Ghost Bike furtada é flagrada em uso nas ruas de Florianópolis
Bicicleta branca utilizada para simbolizar a morte de um ciclista foi fotografada sendo utilizada por uma moça, que decidiu devolver a bicicleta.
A bicicleta branca (Ghost Bike), havia sumido do local onde foi instalada, na Avenida Madre Benvenuta, no dia 04 de novembro de 2012, e deixou os cicloativistas preocupados. A bicicleta simboliza a morte do ciclista João Lentz Neto, de 6o anos, falecido em Florianópolis no dia 31 de agosto, após ser atropelado por um motociclista
Já na segunda-feira seguinte, dia 05/11, uma mulher foi flagrada pedalando a ghost bike na Rua Laurindo Januário da Silveira, e, após Boletim de Ocorrência feito por integrantes da Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis (ViaCiclo), a bicicleta foi recuperada e será devolvida. Segundo informações do G1 SC, a foto que flagra a mulher pedalando a bicicleta branca é de Diogo Honorato, que mora próximo ao local e que tinha ido em casa durante o horário de almoço.
“Estávamos discutindo sobre o que ocorreu. No final das contas, penso que se ela estava usando, mesmo, eu não me importo pelo furto. Nós podemos arranjar alguma bicicleta inútil de fato e colocar lá, outra vez. O importante, mesmo não é a matéria, o ‘corpo’ da bike, mas o espírito, o intuito da homenagem ao seu Lentz”, explica Tainah Lunge, uma das participantes da Bicicletada Floripa.
Segundo informações do Diário Catarinense, tudo não passou de um “mal entendido”. Após uma vizinha avisar sobre a mobilização pela busca da bicicleta, a jovem, de 21 anos, foi até a delegacia registrar o motivo que a levou a furtar a ghost. No depoimento, ela disse que estava passando na avenida e avistou a bicicleta branca amarrada no poste. Ao perguntar a um funcionário do posto de gasolina próximo sobre o dono da bicicleta, foi informada que poderia levá-la, pois o dono havia morrido.
Daniel de Araújo Costa, presidente da Viaciclo, disse que a ghost voltará ao local de origem e demonstrou interesse em conseguir outra bicicleta para doar à moça. “Vamos conversar com ela para ver o que realmente aconteceu. Não sabemos se ela foi ludibriada pelo funcionário do posto. Também estamos em busca de uma bike para doar a essa mulher”, afirmou ao jornal catarinense.
Neste caso, talvez esteja faltando uma comunicação um pouco melhor com os moradores do entorno sobre o real motivo daquela bicicleta branca estar pendurada e, por que não, para que se apropriem e cuidem do memorial. Em São Paulo, fizemos algo parecido com a Ghost da Márcia Prado e da Juliana Dias, pendurando uma placa explicativa sobre quem eram as duas moças e a forma cruel como lhes tiraram as vidas.
Sem dúvida, todos nós preferimos que as bicicletas estivessem rodando livremente pelas ruas, mas que ninguém tivesse morrido por exercer o livre direito se deslocar pedalando. Mas no caso das ghost bikes, elas representam mais que um meio de transporte, são uma memória viva e importante para que a cidade não esqueça os crimes de trânsito cometidos contra ciclistas e tome providências para evitar que mais vidas sejam interrompidas de formas tão brutais.
É extremamente importante a mobilização social diante dos casos de violência no trânsito, principalmente, contra pedestres e ciclistas – a parte mais fraca dessa história.
Em São Paulo, algumas Ghost Bikes também já foram furtadas, como é o caso da bicicleta do Sr. Antônio Bertolucci, na Av Sumaré. A bicicleta branca do ciclista Lauro Neri, na Eliseu de Almeida, também foi furtada, porém substituída. Outras permanecem intactas no mesmo lugar há anos, mesmo sem manutenção – como é o caso do memorial do Sr. Manoel Pereira Torres, instalado na Av Vereador José Diniz em 2o1o (fotos abaixo) . Há também as que sofram constantes tentativas de depredação, como o memorial da Márcia Prado.
Documentário
O Vá de Bike anunciou em 2010 que estava sendo preparado em Nova Iorque um documentário mostrando as “bicicletas fantasmas” espalhadas ao redor do mundo, com imagens e histórias, inclusive, dos casos existentes em São Paulo (assista ao trailler). Esse material ainda não foi lançado e não temos a previsão, mas recentemente ficamos sabendo de um outro filme – este produzido em Florianópolis/SC – que é resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina.
A estudante Marina Empinotti vai apresentar em dezembro deste ano uma “experiência multimídia” envolvendo o tema das Ghost Bikes. Para fazer o vídeo, Marina também visitou São Paulo e São Francisco/EUA, duas cidades importantes no cicloativismo mundial, com históricos de uma luta constante pelos direitos dos ciclistas (e tantos outros).
Estamos curiosos para ver o resultado final do trabalho. Por enquanto, confira o trailler do filme e boa sorte para a Marina!
William, aproveitando o gancho e a cobertura do Vá de Bike à ghost bike da Ponte de Socorro, repasso o comentário de uma amiga que passa por lá ao ir trabalhar: a bicicleta está completamente abandonada e já sem a vassoura.
Seria possível organizar um encontro com outros ciclistas para dar um ‘up’ por lá?! A vassoura era um símbolo interessante — por diversas vezes me chamou a atenção ao passar lá –, mas destacar do que se trata aquele símbolo, como bem sugerido por aqui, é ainda mais. 😉
Abraços!
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Olá, William, tudo bem!.Lendo sua matéria sobre as GHOST BIKE, já que é uma bike simbolica, e pelo que vi, são bikes que ainda são pedalaveis,porque não colocar uma bike simbolica totalmente, cubos com pontas de solda, pé-de-velas,tambem soldados, enfim, as partes que dão movimento à bikes, todas soldadas, assim, creio, evitaria o furto, pois, o camarada que visualizar a bike toda soldada, logo verá que não será util a ele, agora, se for um catador de sucata, será preciso soltar a bike junto à cerca de ferro, guard-rail ou colocar correntes com cadeados…é apenas uma idéia. Obrigado e otimas pedaladas!!!!.
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Grande besteira essas bicicletas fantasmas, pois só fazem propaganda negativa do uso da bicicleta. Parece que bicicleta é o meio de transporte mais inseguro do mundo e que todo ciclsta está fadado a morrer atropelado. Seria mais interessante se fizessem carros e motos fantasmas, mostrando como os carros são inseguros.
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Guilherme, isso que você diz faz sentido. Eu sei que muita gente boa defende isso, de remover as bicicletas, de parar de manter esses monumentos mórbidos… mas há um outro lado também, que me faz ser ativo na preservação deles.
Mais de uma vez já flagrei pessoas parando pra ler a plaquinha da ghost bike da Marcia Prado na Paulista…. pessoas as mais variadas possíveis. Eu tenho a sensação de que existe um efeito positivo para estas pessoas, tenho a impressão de que algumas delas vão descobrir que existe uma história pra cada uma dessas bicicletas brancas…. talvez, algumas destas pessoas reparem que existe gente que se importa, que a brutalidade cotidiana precisa ceder espaço à solidariedade.
Eu estava dividido entre essa sua colocação e a outra, de manter as bicicletas, mas ver uma mãe contando pro filho a história da Marcia, e eu mesmo contar a história para mais de um turista curioso… me traz esperança de que essas pessoas entendam que é preciso mudar coisas ruins do mundo, que se esconder e fingir que não é com a gente não é a única estratégia possível. Esses monumentos, embora nos tragam tristeza, também representam nossa contrariedade em relação aos problemas. Representam nossa memória dessas pessoas. E nossa união para mudar o que precisa ser mudado.
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Concordo com o Guilherme. Tenho acessado esse site pra me dar coragem pra sair andando de bike em sp (por necessidade e não lazer), mas a maioria dos posts são negativos, ghost bikes, video de ciclistas sendo atropelados, bicicletários inadequados em todo canto. Sei que o mundo seria mais bonito e colorido se tudo fosse perfeito, mas uma ghost bike nunca serviria de mensagem para esses animais no trânsito.
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Eduardo, compreendo sua opinião sobre as ghost bikes e a respeito, apesar de discordar. Entretanto, preciso comentar sua afirmação sobre a maioria dos posts serem negativos.
Fazendo uma análise dos posts publicados nos últimos 30 dias aqui no Vá de Bike, temos:
10 posts claramente positivos:
Qual a sua história com a bicicleta?
Conquistando mais ciclistas
Em Bogotá, decisão de restringir o automóvel veio antes de melhorias no transporte público
Dicas para pedalar na chuva
Aprendendo a andar de bicicleta na idade adulta
Mais um casamento de bicicleta em São Paulo
Uma janela em Copenhagen
Voltou pedalando do World Bike Tour SP 2013? Conte como foi!
Aprenda a andar de bicicleta com um Bike Anjo
World Bike Tour SP: volte pedalando com um Bike Anjo!
2 posts neutros/informativos:
Ciclofaixa de Lazer de SP terá alterações de percurso no feriado
Tiago Leifert responde à polêmica sobre ciclismo
3 posts que podem ser considerados negativos:
Manifestação pela ciclovia da Av. Eliseu de Almeida, em São Paulo
Ghost Bikes
Ato na Av. Paulista lembrará primeiro ano sem a ciclista Julie Dias
Os assuntos “negativos” existem e precisam ser abordados. Ao contrário de outros sites, que ignoram os problemas que os ciclistas enfrentam no dia a dia, o Vá de Bike os expõe, sempre com o intuito de modificar essa situação, seja mostrando ao cidadão as falhas e omissões dos entes públicos envolvidos, seja cobrando diretamente ações do poder público, divulgando e convocando os ciclistas para atos populares ou mostrando maneiras de contornar, evitar ou solucionar o problema.
Temos a política editorial de priorizar a publicação de matérias positivas, que incentivem o uso da bicicleta, ajudem os iniciantes e divulguem iniciativas favoráveis a esse uso, mas não podemos nos furtar de enfrentar os problemas de frente e buscar soluções para eles, para que a mobilidade por bicicleta se torne cada vez mais segura e agradável para todos.
Grande abraço,
Willian Cruz
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Infelizmente já participei da colocação de 3 aqui em POA/RS…não quero mais nenhuma, mas sei que é utopia.
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Podiam deixar a bicicleta com a menina. O símbolo é importante, mas não precisa ser uma bicicleta funcional. E o fato é que a bicicleta tinha ganho uma vida nova com ela. Certamente o antigo dono ficaria feliz em possibilitar que mais uma pessoa tenha sua bike.
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2012. Roubam td o tempo todo e por nada. Do mensalão à sepulturas nada escapa. Mas, realmente falta uma comunicação maior sobre a simbologia de uma bicicleta branca pregada a um poste.
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Porra, é impressão minha ou o quadro das primeira foto é diferente das demais?
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Lendo essa matéria comecei a pensar quem era o homenageado com a bicicleta na ponte do socorro, zona sul de sp.
Achei essa matéria, caso mais alguém tenha a curiosidade:
http://www.dgabc.com.br/News/5774565/onibus-desgovernado-mata-gari-e-ciclista-na-capital.aspx
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Oi, Vinícius
O Vá de Bike cobriu a instalação dessa Ghost Bike, veja aqui o relato com fotos e mais informações sobre o que aconteceu de fato:
http://vadebike.org/2009/11/ghost-bike-de-fernando-couto/
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Pô Willian, valeu.
Não consegui ver o video no site da folha aqui no trabalho, verei em casa.
Tomara que o vá de bike não precise mais cobrir nenhum evento desse tipo.
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Na época que foi instalada esta ghost bike que foi furtada aqui em Floripa, a família não autorizou que fosse colocado o nome do ciclista falecido, Sr. José Lentz. Por isso a dificuldade na comunicação. Teríamos que arrumar um jeitinho pra comunicar e esclarecer sem expor a família. Estamos abertos a sugestões de como fazer isso. Valeu!
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Acredito que uma placa informando algo do tipo “Esta bicicleta está aqui para lembrar a morte de um ciclista…”. Assim explica o motivo sem expor a vítima ou sua família…
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não expor o falecido. why not??!!
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Até parece que quem colocou esta Gost Bike, não lembrou que vivemos em um país que existe altos índices de criminalidade, falta de cultura e de educação no nosso povo!
Aqui em Natal, as Gost Bikes têm as articulações das peças soldadas, para evitar que a bike ou as suas peças venham à ser roubadas!
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Olá, Aline e Willian!
No mesmo poste em que estava afixada a Ghost Bike em Florianópolis, havia explicações sobre o fato de ali ter morrido um ciclista. E o pessoal do posto de gasolina próximo anda meio viajandão…
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Obrigada pela informacao, Fabiano.
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Aqui em Porto Alegre o pessoal tem colocado bicicletas inutilizáveis como GhostBikes. Em geral, não é a bicicleta da pessoa que foi atropelada, mas alguma montada com sucatas, apenas pelo caráter simbólico. Acho que essas bicicletas em estado de poder rodar deveriam ser encaminhadas para que alguém as use (o que é triplamente mais produtivo), e que sejam instaladas bicicletas que por alguma razão não rodam (até para simbolizar o estado em que ficam bicicletas por cima das quais passou um carro ou ônibus, por exemplo). Enfim, é só uma sugestão!
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Olá amigos !
Apenas para informar que a Ghost da Av. Dr Gastão Vidigal na Vila Leopoldina teve os aros subtraídos há alguns dias. Ela foi colocada no dia 08 ou 09 de Outubro. Sinceramente custava a acreditar que existam pessoas capazes disso. Como citado na postagem. Não pelo material mas sim pelo simbolismo. Pena.
Abraços a todos.
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Pelo material também! Afinal de contas as pessoas não podem se apossar daquilo que não lhes pertence. Questão de educação!
Furto é uma figura de crime prevista nos artigos 155 do Código Penal Brasileiro, e 203º do Código Penal Português, que consiste na subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, com fim de assenhoramento definitivo. (Fonte: wikipedia).
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