Motoristas de ônibus e ciclistas inverteram papéis em São Paulo
Ação fez motoristas passarem pela experiência de levar uma fina. Ciclistas sentaram no banco do motorista para compreender a visão do entorno do ônibus
Uma ação em São Paulo colocou motoristas de ônibus em bicicletas estáticas para que tivessem uma experiência nada agradável, mas que muitos ciclistas já tiveram nas ruas: sentir um ônibus passando extremamente perto.
A atividade foi realizada pela Secretaria de Mobilidade e Transportes da gestão João Doria, com participação da SPTrans, da CET e do Instituto CicloBR, e fez parte das ações do Maio Amarelo, que busca chamar atenção da sociedade para o alto índice de mortos e feridos no trânsito.
O Vá de Bike esteve presente, transmitindo a ação ao vivo através da nossa fan page do Facebook. Você pode ver a ação na íntegra no vídeo do final da página (ou neste link).
O ônibus era do tipo articulado, com 23 metros de comprimento. As bicicletas estavam presas em rolos de treino. Ao contrário do que pode parecer, não se trata de uma vingança contra os motoristas, mas de possibilitar o entendimento da fragilidade de quem está na bicicleta. Os ciclistas também foram convidados a sentar no banco do motorista para compreender a visão que se tem do entorno do ônibus.
E a experiência foi esclarecedora. “É bom pra gente que é motorista aprender o medo que o ciclista tem”, contou o motorista João Wilson Claros logo após passar pelo susto, referindo-se ao medo que se sente nessa situação. “A gente acha que não têm, mas eles têm.” Adauto Fernandes também sentiu o ônibus passando rápido e buzinando bem ao seu lado. “O vento dá aquela pressão, né?”
David Freitas promete passar longe dos ciclistas de agora em diante. “Tentar ao máximo um metro e meio, a gente vê até se consegue três”, respondeu, bem humorado, à repórter da TV Brasil.
Treinamento regular pode ser aperfeiçoado
Antes da atividade prática, realizada na Praça Charles Muller, em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, motoristas e ciclistas participaram de um debate, onde puderam expor seus problemas, preocupações e dificuldades ao se deslocar em seus respectivos veículos, propondo formas de melhorar essa convivência. Veja vídeo com a íntegra desse debate mais abaixo nesta página (ou neste link).
Cerca de 60 motoristas participaram da ação, um número bem pequeno frente à quantidade de motoristas que trabalham na cidade. Mas Cilene Buozzi, da SPTrans, afirma que essa experiência pode ajudar a refinar o treinamento regular pelo qual passam os motoristas. “A ação que começa aqui hoje está servindo de base para futuros treinamentos, para adequar treinamentos já existentes e para aproximar essas duas categorias, porque a gente viu aqui que é possível”, explica.
E a expectativa é de continuidade. “Vamos ter ações como essa sendo repetidas. Vamos ter ciclistas indo para a garagem de ônibus conversar com motoristas, vamos ter motoristas indo para eventos programados com ciclistas e todo mundo compartilhando o espaço na cidade”.
Outras cidades
Iniciativas semelhantes já aconteceram em várias cidades brasileiras: Caruaru/PE, Rio de Janeiro/RJ, Vitória/ES, Manaus/AM, Salvador/BA, Recife/PE (com vídeos), Porto Alegre/RS e Florianópolis/SC.
Em São Paulo, ocorreram duas vezes: uma mais abrangente em 2009 e outra mais pontual agora em 2017 (com vídeos).
O que diz a Lei
Agir como o motorista da simulação é incorrer em pelo menos duas infrações de trânsito:
Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:
Infração – média;
Penalidade – multa.Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:
(…)
XIII – ao ultrapassar ciclista:
Infração – grave;
Penalidade – multa.
Vídeos na íntegra
Debate com ciclistas e motoristas:
Ação prática:
Semana passada um motorista de ônibus biarticulado, quase me atropelou na avenida Adolfo Pinheiros em frente ao teatro Paulo Eiró.Passo por lá todos os dias indo ao trabalho. O motorista simplesmente quase encostou a frente do ônibus na traseira de minha bicicleta, dando um claro recado que eu deveria sair de sua frente ou ele passaria por cima de mim.
Minha sorte foi achar uma brecha entre carros estacionados onde pude me esconder enquanto ele passava a centímetros de mim.
Tudo porque o motorista queria converter à esquerda antes do farol fechar.
O detalhe é que faltava poucos metros para que eu seguisse em frente e o motorista seguisse seu caminho tranquilo.
Depois desse incidente to bem mais cauteloso com os ônibus.
Ressalto que a maioria dos motoristas de ônibus que passam por mim são bastante profissionais , sempre me dando preferência, mas aprendi a tomar mais cuidado com as minorias.
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