Por que há ciclistas que andam no meio da rua?
Entenda por que ocupar a faixa de rolamento é uma conduta importante, recomendada por órgãos de trânsito e regra oficial em cidades do exterior.
O compartilhamento da via é uma das principais soluções para integrar as bicicletas ao trânsito. Onde não houver ciclovia ou ciclofaixa, sempre recomendamos aqui no Vá de Bike que os ciclistas ocupem a faixa de rolamento. Mas nem sempre esse procedimento é compreendido pelos motoristas – e até mesmo por alguns ciclistas.
Veja como exemplo o comentário postado por um leitor, que se identifica apenas como Paulo:
“Ok. Também ando de bike, mas cicloativistas como qualquer outro ativista exigem respeito mas não respeitam… 1,5m eu acho muita distância, principalmente levando em consideração que os ciclistas ultrapassam nossos carros a 10 20cm e andam na esquerda da pista e seguram o trânsito a 20 ou 30 por hora. Se ficassem na direita da faixa a ultrapassagem seria possível. mas ficam na esquerda [da faixa] obrigando os carros a ultrapassarem pela contramão se não quiserem andar a 20km/h. Respeito ciclistas. Detesto ciclo ativistas que se acham donos da rua.” (sic)
Paulo explicita, de forma rude, sua opinião de que as pessoas deveriam pedalar junto à sarjeta, para que os carros pudessem passar na mesma faixa onde o ciclista está. Dessa forma, ele “não atrapalharia o trânsito”.
Essa opinião é comum, derivada da ideia de que as ruas seriam feitas para os carros, não para o deslocamento de pessoas. Por essa ótica, as bicicletas seriam intrusas, podendo usar as vias apenas quando não interferirem na circulação dos automóveis. Ou seja: ocupar a faixa com a bicicleta seria um desrespeito a quem está de carro. Alguns chegam a afirmar que as bicicletas deveriam usar a calçada, para não atrapalhar os carros.
Mas por que ocupar a faixa?
É muito mais seguro para o ciclista ocupar a faixa, pois isso força os motoristas que não aceitam cumprir o 1,5 m a mudarem de faixa para fazer a ultrapassagem. Pedalando sobre a sarjeta, o ciclista acaba vítima de motoristas que acham 1,5 m muita distância e insistem em passar quase raspando.
Melhor um motorista mal educado que buzina e xinga, pensando que é o ciclista quem se acha o dono da rua (mesmo que esteja compartilhando a via em vez exigir exclusividade), do que o mesmo motorista mal educado passando a 10 cm do guidão – pensando que “tem espaço, acho que dá” – e derrubando o ciclista que teve que desviar de uma grelha aberta na sarjeta.
Motorista, ultrapasse com segurança
Quando há um caminhão ou ônibus trafegando devagar, os motoristas aguardam um momento seguro, mudam de pista e ultrapassam. O mesmo deve ser feito com a bicicleta. Basta entender que ela também é um veículo, tem o mesmo direito de circulação que os demais e possui sua limitação de velocidade, que precisa ser compreendida e aceita.
Mude de pista quando for seguro e ultrapasse a uma distância adequada, sem colocar em risco o ciclista. Você sabe fazer isso. Se não der para ultrapassar, é só aguardar. Sua pressa não vale uma vida, uma perna ou um braço de alguém.
E por mais que um ciclista ou pedestre esteja errado, nunca, mas nunca mesmo ameace sua vida com o carro para lhe dar uma lição. Algo pode dar errado e você terá que carregar consigo para sempre o peso de ter matado ou mutilado alguém, destruindo a vida dessa pessoa e de sua família.
Sarjeta não é lugar de bicicleta. Rua sim.
Ciclista, ocupe a faixa para se manter mais seguro – e seja gentil com os motoristas.
Motorista, compartilhe a via, aceitando a presença da bicicleta. As ruas são de todos.
Por que 1,5m e como fazer para respeitá-lo
Quem utiliza a bicicleta nas ruas diariamente – não apenas em parques, ciclovias e Ciclofaixas de Lazer – percebe claramente que 1,5 m é uma distância importante para não haver contato caso o ciclista se desequilibre, precise desviar de um buraco, de um desnível do asfalto ou de alguém que começa a atravessar a rua sem olhar.
Quem pedala nas ruas também sabe que nem sempre é possível manter uma trajetória continuamente reta e previsível, principalmente em nossas vias esburacadas, com asfalto irregular, caçambas estacionadas, motoristas abrindo a porta do carro sem olhar e carros saindo de garagens e esquinas sem se preocupar com pessoas que estejam passando.
A lei do 1,5 m (art. 201 do CTB) visa acima de tudo a segurança viária. Essa distância não foi tirada da cartola: nos exemplos do parágrafo acima, frear poderia significar uma queda – que também precisa do 1,5 m de segurança para não se transformar em tragédia.
Para ilustrar, algumas pessoas afirmam que Antônio Bertolucci, morto em junho de 2011 em São Paulo, caiu sozinho de sua bicicleta e por isso foi atropelado pelo ônibus que o matou. Seria dele, portanto, a culpa por sua própria morte. Mas ainda que isso fosse verdade e que ele tivesse desequilibrado do nada e caído sozinho, se o motorista tivesse guardado a distância de 1,5 m Antônio continuaria comprando seus pãezinhos com a bicicleta, todas as manhãs.
E como conseguir essa distância?
Sabemos que, para quem está no carro, nem sempre é possível avaliar a distância do ciclista. Mas conseguir esse metro e meio é, na verdade, algo bem simples: basta mudar de faixa, como haveria de ser feito com qualquer outro veículo lento, como um caminhão carregado, por exemplo.
Bicicletas têm uma limitação óbvia de velocidade, que precisa ser compreendida e respeitada. A aceleração da bicicleta não é como a do carro, em que basta engatar outra marcha e pisar num pedal sem fazer esforço.
Mas…
– E quando não há espaço para a ultrapassagem, por só ser uma via de mão dupla com uma única faixa em cada sentido?
– E se a rua for de mão única, com carros estacionados, de forma que não caberiam o carro e a bicicleta lado a lado com 1,5m entre eles?
Para responder a essas perguntas, imagine que na sua frente há um carro andando devagar, um caminhão, um ônibus ou outro veículo qualquer ocupando o espaço adiante. Como você faria a ultrapassagem? Seria obrigado a esperar? A resposta está aí, a situação é a mesma.
Tire de sua cabeça esse preconceito de que a bicicleta tem menos direito de ocupar a rua e que por isso “atrapalha” por circular devagar. Ela circula na velocidade que lhe é inerente, como um caminhão carregado ou um trator que esteja se deslocando na via. Tenha paciência.
E os ciclistas no corredor?
O leitor Paulo ainda comenta que os ciclistas ultrapassam seu carro “a 10-20 cm de distância”. Bem, provavelmente isso acontece quando o carro está parado (afinal, o mesmo comentário diz que bicicletas circulam a 20km/h). Não vejo que risco bicicletas poderiam oferecem a alguém em um carro, ao ultrapassá-lo quando parado ou em velocidade inferior a 20 km/h.
Poderíamos usar a mesma argumentação desse comentário e dizer que um carro parado ocupando a faixa “obriga as bicicletas a ultrapassarem a 10-20 cm se não quiserem ficar paradas”. Poderíamos também dizer que “respeitamos motoristas que não congestionam”, mas “detestamos quem faz isso”, generalizando-os como “carroativistas que se acham donos da rua”. Mas não seria muito justo, não é?
É melhor compreendermos por que razões um carro fica parado ocupando a faixa toda, muitas vezes por longos minutos, até conseguir se mover por 3 ou 4 metros e parar novamente. Melhor ultrapassá-lo com tranquilidade e ir embora do que começar a gritar para que o motorista saia da frente porque está atrapalhando ali parado, como muitos que dirigem costumam fazer com os ciclistas que estão em movimento.
Quando os carros estão parados, o ciclista tem todo o direito de ultrapassá-los pelo corredor. Tem esse direito até mesmo nos casos em que outros veículos não podem fazê-lo, como em uma interdição temporária da via ou uma fila de balsa (art. 211 do Código de Trânsito). E, desde que haja espaço adequado para isso e os carros não estejam em movimento, não estará se colocando em risco ao fazê-lo. Também não colocará em risco nenhum motorista, afinal é um pouco difícil derrubar um carro com o guidão de uma bicicleta.
Mas o ciclista deve ficar atento ao sinal que vai abrir e ao movimento dos carros adiante. Quando perceber que os carros começarão a se mover, deve sair do corredor e voltar a ocupar a faixa, para sua própria segurança. Sempre pedindo espaço e agradecendo a gentileza com um sorriso. Os bons motoristas compreenderão sua atitude.
Sou esportista, gosto de pedalar, de correr, de nadar.
Gostaria muito de poder andar tranquilo de bicicleta pelas ruas, e até mesmo poder ir trabalhar.
Fico dividido, pois se que as ruas deveriam ser para todos. Mas as avenidas não foram feitas justamente para os carros ?
Como é possivel andar de bicicleta numa via como a 23 de maio, onde os carros andam a 70 km / h ?
Marginais, Av. dos Bandeirantes, e outras grandes vias pensei que foram construídas para os carros.
E porque grande parte dos ciclistas não param no semáfaro vermelho e atravessam as faixas de pedestre ? Aqui na Av. Paulista, quando abre o sinal verde para pedestre, temos de ficar muito atento com os ciclistas. Já vi pessoas serem atropeladas na contra-mão, pois não olham para o lado que não esperam vir um veículo.
Quando vou ao Parque correr, infelizmente, tenho de ir de carro. Pois não tem onde eu deixar a bicicleta e a mochila com as roupas, sem correr o risco de furto.
O problema são as pessoas, pois quando a pessoa está na bicicleta, ela reclama dos automóveis. Mas a mesma pessoa quando está no carro, reclama dos ciclistas.
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Domingo fui a um aniversário de carro. No meu carro estavam 5 pessoas. Poderia ter ido de transporte público, porém além de ficar mais caro, seria muito trabalhoso aguardar e levar presentes. E pela comodidade optamos em ir de carro mesmo.
Domingo é dia de ciclo faixa, e o transito estava muito carregado. Demoramos muito para percorrer os apenas 5 km, e com o calor e sol quente, todos no carro, inclusive minha filha pequena, estavam “passando mal”.
Curioso é que não havia quase ninguém pedalando na ciclo faixa, também pudera, com mais de 30 graus e o sol forte na cabeça acho que as pessoas estavam nas praças em baixo de uma boa sombra !
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Tem uma questão importantíssima do ciclista andar na faixa: é quase IMPOSSÍVEL ver o ciclista na direita. Como motorista que respeito o ciclista, recomendo: Nem sempre é questão de maldade, é de ponto cego mesmo. Por isso digo: ciclistas, andem na faixa de rolamento, o mais visíveis possível, e de preferência, adotem aqueles faróis de frente, que facilitam ao motorista vê-los, e mantenham o farol ligado o tempo todo, como as motos. Isso para mim deveria ser equipamento de segurança obrigatório das bikes, porque de fato a bike é fininha e escapa ao retrovisor muitas vezes. Minha mãe, super sossegada no transito, quase atropelou um ciclista uma vez que passou pela direita dela, quando ela ia virando. Um farol ajuda muito nesse tipo de problema. E andem sempre de capacete e joelheiras/cotoveleiras, porque o trânsito é sempre perigoso, para qualquer um!
Eu curto bikes, embora não ande de bicicleta, já que para minha rotina andar de bike o tempo todo seria simplesmente inviável, pois tenho filho pequeno…:) E bike acelera o trânsito, na verdade, porque o que emperra o trânsito mesmo é a quantidade absurda de carros. Não é acelerando na pista, xingando ciclista e pedestre que a gente vai chegar mais rápido, e sim diminuindo a quantidade de carros!
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Compartilhamos da tua visão, Isadora.. mas ainda discordo do uso de capacete.
Parece que quando usamos alguma proteção extra os motoristas se sentem muito mais confiantes e seguros de que nada vai acontecer se passar raspando por nós, justamente por acreditar que uma porqueira dessas de plástico com isopor vai nos proteger, talvez quem redigiu a atual legislação tenha percebido e deixou de constar como item obrigatório pelo mesmo motivo óbvio.
Bom… a gente lamenta, mas isso que pregam de ser seguro é uma baita mentira! Acontece que o capacete é feito para a prática de esporte, pois só protege o ciclista quando cai da bike verticalmente, mas não protege em caso de atropelamento, há a possibilidade de fratura em outros ossos tanto se formos jogados longe quanto se passarem por cima da gente… quer valer quanto que uma roda de carro estoura a cuca de quem usa capacete como se tivesse de touca?
Outro item, como o capacete de skate, é um pouco mais seguro contra impacto e facilita o trabalho de olhar pra trás, por ficar mais bem encaixado na cabeça, mas mesmo esse modelo é feito apenas para impacto sem pressão externa, ou seja, se do lado oposto da batida houver uma pressão.. era uma vez!
Abç.
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Isadora, excetuando a parte da joelheira e cotoveleira, que são extremamente incômodos para o uso diário, concordo com tudo que dissestes. 😉
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Morei cinco anos no Japão e durante todo este tempo utilizei bicicleta e transporte coletivo por lá, mas aqui no Brasil não me arrisco pois tanto os motoristas, os motociclistas, os ciclistas e pedestres são muito mal educados e todos pensam que são os donos da rua ou até os donos do mundo. Não existe coexistência e nem respeito.
Até trouxe a minha Panasonic Mountain Cat, mas a utilizo apenas para compras no bairro ou passeios de fim de semana.
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Nao adianta explicar. Eles continuarão achando que o que voce disse é um absurdo e continuarão com o mesmo pensamento PEQUENO.
Respeito, simples… é isso que falta. se todos nós tivessemos respeito uns com os outros este lixo de país estaria bem melhor.
Tchau, vou andar de bike! 😉
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quando aprendi a dirigir no final da década de 80, ja naquela época meu pai me ensinou que a bicicleta era um veículo instável, que os ciclistas davam muitas “guinadas” para o meio da rua, e que ao avistar uma bicicleta na pista eu deveria ter cuidado e passar a uma distancia segura para o ciclista. Homem sábio meu pai, que me ensinou isso cedo. Hoje sou ciclista pedalo todos os dias e também sou motorista, 1.5m é muito razoavel, não custa diminuir e esperar uma oportunidade para ultrapassar o ciclista com segurança.
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Nossas cabeças estão tão cheias de outras coisas boas que nem acendemos nossas tochas (sic) ainda pra reivindicar como se deve! rsrsrsrs.. brincadeira, man! Antes que eu esqueça… sobre menosprezar o stress alheio… viaja não, cara… nenhum de nós tem responsa sobre o dilema pessoal dos outros. Se fulano e beltrano estão se matando feito animais atrás do volante porque passam mais tempo com o pé na embreagem do que no acelerador, os ciclanos daqui não tem culpa nenhuma… ao contrário, sabemos que a mudança só favorece quem quer chegar, de diversas maneiras… e sobre o stress, dá um pulinho nesses artigos, se informando um pouco poderá entender melhor:
http://vadebike.org/2006/06/por-que-ir-de-bicicleta/,
http://vadebike.org/2012/04/o-va-de-bike-e-contra-ciclovias/ ?,
http://vadebike.org/2011/06/cet-sp-recomenda-que-ciclista-ocupe-a-faixa/,
http://vadebike.org/2006/03/dicas-para-o-ciclista-urbano-4/,
http://vadebike.org/2004/08/o-que-o-codigo-de/,
http://vadebike.org/2008/07/ciclista-so-de-e-usar-o-lado-direito-da-ia/
Esperamos que isso satisfaça sua necessidade lógica sobre podermos ou não usar as vias. Abç.
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As secretarias de transporte estão se mobilizando, a verba é pouca e a demanda continua crescendo. Mas como você mesmo afirma, ensinar truques a cachorros velhos pode ser perigoso… mas as vias são públicas, portanto, todos podem circular por ela. Se as grandes cidades não estão preparadas para impor um monte de ciclovias de uma só vez e nem desapropriar a maioria de suas casas e calçadas, inviabilizando a demanda urgente que não pára de crescer… você tem alguma ideia melhor? Sim, porque então os secretários dos transportes dos municípios estão nos lugares errados… mas, péra… se não estão errados, então você quer dizer que estamos nós errado por pedalar na via pública? Como assim, produção? Whatahell, man!? Explica melhor isso pra gente, Andre Dias Oo
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Alguns demonizam os carros e endeusam as bicicletas. Outros endeusam os carros e demonizam as bicicletas. O fato é que a principal coisa que falta nas discussões de mobilidade urbana é bom senso. A rua é pública? Sim. Simplesmente pelo fato da rua ser pública é prudente que um ciclista circule ocupando uma faixa de rolamento em uma via de 70km/h? Mas é evidente que não.
O único lugar seguro para um ciclista é em uma ciclovia (e não em ciclofaixas improvisadas como acontece em algumas cidades ou pior ainda nas pistas de rolamento). Pensar diferente é menosprezar todo o estado de stress e raiva no qual as pessoas vivem constantemente nas grandes metrópoles. O trânsito nas capitais brasileiras não é nada amigável, e isso não deve mudar tão cedo. Achar que se pode educar cachorros velhos tentando se impor é uma atitude arriscada, principalmente quando o que está em jogo é a própria vida.
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Antes de qualquer coisa, sou ciclista e motorista. O problema é quando o ciclista ocupa a pista da esquerda quando a da direita está livre. Isso é um desserviço para outros ciclistas.
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Pedro, temos um artigo debatendo esse assunto, veja aqui: http://vadebike.org/2008/07/ciclista-so-de-e-usar-o-lado-direito-da-ia/
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Nossa, de jeito nenhum!!!
Eu odeio ciclistas e motociclistas andando na direita porque é muito mais difícil vê-los!!!
Muito, muito mais perigoso.
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sempre que ando no meio da faixa de bike é pois vou pegar uma rua a esquerda. é muito mais arriscado ficar no meio fio da pista no mesmo sentido e em cima da hora ter que atravessar 2 pistas, cada uma com um sentido diferente, do que uma só. bacana que a maioria dos motoristas nao respeita isso!
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Pode-se ter a melhor legislação do mundo. Agora, o que falta mesmo é bom senso de todas as partes. A maioria dos ciclistas sequer usa capacete, não avisa quando vai mudar de faixa ou direção, trafega à noite sem qualquer acessório que facilite a visualização em locais mal iluminados – e age como se não existissem carros nas ruas e avenidas. Não se preocupam em respeitar nenhuma regra de trânsito (nem sequer parar no sinal vermelho) porque não são passíveis de multa (ao menos na prática porque as respectivas bicletas não estão cadastradas em nenhum órgão de fiscalização). Por outro lado – especialmente motoristas de ônibus e caminhões – enxergam ciclistas e pedestres como inimigos que devem ser eliminados e se possível dificultam a vida daqueles que contribuem para reduzir o trânsito e a poluição. Como vivemos no país da impunidade tais atitudes são reforçadas pela certeza de que por maior que seja o crime e a pena, a justiça não será feita e os culpados não terão muito com o que se preocupar.
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Sergio, boa tarde.
Concordo que ter ou não a melhor legislação do mundo não significa que todos a obedecerão, até porque tá cheio de sujeito folgado e que não dá a mínima se existe ou não um parâmetro pra seguir, seja ele um pedestre, ou ciclista, e não podemos esquecer que tem muito, mas muito motorista assim, ok?
Sobre bom senso das partes envolvidas.. olha, isso a gente busca sempre, pelo menos quem está engajado nos movimentos educativos e de conscientização já existentes. Nota: se você pesquisar vai encontrar um número significativo de pessoas e material suficiente pra quem se dispor a entender a questão toda e também sanar quaisquer dúvidas pertinentes.
Sobre ciclistas usarem capacete, desculpa, mas eu me recuso a usar sem estrita necessidade, o Código de Trânsito não nos obriga a usar. É um equipamento opcional e serve somente em caso de risco de queda simples de cima da bicicleta ou pra quem utiliza na prática de alguma modalidade esportiva com esse risco de queda, justamente pelo motivo de ele não fazer diferença alguma em caso de atropelamento. Acredita mesmo que ele te protegeria caso uma tonelada passasse a roda sobre sua cabeça? Se respondeu que sim, cara.. cê é nosso herói.. ensina a fazer e sair vivo, tio? Desculpa a brincadeira, mas fazermos uso disso ou daquilo por pitaco de quem está do outro lado não soa meio forçado?
Não é raro quem pedala não avisar ao mudar de faixa ou direção, mas isso é uma pequena parte, a maioria de nós sabe dessa necessidade, mas nem precisaríamos saber se fosse mais seguro, ou seja (mais uma vez), se não existissem cavalos com CNH nem precisaríamos reivindicar garantias que já estão prescritas no CTB. Por que cavalos? Porque a fauna atrás do volante de Sampa não tá fácil não!
Quem trafega a noite sem refletivo ou apagado merece puxão de orelha, não é o caso de quem veio até aqui procurar saber… mas o que falar daqueles moleques escutando porcaria atrás do volante??? Não deve ser seu caso, mas desde quando eles andam de farol aceso??? Ah, e nós já somos passíveis de multa. No entanto, quando um motorista faz barbeiragem com ciclista alguém vê???
Cadastro para bikes… WTF O.o ??? Que tal se quando você tiver um filho a CET mandando ele tirar CNH logo que começar a dar as primeiras pedaladas no parquinho, ou para andar de skate, ou patins… só pra pedalar no parquinho??? Igualmente absurdo e ridículo, não é isso?
Hmmm, e que tal fiscalizar atletas velocistas? É que geralmente eles atingem uma velocidade considerada não segura para o corpo.. e se eles também usassem capacetes? No mínimo muito estranho! Fico imaginando um corredor competindo numa rua onde se pode trafegar no máximo a 30 Km/h e o coitado sendo multado porque passou disso.. bom, se nenhum órgão de fiscalização faz seu trabalho corretamente, nem confere quem deve ser fiscalizado, por que ficar perdendo tempo conosco que nem temos um motor que justifique tal necessidade?
Sobre os motoristas de ônibus e caminhão que cita no texto: “..enxergam ciclistas e pedestres como inimigos que devem ser eliminados e se possível dificultam a vida daqueles que contribuem para reduzir o trânsito e a poluição..”. Cara, não deve ser só eu que pensou o essa frase incita, mas isso aí soa como texto de réu confesso de assassinato doloso, como uma justificativa para algum consenso de quem só dirige carro. Se vivemos num país onde a impunidade está sempre presente, arraigada desde os avós, essas tais atitudes devem ser denunciadas e desmascaradas com urgência.. justiça seja feita, nem que seja na marra!
Fiquei apreensivo e nervoso.. passar bem ¬¬
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E verdade que os carros (e automoveis em geral) sao um problema imenso, em todos os aspectos da sua presenca (ambiental, antropologica, mobilidade, etc), mas, atualmente, e a forma de veiculo cuja ocupacao das vias publicas tem mais possibilidades de imputabilidade, e, logo, em um certo sentido, sao menos ‘clandestinos’ que outras formas de transporte, como bicicletas. Eh um dilema. Por um lado, as bicicletas sao sem duvidas mais seguras. Por outro, sem regulamentacao, a suposta seguranca das bicicletas nao pode ser devidamente abragida pela lei e nada impede que isso seja convertido em inseguranca geral – como nao devem nada, nada impede o ciclista de atropelar e fugir, andar na calcada, na contramao, atravessar em lugar proibido, coisas que mesmo os mais responsaveis ciclistas fazem vez ou outra com maior certeza de impunidade que o motorista de um automovel. Onde estao as placas das bicicletas? E a carteira de habilitacao dos ciclistas? Sei, sei, ninguem quer isso. Mas se a discussao das leis para ciclistas quer atingir um nivel serio, como o almejado por esse texto, isso deve ser discutido tambem. Caso contrario, obviamente, a presenca de uma bicicleta no meio da pista sera ou mera utopia, ou um travamento desnecessario do transito (dada a situacao atual do trafego) fundamentado em ingenuas frases de autovalorizacao como ”um carro a menos” – como se isso justificasse estar certo mesmo o ciclista que esta errado. (desculpem a falta de acentos). obrigado o espaco.
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Oi, Rogerio. Esse assunto foi abordado aqui: http://vadebike.org/2012/05/fiscalizacao-e-multas-a-motoristas-mas-e-os-ciclistas/
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ótimo texto!
Não sou ciclista! gostaria muito de ter um trabalho perto de casa para poder ir de bike e pedalar mais!
Concordo com a opinião de muitos quando dizem que a rua é de todos. Porém, não acredito que isso poupe vidas.
Já viram a quantidade de carros vendidos ? todos esses carros estão na via pública competindo lugar com onibus, motos e bicicletas. É complicado tentar defender o menor se logo atrás de vc tem um caminhão buzinando.
Defendo os ciclistas, mas enquanto o Brasil não melhorar com a cultura, boa educação, estradas e etc.. não adianta tentar
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