tenho de respeitar e tomar todas as cautelas necessárias. Obrigada, gente. Texto mega válido! =D

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    1. Arthur,
      Poderia fazer uma tréplica item a item pra você, mas você realmente parece convencido que pedalar pela contra-mão seja mais seguro, apesar de todos as informações e argumentos bem embasados do William. Usando seu próprio texto, eu poderia dizer que pedalar pela calçada é mais seguro. Pena que, assim como pedalar na contra-mão, pedalar pela calçada não é recomendado ou permitido pelo CTB. Vamos então todos segui-lo?
      Em relação à velocidade, é o que todos querem. Ir do ponto a ao ponto b da forma mais segura, sem colocar em risco a vida de ninguém, e no menor espaço de tempo. Simples assim.

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      1. Assim… o que incomodou é isso ser apresentado como a única “opinião correta”. Como acredito ter demonstrado na análise vários desses pontos são falaciosos. Não quero com isso agredir ninguém. Só que, como ex-motociclista que aprendeu a se defender pra não morrer, acho muito perigoso ser colocado dessa forma. Porque é sujeito a convencer as pessoas a adotar uma atitude que pode matá-las ou machucá-las gravemente. Então quis colocar um contra-ponto pra que se perceba que quem faz de outro jeito pode sim saber o que tá fazendo.
        E sim meu trajeto é todo dia de bicicleta. Eu moro em Fortaleza, capital que tem um trânsito extremamente caótico. Os meus anos de moto foram 13 anos em Curitiba e 15 em Fortaleza.

        Polêmico. O que acha? Thumb up 3 Thumb down 6

        1. Honestamente, Nelson, tenho certeza de que não há nada de falacioso nesses motivos apresentados pelo Vá de Bike. E pra ser mais honesto ainda, acho que nem nos seus contra-motivos, simplesmente você peca pela falta sua experiência de utilizar a bicicleta no viário, por trazer práticas da condução da motocicleta que não se aplicam na da bicicleta e por uma noção “antiquada” de falsa percepção de que a contra-mão seja mais seguro.

          Sim, é inevitável essa sua posição equivocada, defensiva e reativa seja fruto dessa realidade aí caótica do trânsito de Fortaleza, mas nem isso pode justificar, nem emocional nem racionalmente, fazer essa defesa do indefensável, excetuando, claro, determinadas situações, que são pra lá de peculiares.

          Pois pensa bem, Nelson, por mais que existam críticas a serem feitas ao CBT… por que o nosso código de trânsito expressamente veda a prática de contra-mão pela bicicleta? Será que, além do fator segurança, permitir-se a contra-mão não acabaria jogando por terra a legitimidade dela como veículo?

          Nelson, bicicleta deixou de ser brinquedo pra nós adultos há um bom tempo. E, como adultos, nossa responsabilidade não reside apenas em acatar 100% as regras (desde que elas sejam no mínimo razoáveis). É de nossa responsabilidade também exigir que os outros (motoristas, pedestres, ciclistas) igualmente sigam essas regras, e que o poder público dê melhores condições pra tal.

          Mais ainda: como adultos, se nossa responsabilidade é questionar regras que são flagrantemente questionáveis, chegar a saber o que questionável e o que não é são outros quinhentos, que demanda um pouco mais de esforço, né?

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          1. Então Cicero, eu compreendo sua atitude de querer ser respeitado pelo poder público e de ver uma “atitude adulta e responsável”. Um amigo meu diz que eu vejo o mundo de forma muito negativa. Pode até ser isso. Mas da forma que eu vejo o tal “poder público” não está muito se importando se eu e vc vivemos ou morremos. Está sim preocupados com a manutenção do poder. Aqui e ali vemos algumas coisas boas sendo feitas como as ciclovias que o Haddad está tão resolutamente querendo implantar em SP. E aqui em Fortaleza foi criado um diminuto programa de ciclo-faixas na cidade que resolve pouco.
            Mas enquanto não chegamos em uma sociedade mais justa eu e vc precisamos sobreviver Cícero. Seus filhos e os meus também. Será realmente que ser “adulto e responsável” é ser aquele que é “respeitado pelo poder público” ? é nos colocar em perigo em nome da aceitação de quem não tem o menor problema em tirar finas ou passar a toda velocidade quase te derrubando ? ou vc acha realmente que o “poder público” vai dar maior atenção a vc se andar no fluxo ? acha realmente que eles pelo menos consideram isso ? Vc realmente não se sente ingênuo ao pensar assim ?

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            1. Sim, Nelson, e acho não, tenho certeza, tenho plena certeza de que, respeitando, sou e serei respeitado tanto pelos outros cidadãos como pelo poder público. E se acontecer de eu não ser respeitado, aí eu “peito”, né? Porque respeitando me sinto absolutamente “seguro” de exigir que me respeitem.

              E não, Nelson, tenho plena certeza de que não me coloco em risco seguindo o fluxo, assim como tenho plena certeza de que me colocaria se o contrariasse.

              E aí, como eu disse antes, também entra a experiência no viário, né? Eu NÃO pedalo feito barata, ficando na sarjeta ou por ali, eu OCUPO a faixa de modo a não induzir “finas” e uso RETROVISOR, equipamento obrigatório segundo o CBT, aliás.

              Então, Nelson, eu deveria mesmo me sentir um ingênuo, não só pensando, mas agindo assim?

              Ah, e “enquanto não chegarmos em uma sociedade mais justa”? Pô, Nelson, me desculpa, mas você pensando e agindo assim nunca chegaremos numa sociedade nem assim nem assada, não mesmo.

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              1. Então Cícero não é questão de peitar. É questão de não ter uma infra-estrutura viária básica nem infra-estrutura humana pra ter essa atitude.
                Minha experiência é que, se vc ocupa a faixa viária com de um veículo não motorizado, o que acontece é que carros, caminhões e ônibus colam atrás de vc pra vc sair o que é uma experiência assustadora e muito perigosa. Eu já vivi isso algumas vezes em BRs, de moto. Uma vez estava a 120 km/h e um caminhão colado na minha traseira quase batendo em mim, me forçando a sair e eu sem poder por causa do tráfego. Ainda bem que não tive que frear ou não estaria aqui conversando com vc. Não foi uma experiência nada boa.
                Mas assim Cícero, desde o começo o objetivo era mostrar um contra-ponto. Não nos devemos revoltar, nem ser revoltados por ninguém. 😉 Vamos parar por aqui ? 🙂 Estou achando que depois desse ponto a conversa não seria muito produtiva.
                Minha intenção era de trazer mais consciência a esse respeito. E pelo jeito a imagem que passei pra alguns foi de que eu é que era o “sem consciência”. Deixo essa decisão a critério dos leitores. Por enquanto não tenho intenção de mudar de atitude. Caso leia algo ou tenha alguma experiência que me faça mudar de idéia, venho aqui e assumirei com prazer meu erro. Convido-os a fazerem o mesmo.
                Pra finalizar peço que pelo menos percebam que estou procurando ter o que sinceramente considero a melhor atitude pra mim e para os outros.

                Polêmico. O que acha? Thumb up 3 Thumb down 7

              2. Mas, Nelson, “peitar” é extremo, não precisar peitar é possível, é possível ser o habitual. Agora… isso que eu quis dizer com falta de experiência e trazer experiências inapropriadas.

                Pô, mas quais são teus caminhos? Você quer pedalar em vias com limite acima de 60 km/h? De jeito nenhum. E 60 já é preocupante, há algumas vias com limite de 60 que, com relativa segurança, até dá, dependo das características e circunstâncias dela. Mas aí seria melhor você encontrar alternativas, por exemplo, a tranquilidade de uma paralela. Agora, claro que mesmo numa via de máxima de 30 km/h você vai encontrar um motoristas idiota buzinão, acontece, e invariavelmente vai acontecer.

                A questão de fundo é: você realmente conhece os teus caminhos, Nelson? Pra ciclistas esse conhecimento é profundo, muito mais do que pra motoristas e motociclistas. Você conhece todos os buracos desses caminhos? É, pra ciclista “mapear” buraco é fundamental.

                E pra “sinalização de intenções” também. Num asfalto muito remendado, em velocidade um pouco maior ou na descida, você não vai tirar uma mão do guidão pra mostrar pro motorista atrás que você vai reduzir e encostar e/ou virar à direita ou ainda mudar de faixa, né?

                E outra coisa: esse negócio de “gentileza gera gentileza” não é balela, não. Gentileza pra ciclista é estratégia. Neste último ano e meio, eu diminui muito dos conflitos com motoristas sendo gentil, percebendo depois que, mesmo eu estando certo, foram conflitos desnecessário.

                Por exemplo:

                1) Ah, tem uma trecho longo de faixa que é pra estacionar mas está vago, eu continuo ali e deixo passar.

                2) Ah, e nesse trecho a largura da faixa é muito estreita, mas sei que logo ali adiante ela alarga e é então logo ali, e apenas logo ali, que eu deixo o motorista passar. E normal e surpreendentemente esses motoristas acabam entendendo isso.

                2) Ah, nos cruzamentos não preferenciais, pra conversão ou seguir adiante, eu me posto lateralmente e deixo o(s) motorista(s) imediatamente atrás avançarem ou fazer a conversão.

                3) O farol fechou? Ah, eu não preciso ir lá no começo da fila. Tendo uns três, quatro veículos na minha frente, eu fico por ali. Abriu o farol, quem ficou na minha frente segue, quem ficou atrás de mim, paciência.

                4) Rotatórias em cruzamentos de ruas locais, ali no conflito, eu dou passagem, eu “permito” a passagem, só de sacanagem….rs.

                Enfim, Nelson, já a minha intenção, era simplesmente essa, de esclarecer. Esclarecer que é possível sim você seguir o fluxo na boa, como manda o figurino e com responsabilidade.

                E eu tive que aprender isso tudo antes da gestão Haddad, viu? Que antes da gestão Haddad a coisa aqui era muito mais feia pra ciclista.

                Mas é isso aí, Nelson, bola pra frente e… bora lá pedalar! rs.

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  11. A policia militar tem que acabar com este mito de que bicicleta tem que andar na contramão, este trabalho será árduo, pois em algum momento foi dito isto pela própria policia militar, anos 1970 a 1980, e se leva até hoje que bicicleta tem preferência. Isto é claro quando esta seguindo a lei que é andar na mão de direção de transito, ai então o maior tem que respeitar o menor, neste caso não tem discussão, mas se esta na contra mão esta errado.

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  12. Bocê me convenceu, sem dúvida. Nunca mais ando na contra-mão. Tinha falsa sensação de segurança.

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  13. Bem, é o caso de parabenizar! Parabéns ao editor desse texto, os “onze motivos”! É um arrazoado, um lúcido alerta aos que insensatamente – e não são só “meia-dúzia” deles – pedalam em contramão. O texto até que surpreende pois é costume cicloativista apoiar (ao menos, não reprovar) a contramão dos guidões e pedais.

    Olha, o conteúdo desse texto – muito bom – bem poderia até inspirar técnicos de trânsito (os da CET paulistana) a que viessem a elaborar – o que nunca vimos nas ruas – uma “política” de atitudes, preventivo-educativas, para ciclistas. Um verdadeiro programa de direção defensiva para bicicletas, as quais protagonizam um comportamento agressivo em relação a pedestres. Aos ciclistas, nas ruas, falta-lhes civilidade.

    A mim – à parte o exagero – me parece que o legislador, ao consentir que ciclista pedale em contramão nas ciclovias, esse fato acabou por colocar, simultaneamente, três elementos sob risco de acidentes: o próprio que pedala, o motorista que rola na mão certa e, também, o pedestre que vai atravessar a via.

    Ora, consideremos as ciclovias pintadas adjacentes às sarjetas. Comportam duas estreitas mãos de direção, contíguas e opostas, ciclovias estreitas para poder caber na via. Cada mão é de largura insuficiente para ciclista ultrapassar outro: daí, numa situação, o cara ter que ou subir na calçada, ou rolar junto dos carros. O ciclista que vem nessa contramão consentida, é uma loucura… Ao legislador, não lhe terá ocorrido?

    Nessas primorosas obras viárias de cicloatividade, vermelhonas pintadas no asfalto, quase nenhuma sinalização (para ninguém); ao ciclista deu-se-lhe o “direito” mais torto possível: navegar contra a corrente. Que solução!

    Ao motorista, o risco de colher um ciclista que lhe vem… contrário! Ao pedestre – que, confiando por bom senso, atravessar com atenção no sentido do fluxo – seja atropelado por um veículo silencioso, que sequer usa campainha e que, de repente, vem “do nada”: bicicleta… na contramão! Afinal, nem sempre é mais prático cruzar a via SÓ no semáforo. Será talvez “ideal” mas quase nunca “real”.

    O que ciclista – estando sem bike, ou seja, circunstancialmente “pedestre” – deveria levar em consideração, é que bicicleta SEMPRE surpreende o caminhante – na calçada e no asfalto. Pedalar na contramão é apostar ou investir… na imprudência, para não invocar a burrice. Há fiscalização?

    E as malfadadas bicicletas “motorizadas”, hein!? Incorrem nos mesmos vícios: sem placas, luzes ou campainhas; ignoram semáforo… Só lhes falta andar na calçada – e na contramão – se é que… Há fiscalização? Absurdo…

    Numa parede, “trudia” li esta verdade filosófica: “em festa de cobra entra quem tem veneno”. Bem, eu, “maldoso”, até que desejaria, sem remorso. Que a inteligência que deliberou colocar ciclista em contramão – provasse do próprio veneno: ao cruzar, caminhando, uma dessas estapafúrdias ciclovias, ele deparasse com uma cascavel – digo, opa, bicicleta! Veloz, silenciosa, repentina! Esse “legislador” ia ver “o que é bom para a tosse”! Bem merecia. Só!

    Prezado editor dos “onze”. Motivos, há de sobra – redija igualmente outro (bom) arrazoado! Agora; alertando para outra barbaridade que ciclista comete. Atitude que, parece, escolhida por votação quase unânime: pedalar SEM CAMPAINHA, loucura! Um veneno de cascavel para o pedestre, até mesmo (absurdamente) na própria calçada!

    Pedalar sem campainha é um pedalar afônico, mudo, do bom senso. Tal qual na contramão, fruto da omissão de quem, por lei, havia que fiscalizar. Implantar ciclovias, por si só, não é tudo. Falta fiscalizar bikes.

    A parte do Código que trata de bicicletas é tão inócua quanto aquela leizinha que obriga “cães ferozes” a trafegarem, conduzindo os donos, com focinheiras (digo, o cão, claro). Em não havendo fiscalização do Poder Público, qualquer dispositivo legal é um pneu murcho. Serve para nada. É um farolete apagando.

    Bicicleta sem farolete, sem campainha: é a lucidez “cega e muda”. A imprudência sempre pega carona, cicloativista! “Multar” ciclista? Ah, sim! “Onde, como, quando?”. Nunca!

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  14. pedalo mais pelas br’s e acho muito inseguro pedalar na contra mão, pois se vem um ônibus ultrapassando outro bem na h q vc vai desviando de q q coisa(achando que só um por tras) é capaz de ser pego de surpresa.
    outra coisa q vejo: foto de ciclistas querendo q os motoristas mantenhão 1,5m de distancia, mas na mesma foto fica um ciclista ao lado do outro e os dois sem retrovisor. se um desequilibra, derruba o outro e pode ser p dentro da pista.

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