“Como não pode? Não é uma ciclopassarela? Não faz muito sentido, né?”, questionou o prefeito. Na sequência, o secretário de Transportes autorizou a pedalada. Foto: Rachel Schein

Prefeito de São Paulo questiona proibição de pedalar em “ciclopassarela”

Haddad estranhou proibição de pedalar na estrutura, que só pode ser utilizada por ciclistas e leva a uma ciclovia. Secretário de Transportes autorizou pedalada.

Para a CPTM, ciclista deveria empurrar a bicicleta em toda a extensão da passarela, mesmo com a inclinação muito suave, por questões de "segurança". Faz sentido? Foto: Rachel Schein
Para a CPTM, ciclista deveria empurrar a bicicleta em toda a extensão da passarela, mesmo com a inclinação muito suave, por questões de “segurança”. Faz sentido? Foto: Rachel Schein
“Como não pode? Não é uma ciclopassarela? Não faz muito sentido, né?”, questionou o prefeito. Na sequência, o secretário de Transportes autorizou a pedalada. Foto: Rachel Schein
“Como não pode? Não é uma ciclopassarela? Não faz muito sentido, né?”, questionou o prefeito. Na sequência, o secretário de Transportes autorizou a pedalada. Foto: Rachel Schein

Algumas mudanças em São Paulo estão acontecendo tão rápido, que mal dá tempo para assimilar. Na ciclopassarela que liga o Parque do Povo à Ciclovia Rio Pinheiros, inaugurada no dia 20 de agosto em São Paulo, uma placa orientava os ciclistas a desmontarem da bicicleta para atravessá-la, como é praxe em passarelas que não prevejam a presença de ciclistas. Mas ao ser impedido de pedalar durante a inauguração por um funcionário, que orientou prefeito, secretário e ciclistas a desmontarem, Fernando Haddad replicou: “Como não pode? Não é uma ciclopassarela? Não faz muito sentido, né?”. Na sequência, o secretário de Transportes Jilmar Tatto, fez o devido ajuste: “está autorizado o pedal”.

O caminho suspenso de 180 metros, na altura da Ponte Cidade Jardim, é uma obra de compensação viária pelo impacto provocado na região pela construção do complexo comercial WTorre JK, que envolve o shopping JK, prédios comerciais e um teatro. O prazo inicial para as obras estarem entregues e operantes era 2012, mas de acordo com a WTorre, a inauguração atrasou porque a obra era interrompida constantemente para não atrapalhar o funcionamento dos trens da CPTM. O projeto tem o aval da Secretaria Municipal de Estrutura Urbana e a via possui rampa e elevador para facilitar o acesso.

Com avenidas pouco convidativas ao redor, aos poucos a malha vermelha começa a tornar os deslocamentos pela região mais humanos – e seguros. Além da ligação com a ciclovia da marginal, a ciclovia da Faria Lima está próxima e deve futuramente ser conectada à rede. Ciclovias estão se tornando um fator de humanização cada vez mais decisivo em uma região que oscila entre parques repletos de flores e diversidade animal para avenidas mortas, com difícil acesso a pedestres e ciclistas.

Prefeito foi embora de ônibus. Foto: Rachel Schein
Prefeito foi embora de ônibus. Foto: Rachel Schein

A nova entrada amplia para seis os acessos da ciclovia: Parque do Povo, Avenida Miguel Yunes, estações Jurubatuba, Santo Amaro, Vila Olímpia e Cidade Universitária, da linha 9. Há também um acesso não oficial na Ponte do Socorro, junto à “Ponte Bayer”, que dá acesso a Ciclovia do Trabalhador, chegando até a Ciclovia Rio Pinheiros, e está prevista a construção de mais um acesso também pelo Parque Villa-Lobos. Quanto mais acessos, mais a ciclovia se torna funcional e tende a ser utilizada para transporte. Os horários de funcionamento da ciclopassarela acompanham os da ciclovia: das 5h30 às 18h30 como horário padrão e das 5h às 19h30 durante o horário de verão.

Depois de inaugurar a obra pedalando, o prefeito foi embora de ônibus, seguindo a pé até um ponto na avenida Cidade Jardim. “O único jeito dessa cidade melhorar é você participar dela, é você ocupar praças, ocupar o espaço público. Não tem outro remédio para a cidade a não ser promover o encontro entre as pessoas”, disse o prefeito. “O ciclista aprecia a cidade, talvez ele seja uma das poucas pessoas que ainda olhe para São Paulo com um olhar amigável. São Paulo está cheia de coisas que ninguém mais vê, porque estamos todos encapsulados.”

Veja nossa galeria de fotos da inauguração e assista o vídeo da entrevista em que prefeito, secretário de transportes e o vereador José Police Neto comentam sobre a importância do ciclista para a cidade.

Placa proibindo pedalar, numa estrutura que foi designada como "ciclopassarela", que só pode ser utilizada por ciclistas e que leva a uma ciclovia. Foto: Instituto CicloBR
Placa proibindo pedalar, numa estrutura que foi designada como “ciclopassarela”, que só pode ser utilizada por ciclistas e que leva a uma ciclovia. Foto: Instituto CicloBR
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35 comentários em “Prefeito de São Paulo questiona proibição de pedalar em “ciclopassarela”

  1. Ótimo, ótimo!! Estamos todos no caminho certo, que continue assim!…+ bikes e menos carros 🙂
    sobre a proibição com o tempo podem rever esta proibição ainda é tudo novo em fase de testes.

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  2. Eu uso direto a calçada da ponte da USP e, já saio da passarela da ciclovia montado na bike, mas sabem porquê? Porquê a calçada é muito estreita (agravado pela barraquinha de vendedor de comida que toma metade do espaço da calçada nos períodos matinais, atrapalhando pedestres, cadeirantes e ciclistas) para comportar a bike + ciclista + trânsito de pedestres andando em fila dupla no contra-fluxo. Saindo da ciclo e empurrando a bike vc dobra (mesmo sem a presença do vendedor de comida) a largura do conjunto (bike/ ciclista, impedindo que o pedestre que vem no contra-fluxo passe com facilidade e/ ou acaba por induzir o(a) mesmo(a) a esbarrar em você). Se vc pedalar vai ocupar a metade do espaço e evitar facilmente os esbarrões, isso se pedalar devagar e com cuidado. Isso (pedalar na calçada) não quer dizer que isso torna mais perigoso para o pedestre. O que torna perigoso para o pedestre, é a má atitude de certos ciclistas [querer pedalar na calçada em velocidade incompatível com a segurança, pois além de poder atropelar um (ou mais) pedestre(s), o próprio ciclista e/ou o(s) pedestre(s) podem ser arremessados no leito carroçável da ponte, visto que a mureta é muito baixa, podendo ser atropelado]! Já a passarela da ciclo na ponte da USP podia ser liberada, pelo menos para o pedal de subida (da ciclo até a ponte), quando seria mínima a chance de um acidente em aclive (sinuosidade associada à baixíssima velocidade de subida). Já na descida tem lá suas lógicas e circunstâncias particulares, na qual eu concordo com a proibição apenas no pedal de descida.

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  3. No caso da passarela da USP compartilho a visão do Carlos: O acesso (ponte) à ciclovia do Rio Pinheiros/USP se dá em um local onde transitam muitos pedestres. Independente da quantidade de pedestres, pelo menos o bom senso deveria indicar aos ciclistas que optarem por cruzarem este trajeto montado em suas bicicletas fazerem isso de maneira mais tranquila como sempre observei neste local nas vezes que passei por ali, evitando acidentes. Lembrem-se que neste caso a prioridade é dos pedestres.

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    1. Como cicloativista deveríamos contestar o repórter, a ponto dele colocar a nota erramos :-). Acredito que alguém já deva ter feito isto não ? Se não, façamos.

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    2. Sim o ciclista está errado!
      Onde tem ciclovia (como se vê nas fotos) o ciclista tem que andar nela!
      Isso está no código de trânsito!

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      1. Obrigado pela resposta. Provavelmente a preocupação da CPTM deve ser se resguardar na possibilidade de ocorrer um acidente, como comentaram mais adiante.

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  4. Para as pessoas que já tiveram chance de conhecer a ciclopassarela, qual é a altura da mureta de proteção? Qual é a distância da mureta e da parte onde os ciclistas transitam? Dependendo da altura e distância, os especialista poderão realizar uma análise mais precisa da necessidade ou não de trânsito a pé ou montado nas respectivas bicicletas.

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  5. Proibir o tráfego de bicicletas em uma CICLOPASSARELA não é a mesma coisa que proibir tráfego de carros em um viaduto?

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  6. Vi essa matéria em diversos sitios na internet e os comentários são vários: alguns dizem que ele quer aparecer, outros que dá mau exemplo ao descumprir a sinalização existente, a esmagadora maioria observa o óbvio, que uma ciclopassarela é para pedalar.
    Muito interessante como um mesmo fato dá margem a tantas diferentes interpretações.
    Em tempo: “quem disse que não pode?” é a frase-chave. Ninguém está proibido ou obrigado a fazer algo senão por força de lei, e se a proibição partiu de quem não é legitimado a proibir, não vale.

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    1. O problema é que o pessoal não viu a intenção da CPTM atrás da placa. Como era nova a ciclopassarela, algumas partes não estavam seguras, daí a placa. Cotudo a CPTM também foi infeliz aos escolher a forma e os dizeres da placa … Não seria melhor em forma de banner ? Os processos dentro da CPTM também não estão preparados para um público ciclista. Bom vai mais um incidente para o aprendizado da CPTM. Se isto foi uma espetada do prefeito petista ? Bem, a própria CPTM deu chance para isto. E, em parte também pode ser a imprensa, que também não tem empatia para entender os processos públicos para atender as leis que uma empresa pública tem que se sujeitar. Se a passagem não estivesse segura, e a CPTM não colocasse um aviso, e ocorresse um problema na travessia de um prefeito. O que a imprensa teria dito, o que o prefeito teria dito ? Para ver como tem que pensar antes de fazer comentários condenando ou elogiando, antes de entender a situação.
      Neste caso, vários agentes nesta hist´[oria tiveram problemas de entender a situação.

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      1. Se foi dimensionada para os ciclistas é ciclopassarela.
        Se não estivesse segura para a travessia não deveria ter sido aberta ao público.
        Se o prefeito e o secretário não tivessem passado por lá, hoje teria fiscalização apenas para ver se o cilcista passa empurrando ou pedalando.
        Tirando os “ses”: é ciclopassarela (portanto para pedalar), foi entregue, está autorizado passar pedalando e não vai precisar deslocar fiscalização de outros pontos mais perigosos apenas para vigiar quem passa pedalando e quem passa empurrando.

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        1. Creio que a CPTM está confusa com a cultura de bicicleta. Está aprendendo, creio que as duras penas. É importante para nós que ajudemos a terem procedimentos e regras para fazer acessos para ciclistas. Acredito eu que estão atualizando estas normas.

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      2. Carolos, em todos os acessos por rampa é proibido pedalar, é a norma geral da CPTM. Não é por não ser seguro, é que quem tomou a primeira decisão sobre isso resolveu proibir com medo de ter que se responsabilizar por algum acidente entre os ciclistas e abriu um precedente que os demais seguem sem contestar. Aplicaram a esse acesso a mesma regra dos demais (que também deveria cair).

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  7. Essa proibição é a mesma frescura daquelas do metrô e a CPTM que só pode descer pelas escadas fixas….nunca vi em nenhum outro metrô ou trem no mundo que você pode subir com a bike pelas escadas rolantes, mas não pode descer. Isso é tipico de mentes atrasadas e conservadoras…

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    1. Sempre vejo ciclistas descendo pela rolante. Eu sempre desço e inclusive já fui observado várias vezes por seguranças do metrô fazendo isto e nunca fui repreendido.
      Será que esta é uma daquelas regras que existem só pra ficar claro que lá existem regras mas que na prática eles entendem que descer na rolante não há problema algum.
      PS. Tanto para subir quanto para descer, o bom senso dita que se faça isto sem que haja outros pedestres na escada.

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    2. Esse é o problema: mentes atrasadas e conservadoras. Isso tem nos dois lados. Embora andar de bicicleta não é exclusiva do nosso momento. A bicicleta já se envolveu com eventos de grevistas, na antiga Monark. Então o negócio é pegar leve, e a cada movimento positivo, dar o apoio e elogio para incentivar melhores ações em prol da mobilidae.

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  8. Deveria haver uma publicação oficial autorizando o pedal nas “ciclopassarelas”. A da USP é tão grande que é mais rápido dar a volta pela ciclovia da Faria Lima a ter que descer a pé na USP pra subir a pé na Vila Olímpia.

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    1. Essa ideia é ótima! Sugiro o Vá de Bike e/ou outras entidades que são especialistas no assunto de, se possível, verificar a existência de publicações sobre a exigência ou não de empurrar bicicletas nos acessos de ciclopassarelas/ciclovias e nas próprias ciclopassarelas/ciclovias.
      Como leigo, em um primeiro momento, parece que não deveria existir nenhum impedimento em relação a ciclopassarelas, porém em relação a passarelas a história parece ser mais complexa.

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  9. Parabéns, estamos no caminho certo, que continue assim…mais bikes e menos carros 🙂
    sobre a proibição com o tempo podem rever esta proibição ainda é tudo novo em fase de testes…

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  10. Eu nunca entendi também o porque no acesso pela ponte da USP também é proibido descer montado?!?
    Na minha cabeça é assim: Vamos fazer um agradinho pra esses ciclistas, mas nem tanto, pra eles não ficarem tão folgados e se puderem um pouco empurrando a bike. Não faz sentido. É uma herança meio Casa Grande e Senzala, meio burocracia idiota onde todo mundo quer ser um pouco mandão e os outros tem que obedecer sem questionar. Meu deus, parece que a cidade está mudando. Parece meio irreal essa coisa toda de uma vez.

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    1. Acho que o pessoal não percebe que estamos andando na calçada, onde pedestres andam. E em calçada o procedimento correto é desmontar da bicicleta e empurrar a bicicleta. Afinal a calça é de uso preferencial de pedestres, e para segurança deles, a bicicleta não deve estar montado para não haver abuso na velocidade que pode causar acidentes com pedestres. Agora acessos exclusivos de bicicletas, podem ser percorridos montados.

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    2. Opa, desculpas. Acabei falando da calçada da ponte ao invés do acesso. No caso de acesso, acho que é óbvio, muita gente, mas não todos, tem a mania de descer a toda, o que pode ocasionar algum acidente. Por precaução ande a pé empurrando a bicicleta. É uma questão de civilidade, e a gente estamos mudando, mas vamos com calma.

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